Bolsonaro não traria 'nenhum retrocesso' a relações internacionais, diz Aloysio Nunes:bônus de registro grátis

Diferentebônus de registro grátisNunes, Alckmin se refere ao oponente como "o candidato da intolerância" e já afirmou que uma eventual vitória do militar reformado levaria o país ao caos.

Esta semana, o Itamaraty foi partebônus de registro grátisuma polêmica envolvendo Bolsonaro. Reportagem do jornal Folhabônus de registro grátisS. Paulo reproduziu um telegrama do Itamaraty, datadobônus de registro grátisjulhobônus de registro grátis2011, que relata que o deputado pediu ajuda ao Ministério das Relações Exteriores porque Ana Cristina viajou para a Noruega com o filho deles, sem autorizaçãobônus de registro grátisBolsonaro. Na época, os dois disputavam na Justiça a guarda do menino. No telegrama, o então embaixador Carlos Henrique Cardim relata que Ana Cristina, ao receber telefonema do vice-cônsul na Noruega, disse que havia deixado o Brasil dois anos antes por ter sido ameaçadabônus de registro grátismorte por Bolsonaro. E que essa acusação poderia motivar pedidobônus de registro grátisasilo político. Em vídeo publicado nas redes sociais depois da publicação da reportagem, Ana negou que as ameaças tenham existido.

Desde o último domingo, quando chegou a Nova York para representar o Brasil na Assembleia Geral da ONU, o ministro já se reuniu com autoridades da União Europeia, Mercosul, Áustria, Colômbia, Lituânia, Líbano, Luxemburgo e Cingapurabônus de registro grátisbuscabônus de registro grátisnovas parcerias políticas e comerciais.

Nesta quinta-feira, acontece um esperado encontro entre Nunes e o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza. Será a primeira reunião entre os chanceleres desde a suspenção temporária das relações diplomáticas entre os dois países,bônus de registro grátisdezembro, quando embaixador brasileirobônus de registro grátisCaracas foi expulso e tratado como "persona non grata".

Sobre as chancesbônus de registro grátisreconciliação entre os dois países, que protagonizam acusações frequentesbônus de registro grátisplenárias como as da Organização dos Estados Americanos (OEA), Nunes optou por um tom moderado, disse que "não há hostilidade" e garantiu que o Brasil não adotará as novas sanções recém-anunciadas por Donald Trump contra o regimebônus de registro grátisNicolás Maduro.

O mesmo comportamento será adotadobônus de registro grátisrelação ao Irã, classificado pelo presidente americano na última terça-feira como "ditadura corrupta" que "semeia caos, morte e destruição". À BBC News Brasil, o chanceler brasileiro "lamentou o retrocesso" nas relações entre EUA e Irã, que classificou como "um paísbônus de registro grátisgrande tradição e enorme importância".

Empenhadobônus de registro grátisagregar apoio para uma reforma no Conselhobônus de registro grátisSegurança da ONU e na assinaturabônus de registro grátisum acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, Nunes também revelou interesse pela adoçãobônus de registro grátisuma moeda única na América Latina, seguindo os moldes do euro.

"Simpatizo muito (com a ideia). E também acho que no futuro podemos ter (no Mercosul) integração até no nível político, como na União Europeia, com instâncias políticas decisórias comuns."

Veja a seguir os principais trechos da entrevista do chanceler à BBC News Brasil.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - bônus de registro grátis O senhor tem participadobônus de registro grátisencontros com líderes estrangeiros na ONU. Qual será o primeiro a render efeitos práticos para o Brasil?

bônus de registro grátis Nunes - O encontro que tem relevância mais imediata foi com a comissária (para Comércio) da União Europeia (UE), Cecília Malmstrom, sobre o acordobônus de registro grátiscomércio que estamos negociando entre Mercosul e UE. É importante para o Mercosul, porque vai permitir acesso a um mercado enorme, com grande poder aquisitivo.

Do pontobônus de registro grátisvista político e estratégico, é uma diversificação das relações externas do Mercosul com uma região economicamente da maior relevância.

As negociações começaram há 18 anos, e só nos últimos dois anos, especialmente depois da mudança nos governos do Brasil e da Argentinabônus de registro grátisprolbônus de registro grátisuma políticabônus de registro grátismaior abertura, elas ganharam novo impulso. Ela estábônus de registro grátismomento crítico, final, mas ainda existem questões delicadas que precisam ser resolvidas dos dois lados.

Nesta conversa, estabelecemos uma listabônus de registro grátisproblemas que na visão da UE ainda não têm solução.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - Quais são?

bônus de registro grátis Nunes - Algumas são grandes, importantes, como a possibilidadebônus de registro grátisum acesso maior dos produtos agrícolas do Mercosul.

Produtos como carne e açúcar, no estado atual do acordo, estão sujeitos a cota. Nós compreendemos as razões da proteção europeia àbônus de registro grátisagricultura, mas acreditamos que 100 mil toneladasbônus de registro grátiscarne bovina para um bloco que consome 8 milhõesbônus de registro grátistoneladas não vão ameaçar a existência dos fazendeiros europeus. Pretendemos que pelo menos não haja tarifa cobrada dentro desta cota.

Algumas questões são bastante irrelevantes. Por exemplo, o tamanhobônus de registro grátisgarrafas do comérciobônus de registro grátisvinhos. Eu prefiro me dedicar ao conteúdo e não ao tamanho das garrafas (risos).

Por iniciativa da Presidência uruguaia, os presidentes (dos países do Mercosul) determinaram a revisão dessa lista para eliminar o que não for realmente importante e nos concentrarmos nos temas decisivos.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - O que será discutido com a Venezuela?

bônus de registro grátis Nunes - Foi iniciativa deles. Temos relações diplomáticas e não há razão para negar os encontros. Temos uma fronteira bastante extensa, uma comunidade brasileira importante morando lá, três consulados, uma imigração sem uma dimensão dramática como a que existebônus de registro grátisdireção a outros países.

Nos preocupa o pontobônus de registro grátisvista da saúde. Queremos há bastante tempo uma cooperaçãobônus de registro grátismatériabônus de registro grátisvigilância epidemiológica e vacinação. Já propusemos, à semelhanca do que temos com os outros vizinhos, um programabônus de registro grátiscooperação contra crimes transnacionais. Vou tratar desses temas, eles nos interessam. A nossa posiçãobônus de registro grátisrelação a Venezuela é conhecida e temos tratado das nossas diferenças na OEA e no Mercosul.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - Pode-se esperar uma redução nas hostilidades entre os dois países? Há climabônus de registro grátisreconciliação?

bônus de registro grátis Nunes - Hostilidade não há. A Venezuela retirou o embaixador do Brasil logo depois da posse do presidente Temer.

Nós também retiramos, mas depois devolvemos o nosso embaixador a Caracas, sem contrapartida, porque nos interessa manter um diálogo com todos, ainda que não concordemos com a forma como o regime político da Venezuela vem descumprindo compromissos democráticos que assumiu.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - Donald Trump anunciou na ONU novas sanções contra Maduro. O Brasil embarcará nelas?

bônus de registro grátis Nunes - O Brasil não adota sanções unilaterais. Nós adotamos aquelas que forem decididas aqui no Conselhobônus de registro grátisSegurança. Fora isso, não temos.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - O mesmo vale para o Irã bônus de registro grátis ?

bônus de registro grátis Nunes - O mesmo vale para o Irã.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - Como vê a elevaçãobônus de registro grátistombônus de registro grátisDonald Trump contra o Irã?

bônus de registro grátis Nunes - O acordo assinado pelo presidente Obama e por países europeus com o Irã foi um enorme passo para o relaxamento da tensão internacional e da incorporação plena à comunidade internacional do Irã, que é um paísbônus de registro grátisgrande tradição, tem enorme importância.

Lamento o retrocesso, e os demais países signatários do acordo também lamentam.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - O Mercosul tem se aproximado da Aliança do Pacífico (formada por Chile, Colômbia, México e Peru). A meta é uma grande áreabônus de registro grátislivre-comércio nas Américas?

bônus de registro grátis Nunes - Nós teremos na América do Sul, a partir do ano que vem, tarifa zero entre os países. A questão tarifária não será um grande problema. Nós queremos ir além dos acordosbônus de registro grátistarifas, queremos facilitaçãobônus de registro grátiscomércio, proteção e cooperaçãobônus de registro grátisinvestimentos, convergências regulatórias, cooperação aduaneira.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - bônus de registro grátis Um dia teremos na América Latina uma situação semelhante à europeia, com livre trânsito e…

bônus de registro grátis Nunes - Espero que sim. Se considerarmos os países da Aliança do Pacífico na América do Sul, nós temos 80% da economia latino-americana. Alguns países estão muito engajados neste processo. O Chile está e estamos negociando um acordo bilateral com esta ambição. O México está muito engajado também.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - Há conversas sobre a adoçãobônus de registro grátisuma moeda única?

bônus de registro grátis Nunes - Ainda não. Para moeda única, precisamos ter regras orçamentárias e políticas monetárias comuns, o que ainda está bastante distante, dada a heterogeneidade que existe.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - O senhor simpatiza com a ideia?

bônus de registro grátis Nunes - Eu simpatizo muito com a ideia. Simpatizo muito. E também acho que no futuro podemos ter integração até no nível político, como na União Europeia, com instâncias políticas decisórias comuns.

Hoje há uma visão muito compartilhada nos países latino-americanos sobre a importânciabônus de registro grátisparâmetrosbônus de registro grátistransparência, combate à corrupção, responsabilidade fiscal, políticas sociais robustas e focadas nos mais pobres.

Também (há) o valor da abertura e da integração. A opinião pública brasileira,bônus de registro grátisumas décadas para cá, se coloca senhorabônus de registro grátisuma identidade latino-americana. Há condições sociológicas, políticas e mesmo o imperativo econômico que favorecem este encaminhamento. Mas eu não seria capazbônus de registro grátisdizerbônus de registro grátisquanto tempo.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - A última capa da revista The Economist levanta a possibilidadebônus de registro grátisrisco à democracia no Brasil e na América Latina. O senhor teve um papelbônus de registro grátisresistência durante o período militar. Como se sente quando vê parte da população brasileira defendendo aquela época e candidatos defendendo torturadores?

bônus de registro grátis Nunes - Bom, a capa da Economist não é muito boabônus de registro grátismatériabônus de registro grátisprofecias.

No Brasil, não há o menor riscobônus de registro grátisretrocessobônus de registro grátisrelação à democracia. Ela é solidamente estabelecida na opinião dos brasileiros, nas instituições jurídicas. Não há o menor riscobônus de registro grátisretrocessobônus de registro grátismatéria democrática.

Há hoje duas candidaturas que se colocam como antípodas no universo político brasileiro, que são as candidaturas que estão hoje na frente (Bolsonaro/PSL e Fernando Haddad/PT), mas nenhuma delas contesta o regime democrático, tanto é que se apresentaram perante o eleitorado para obter os seus sufrágios. O deputado Jair Bolsonaro jogabônus de registro grátisacordo com as regras da democracia. Tanto é que é deputado há 30 anos.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - Mas vemos hoje manifestações públicas, protestosbônus de registro grátispessoas pedindo o que chamambônus de registro grátis"intervenção militar". Como se sente, por mais que estes grupos sejam restritos?

bônus de registro grátis Nunes - São muito minoritários. De vezbônus de registro grátisquando eu vejo meia dúziabônus de registro grátisfanáticos alibônus de registro grátisfrente ao meu Ministério pedindo intervenção militar sob o olhar, digamos, divertido das pessoas, que olham como quem observa um grupobônus de registro grátislunáticos. Não têm a menor relevância.

Agora, é claro, nós temos no Brasil uma opinião conservadora,bônus de registro grátisdireita, como nós temos na Inglaterra, na França. Nós temos opiniões conservadoras, fortemente conservadoras na sociedade brasileira, que se refletem na política. Elas não tinham encontrado até agora um canalbônus de registro grátismanifestação política. Agora encontraram no Bolsonaro.

Mas não quer dizer que sejam contrários à democracia, eles são conservadores, especialmentebônus de registro grátismatériabônus de registro grátiscostumes.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - Mas, segundo as pesquisas eleitorais do primeiro semestre, ao apoiar o Lula, grande parte dos eleitores defendia um projeto oposto ao conservadorismo que senhor descreve.

bônus de registro grátis Nunes - Lula não era absoluto. Ele era importante, as pesquisas davam a ele 30%, 35%. Mas, e os outros?

Há uma corrente conservadora bastante considerável, com expressão no Congresso Nacional. Tanto é que não se consegue tirar a penalização do aborto, consagrada no Código Penal brasileiro. Porque há uma presença no Congresso Nacional que não concorda com isso, e são deputados eleitos diretamente pelo povo.

Então, Lula é um líder político importante, foi condenado por corrupção, por isso não pode participar das eleições, mas não é um líder absoluto no Brasil, pelo contrário.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - O líder agora é Bolsonaro.

bônus de registro grátis Nunes - O que quero dizer é o seguinte. Há uma opinião conservadora no Brasil que deseja ordem, o combate frontal à criminalidade, ainda que sem muita preocupação com direitos humanos, e que é muito conservadora, sobretudobônus de registro grátismatériabônus de registro grátiscostumes.

Esta opinião não tinha encontrado até agora um veículobônus de registro grátisexpressão política. Agora encontrou. Havia encontrado nas eleições parlamentares, mas nãobônus de registro grátiseleição majoritária, como a que estamos vivendo agora.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - Qual seria o impacto nas relações internacionais se Jair Bolsonaro virasse presidente do país?

bônus de registro grátis Nunes - Acho que não é bom. Poderá levantar polêmicas que não interessam ao Brasil, porque o Brasil tem visão muito positiva da cooperação internacional, da defesa dos direitos humanos, o multilateralismo.

Mas lembro a você que não teremos apenas eleição presidencial, teremos eleição para o Congresso Nacional. O Brasil é signatáriobônus de registro grátisacordos e convenções aprovadas pelo Congresso e que não podem ser revogadas por uma "penada".

Também temos o poder Judiciário, que vela sobre estes temas, a grande maioria deles já internalizados na legislação. De modo que não creio que possa haver nenhum retrocesso nesta matéria.

Todos os candidatos à Presidência da República e o Congresso Nacional, todos, são favoráveis ao multilateralismo por compreenderem que é preciso ter regras internacionais que precisam ser respeitadas por todos. De modo que não há nenhuma perspectivabônus de registro grátisretrocesso na atuação internacional brasileira.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - O senhor se reuniu com o G4 (que reúne Índia, Alemanha, Japão e Brasil) e o governo defende a reforma do Conselhobônus de registro grátisSegurança da ONU. Qual é o modelo ideal e quais são as conversas entre estes países?

bônus de registro grátis Nunes - Este grupo já se reúne há muito tempo. O objetivo é uma reforma do Conselhobônus de registro grátisSegurança, para que ele seja mais representativo do que são as Nações Unidas hoje.

A composição se mantém a mesma desde o imediato pós-guerra e o mundo mudou muito. Nós lutamos pelo aumento do númerobônus de registro grátismembros permanentes e não-permanentes e também por uma revisão dos métodosbônus de registro grátistrabalho, que são muito opacos e fechados.

bônus de registro grátis BBC News Brasil - Como assim?

bônus de registro grátis Nunes - Os membros das Nações Unidas ficam observando o que faz o Conselho, sem possibilidadebônus de registro grátisparticipar ou interferir nas deliberações.

Já há movimentos da parte da França, por exemplo, no sentidobônus de registro grátisuma abertura na negociação sobre direitobônus de registro grátisveto. Propõe que o veto só possa ser exercidobônus de registro grátistemas muito, muito graves.

O Brasil até propõe que, durante um certo tempo, os países que vierem a aceder ao Conselho como membros permanentes se abstenham durante certo tempo do uso eventual do direitobônus de registro grátisveto, até uma reuniãobônus de registro grátisrevisão do que for adotado.

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