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Quem são os ativistas que tentam proibir a exportaçãozebet prediction codequase R$1 bizebet prediction codegado vivo do Brasil:zebet prediction code
Ele se referia ao caso do navio Nada, embarcação panamenha que tirou do país 27 mil bois vivoszebet prediction codeuma só vez,zebet prediction codefevereiro. Avaliadazebet prediction codeR$ 64 milhões, a carga foi para a Turquia. Ela pertencia à Minerva Foods, uma das maiores empresaszebet prediction codealimentos do país. Na época, a enorme quantidadezebet prediction codeanimaiszebet prediction codeum único barco despertou atenção dos ativistas, que denunciaram maus-tratos e entraram na Justiça para impedir esse tipozebet prediction codeexportação.
Um juiz federal chegou a suspender as saídaszebet prediction codetodo o país, mas, horas depois, o governo do presidente Michel Temer (MDB) entrou na Justiça e conseguiu reverter a decisão, alegando que a proibição causaria prejuízos econômicos ao Brasil.
A disputa sobre exportaçãozebet prediction codegado vivo continua na Justiça ezebet prediction codevárias instâncias do Legislativo - ela é hoje considerada a maior batalha que o movimentozebet prediction codedefesa dos direitos dos animais já enfrentou no país.
Quem são os animalistas?
Em fevereiro, depois das denúncias do navio Nada, a advogada Letícia Filpi, vice-presidente da Associação Brasileirazebet prediction codeAdvogados Animalistas (Abra), atuouzebet prediction codeuma ação judicial tentando impedir as exportaçõeszebet prediction codeSão Paulo.
"A legislação permite que você mate um animal para comê-lo, mas a Constituição proíbe que você faça isso com crueldade. Outro fator é ambiental: esses navios não são feitos para o transportezebet prediction codeanimais, são adaptados, inseguros. Há também a questão ética: a visão do pecuarista é que o animal é uma besta irracional que pode ser explorado até a morte. O animal é consciente e têm emoção, é sujeitozebet prediction codedireito", diz.
Letícia tem 42 anos e milita na área desde que se formouzebet prediction codeDireito. "Em 2012, quando virei vegana, decidi abraçar a causazebet prediction codevez", conta. Ela atuouzebet prediction codevárias "batalhas", como a proibição da caçazebet prediction codejavalis e da vaquejada, alémzebet prediction coderesgatezebet prediction codeanimaiszebet prediction codecondiçãozebet prediction codemaus-tratos. Em 2013, por exemplo, dezenaszebet prediction codebeagles foram retirados por ativistas do Instituto Royal, laboratório paulista que realizava testes com cães.
"As exportações são a maior causa que já enfrentamos, porque o agronegócio é uma indústria muito estabelecida, a mais forte do país. Ela gera muito dinheiro e tem fortes alianças com o poder", afirma. "Antigamente, o movimento era visto como protetor sózebet prediction codecães e gatos, mas com a entrada dos veganos, mais organizados, começamos a entrarzebet prediction codequestões maiores", explica ela, que também é advogada da Agênciazebet prediction codeNotíciaszebet prediction codeDireitos Animais (Anda).
A jornalista Silvana Andrade, presidente da agência, critica o argumento do governozebet prediction codeque a proibição traria prejuízos econômicos ao país. "Esse argumento é falacioso, o mercadozebet prediction codegados vivos é uma pequena parcela da carne que o Brasil produz. O país não pode ter uma economia baseada na crueldade."
Alémzebet prediction codenoticiar temas do ativismo, a Anda promove ações judiciais contra procedimentos que considera equivocados. Silvana se lembra do diazebet prediction codeque começou a militar. "No dia 19zebet prediction codefevereirozebet prediction code2000, meu aniversário, ganhei um cãozebet prediction codepresente, a Nina. Me apaixonei tanto por ela que, no dia seguinte, pareizebet prediction codecomer carne. Depois, virei vegana", conta.
Exportação x maus tratos
O Brasil começou a exportar gado vivo há 20 anos - o país é considerado o maior produtorzebet prediction codecarne processada do mundo. Os bichos são transportadoszebet prediction codecaminhão das fazendas ao porto, colocadoszebet prediction codegrandes embarcações, viajam milhareszebet prediction codequilômetros pelo mar e, depois, são abatidos no país comprador. O trajeto do navio Nada até a Turquia, por exemplo, durou 15 dias.
A prática vem crescendo. Segundo a Associação Brasileira dos Exportadoreszebet prediction codeAnimais Vivos (Abreav),zebet prediction code2017 o Brasil vendeu 460 mil cabeçaszebet prediction codegadozebet prediction codepé - nome técnico para a modalidade -, movimentozebet prediction codeR$ 800 milhões e crescimentozebet prediction code42%zebet prediction coderelação a 2016. Para este ano, a entidade espera 30%zebet prediction codealta.
A maior parte dos animais vai para países muçulmanos por uma questão religiosa. A carne consumida pelos fiéis deve ser abatida pela técnica halal, seguindo preceitos islâmicos.
O animal deve ser morto por um muçulmano que tenha atingido a puberdade. Ele deve pronunciar o nome ou uma oração que cite Alá durante o processo, com a face do animal voltada para Meca.
Segundo a Câmarazebet prediction codeComércio Árabe-Brasileira, as vendaszebet prediction codegado vivo para cinco países árabes, como Iraque e Egito, cresceram 75% nos últimos dois anos -zebet prediction codeR$ 273 milhõeszebet prediction code2015 para R$ 412 milhões no ano passado.
O caso do navio Nada começou a chamar a atenção depois que moradoreszebet prediction codeSantos reclamaram do mau cheiro deixado pelos excrementos que caíam dos caminhões. Em seguida, a ONG Fórum Nacionalzebet prediction codeProteção e Defesazebet prediction codeAnimal entrou na Justiça para impedir que o barco deixasse o país, alegando maus-tratos.
O processo chegou ao juiz federal Djalma Moreira Gomes, da 25ª Vara Civilzebet prediction codeSão Paulo, que nomeou a veterinária Magda Regina, funcionária da Prefeiturazebet prediction codeSantos, para realizar um laudo sobre a embarcação.
No documento, ela escreveu que, no trajeto até o porto, os animais levavam choques elétricos no ânus para que ficassem deitados nos caminhões. Já dentro do navio, cada bicho ficava espremidozebet prediction codeum espaçozebet prediction codeum metro quadrado. Regina apontou que poderia haver mortes por pisoteamento e até por afogamento nas fezes.
Também afirmou que após a lavagem da embarcação, os dejetos e excrementos eram jogados no mar "sem qualquer tratamento" - cada boi produz cercazebet prediction code30 quiloszebet prediction codefezes por dia.
Segundo o laudo, o navio tinha três veterinários para cuidar dos 27 mil animais - um para cada 9 mil. Magda também apontou: "Em setor específico do navio, vulgarmente denominado Graxaria, foi constatada a presençazebet prediction codeum equipamento destinado a triturar os animais mortos, cujo resultado do trituramento é também lançado ao mar."
Uma vistoria dos auditores fiscais do Ministério da Agricultura Paulo Robertozebet prediction codeCarvalho Filho e Felipe Ávila Alcover, no entanto, apontou resultado oposto: para eles, não houve maus-tratos e o navio seguia todas as regras da Organização Mundial da Saúde Animal.
"Os animais apresentavam expressãozebet prediction codetranquilidade, ausênciazebet prediction codedor, ansiedade ou estresse térmico. Se aproximavam com curiosidade do toque humano, sinalzebet prediction codeque não são tratados com rudeza e acostumados ao arraçoamento por tratador", escreveram os auditores.
Eles disseram também que os bovinos estavam bem alimentados e que os decks da embarcação tinham piso adequado - a limpeza era feita a cada cinco dias.
Depois das vistorias, o juiz federal Djalma Moreira Gomes suspendeu as exportaçõeszebet prediction codetodo o país, mas a decisão foi derrubada por uma desembargadora depoiszebet prediction codeuma ação da Advocacia Geral da União.
No dia 4zebet prediction codefevereiro, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, encontrou-se com o presidente Michel Temer para falar do caso. "Os bois já estão embarcados, sendo alimentados por ração vindazebet prediction codeoutros países. Descarregar estes animais conforme a Justiça determinou traz um problema sanitário. Alémzebet prediction codejá ser um problema diplomático", afirmou à Agência Brasil.
Para Pedro Camargo Neto, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), os maus-tratos precisam "ser comprovados" anteszebet prediction codequalquer proibição. "A gente não pode acabar com um negócio por causazebet prediction codeum navio que não estázebet prediction codecondições. Estamos todos contra a crueldade, mas é preciso separar, o transporte não é necessariamente cruel".
A Minerva Foods, dona da carga do navio Nada, afirmou que o manejo do gado seguiu todos os procedimentos adequados para preservar o bem-estar dos animais durante o transporte, no embarque e no decorrer da viagem.
Não foi a primeira vez que a empresa se envolveuzebet prediction codeuma polêmica sobre vendazebet prediction codegado vivo. Em outubrozebet prediction code2015, um navio com 5 mil animais naufragouzebet prediction codeBarcarena, no Pará. Milhares deles morreram afogados - a companhia foi processada e condenada a pagar indenização R$ 4,5 milhões para o município paraense.
Mudanças na lei
Para Elizabeth MacGregor, diretora do Fórum Nacionalzebet prediction codeProteção e Defesazebet prediction codeAnimal, o caso do navio Nada foi importante para abrir a discussão sobre o transportezebet prediction codegado vivo. "Antes, a população e a maioria dos veterinários desconheciam completamente este tema. Quando você falazebet prediction codemeio ambiente, precisa falarzebet prediction codepecuária, porque ela causa grande impacto, com desmatamento, poluição, flatulência dos animais", diz ela, que é vegetariana e milita pelos direitos dos animais desde a décadazebet prediction code1990.
Após a saída da embarcação, a cidadezebet prediction codeSantos aprovou uma lei proibindo o transportezebet prediction codegado vivozebet prediction codesuas vias, o que, na prática, limitava o acessozebet prediction codecaminhões com animais ao maior porto do país. No entanto, o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, após uma ação da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), suspendeu o efeito da lei, argumentando que ela "impôs restrição desproporcional" à atividade dos produtores pecuários.
Ainda há dois projetoszebet prediction codelei que a visam pôr fim à prática - um na Assembleia Legislativazebet prediction codeSão Paulo e outro na Câmara dos Deputadoszebet prediction codeBrasília.
Já o processo do Fórum Nacionalzebet prediction codeProteção e Defesazebet prediction codeAnimal, que também pede o fim do mercadozebet prediction codetodo o país, deve ser julgado novamentezebet prediction codebreve. Em parecer sobre o caso, o Ministério Público Federal pediu a proibição da exportação porque, nas palavras do órgão, ela "viola a Constituição e é um atozebet prediction codecrueldade".
Em entrevista à BBC Brasil, o autor do texto, procurador Sérgio Monteiro Medeiros, afirmou que os navios não garantem "condições sanitárias mínimas nem a saúde e o bem-estar dos animais".
"Os índiceszebet prediction codemortalidade são muito altos. Eles (os bois) ficam comprimidoszebet prediction codeespaços muito pequenos, são pisoteados. Além disso, forma-se uma camazebet prediction codedejetos, vômitos, urina, fezes. (Os navios) são um forte proliferadorzebet prediction codedoenças", diz.
Em seu parecer, o procurador comparou o transporte aos navios negreiros. "Sei que essa é uma comparação polêmica, e que muita gente pode não gostar. Mas os escravos vinhamzebet prediction codepéssimas condições, da mesma forma que os bois são levados hoje. Naquele momento, o tráfico foi objetozebet prediction coderepúdio internacional. Por isso, aprovamos a proibição do tráficozebet prediction codeescravos. Em algum momento, (as exportações) serão alvo do repúdio", afirma.
Os dados apontados pelo procurador são questionados pela Câmarazebet prediction codeComércio Árabe Brasileira. Segundo o órgão, os países compradores do gado vivo brasileiro apontam que apenas 3% dos animais chegam mortos ao destino.
Em nota à BBC Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento afirmou que a "exportaçãozebet prediction codegado no Brasil cumpre com as normativas nacionais, que alcança a atividadezebet prediction codetodas as suas etapas: desde a seleção dos animais nas propriedadeszebet prediction codeorigem até o embarque nos portos no país e estão totalmente alinhadas às diretivas e recomendações da Organização Mundialzebet prediction codeSaúde Animal".
Em viagem à Turquia neste fimzebet prediction codesemana, o ministro Blairo Maggi, acompanhadozebet prediction codeempresários do agronegócio brasileiro, encontrou-se com o colega turco Ahmet Fakibaba. O chefe da Agricultura do país avisou ao brasileiro: se o atual governo da Turquia for reeleito neste ano, ele vai viajar ao Brasil para anunciar a comprazebet prediction codemais gado vivo.
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