'Sua mãe está morta; se gritar, morremos todos': a fugacomo visualizar apostas on lineuma sobrevivente do Holocausto:como visualizar apostas on line

Ariella Pardo Segre

Crédito, Gui Christ

Legenda da foto, Nesta entrevista à BBC News Brasil, a judia italiana naturalizada brasileira Ariella Pardo Segre conta como ela ecomo visualizar apostas on linefamília fugiram da perseguição nazista durante a Segunda Guerra Mundial

A travessia terminou com a família reunida. A mãecomo visualizar apostas on lineAriella fora encontrada viva e levada por outro grupocomo visualizar apostas on linerefugiados até a fronteira com a Suíça. Naquele país, os Pardo estabeleceriam moradia até o fim da Segunda Guerra Mundial.

A fuga foi o estopimcomo visualizar apostas on lineum tormento que teve início anos antes,como visualizar apostas on line1938, quando as chamadas "leis raciais" foram promulgadas na Itália. O governo fascista, comandado por Benito Mussolini (1883-1945), instituiu um regimecomo visualizar apostas on linesegregação. Judeus eram considerados "perigosos", e muitos foram obrigados a viver sob restrito controle policial. Os paiscomo visualizar apostas on lineAriella, ambos professores, perderam o emprego público.

Ainda assim, por mais difíceis que fossem as condições, a maioria não corria perigocomo visualizar apostas on linevida, pois Mussolini não acatou a exigênciacomo visualizar apostas on lineHitlercomo visualizar apostas on linedar início às deportações.

Ariella Pardo Segre

Crédito, Gui Christ

Legenda da foto, Ariella e família tiveram que fazer travessia a pé pelos Alpes ao fugir da Itália

Mas tudo mudou radicalmentecomo visualizar apostas on linesetembrocomo visualizar apostas on line1943, quando a Itália se rendeu aos Aliados. Mussolini é deposto pelo Grande Conselho Fascista por solicitação do rei Vitorio Emanuel 3.º e detido. Tropas nazistas invadem, então, o país, dominando rapidamente grande parte do norte e do centro. O ex-líder italiano é resgatado da prisãocomo visualizar apostas on lineuma operação idealizada por Adolf Hitler (1889-1945). A região se torna uma república neo-fascista, com um governo fantochecomo visualizar apostas on lineMussolini. Na prática, eram os nazistas quem estavam no poder.

O pesadelo começava para os judeus que viviam nas zonas ocupadas pelos alemães, pois os nazistas, com a ajuda dos fascistas, começam a enclausurá-los e deportá-los. Dos 40 mil judeus que viviam na Itália,como visualizar apostas on line1943, 8 mil foram assassinados pelos nazistas.

Os Pardo viviamcomo visualizar apostas on lineBolonha, no norte da Itália, o principal eixo ferroviário do país,como visualizar apostas on lineonde mais tarde partiriam trens rumo a camposcomo visualizar apostas on lineconcentração e extermínio nazistas. Ainda que tivessem perdido o emprego e passado por privações, não temiam que fossem obrigados a deixar para trás tudo o que haviam construído. Mas um vizinho os alertou do que estava para acontecer.

"Um vizinho nosso, Alfredo Giommi, nos avisou sobre a chegada dos nazistas. Fugimos com a roupa do corpo e com dinheiro que tínhamos no bolso", conta Ariella.

Fotoscomo visualizar apostas on lineBolonha no apartamentocomo visualizar apostas on lineAriella Pardo Segre

Crédito, Gui Christ

Legenda da foto, A família Pardo viviacomo visualizar apostas on lineBolonha (fotos), no norte da Itália
Fotoscomo visualizar apostas on lineBolonha no apartamentocomo visualizar apostas on lineAriella Pardo Segre

Crédito, Gui Christ

Legenda da foto, Bolonha, no norte da Itália, principal eixo ferroviário do país,como visualizar apostas on lineonde mais tarde partiriam trens rumo a camposcomo visualizar apostas on lineconcentração e extermínio nazistas
Apartamentocomo visualizar apostas on lineAriella Pardo Segre

Crédito, Gui Christ

Legenda da foto, Judeus que viviam nas zonas ocupadas pelos alemães, norte da Itália, passaram a ser enclausurados e deportados

Refugiados na Suíça

Após o percurso pelos Alpes, a família convenceu as autoridades suíças a permitircomo visualizar apostas on lineentrada. Chegou a um campocomo visualizar apostas on linerefugiados e acabou dividida. As crianças foram separadas dos pais: Ariella passou a viver junto com outras meninas. O irmão dela, Lucio,como visualizar apostas on lineoutro acampamento.

"Havia criançascomo visualizar apostas on linetodas as nacionalidades, e eu não conseguia me comunicar com ninguém. Todas as vezes que minha mãe vinha me visitar, eu chorava. Era como se fosse muda. Só falava italiano e não entendia o que as outras meninas, emcomo visualizar apostas on linemaioria francesas, falavam", diz.

Os pais dela, também separados, realizavam trabalhos braçais para sobreviver.

"Meu pai trabalhava como marceneiro, cortando lenha, e minha mãe, como cozinheira. Lembro-me do diacomo visualizar apostas on lineque fui visitá-la e ela estava cortando batatas."

Livro judaicocomo visualizar apostas on lineAriella Pardo Segre

Crédito, Gui Christ

Legenda da foto, 'No acampamentocomo visualizar apostas on linerefugiados, havia criançascomo visualizar apostas on linetodas as nacionalidades, mas nenhuma falava italiano", diz Ariella

A vida dos Pardo no campocomo visualizar apostas on linerefugiados durou até o fim da Guerra,como visualizar apostas on line1945, quando a Itália foi libertada e caminhões dos Aliados levaram os refugiadoscomo visualizar apostas on linevolta a seus paísescomo visualizar apostas on lineorigem.

Ariella tinha cinco anos quando a família voltou à Bolonha. Mas o sufoco ainda não tinha terminado. A casa onde viviam estava ocupada por novos moradores.

"Chegamos à nossa casa e os novos moradores nos disseram que a tinham recebido do governo italiano. E que não éramos mais bem-vindos ali. Lembro-mecomo visualizar apostas on lineque a biblioteca do meu pai, um homem muito culto, havia sido completamente destruída", diz.

A família foi, então, morar novamentecomo visualizar apostas on lineum campocomo visualizar apostas on linerefugiados, montadocomo visualizar apostas on lineuma praçacomo visualizar apostas on lineBolonha. Poucos dias depois, Giommi, o vizinho que os havia alertado sobre a chegada dos nazistas dois anos antes, os levou para vivercomo visualizar apostas on lineseu apartamento. Ali, eles passaram a morarcomo visualizar apostas on lineum quarto até conseguir voltar àcomo visualizar apostas on lineantiga casa, por meiocomo visualizar apostas on lineuma ordem judicial.

"Para quem dormia no chão, dormir finalmente num quarto era uma maravilha. Ainda mais com um beijo da minha mãe", diz.

"Giommi foi um homem muito importantecomo visualizar apostas on linenossas vidas. Não só nas nossas, mas nascomo visualizar apostas on linemuita gente", diz. Alfredo Giommi foi homenageado como 'Justo entre as Nações', um reconhecimento a todos os não judeus que durante a Segunda Guerra Mundial salvaram vidascomo visualizar apostas on linejudeus perseguidos pelo regime nazista.

Ariella Pardo Segre segura porta-retratoscomo visualizar apostas on linesua família

Crédito, Gui Christ

Legenda da foto, Junto com pai, mãe e irmão, Ariella teve que abandonarcomo visualizar apostas on linecasa na Itália
Ariella Pardo Segre segura porta-retratoscomo visualizar apostas on linesua família

Crédito, Gui Christ

Legenda da foto, Ariella casou-se com Marco Segre (retrato 3x4 à esq.)como visualizar apostas on line1960 e o casal foi morar no Brasil

Mudança para o Brasil

Os paiscomo visualizar apostas on lineAriella voltaram a dar aulas, e a família retomou aos poucos a vida interrompida por causa da guerra.

Em 1958,como visualizar apostas on lineférias nos Alpes, ela conheceu Marco Segre, um judeu italiano que havia fugido para o Brasil com os paiscomo visualizar apostas on line1938, quando as leis raciais foram instituídas, e que estava visitando parentes na Itália. Os dois se apaixonaram.

O casal mantém correspondência por dois anos até Segre regressar à Itália para se casar com Ariella. Os dois voltaram juntos ao Brasil e se estabeleceramcomo visualizar apostas on lineSão Paulo, onde Ariella passa a dar aulascomo visualizar apostas on lineitaliano. Tiveram quatro filhos, oito netos e dois bisnetos. Marcos morreu há dois anos.

Aos 78 anos, Ariella está aposentada das salascomo visualizar apostas on lineaula, mas continua a trabalharcomo visualizar apostas on lineuma entidade judaica.

"Considero que tenho uma obrigação moralcomo visualizar apostas on linecontinuar contando essa história para que o mundo nunca se esqueça dela", diz.

Sobreviventes radicados no Brasil participamcomo visualizar apostas on linesolenidadecomo visualizar apostas on linehomenagem às vítimas do Holocaustocomo visualizar apostas on line2018

Crédito, Eliana Assumpção

Legenda da foto, Sobreviventes radicados no Brasil participamcomo visualizar apostas on linesolenidadecomo visualizar apostas on linehomenagem às vítimas do Holocaustocomo visualizar apostas on line2018

Celebrações

Neste domingo, dia 27como visualizar apostas on linejaneiro, comemora-se o Dia Internacionalcomo visualizar apostas on lineMemória das Vítimas do Holocausto, instituído pela ONUcomo visualizar apostas on line2005. A data marca a libertação do campocomo visualizar apostas on lineconcentraçãocomo visualizar apostas on lineAuschwitz, um dos maiores símboloscomo visualizar apostas on linetortura do nazismo,como visualizar apostas on line1945. Estima-se que maiscomo visualizar apostas on line1 milhãocomo visualizar apostas on linepessoas, a maioria judeus, tenham morrido ali.

Por ocasião da data, a Federação Israelita do Estadocomo visualizar apostas on lineSão Paulo (Fisesp) e a Congregação Israelita Paulista (CIP) promovem um ato solene na Sinagoga Etz Chaim da CIP, e, no Riocomo visualizar apostas on lineJaneiro, a Confederação Israelita do Brasil e a Federação Israelita do Estado do Riocomo visualizar apostas on lineJaneiro (Fierj) realizam uma solenidade no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo.

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