Brasil recebe apenas 2% dos 2,3 milhõesapostasapostas em motocicletasmotocicletasvenezuelanos expulsos pela crise:apostas em motocicletas

Crédito, REUTERS/Nacho Doce

Legenda da foto, Númeroapostasapostas em motocicletasmotocicletasvenezuelanos cruzando a fronteira com o Brasil aumentou maisapostasapostas em motocicletasmotocicletas1.000%apostas em motocicletastrês anos. Mas o Brasil ainda está longeapostasapostas em motocicletasmotocicletasser o destino mais procurado por quem foge da misériaapostas em motocicletasbuscaapostasapostas em motocicletasmotocicletasmelhores condiçõesapostasapostas em motocicletasmotocicletasvida

Conforme a agência da ONU, mais da metade dos venezuelanos que cruzam a fronteira com o Brasil - 52% - pretendem ficar apenas transitoriamente. O destino final é algum outro país da América Latina.

Entre 25apostasapostas em motocicletasmotocicletasjaneiro a 08apostasapostas em motocicletasmotocicletasmarçoapostasapostas em motocicletasmotocicletas2018, a equipe da OIM realizou 3.516 entrevistas com migrantes nas cidadesapostasapostas em motocicletasmotocicletasPacaraima e Boa Vista - as que concentram a maior parteapostasapostas em motocicletasmotocicletascidadãos venezuelanos. Dos que pretendem deixar o Brasil, 58% disseram que querem chegar à Argentina. E maioria dos que pretendem ficar no Brasil segue viagem para outras cidades do país.

Mais recentemente, alguns países da América do Sul anunciaram regras mais rígidas para a entradaapostasapostas em motocicletasmotocicletasvenezuelanos. Na semana passada, os governos do Peru e do Equador anunciaram que passarão a exigir apresentaçãoapostasapostas em motocicletasmotocicletaspassaporte para a entrada dos migrantes. Até agora, era possível entrar apenas com documentoapostasapostas em motocicletasmotocicletasidentidade.

O problema é que, por causa da crise e da carênciaapostasapostas em motocicletasmotocicletasprodutos básicos, obter um passaporte na Venezuela pode levar meses.

Crédito, ISAC DANTES

Legenda da foto, No fimapostasapostas em motocicletasmotocicletassemana, moradoresapostasapostas em motocicletasmotocicletasPacaraima queimarem pertencesapostasapostas em motocicletasmotocicletasvenezuelanos; episódiosapostasapostas em motocicletasmotocicletasviolência estão aumentando na região da fronteira

Os principais destinos dos venezuelanos

Colômbia, Estados Unidos e Espanha concentram 68% dos emigrantes venezuelanos, segundo o relatório da OIM.

A Colômbia que, assim como o Brasil faz fronteira com a Venezuela, é o destino mais procurado. O país já recebeu 870 mil venezuelanos até abrilapostasapostas em motocicletasmotocicletas2018. Em 2015, o número eraapostasapostas em motocicletasmotocicletas48 mil, o que mostra um aumento exponencial do fluxo migratório.

Até recentemente, os Estados Unidos eram um dos destinos preferidos dos venezuelanos - haviam recebido 290 mil pessoas vindas da Venezuela até 2016.

Ainda no governoapostasapostas em motocicletasmotocicletasHugo Chávez, diversos venezuelanos com recursos financeiros, principalmente empresários e profissionais liberais, passaram a planejar a saída do país diante da perspectivaapostasapostas em motocicletasmotocicletasmaior intervenção estatal e mudança para um regimeapostasapostas em motocicletasmotocicletasorientação socialista.

Crédito, JUAN BARRETO/AFP/Getty Images

Legenda da foto, Muitos empresários e venezuelanos com maior poder aquisitivo deixaram o país rumo aos Estados Unidos e à Espanha quando Hugo Chávez ainda estava no poder. A crise piorou durante a gestãoapostasapostas em motocicletasmotocicletasNicolas Maduro e o fluxo migratório aumentou exponencialmente

Grande parte deles foi para os Estados Unidos e para a Espanha (208 mil). "Entre as razões para isso está o fatoapostasapostas em motocicletasmotocicletasos Estados Unidos oferecerem oportunidadesapostasapostas em motocicletasmotocicletastrabalho para venezuelanos com qualificação profissional", explica o relatório da OIM assinado pelos pesquisadores Vanina Volodo e Ezequiel Toxidó.

"Já a Espanha garante canais legais para a obtençãoapostasapostas em motocicletasmotocicletascidadania a cidadãos venezuelanos descendentesapostasapostas em motocicletasmotocicletasespanhóis."

Os representantes da OIM destacam ainda que EUA e Espanha são destinos históricosapostasapostas em motocicletasmotocicletasvenezuelanos. A crise econômica do governoapostasapostas em motocicletasmotocicletasNicola Maduro está "diversificando" os destinos procurados por nacionais da Venezuela, daí o aumento do fluxo para nações da América do Sul.

A explicação dos pesquisadores para a preferência pela Colômbia é o fatoapostasapostas em motocicletasmotocicletaso país ser vizinho da Venezuela e ter políticas migratórias que facilitam a inserção dos migrantes. A Colômbia também leva vantagem na preferência dos venezuelanos que migram por terra por ser um paísapostasapostas em motocicletasmotocicletaslíngua espanhola, diferentemente dos outros dois países fronteiriços - Brasil e Guiana (onde a língua oficial é o inglês).

Além disso, há três cidadesapostasapostas em motocicletasmotocicletasfácil acesso pela fronteira colombiana - Cúcuta, Vila do Rosário e Arauca. No início do mêsapostasapostas em motocicletasmotocicletasagosto, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, assinou um decreto concedendo permissãoapostasapostas em motocicletasmotocicletaspermanência por dois anos a 442 mil imigrantes venezuelanos.

Concentraçãoapostas em motocicletasuma única cidade

O acessoapostasapostas em motocicletasmotocicletasmigrantes venezuelanos por terra ao Brasil é mais difícil pela densidadeapostasapostas em motocicletasmotocicletasfloresta amazônica na fronteira. A cidade mais acessível é Pacaraima (Roraima), que acaba concentrando a grande maioria dos migrantes que cruzam a linha entre Venezuela e Brasil.

O professorapostasapostas em motocicletasmotocicletasRelações Internacionais da Universidade Estadual do Rioapostasapostas em motocicletasmotocicletasJaneiro (UERJ) Maurício Santoro destaca que o númeroapostasapostas em motocicletasmotocicletasvenezuelanos recebidos pelo Brasil é menosapostasapostas em motocicletasmotocicletas10% que o recebido pela Colômbia. O problema, ele aponta, é que a portaapostasapostas em motocicletasmotocicletaschegada dos migrantes é uma região pouco habitada e com ausênciaapostasapostas em motocicletasmotocicletasinfraestrutura adequada.

"Por azar, a nossa fronteira com a Venezuela se dá numa região onde a infraestrutura e muito precária e numa área pouco povoada. Então, a entradaapostasapostas em motocicletasmotocicletas50 mil venezuelanos cria um tipoapostasapostas em motocicletasmotocicletaspressão política e sobre a infraestrutura que nunca aconteceria se eles estivessem chegando por São Paulo ou o Rioapostasapostas em motocicletasmotocicletasJaneiro", disse.

"Isso também aconteceapostas em motocicletasescala menorapostas em motocicletasalgumas cidades da fronteira da Colômbia e do Equador."

Para Santoro, uma das medidas necessárias para reduzir a tensão na fronteira é dar agilidade ao programa federalapostasapostas em motocicletasmotocicletasinteriorização dos migrantes, para que sejam levados a outras cidades do país e tenham acesso a serviçosapostasapostas em motocicletasmotocicletassaúde e educação.

"A soluçãoapostasapostas em motocicletasmotocicletasmédio prazo é a interiorização, para que sigam para as grandes cidades e os países vizinhos, já que muitos querem isso (seguir para um país hispânico). O programaapostasapostas em motocicletasmotocicletasinteriorização tem que ser algo mais constante, com fluxo maiorapostasapostas em motocicletasmotocicletasônibus e aviões, porque senão a regiãoapostasapostas em motocicletasmotocicletasfronteira não vai dar vazão ao fluxo migratório."

O perfil do venezuelano que vai ao Brasil

Crédito, Organizaçã Internacional para Migração (OIM)

Legenda da foto, Maioria dos migrantes que chegam a Pacaraima é jovem e tem ensino médio ou superior completo. Mas a dificuldadeapostasapostas em motocicletasmotocicletasencontrar emprego no Brasil é grande

Segundo Santoro, muitos venezuelanos que conseguem chegar a São Paulo e ao Rioapostasapostas em motocicletasmotocicletasJaneiro têm boa qualificação profissional. Mas poucos conseguem trabalharapostas em motocicletassuas áreasapostasapostas em motocicletasmotocicletasespecialização por causa da dificuldadeapostas em motocicletasvalidar os diplomas universitários no Brasil.

"Vários venezuelanos que chegam aqui são pessoas que tinham os próprios negócios, que eram professores ou funcionários públicos. São pessoas que têm vontadeapostasapostas em motocicletasmotocicletastrabalhar eapostasapostas em motocicletasmotocicletasabrir o próprio negócio. Alguns abriram serviçosapostasapostas em motocicletasmotocicletasalimentação para oferecer comida típicaapostas em motocicletaseventos", conta.

"O grande desafio é a questão burocrática do reconhecimento do diploma,apostasapostas em motocicletasmotocicletasfazer com que os títulos sejam reconhecidos."

Entre os venezuelanos que chegam por via terrestre a Pacaraima, 51% completaram o ensino médio e 26% possuem diploma universitário, segundo a Organização Internacional para Migrações. A maioria desses migrantes é relativamente jovem - 71% têm entre 20 e 49 anos - e do sexo masculino (quase 60%).

A OIM também destaca que, ao chegar ao Brasil, mesmo os mais qualificados profissionalmente enfrentam dificuldade para encontrar emprego.

Conforme a pesquisa da agência da ONU para migração, 82% das pessoas empregadas estãoapostas em motocicletaspostosapostasapostas em motocicletasmotocicletastrabalho informais. E 83% recebem menos que um salário mínimo. "Percebe-se que o nívelapostasapostas em motocicletasmotocicletasescolaridade faz pouca diferença na empregabilidadeapostas em motocicletasRoraima", diz a OIM.

Também há um número considerávelapostasapostas em motocicletasmotocicletasindígenas warao que cruzaram a fronteira entre 2015 e 2018 e estãoapostas em motocicletasabrigosapostasapostas em motocicletasmotocicletasRoraima, Amazonas e Pará.

Estimativaapostasapostas em motocicletasmotocicletasjaneiroapostasapostas em motocicletasmotocicletas2018 do Conselho Nacionalapostasapostas em motocicletasmotocicletasDireitos Humanos mostra que 370 indígenas warao estãoapostas em motocicletasBoa Vista; outros 370,apostas em motocicletasPacaraima (RR); 150,apostas em motocicletasManaus (AM); 110,apostas em motocicletasSantarém; e 100,apostas em motocicletasBelém (PA).

Argentina, Uruguai e Chile têm recebido grande parte dos venezuelanos com maior nívelapostasapostas em motocicletasmotocicletasescolaridade, conforme o relatório da OIM. Já que nenhuma dessas três nações faz divisa com a Venezuela, a principal rota utilizada neste caso é a aérea.

"Mas muitos deles são explorados,apostas em motocicletasparte por conta da faltaapostasapostas em motocicletasmotocicletasreconhecimento dessa qualificação profissional e por causa do status legal deles, entre outras razões", afirmam os pesquisadores da OIM.

Medo da fome

Crédito, Reuters/Naco Doce

Legenda da foto, Imigrantes venezuelanos fazem fila para apresentar passaporte e entrar no Brasil. Apesarapostasapostas em motocicletasmotocicletascrescimentoapostasapostas em motocicletasmotocicletasmais 1000% no númeroapostasapostas em motocicletasmotocicletasimigrantes vindos do país vizinho, o Brasil só absorveu 2% do totalapostasapostas em motocicletasmotocicletasvenezuelanos que fugiram da crise

O principal temor dos venezuelanos diante da perspectivaapostasapostas em motocicletasmotocicletasterapostasapostas em motocicletasmotocicletasvoltar para a Venezuela é a fome. Perguntados sobre o que aconteceria se retornassem ao país, 42% dos entrevistados na pesquisa feita pela OIM citaram a possibilidadeapostasapostas em motocicletasmotocicletasnão ter acesso a alimentos. Outros 32%, citaram desemprego.

Mas a realidade no Brasil até agora não é muito melhor para quem chega a Pacaraima e Boa Vista. Quase 40% dos imigrantes ouvidos na pesquisa consomem menosapostasapostas em motocicletasmotocicletastrês refeições por dia. E menosapostasapostas em motocicletasmotocicletas50% têm acesso à educação no Brasil. O principal motivo mencionado para isso é a faltaapostasapostas em motocicletasmotocicletasdocumentação.

E os episódiosapostasapostas em motocicletasmotocicletasagressão e discriminação são cada vez mais frequentes. Conforme o levantamento da OIM, 38% dos entrevistados mencionaram terem sofrido algum tipoapostasapostas em motocicletasmotocicletasviolência -apostas em motocicletas81% dos casos, foram atosapostasapostas em motocicletasmotocicletasviolência verbal, seguida por violência física (16%), e violência sexual (2%).

O estudo foi feito antes da pior fase da crise na fronteira, portanto, não levouapostas em motocicletasconta os episódios do último fimapostasapostas em motocicletasmotocicletassemana,apostas em motocicletasque dezenasapostasapostas em motocicletasmotocicletasvenezuelanos tiveram pertences queimados e foram expulsosapostasapostas em motocicletasmotocicletasPacaraima.