‘Estoquem comida, abasteçam seus carros’: notícias falsas alimentam pânicobwin sportmeio à grevebwin sportcaminhoneiros:bwin sport
"É impensável pensar num prazo desses no Brasil", diz Maurício Lima, sócio-diretor da consultoria Ilos, especializadabwin sportlogística e distribuição. Segundo ele, o fornecimentobwin sportgrandes cidades como São Paulo tende a se normalizar muito rapidamente depois da greve.
Hoje, a distribuiçãobwin sportalimentos nas cidades funciona com as próprias empresasbwin sportvarejo tendo seus centrosbwin sportdistribuição regionais, que fazem a entrega para as lojas com frequência diária ou semanal.
"O estoque não fica mais na loja. Então, uma faltabwin sportcombustível pode gerar uma certa escassez momentânea, mas assim que a greve acabar, o retorno dos produtos às gôndolas também é imediato, porque não depende da indústria. O estoque já está lá", explica Lima.
O fornecimentobwin sportperecíveis é um pouco mais afetado e pode gerar alguns prejuízos, mas nada que prejudique a distribuição no longo prazo e justifique a montagembwin sportum estoquebwin sportcasa.
E uma corrida a supermercados e postosbwin sportgasolina acaba, inadvertidamente, piorando a situação dos próprios consumidores: infla os preços e piora a escassez, segundo Otto Nogami, professorbwin sporteconomia do Insper.
"As pessoas têm uma capacidadebwin sportse contagiar muito fácil e muito grande, gerando uma ansiedade e um medo que não correspondem ao problema real", diz ele.
'Profecia autorrealizável'
"É uma profecia autorrealizável. Se todo mundo quiser fazer uma estoquebwin sportcasa com medobwin sportfaltabwin sportprodutos, vai provocar uma escassez que normalmente não haveria", afirma Lima.
Se muitas pessoas correm a um supermercado ao mesmo tempo, é maior a chancebwin sportum desabastecimento realmente acontecer, assim como a corrida desenfreada a um banco por temorbwin sportele quebrar pode fazer com que o bancobwin sportfato quebre, porque não haverá dinheiro suficiente para suprir a demanda "surpresa".
É o que economistas chamambwin sport"a tragédia dos comuns". Nas circunstânciasbwin sportque todos compartilhamos dos mesmos recursos, pessoas agindo racionalmentebwin sportinteresse próprio acabam tendo um comportamento coletivo irracional e que prejudica a todos - esgotando os recursos comuns.
"A ameaçabwin sportum furacão nos EUA também leva as pessoas a correrem aos supermercados. Chamamos issobwin sport'prova social'", diz à BBC Brasil o economista Robson Gonçalves, coordenador do cursobwin sportNeurobusiness da FGV-SP.
"Se você passar na rua e vir todo o mundo olhando para o céu, fará o mesmo, com medobwin sportperder algo. Se todo mundo no seu trabalho participar do bolão da loteria, você participará também, com medobwin sportficarbwin sportfora. É um comportamento comumbwin sportmomentos críticos."
Esse "medobwin sportficarbwin sportfora" também é um dos fenômenos que explicam as bolhas econômicas: muitas pessoas embarcambwin sportuma tendênciabwin sportcomprabwin sportações sem avaliar os riscos, só porque os colegas então comprando, o que acaba gerando uma supervalorizaçãobwin sportum ativo que não tem tanto valor e causando a bolha.
É o mesmo movimento que explica a quedabwin sport14% nas ações da Petrobrasbwin sportquarta para quinta-feira, segundo Otto Nogami, do Insper.
"Não haveria razão para um queda tão significativa. À medida que a Petrobras admite que vai reduzir os preços e fica a impressãobwin sportque o governo vai interferir na estatal, algumas pessoas são levadas a vender os papéis. Quando várias pessoas começam a seguir essa tendência, há um efeito cascata", diz Nogami.
Prejuízo
Além disso, reaçõesbwin sportconsumo impulsivas e irracionais podem, por vezes, beneficiar mais o vendedor do que o comprador.
"Quando você vai comprar uma passagem aérea na internet e lê que 'só há mais duas passagens disponíveis para esse voo', despertabwin sportsi um processobwin sportmedo e defesa (que a faz comprar)", prossegue Gonçalves.
Esse é outro ponto a se pensar antesbwin sportcorrer a postos e mercados: vendedores com frequência se aproveitam disso para vender mais e mais caro, sabendo que a demanda irracional pagará o que for pedido.
Ao estocar um produtobwin sportaltabwin sportpreços nesse momentobwin sportpânico, o consumidor pode pagar mais caro por algo que dali a alguns dias já teria uma distribuição regularizada e um preço normal.
Ações irracionais e seus impactos no comportamento socioeconômico das pessoas são há tempos estudadas pelos economistas e psicólogos.
O psicólogo israelo-americano Daniel Kahneman, por exemplo, ganhou o prêmio Nobelbwin sportEconomiabwin sport2002 por seus estudos mostrando que tomamos decisões com basebwin sportum processamento limitado das informações disponíveis, por contabwin sportvieses cognitivos, incluindo nosso interesse próprio, confiança excessiva ou experiências prévias, além da incapacidade do cérebrobwin sportlidar com múltiplas variáveis ao mesmo tempo.
Como reagir?
Mas, então, como responderbwin sportmodo mais eficiente a crises como a greve atual?
Pessoas que tenham urgência para viajar ou precisembwin sportum determinado insumo podem não ter como escaparbwin sportdeterminadas filas nos postos ou preços elevados.
Mas, ao público geral, a recomendaçãobwin sportGonçalves, da FGV-SP, é justamente racionalizarbwin sportmomentos críticos - e priorizar. Ao enfrentar uma escassez momentânea, pensarbwin sportquais produtos essenciais podem acabar embwin sportcasa no curto prazo, mas evitando fazer estoques desnecessários.
"Com falta eventualbwin sportdeterminado produto, buscar um substituto", diz Nogami, do Insper.
"Em um mundo com excessobwin sportopçõesbwin sportconsumo, não estamos mais acostumados a priorizar", diz Gonçalves. "Mas podemos aproveitar momentos como este para refletir: o que é realmente prioridade e quais as consequênciasbwin sportnossas escolhas? O foco nessas horas vai ajudar a tornar as decisões mais racionais."
Mauricio Lima afirma que, mesmo que a greve continue, as empresas serão forçadas a buscar uma solução. "Nem que seja pressionando por um acordo entre os grevistas e o governo."