Saúde: 'Fiquei paraplégica por causarolling slotum piercing':rolling slot

Layane Dias emrolling slotcadeirarolling slotrodas

Crédito, Bárbara Leite

Legenda da foto, Layane Dias usa cadeirarolling slotrodas desde que contraiu uma infecção durante a colocaçãorolling slotum piercing

Segundo Layane, o neurocirurgião que a acompanhou apontou que a bactéria Staphylococcus aureus - que pode causar mazelasrolling slotdiferentes níveis ao atingir a corrente sanguínea - entrou no organismo da jovem por meiorolling slotuma infecção no nariz e a deixou paraplégica.

"O médico me perguntou se eu tive alguma espinha na região do nariz ou algo assim, porque essa bactéria, comumente, é desenvolvida nas fossas nasais. Foi então que contei que havia colocado um piercing no lado esquerdo do nariz, no mês anterior", relata a jovem.

"Quando contei isso, ele me disse: o piercing foi a entrada da bactériarolling slotseu corpo. Ouvir isso me deixourolling slotchoque", conta.

Layane Dias

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Layane Dias começou a sentir dores logo depoisrolling slotcolocar um piercing no nariz, no ano passado

O piercing

Layane sempre se considerou uma jovem vaidosa. Alémrolling slotestudanterolling slotRecursos Humanos, também fazia alguns trabalhos como modelo fotográfica.

Ela revela que sempre gostourolling slotpiercings. "Já tinha colocado na parte direita do nariz por três vezes", comenta. Em junho passado, a estudante mudou o lado do piercing. "Foi a primeira vezrolling slotque coloquei na parte esquerda do nariz. Também foi a primeira vezrolling slotque saiu sangue durante o procedimento para colocar o piercing."

No iníciorolling slotjulho, segundo Layane, surgiu uma bola vermelha na ponta do nariz, semelhante a uma espinha. "Eu achava que era apenas uma espinha, mas ela me causou febre. Como pensei que não fosse nada relevante, cuideirolling slotcasa mesmo, com pomadas. Em uma semana, ela sumiu."

Layane Dias com uma 'bola vermelha' no nariz

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Um dos primeiros sintomas da infecção sofrida por Layane Dias foi uma 'bola vermelha' no nariz

A dermatologista Alessandra Romiti ressalta que as complicações decorrentes do piercing, comumente, acontecem apenas na área do corporolling slotque o objeto é colocado. "Há casos como inflamações ou infecções locais. Por isso, é fundamental que o estabelecimento obedeça às normasrolling slothigiene adequadas. O material utilizado tem que estar esterilizado, o piercing tem que estar limpo e a pele precisa ser muito bem higienizada", diz.

"Depois, o paciente precisa manter o lugar limpo para evitar o riscorolling slothaver qualquer tiporolling slotcontaminação", acrescenta. Segundo a médica, complicações graves são consideradas extremamente raras.

Na sexta-feira que antecedeu o início do estágio da estudante, ela foi a uma festa com as amigas,rolling slotBrasília, onde mora. "Dançamos muito. Foi uma noite muito legal", relata. No dia seguinte, a jovem acordou com intensa dor nas costas. "Não dei muita atenção, porque achei que fosse uma dor muscular normal, por conta da noite anterior."

"Tomei um remédio, mas a dor não passou. Continuou intensa. No dia seguinte, um domingo, as dores continuaram e estavam ainda mais fortes. A minha mãe me levou a uma farmácia, onde tomei um coquetelrolling slotinjeções e a dor sumiu. Fiquei aliviada", narra.

Na segunda-feira, ela iniciou o estágio. "Fui muito animada, mas no período da noite as dores voltaram. Tomei medicamentos e elas diminuíram. Na terça, a situação foi igual. Na quarta, as dores ficaram ainda mais fortes", diz. As dores eram nas costas e no pescoço.

Como as dores não cessavam, a jovem foi ao médico. "Fizeram um raio-X, que não apontou nada. O médico me disse que não havia nada nas minhas costas. Mas mesmo assim, aquelas dores não passavamrolling slotjeito nenhum."

A estudante conta que na quinta-feira foi a um postorolling slotsaúde, após o estágio, e foi avaliada por uma médica. "Ela me atendeu e disse que os músculos das minhas costas estavam inchados. Ela fez uma massagemrolling slotmim, me passou uma injeção e voltei pra casa. Consegui dormir."

Layane Dias

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Ainda não se sabe se a jovem Layane Dias voltará a andar um dia

Na manhã seguinte, a jovem passou a sentir que as pernas estavam enfraquecidas. "Tive que tomar banho com a ajuda da minha mãe", diz. Naquele dia, ela foi com a mãerolling slotuma igreja. "Quando voltei, a dor estava insuportável. Deitei e dormi. Quando acordei, naquela tarde, não senti mais as minhas pernas."

A paraplegia

Ainda naquela sexta-feira, Layane foi carregada às pressas ao hospital. "O médico pediu examesrolling slotsangue erolling sloturina. Eu já não conseguia fazer minhas necessidades e tiverolling slotcolocar uma sonda. Quando saiu o resultado do exame, apontou que eu estava com uma infecção no sangue."

"O médico começou a furar a minha perna e eu, realmente, não estava sentindo nada. Como era um caso grave, fui transferida para o Instituto Hospitalrolling slotBase, aquirolling slotBrasília", relata.

Ela narra que as dores se intensificaram. "Os médicos não conseguiam ter um diagnóstico exato. Suspeitaramrolling slotcâncer ou síndromerolling slotGuillain-Barré", diz.

Na madrugada daquele domingo, 22rolling slotjulho, ela se recorda que as dores ficaram insuportáveis. "Eu estava deitadarolling slotuma maca, sem me mexer, cheiarolling slotfuros, tomando soro e várias medicações. Minha mãe estava sentadarolling slotuma cadeira ao lado. Eu pedi pra ela: 'desculpa, mas aplica alguma coisa, porque eu preciso morrer. Não aguento mais'. E a minha mãe respondeu que não aplicaria nada, porque eu iria aguentar aquilo tudo", relembra.

"Para aliviar as dores, começaram a me dar morfina por um período. Isso me alucinava muito e um médico pediu para suspender", conta.

Layane passou por uma ressonância magnética, que apontou que havia 500 mililitrosrolling slotpus comprimindo três vértebras da medula espinhal dela. Ela teverolling slotpassar por uma cirurgiarolling sloturgência, para a retirada do líquido.

Responsável pela cirurgia da jovem, o neurocirurgião Oswaldo Ribeiro Marquez explica que, apesarrolling slotraro, é possível que um piercing deixe uma pessoa paraplégica. "Essa situação pode acontecer quando há alguma complicaçãorolling slotdecorrência do piercing", pontua o profissional, que afirma nunca ter visto situação parecida desde que iniciou a carreira na medicina, há cercarolling slot15 anos.

Segundo o médico, as complicações com o piercing ocorrem quando o objeto abre caminho para infecções. "A disseminaçãorolling slotqualquer infecção cutânea costuma ser hematogênica - quando é transmitida pela corrente sanguínea. Por exemplo, se a bactéria está na ponta do nariz, ela pode evoluir, pegar o nariz inteiro, cair na corrente sanguínea e pararrolling slotoutro canto do corpo", esclarece.

"A paciente fez um procedimento cutâneo, que gerou uma infecção, que pode ter feito a disseminação da bactéria para a corrente sanguínea. Como ela não tinha infecção na coluna anteriormente, é muito provável que tenha sido causada por uma bactéria que estavarolling slotseu sangue", acrescenta.

Marquez avalia que é "bem provável e plausível" que Layane tenha ficado paraplégicarolling slotdecorrência do piercing. Porém, ressalta que somente estudos genéticos podem garantir que a paraplegia da jovem foi motivada unicamente por complicações oriundas da inserção do objeto no nariz.

'Espero que ele se preocupe mais com os clientes'

A cirurgiarolling slotLayane teve o objetivorolling slotretirar o pus que comprimia a medula da jovem. "Esse procedimento evitou a progressão da paraplegia, que poderia subir. O pus poderia causar uma infecção que poderia até levar à morte. Com a retirada do líquido, a medula dela foi descomprimida e evitou que o quadro da paciente piorasse", explica Marquez.

Layane Dias

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Um dos maiores sonhosrolling slotLayane Dias é voltar a andar. "Acredito que conseguirei,rolling slotalgum momento", diz

"O procedimento foi um sucesso. Voltei para a Unidaderolling slotTratamento Intensivorolling slotrecuperação e estava tudo tranquilo. Já não sentia mais aquela dor insuportável", comenta Layane.

A estudante conta que somente depois do procedimento cirúrgico descobriu sobre a causa dos problemasrolling slotsaúde que a afetaram. "O médico que me acompanhou desde o início me explicou sobre a bactéria e como o piercing pode ter me afetado. Isso tudo foi desenvolvido por uma perfuração errada. Por isso sangrou quando coloquei o piercing. Outro fator que complicou foi a má higienização do objeto", diz.

A estudante não planeja tomar nenhuma medida contra o profissional responsável por colocar o piercing. "Eu optei por não falar sobre ele, porque isso não me fará voltar a andar. Espero que a minha situação faça com que ele se preocupe mais com a saúde dos clientes a partirrolling slotagora", declara a jovem, que revela que já havia colocado um piercing com o mesmo profissional anteriormente. "Norolling slotantes, não tive nenhum problema."

A vida na cadeirarolling slotrodas

Por dois meses, Layane permaneceu internada para se recuperar. No hospital, soube que é incerta a possibilidaderolling slotvoltar a andar. "Dois dias depois da cirurgia, o médico me disse que eu continuaria sem sentir as minhas pernas", relata. Hoje, ela faz acompanhamento com uma psicóloga e sessõesrolling slotfisioterapia.

A descobertarolling slotque permaneceria na cadeirarolling slotrodas foi um dos momentos mais difíceis para a jovem. "Eu fiquei arrasada. A princípio, foi uma situação muito triste", conta.

Para Marquez, há possibilidaderolling slotLayane retomar os movimentos das pernas. Porém, segundo o neurocirurgião, ainda é prematuro fazer uma avaliação. "A medicina tem avançado nesse aspecto e há estudos que apontam sobre essa possibilidade. Por isso, não podemos negar que ela retomará os movimentos das pernas, assim como não podemos garantir isso", pondera.

Apesar do choque inicial, Layane aprendeu a lidar com a atual fase da vida. "Conheci outros jovens cadeirantes e vi que posso ser feliz assim. Hoje faço exercícios e até jogo basquete e handebol", conta.

Em setembro, ela voltou para casa, onde vive com a mãe e a avó. "Minha vida se tornou completamente diferente. Mas fiquei feliz, porque já não estava no hospital. Consegui ver todos os amigos que não puderam ir ao hospital. Recebi muitas visitas e isso me fez muito bem."

Um dos momentos mais importantes para a jovem, na nova fase da vida, foi o aniversário,rolling slotnovembro. "Comecei a organizar a festa, mas dois dias antes, quase desisti, porque pensei que não me sentiria bonita para a comemoração", relembra.

"Essa festa foi muito importante para mim. Depoisrolling slotquase desistir dela, decidi comemorar, apesarrolling slottudo. Na data, consegui me sentir linda pela primeira vez, depoisrolling slottudo o que aconteceu. Recuperei a minha autoestima. Foi um dia muito feliz."

No fimrolling slotjaneiro, Layane relatou arolling slothistóriarolling slotseu perfil no Instagram. "Foi a primeira vezrolling slotque contei abertamente que um piercing me deixou paraplégica", diz. Ela publicou as fotos que tirou desde a datarolling slotque colocou o objeto.

"Eu registrei tudo, porque minha mãe enviava aquelas imagens para a minha avó", explica. A publicação da jovem viralizou e ela conseguiu maisrolling slot20 mil seguidoresrolling slotpoucos dias. "Muitas pessoas ficaram assustadas com a minha história e vieram me procurar para prestar solidariedade."

Ela ressalta que não quer querolling slothistória desestimule as pessoas que queiram colocar um piercing. "O que quero é que tenham mais cuidado. As pessoas precisam conhecer muito bem o local onde vão fazer. Além disso, os profissionais precisam ser extremamente cuidadosos e ter muito cuidado na higienização dos itens", diz.

Raya

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