Filhacbet jetx reviewpedreiro, alunacbet jetx reviewMedicina da USP vende pãocbet jetx reviewmel para pagar intercâmbiocbet jetx reviewHarvard:cbet jetx review

Legenda da foto, Nathalia Oliveira e seus pais, Antônio Carlos e Maria Helenacbet jetx reviewOliveira, na casa da famíliascbet jetx reviewVargem Grande Paulista,cbet jetx reviewSão Paulo

Nathalia tem 22 anos, estudou boa parte da vidacbet jetx reviewescola pública, fez cursinho com bolsa, passoucbet jetx reviewMedicinacbet jetx reviewquatro universidades públicas e, agora,cbet jetx reviewseu terceiro ano na Universidadecbet jetx reviewSão Paulo, foi aprovada para passar um anocbet jetx reviewuma das instituiçõescbet jetx reviewensino mais conhecidas do mundo, a universidade americanacbet jetx reviewHarvard.

O problema é que, para ela, o dinheiro é o pior dos empecilhos, afinal, ela nasceu, cresceu e continua vivendo sem muitos recursos. Como pagar a passagem os Estados Unidos? O curso? Moradia? Comida? Transporte? O retorno?

O jeito foi se esforçar e pedir ajuda, mas, antes desse desfecho, a históriacbet jetx reviewNathalia foi cheiacbet jetx reviewobstáculos.

A vida na escola pública

Legenda da foto, Nathalia passoucbet jetx reviewum processo seletivo para um cursocbet jetx reviewnanotecnologia

Ela viveu até os 13 anoscbet jetx reviewSão Miguel Paulista, bairro do extremo lestecbet jetx reviewSão Paulo. Seu pai, Antônio Carloscbet jetx reviewOliveira, 49, dividia-secbet jetx reviewdois trabalhos: bombeiro e pedreiro. Sua mãe, Maria Helenacbet jetx reviewOliveira, 48, migrante do interior do Ceará, trabalhacbet jetx reviewcasa.

A família viviacbet jetx reviewfavorcbet jetx reviewuma casa cedida por parentes. "A Nathalia teve uma vidacbet jetx reviewprivações, humilde", conta Maria Helena, enquanto serve um copocbet jetx reviewágua. "Quantas vezes eu não disse 'não' para as coisas que ela e a irmã queriam?".

Mesmo com orçamento apertado, o casal conseguiu pagar o ensino fundamentalcbet jetx reviewuma escola particularcbet jetx reviewSão Miguel para Nathalia ecbet jetx reviewirmã, Tamires.

Depois, a família se mudou para uma casa própriacbet jetx reviewVargem Grande Paulista. E Nathalia passou no processo seletivo para cursar o ensino médiocbet jetx reviewuma escola técnica estadualcbet jetx reviewCotia, cidade vizinha.

Essa instituição, conta Nathalia, foi fundamental paracbet jetx reviewtrajetória até a USP, pois ela tinha uma estrutura melhor e professores mais bem preparados do que nas escolas públicas tradicionais. As chamadas Etecs são administradas por uma fundação à parte da rede estadualcbet jetx revieweducação e têm um processo seletivo para a entrada dos alunos.

Os números demonstram que as unidades têm desempenho melhor no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por exemplo. Segundo levantamento do jornal Folhacbet jetx reviewS.Paulo, 19 das 20 escolas públicas da capital paulista com os melhores resultados no Enem do ano passado eram técnicas. Das 30 melhores estaduais do Brasil, 13 eram Etecs paulistas. A nota média das escolas técnicas no exame foi 559,42 - 10% maior que as estaduais comuns.

Mas uma escola pública melhor que a média não garantiu acesso fácil à USP para Nathalia. Afinal, apesarcbet jetx reviewa distância ter diminuído nos últimos anos, historicamente a Universidadecbet jetx reviewSão Paulo sempre teve mais alunos oriundoscbet jetx reviewescolas particulares - normalmente, eles são mais bem preparados para enfrentar o corte do vestibular.

Em 2006, por exemplo, apenas 24,7% dos estudantes que entraram na USP eramcbet jetx reviewescolas públicas. Dez anos depois,cbet jetx review2016, esse número subiu para 34,6%. A intenção da universidade é diminuir essa discrepância nos próximos anos. Em 2018, a cotacbet jetx reviewvagas para alunos da rede pública subiu para 40% do totalcbet jetx reviewcada curso. Em 2021, serão 50%.

Por três anos Nathalia fez cursinho com bolsascbet jetx reviewestudo, frutocbet jetx reviewseu bom desempenhocbet jetx reviewprovas. Foi uma época difícil para ela, lembracbet jetx reviewmãe, Maria Helena.

Da periferia para a USP

Crédito, Divulgação/FMUSP

Legenda da foto, Pouco maiscbet jetx review38% dos estudantes da Faculdadecbet jetx reviewMedicina da USP eramcbet jetx reviewescolas públicascbet jetx review2016

"Ela saía às 5hcbet jetx reviewcasa. Para chegar no cursinho, pegava carona com um vizinho até Cotia, depois ônibus, trem e metrô", lembra a donacbet jetx reviewcasa. "E não tinha hora para voltar."

Nathalia percorria 48 km para chegar ao cursinho na Vila Mariana, zona sulcbet jetx reviewSão Paulo. "Tinha dias que eu demorava duas horas e meia para chegar", conta ela.

A estudante não conseguiu passar nas duas primeiras tentativascbet jetx reviewentrarcbet jetx reviewalguma universidade pública,cbet jetx review2014 e 2015. "Eu não conhecia ninguém que tivesse entrado, nem na família nem entre meus amigos. Mas eu era otimista, sabia que uma hora iria conseguir", diz.

Entrar na carreiracbet jetx reviewMedicina,cbet jetx reviewparticular, costuma ser mais difícil quecbet jetx reviewoutras áreas na USP. Neste ano, o curso é o mais concorrido entre os 183cbet jetx reviewgraduação: são 115 candidatos para cada vaga.

Em 2016, veio a boa notícia: Nathalia passoucbet jetx reviewcinco instituições públicascbet jetx reviewuma vez: Unicamp, Unesp, Unifesp, UFMG e a sonhada USP.

Antônio, que se aposentou da carreiracbet jetx reviewbombeiro e hoje trabalha apenas como pedreiro, usa uma metáfora da construção civil para ilustrar o esforçocbet jetx reviewNathalia para entrar quando comparada à trajetóriacbet jetx reviewestudantes com maior renda e melhores oportunidadecbet jetx reviewestudo. "É como se ela estivesse cavando com uma pá, enquanto os outros usam uma escavadeira."

Estrangeiros na USP

Os paiscbet jetx reviewNathalia acompanharam a filha no dia da matrícula. "Reparei que todos os alunos na fila tinham pais ou parentes médicos. Um era o pai, o outro, a mãe. As pessoas passavam e perguntavam: 'e aí, quem é o médico da família?' Como eu ia dizer que sou pedreiro?", lembra Antônio.

O medocbet jetx reviewse sentir estrangeirocbet jetx reviewum local que "não foi feito" para eles fez com que o casal nunca mais participassecbet jetx reviewqualquer evento na universidade. "Senti que eu não sou parte daquele lugar, não me sinto à vontade", explica Maria Helena.

A cena se repetiu com Nathalia, já durante o curso. Ela conta que, um dia, numa mesa com amigos, os alunos perguntaram qual era a profissão dos pais.

"Respondiam que eram engenheiro, médico, farmacêutico, publicitário. Quando chegou minha vez, eles pararam e não perguntaram nada. A brincadeira acabou e fomos embora. Talvez para não gerar um constrangimento. Não tenho nada contra ninguém, adoro meus amigos, vivo experiências muito boas na USP. Mas é óbvio que minha origem é diferente da maioria dos alunos", diz.

Futurocbet jetx reviewHarvard

Crédito, Divulgação/Harvard University

Legenda da foto, Todo ano, estudantescbet jetx reviewmedicina da USP passam uma temporadacbet jetx reviewestudoscbet jetx reviewHarvard

Nesse ano, Nathalia tentou outro desafio. Anualmente, alguns estudantescbet jetx reviewMedicina da USP são selecionados para o períodocbet jetx reviewum anocbet jetx reviewestudoscbet jetx reviewHarvard, uma das universidades mais concorridas do mundo.

Seu currículo foi aprovado na primeira fase. A segunda etapa era uma entrevista,cbet jetx reviewinglês, com um professor da escola americana. E ela não fala inglês, pelo menos não fluentemente. "Estudei com uma amiga da minha mãe, aos domingos. Meu nível é intermediário. Pensei: nunca vou conseguir passar", diz, rindo.

"Na entrevista, o professor fazia várias perguntas que eu não entendia. Eu falava: 'can you repeat, please?'. Ele repetia uma três vezes até eu entender. Saí da entrevista arrasada, achei que só passaria por um milagre."

Milagre ou não, ela recebeu um e-mail da universidade dias depois: estava aprovadacbet jetx reviewum cursocbet jetx reviewnanotecnologia voltada à saúdecbet jetx reviewHarvard.

Ela ligou para o pai para dar a boa notícia. "Ele não falou nada e passou o telefone para minha mãe. Achei esquisita a reação", conta ela. "Depois, minha mãe disse que ele estava chorando."

Como estudarcbet jetx reviewHarvard vendendo pãocbet jetx reviewmel

Crédito, Divulgação/Harvard University

Legenda da foto, Nathalia precisou fazer uma vaquinha para arrecadar recursos para estudarcbet jetx reviewHarvard

Mas como conseguir o dinheiro para bancar um anocbet jetx reviewMassachusetts?

Por meiocbet jetx reviewum convênio com a USP, um banco deu uma bolsacbet jetx reviewU$ 6 mil (R$ 23 mil) à aluna. Mas ainda faltavam maiscbet jetx reviewR$ 30 mil para custear as passagens, moradia, alimentação e transporte.

"Começamos a fazer pãocbet jetx reviewmel para vender", conta Maria Helena. Para ajudar, amigos da família venderam o docecbet jetx reviewestabelecimentoscbet jetx reviewVargem Grande. A estudante também vendeu pãocbet jetx reviewmel na Faculdadecbet jetx reviewMedicina.

"Arrecadamos uns R$ 2 mil", diz Nathalia. Ainda faltavam R$ 28 mil.

A estudante então criou uma campanhacbet jetx reviewfinanciamento coletivo no site Catarse. Sua meta era conseguir R$ 28.391. Até esta quinta-feira, 190 pessoas já tinham ajudado. Faltavam R$ 80 para a universitária atingir seu objetivo.

Ela viaja para os Estados Unidoscbet jetx review21cbet jetx reviewjaneiro,cbet jetx reviewprimeira viagemcbet jetx reviewavião.

Ela diz que, quando voltar e estiver formada, pretende trabalhar no Sistema Únicocbet jetx reviewSaúde (SUS) como uma maneiracbet jetx reviewretribuir à sociedade os anoscbet jetx reviewque estudoucbet jetx reviewuma universidade pública. "Acho que todos os estudantes deveriam passar pelo menos dois anos no sistema público", afirma.

Já seu pai desconversa sobre ficar um ano sem ver Nathalia - eles não têm dinheiro para uma eventual visita. Ele acaba falando da outra filha, Tamires, que recentemente passoucbet jetx reviewengenharia civil na USP. "Tomara que para ela seja um caminho mais fácil", diz Antônio, rindo.

Sua mulher, Maria Helena, completa: "A gente vive nossos sonhos através dos filhos, né?"

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