Eleições 2018: por que muitos partidos podem ficar sem dinheiro nem presença no Congresso:sb sport bet

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"Caminhamos para um quadro um pouco mais enxuto, mas não sei quem vai conseguir sobreviver", diz o professor, que espera que cercasb sport bet20 legendas tenham assentos na Câmara, ante os 27 com representantes atualmente.

"Alguns partidos vão ficar na seca, mas não vão deixarsb sport betexistir", prevê Nicolau, lembrando que, como as legendas têm registro definitivo, mesmo sem dinheiro do Fundo Partidário muitas podem continuar arrecadando doaçõessb sport betpessoas físicas.

Apesarsb sport beta cláusulasb sport betdesempenho ficar mais rígida a cada eleição até 2030, o professor, contudo, diz que dificilmente o Brasil terá um bipartidarismo. Ele lembra que nem mesmo na épocasb sport betArena e MDB o sistema com dois únicos partidos funcionava como tal durante o regime militar.

"Tinha Arena 1, Arena 2. Era possível votar para prefeitosb sport betdois candidatos do mesmo partido", recorda Nicolau, autor do livro Representantessb sport betQuem? esb sport betoutras obras sobre política partidária e eleições.

Genealogia dos partidos

A história política do Brasil sempre foi marcada por uma verdadeira transformação dos partidos, que,sb sport betgeral, nunca tiveram uma vida muito longa nem estruturas ou raízes fortes na sociedade, segundo o historiador e professor da Universidade Federalsb sport betMinas Gerais (UFMG), Rodrigo Patto Sá Motta.

O professor lembra que houve pelo menos três momentos com rupturas importantes que redefiniram o sistema político e partidário do país.

Primeiro, diz Sá Motta, a transição do Império (1822-1889) para o período conhecido como República Velha (1889-1930) mostrou que as agremiações não eram capazessb sport betse organizar nacionalmente.

"Muitas vezes se exagera na impressãosb sport betque tivemos no Império partidos políticos mais fortes, com o Partido Conservador e o Partido Liberal, que duraram maissb sport bet40 anos. As pessoas se esquecemsb sport betque eles dependiam menos da opinião popular e do voto e mais da opinião do imperador. Era o imperador quem estabelecia a mudançasb sport betgoverno e alternânciasb sport betpoder desses dois partidos, e isso prejudicou o enraizamento dos partidos (na sociedade)", explica.

"Quando a República começou, isso ficou claro porque não se conseguiu criar um partido nacional. Os partidos republicanos eram estaduais e as elites políticas tinham pouca coordenação nacional. Só fomos ter partidos nacionaissb sport bet1945", explica o professor.

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Legenda da foto, O quadro 'Proclamação da República',sb sport betBenedito Calixto; com fim da monarquia, partidos republicanos tiveram dificuldadesb sport betse organizar nacionalmente

Autorsb sport betvários livros, entre eles Introdução à História dos Partidos Políticos Brasileiros (1999, Editora UFMG), Sá Motta lista como exceções o PCB (Partido Comunista Brasileiro), criadosb sport bet1922 e que passou boa parte dasb sport bethistória na clandestinidade, e a Ação Integralista Brasileira (AIB), criadasb sport bet1932 durante o primeiro governosb sport betGetúlio Vargas (1930-1945), mas que não teve vida muito longa.

Segundo o professor, a segunda ruptura veio com a Revoluçãosb sport bet1930. Os partidos políticos mais conhecidos da épocasb sport betGetúlio Vargas são justamente a AIB e Aliança Nacional Libertadora (ANL),sb sport bet1935, liderada por Luís Carlos Prestes.

No período conhecido como Estado Novo (1945-1964), o Brasil voltou a ter eleições para presidente. Nessa época, o Brasil assistiu à disputa entre legendas que defendiam Getúlio Vargas – PSD (Partido Social-Democrático) e PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) – e a que era contra Vargas – UDN (União Democrática Nacional).

"O primeiro sistema partidário nacional que tivemos foi osb sport bet1945 e, mesmo assim, veio a ditadurasb sport bet1964 e dissolveu esses partidos", lembra Sá Motta.

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Legenda da foto, Leonel Brizola (acima,sb sport betimagemsb sport bet2003) tentou resgatar os princípios do PTB depois do fim da ditadura, mas acabou barrado e criou o PDT

Com o fim da ditadura – e do monopólio do MDB e Arena como as únicas legendas do país –, o Brasil adotou um caminho diferentesb sport betmuitos vizinhos na América Latina. "Ao invéssb sport betresgatar os partidos que existiam antes da ditadura e restabelecer o que havia antes, deixou-sesb sport betlado o passado e criou-se um sistema partidário novo", observa o professor.

Ele destaca que o "novo" tinha como origem Arena e MDB, que eram frutos da ditadura, e legendas criadas com propostas mais singulares, como o PT. Ele lembra até que houve tentativas como asb sport betLeonel Brizolasb sport betresgatar o PTBsb sport betGetúlio Vargas, que foi barrado e acabou criando o PDT.

"Enquantosb sport betoutros países que viveram ditaduras semelhantes, como é o caso do Uruguai e do Chile, eles resgataram partidos anteriores. Foram reconstituídos e estão aí governando", diz Sá Motta. "A história mostra que nunca ouve uma tradição partidária muito forte (no Brasil)", completa o professor.

Fusões, cisões e mudançassb sport betnomessb sport betpartidos

A partir da Arena e do MDB, surgiram muitos dos partidos hoje reconhecidos comosb sport betdireita esb sport betcentro, como o PSDB, DEM, PMDB. No fim da ditadura, o PT e o PCB se colocaram mais à esquerda no espectro político.

Entre o fim da ditadura e 2018, o Brasil assistiu a dezenassb sport betcisões, fusões, nascimento e mortesb sport betdezenassb sport betlegendas. Viu também o troca-troca partidário, prática comum entre muitos políticos brasileiros.

Muitas legendas trocaram apenassb sport betnome, muitas vezes para tentar esconder as origens. Mais recentemente é possível observar um movimento para tirar o nome "partido" e tentar se colocar junto ao eleitor mais desiludido com a políticasb sport betuma forma diferente.

O PFL foi um dos primeiros a deixar o "P" para trás na abreviação da sigla e passou a ser DEM. Ele surgiusb sport betuma cisão do PDS que, porsb sport betvez, veio da Arena.

O PMDB, porsb sport betvez, era o MDB. Trocousb sport betnome logo depois da transição para a democracia e, este ano, voltou a se chamar MDB. Desde a ditadura, porém, pouco mudou no partido, que continua elegendo sempre uma grande quantidadesb sport betprefeitos e deputados, alémsb sport betatrair políticos com muita força regional.

Na nova levasb sport betmudanças, o PTdoB virou Avante, o PEN pediu para ser Patriota e o PTN se transformousb sport betPodemos. A Rede já nasceu sem a palavra partido no nome e o Solidariedade também. O Partido Novo, porém, foi contra essa tendência, mas não usa o nomesb sport betbatismo completo. É, simplesmente, Novo. O PJ virou PRN e,sb sport betseguida, PTC.

Os partidos se colocam como verdadeiras iscas, querendo fisgar o eleitor. Mas, ao refazer o históricosb sport betfusões, cisões e transformações, é possível dizer que há muito pouca novidadesb sport bettodos os espectros políticos.

De dissidências do PT, por exemplo, surgiram o PSTU (que primeiro foi PRT), PCO e PSOL. O já extinto PDS virou vários, como PFL-DEM, PDC, PPR – este se uniu ao PP para ser PPB e,sb sport betseguida, voltar a ser PP.

Candidato e partido

O professor Rodrigo Patto Sá Motta pondera, contudo, que as principais legendas do país hoje já têm uma história mais longeva e estruturada que asb sport betpartidos do passado. "A cultura política do país estimula partidos mais frágeis", assinala.

O professor Jairo Nicolau também concorda que a história dos partidos revela a natureza da política brasileira, muito mais focada na figura do candidato do que nas legendas.

Até mesmo para um eleitor interessadosb sport betpolítica, no entanto, fica muito difícil acompanhar tantas transformações e saber exatamente a história e o perfil da legendasb sport betque determinado político está. Ainda assim, Nicolau diz não acha o multipartidarismo necessariamente um problema.

Os 35 partidos registrados atualmente não são o ápicesb sport betum Brasil que, nas eleições locais e gerais no fim dos anos 1980 e início dos 1990 viu maissb sport bet80 siglas coexistirem, segundo o especialista. "Todos com registro temporário e, por isso, deixaramsb sport betexistir."

Uma nova ondasb sport betlegendas surgiu a partir dos anos 2000. E, mesmo com as restrições que dificultam a sobrevivência dos partidos aprovados pelo Congresso para valer já para o pleito desse ano, o professor acredita que ainda há chancesb sport betmais legendas saírem do papel – há, atualmente, 73 partidossb sport betformação, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Na prática, após a transição para a redemocratizaçãosb sport bet1988, o Estado brasileiro acabou criando mecanismossb sport betfinanciamento que ajudaram a incentivar a criaçãosb sport betcada vez mais partidos, como, por exemplo, a possibilidadesb sport betas legendas também receberem dinheirosb sport betempresas - que acabou sendo vetada pelo STF (Supremo Tribunal Federal)sb sport bet2015.

Para Nicolau, muitos partidos vão sentir os efeitos das mudanças na legislação na eleição municipalsb sport bet2020. Por isso, ele não descarta a fusãosb sport betalgumas legendas para assegurar a sobrevivência.

Crédito, Empics

Legenda da foto, 'A cultura política do país estimula partidos mais frágeis', diz professor Rodrigo Patto Sá Motta

Ainda que haja a possibilidadesb sport betuma fragmentação similar àsb sport bet2014 ou até maior no Congressosb sport bettermossb sport betpartidos com representantes, tudo indica que ela vai durar pouco tempo, com a provável migraçãosb sport betdeputados federais e estaduais para legendas que os permitam disputar a eleição municipal com dinheiro do fundo eleitoral e tempo no rádio e na televisão.

O professor Rodrigo Patto Sá Motta também acha possível que o númerosb sport betlegendas com representatividade no Congresso diminua. Ele lembra que a tentativasb sport betcriar barreiras para reduzir a quantidadesb sport betpartidos é discutida há duas décadas e que, no passado, as legendassb sport betesquerda foram contra porque defendiam que regras nesse sentido eram antidemocráticas e que partidos com posições mais ideológicas tinham direito a ter parlamentares.

Para Nicolau, para muitos partidos como o Novo, PCdoB e PSOL, que se colocam como legendas mais ideológicas, lançar um candidato ao governo dos Estados e à Presidência é uma boa estratégia para ajudar a cumprir a meta imposta pela legislação eleitoral.

"Candidatos circulam, aparecem na TV nacionalmente. O custosb sport betentrada vai ficar muito alto e esses partidos precisamsb sport betvisibilidade", avalia o professor.

Por isso, legendas como o Novo e o PSOL insistiramsb sport betmanter suas respectivas candidaturas à Presidência, por exemplo, apesar das pressões para se formar coligações – o PCdoB, porsb sport betvez, acabou sendo atraído pelo PT e lançou Manuela D'Ávila como vicesb sport betFernando Haddad.