Mandatolink vaidebetpai para filho: por que sobrenome ainda deve contar nestas eleições:link vaidebet

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Legenda da foto, Filhoslink vaidebetBolsonaro, Kátia Abreu, Eduardo Cunha, Sérgio Cabral e Marcelo Crivella tentam vagas no Senado e na Câmara nas eleiçõeslink vaidebetoutubro

Já Marcelo Crivella Filho conta com o apoio do pai, que é prefeito do Riolink vaidebetJaneiro, para alcançar uma vagalink vaidebetdeputado federal. É a primeira eleição dele.

Eduardo Bolsonaro, filho do candidato à Presidência Jair Bolsonaro, tenta se reeleger como deputado federal.

O irmão mais velho dele, Flávio Bolsonaro, está no grupo dos que tentam alçar voos maiores quelink vaidebet2014: quer saltar diretolink vaidebetdeputado estadual no Riolink vaidebetJaneiro para senador.

Irajá Abreu, filho da senadora Kátia Abreu, que é vice na chapalink vaidebetCiro Gomes à Presidência, vive situação parecida e tenta trocar a Câmara dos Deputados pelo Senado.

Pais e filhos

Enquanto tenta se eleger governadorlink vaidebetAlagoas, o senador Fernando Collor quer garantir um sucessor no Congresso, seu filho Fernando James Collor, candidato a deputado federal.

Os dois vão percorrer o Estado nordestino juntos para tentar derrotar outra duplalink vaidebetpai e filho com tradição na política: Renan Calheiros (MDB), que tenta a reeleição ao Senado, e Renan Filho, que quer se reeleger governadorlink vaidebetAlagoas.

No Pará, outro político tradicional do MDB, Jader Barbalho, candidato ao Senado, percorre o Estadolink vaidebetcampanha com o filho Helder Barbalho, que tenta se eleger governador. Os dois lideram as intençõeslink vaidebetvoto.

E, enquanto o ex-governador do Riolink vaidebetJaneiro Sérgio Cabral segue preso, acusadolink vaidebetcomandar um esquemalink vaidebetcorrupção, o filho dele, Marco Antônio Cabral, faz campanha para se reeleger deputado federal.

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Legenda da foto, Enquanto Sérgio Cabral segue preso, acusadolink vaidebetliderar um esquemalink vaidebetcorrupção no Riolink vaidebetJaneiro, seu filho Marco Antônio Cabral faz campanha para se reeleger deputado federal

O professorlink vaidebetciência política Claudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), faz um paralelo do fenômeno do "mandatolink vaidebetpai para filho" com famílias que há gerações seguem a mesma profissão.

"A política é uma atividade profissional que precisa ser desempenhadalink vaidebettempo integral. Assim comolink vaidebetoutras profissõeslink vaidebetque a gente vê médico filholink vaidebetmédico, advogado filholink vaidebetadvogado, não é diferente na atividade política", diz.

"E, assim comolink vaidebetoutras profissões, há uma vantagemlink vaidebetseguir a profissão dos pais: você tem uma rede formada que facilita do pontolink vaidebetvistalink vaidebetter aliados, apoiadores, financiadores e um aprendizado que vem desde a infância."

Mas será que,link vaidebetmeio ao clamor por "renovação", o parentesco com políticos tradicionais vai contar a favor nas urnaslink vaidebetoutubro?

Sistema político que favorece eleiçãolink vaidebetparentes

Dados referentes à última eleição indicam que, para a Câmara, o sobrenome contou, e muito, na última disputa. Levantamento feito pelo Transparência Brasil, instituto voltado ao monitoramentolink vaidebetórgãos públicos, revelou que 49% dos deputados eleitoslink vaidebet2014 eram filhos, netos, esposas ou maridoslink vaidebetpolíticos com mandato - um aumentolink vaidebetcinco pontos percentuaislink vaidebetrelação aos eleitoslink vaidebet2010.

Entre os deputados federais com até 35 anos, 85% dos eleitoslink vaidebet2014 são herdeiroslink vaidebetfamílias políticas.

Para especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, o sistema político-eleitoral brasileiro continuará a favorecer candidatos que tenham fortes ligações com lideranças partidárias, ainda que haja uma rejeição popular à política e a políticos tradicionais.

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Legenda da foto, Ex-presidente Fernando Collor faz campanha ao lado do filho; um quer ser governador e o outro, deputado federal

Três fatores contam particularmente a favor das candidaturaslink vaidebetparenteslink vaidebetpolíticos influentes: o fatolink vaidebeto nome ser mais facilmente lembrado pelos eleitores, acesso a financiamento para a campanha e o controle da máquina partidária nos redutos eleitorais, com a mobilizaçãolink vaidebetcabos eleitorais e da militância.

"Da mesma forma que para um parlamentar que já está no poder é mais fácil se reeleger, quem tem um parente na estruturalink vaidebetpoder consegue se eleger mais facilmente", afirmou à BBC News Brasil Juliana Sakai, diretoralink vaidebetoperações do Transparência Brasil.

"Além do próprio nome, que torna a pessoa mais conhecida do eleitorado, tem a questãolink vaidebetque o voto é totalmente ligado ao financiamento da campanha."

Um nome para lembrar

Em outubro, a população terá que optar por um candidato a deputado federal, a deputado distrital ou estadual, senador, governador e presidente da República. Só para deputado federal são maislink vaidebet8 mil candidatoslink vaidebettodo o Brasil.

Em São Paulo, o eleitor escolherá dentre 1.675 concorrentes. Ou seja, uma das principais tarefaslink vaidebetquem disputa uma eleição é simplesmente conseguir ter o nome lembrado. Os candidatos que têm sobrenomes conhecidos largam com vantagem na corrida eleitoral.

"Para a Câmara, são muitos os candidatos e muitas as vagas para cada Estado para preencher as 513 cadeiras. Portanto, serão mais votados os candidatos mais lembrados. Existe um eleitorado que vai rejeitar políticos com sobrenomeslink vaidebetpessoas investigadas, mas esses políticos acabam, mesmo assim, sendo mais escolhidos que outros mais desconhecidos", avalia Sakai.

"Um dos desafios que os políticos têm é se tornarem conhecidos do eleitorado. Quem já tem o nome conhecido já resolveu esse problemalink vaidebetantemão", reforça Claudio Couto, da FGV.

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Legenda da foto, Renan Filho conta com o apoio do pai, Renan Calheiros, para tentar se reeleger governadorlink vaidebetAlagoas

Influência para obter recursos do fundo partidário

Outro fator decisivo para o sucesso numa eleição é financiamento. A capacidadelink vaidebetmobilizar recursos tem efeito direto sobre a possibilidadelink vaidebetuma pessoa se eleger, diz Juliana Sakai, que identificou um valor mínimo necessáriolink vaidebetinvestimento para que um candidato seja bem-sucedido ao tentar uma vaga na Câmara dos Deputados.

"Em 2014, na disputa eleitorallink vaidebetSão Paulo, os candidatos que se elegeram com votos próprios levantaram maislink vaidebetR$ 100 mil para a campanha. No Riolink vaidebetJaneiro, o mínimo foilink vaidebetR$ 45 mil", afirmou à BBC News Brasil.

Na eleiçãolink vaidebetoutubro, não serão permitidas doações empresariais - as campanhas serão financiadas com recursos do Fundo Partidário e doaçõeslink vaidebetpessoas físicas. Segundo Sakai e Claudio Couto, quem tem influência no partido pode ter vantagem no direcionamento dos recursos do fundo. E aí filhoslink vaidebetpolíticos influentes podem, mais uma vez, se beneficiar do sobrenome.

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Legenda da foto, João Campos conta com o capital político do pai, Eduardo Campos,link vaidebetPernambuco. Segundo especialistas, poder dentro do partido ajuda na captaçãolink vaidebetrecursos para a campanha

"A decisão sobre como serão transferidos os recursos do fundo para cada campanha é tomada pela cúpula dos partidos. E quem já está dominando o partido certamente terá maior facilidade para mobilizar o dinheiro a favor dos candidatoslink vaidebetsua preferência, inclusive parentes que estejam se lançando na política", afirma Sakai.

Além disso, quem tem poder dentro do partido pode mobilizar mais facilmente outros instrumentos importantes na campanha, como militância e cabos eleitorais.

"As redes constituídas facilitam na organização das campanhas. Pessoas que já apoiavam um políticolink vaidebetoutras eleições podem estar mais propensas a apoiar o filho ou neto dele", diz Couto.

A pesquisadoralink vaidebetciência política da Universidade Estadual do Riolink vaidebetJaneiro (UERJ) Carolinalink vaidebetPaula avalia que o modelolink vaidebetfinanciamento dessas eleições favorece quem tem dinheiro para financiar a própria campanha ou quem tem controle da máquina partidária nos Estados.

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Legenda da foto, Danielle Dytz Cunha trabalhou na campanha do pai para a presidência da Câmara. Agora preso, Eduardo Cunha aposta na filha para manter sobrenome no Congresso

"Vai reforçar quem já domina a estrutura dos partidos. E os partidos já declararam que vão investirlink vaidebetpessoas com mandato oulink vaidebetquem tem força, e quem tem força são os políticos tradicionais e os parentes deles", afirma.

"Vai favorecer também quem tem dinheiro e pode se autofinanciar. O financiamento empresarial tem muitos problemas, mas o modelo que implementamos tende a manter as classes políticas dominantes."

Mas como os clãs políticos surgiram e se perpetuaram?

Segundo Carolina da Paula, o compadrio e a transmissãolink vaidebetmandatoslink vaidebetpai para filho sempre existiram no Brasil e remontam à épocalink vaidebetque o país era colônialink vaidebetPortugal. O território foi divididolink vaidebetcapitanias hereditárias, cada qual administrada por alguém nomeado pela Coroa portuguesa. O controle da terra, como o próprio nome dizia, era passadolink vaidebetpai para filho.

"Acredito que essa cultura tem a ver com esse aspecto da transferência hereditárialink vaidebetpoder e terras, que remonta à história colonial", afirma.

Ela destaca que, historicamente, ao assumir um mandato, muitos políticos articulam a nomeaçãolink vaidebetparentes no gabinete elink vaidebetaliados - o chamado nepotismo cruzado - oulink vaidebetpostoslink vaidebetvisibilidade nas bases eleitorais, pavimentando o caminho para que esses familiares sejam eleitos no futuro.

Nas regiões mais pobres, o clientelismo reforça a manutençãolink vaidebetfamílias no poder, na medidalink vaidebetque os eleitores vinculam o voto à manutençãolink vaidebetbenefícios pontuais, como bolsas e vales.

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Legenda da foto, No Pará, Jader Barbalho, candidato ao Senado, faz campanha ao lado do filho, Helder Barbalho, que tenta se eleger governador

"Eu trabalho com pesquisalink vaidebetopinião, e o que a gente percebe é que as pessoas têm medolink vaidebetnão votar nos políticos tradicionais, porque temem perder o pouco que elas recebemlink vaidebettermoslink vaidebetbenefício e que elas vinculam ao político que já está no poder", explica a pesquisadora.

Já Claudio Couto vê com naturalidade o fatolink vaidebetfilhos e netoslink vaidebetpolíticos seguirem o caminho dos pais e avós. Ele destaca que o mesmo fenômeno acontecelink vaidebetoutros países.

"Historicamente, sobrenome sempre contou na política. Não há porque ser diferente nessas eleições. É um fenômeno normal que não é exclusivo do Brasil. Veja-se o caso das dinastias políticas nos Estados Unidos, como os Kennedy."

Efeito da 'políticalink vaidebetpai para filho' é a faltalink vaidebetmudanças

Para Juliana Sakai, do Transparência Brasil, a consequência da perpetuaçãolink vaidebet"clãs" na política brasileira é a dificuldadelink vaidebetmudanças significativas nos sistemas econômico e social do país, à medidalink vaidebetque não há incentivos para alterar as normas que beneficiam quem sempre esteve no poder.

"Você tem uma tendência ao conservadorismo e à manutenção das mesmas estruturas políticas, sociais e econômicas. Claro que pode haver rupturas, mas você está representando uma estrutura que se perpetua no poder há diversas gerações. Vira um negóciolink vaidebetfamília, e isso desestimula mudanças nas regras já existentes."

Carolinalink vaidebetPaula, da UERJ, reconhece que eleitores mais jovens já começam a rejeitar nomeslink vaidebetpolíticos tradicionais, especialmente os investigados por corrupção, e que há uma proliferaçãolink vaidebetmovimentos que pedem a renovação na política. Mas, para ela, esses aspectos ainda não terão impacto significativo nas eleiçõeslink vaidebetoutubro.

"Eu acho que os movimentoslink vaidebetrenovação ainda estão concentrados num grupo específico, são pessoas que já tiveram mais acesso à escolaridade, e a maior parte dos movimentos nascelink vaidebetSão Paulo e está concentrado no Sul e Sudeste. Só com avanço econômico, social e cultural é que se passa para uma situaçãolink vaidebetvoto esclarecido", diz.