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No crime desde os 12, evangélico e mais 'família': o que mudou no perfil do jovem do tráfico no Rioaplicativo apostas onlineuma década:aplicativo apostas online
A ONG havia feito um levantamento similar entre 2004 e 2006, o que permitiu uma comparaçãoaplicativo apostas onlineresultadosaplicativo apostas onlinealguns pontos.
"Nos últimos dez anos, vivemos intervenções significativas na segurança pública no Rio, como a experiência da políticaaplicativo apostas onlineUPP (Unidadeaplicativo apostas onlinePolícia Pacificadora). Queríamos saber como elas tinham impactado no perfil e nas práticas das redes criminosas", diz Raquel Willadino, uma das coordenadoras do estudo.
Desigualdadeaplicativo apostas onlinesempre
Foram entrevistados 150 jovens inseridos na rede do tráficoaplicativo apostas onlinedrogas no varejoaplicativo apostas onlinefavelas do Rio e 111 adolescentes no Departamento Geralaplicativo apostas onlineAções Socioeducativas (Degase).
A UPP não impactou no perfil dos "funcionários" do tráfico. "O que observamos foi uma reiteraçãoaplicativo apostas onlinedesigualdades que tínhamos identificado antes", diz Willadino.
A maior parte dos ouvidos (62,8%) tinha entre 16 e 24 anos, se identificava como preta e parda (72%). As mães foram majoritariamente citadas como responsáveis pela criação dos entrevistados (50,2%).
Também segue sendo verdade que os jovens deixam a escola na mesma faixaaplicativo apostas onlineidadeaplicativo apostas onlineque entram para o tráfico. "Isso mostra que temos uma escola que não atrai o jovem, o que é fundamental para pensar estratégias preventivas", diz a pesquisadora.
Além disso, diz o estudo, a maior parte teve outros trabalhos antesaplicativo apostas onlineentrar para o tráfico. "O que importa é muito mais a precariedade do tipoaplicativo apostas onlinetrabalho ao qual tiveram acesso", observa Willadino.
Criança e traficante
Um número maioraplicativo apostas onlineentrevistados disse ter entrado para o tráfico antesaplicativo apostas onlinefazer 12 anos: passouaplicativo apostas online6,5%aplicativo apostas online2006 para 13%aplicativo apostas online2017. Não estava no escopo da pesquisa tentar explicar o porquê, mas isso chamou a atenção dos entrevistados.
A maior parte, no entanto, ainda entra para o tráfico entre os 13 e os 15 anos.
Além disso, aumentou o númeroaplicativo apostas onlineirmãos envolvidos no tráfico:aplicativo apostas online11,7% para 21,1% dos entrevistados.
"Esses resultados reforçam a relevância do desenvolvimentoaplicativo apostas onlinepolíticas preventivas voltadas para a infância e a adolescência eaplicativo apostas onlineiniciativas que levemaplicativo apostas onlineconta vulnerabilidades do contexto familiar", diz Willadino.
"Isso não quer dizer que a raiz do problema esteja na família. Observe que 55% das famílias não têm nenhum membroaplicativo apostas onlineatividades ilícitas, mas tampouco se pode ignorar", diz a pesquisadora.
Traficantes evangélicos e vínculos estáveis
A proporçãoaplicativo apostas onlinecatólicos e evangélicos se inverteuaplicativo apostas onlinedez anos: 31,1% dos entrevistados afirmaram ser evangélicos; 11,1 % católicos e 1,5%aplicativo apostas onlinereligiõesaplicativo apostas onlinematriz africana.
Na pesquisa anterior, 39,13% eram católicos e 17% evangélicos – além disso, 40% dos ouvidosaplicativo apostas online2017 disseram não ter religião, mas acreditamaplicativo apostas onlineDeus, predominância que já fora identificada antes.
Um aspecto que chama a atenção é a presençaaplicativo apostas onlineum vínculo significativo com a família. Muitos citam, como motivação para o ingresso no tráfico, a possibilidadeaplicativo apostas onlineajudar a família.
Além disso, a grande maioria dos entrevistados vive relacionamentos afetivos estáveis (70,2%), seja com esposas ou esposos (37%) ou namoradas e namorados (33%).
"Na pesquisa anterior, aparecia muito (no discurso dos entrevistados) a possibilidadeaplicativo apostas onlineacesso a muitas mulheres. Esse discurso não aparece mais com tanta força. Ao contrário, quando falam da configuração familiar, muitos falam que vivem com o cônjuge e têm relações estáveis", diz.
"A família aparece também como fator essencial para a construçãoaplicativo apostas onlinesaída do tráfico", diz ela.
Quando falam das perspectivasaplicativo apostas onlinesaída do tráfico, citam as relações afetivas – companheiras, nascimentoaplicativo apostas onlinefilhos, por exemplo.
Nos dois estudos a proporçãoaplicativo apostas onlinejovens queaplicativo apostas onlinealgum momento chegaram a deixar o tráficoaplicativo apostas onlinemaneira voluntária foi a mesma: 40%.
"Isso mostra que o difícil não é a decisãoaplicativo apostas onlinesaída. O desafio é desenvolver políticasaplicativo apostas onlineformação profissional,aplicativo apostas onlinegeraçãoaplicativo apostas onlinetrabalho e renda. Justamente porque têm baixa escolaridade e são estigmatizados por terem passado pelo tráfico, têm dificuldadeaplicativo apostas onlineacesso a oportunidades."
Por que jovens entram para o tráfico?
"O que aparece com mais força é uma articulação entre motivações econômicas e a perspectivaaplicativo apostas onlinecontribuir para o sustento da família", diz Willadino.
62,1% dizem que entram para ajudar a família e 47,5%, "para ganhar muito dinheiro".
"De modo geral, podemos perceber que a principal motivação para o ingresso nessa atividade diz respeito à possibilidadeaplicativo apostas onlinereceber um volumeaplicativo apostas onlinerecursos financeiros que dificilmente seria possível para esses jovens, seja no mercado formal ou mesmo informal", diz o texto.
Há também uma dimensãoaplicativo apostas onlinepertencimentoaplicativo apostas onlinegrupo. A relação com amigos (15,3,%) foi o terceiro fator mais citado, seguido pela adrenalina decorrente da atividade (14,6%).
Afinal, o que mudou com as UPPs?
A pesquisa também busca retratar as configurações das redes criminosas após a instalação das UPPs. Com base nas entrevistas com os jovens, com profissionais da áreaaplicativo apostas onlinesaúde e com três policiais, aponta mudanças que aconteceram por causa das UPPs e outras cuja explicação não passa necessariamente por ela.
O estudo ressalta que as opiniões dos policiais não podem ser lidas como um reflexo do que pensa a corporação, dado que apenas três foram ouvidos.
Os policiais, profissionaisaplicativo apostas onlinesaúde e jovens traficantes entrevistados acreditam que alguns dos principais objetivos das UPPs, como a reduçãoaplicativo apostas onlineconfrontos e a construçãoaplicativo apostas onlineuma relaçãoaplicativo apostas onlineconfiança com os moradores, não foram alcançados. A iniciativa também não resultou na redução da presençaaplicativo apostas onlinearmas nas favelas, disseram os ouvidos.
No entanto, os entrevistados dizem ter observado redução, num primeiro momento, na quantidadeaplicativo apostas onlinemortesaplicativo apostas onlinelugares com UPP.
Eles acham, ainda, que houve mudança na dinâmica do tráficoaplicativo apostas onlinedrogas: migrações para outras favelas, deslocamento para outros crimes, como, por exemplo, o rouboaplicativo apostas onlinecargas, o desenvolvimentoaplicativo apostas onlineestratégias para que a vendaaplicativo apostas onlinedrogas continuasse a existir, masaplicativo apostas onlineforma menos visível nas áreasaplicativo apostas onlineUPPs e mudanças nas cenasaplicativo apostas onlineconsumo.
A pesquisa identifica algumas críticas comuns ao projeto. Uma delas, feita por acadêmicos, é aaplicativo apostas onlineque as UPPs foram se expandindo antesaplicativo apostas onlineestarem claras na lei.
"A estrutura normativa se limitou por muito tempo a decretos governamentais pontuais que não permitiam a caracterização e sistematizaçãoaplicativo apostas onlineum modelo claro com o estabelecimentoaplicativo apostas onlinemecanismosaplicativo apostas onlinemonitoramento e avaliação. O programa só foi publicadoaplicativo apostas onlineforma um pouco mais detalhada no anoaplicativo apostas online2015, quando já havia 38 UPPs. Isso revela que houve inversãoaplicativo apostas onlineetapas e uma boa doseaplicativo apostas onlineimproviso no processoaplicativo apostas onlineimplantação das UPPs no Rio", escrevem os pesquisadores.
Outra crítica comum que é reiterada no estudo é aaplicativo apostas onlineque a escolhaaplicativo apostas onlineonde as UPPs seriam instaladas não seguiu o critério da mancha criminal, mas para garantir condiçõesaplicativo apostas onlinesegurança pública para realizar a Copa do Mundoaplicativo apostas online2014 e os Jogos Olímpicosaplicativo apostas online2016.
"Eu falo que, no fundo, o processo das UPPs é um marcoaplicativo apostas onlinepolítica governamental com viés político eleitoral", diz um policial.
Procurada pela BBC News Brasil, a Secretariaaplicativo apostas onlineSegurança Pública afirmou que não comentaria decisões das gestões anteriores.
No entanto, o atual secretário, general Richard Nunes, é crítico da política e já disse achar que as UPPs cresceram para atender a interesses eleitorais.
Ele vem fazendo um "realinhamento" das unidades, extinguindo algumas e redistribuindo o efetivo policial.
A reportagem procurou o ex-secretário responsável pela implementação do programa, José Mariano Beltrame, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
A ascensão da milícia
Mas houve outras mudanças significativas que não podem ser vinculadas às UPPsaplicativo apostas onlineforma tão clara, diz o estudo. A principal delas, citada com grande preocupação pelos policiais ouvidos, é o fortalecimento das milícias.
A ONG diz que, após um momentoaplicativo apostas onlinecombate a esses grupos, após a CPI das Milícias,aplicativo apostas online2008, eles foram deixadosaplicativo apostas onlinelado quando o foco virou a políticaaplicativo apostas onlineUPPs. Os entrevistados acham que ela não priorizou áreas dominadas por milícias.
"Se elas cresceram é porque economicamente elas se fortaleceram, estão cheiasaplicativo apostas onlinefuzis novos; quer dizer, tem uma estrutura econômica por trás disso, senão não poderia se comprar aqueles fuzis novinhos – que são compradosaplicativo apostas onlinedólar, naturalmente. Então, há uma estruturaaplicativo apostas onlineorganização que, mesmo depoisaplicativo apostas onlineuma CPI das milícias, cresceu. A CPI não produz nenhum tipoaplicativo apostas onlineenfraquecimento, pelo contrário. Você prendeu as pessoas, mas, a estrutura criminosa parece que se fortaleceu", diz um policial.
A ONG sugere que sejam levadasaplicativo apostas onlineconta as recomendações propostas pela CPI e, especialmente, medidas que visem fragilizar os braços econômicos e políticos desses grupos.
Milícia e tráfico cada vez mais parecidos
Os entrevistados também dizem que cada vez mais os traficantes adotam modosaplicativo apostas onlineatuação que eram reconhecidos como característicos da milícia e vice-versa.
Grupos vinculados ao tráfico passaram a explorar serviços para diversificar suas atividades econômicas; por outro lado,aplicativo apostas onlinealgumas áreas, milícias passaram a explorar o tráficoaplicativo apostas onlinedrogas.
"Há relatosaplicativo apostas onlineáreasaplicativo apostas onlineque estes grupos estãoaplicativo apostas onlineconfronto aberto e outrasaplicativo apostas onlineque estão se associando. No entanto, destaca-se que estas relações são fluidas, frágeis e muito dinâmicas,aplicativo apostas onlinemodo que não é possível identificar padrões definidos", diz o estudo.
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