Como atropelamentoCopacabana revelou australiano condenado por pedofilia foragido há 20 anos no Brasil:

Carro desgovernado que atropelou mais17 pessoasCopacabana

Crédito, EPA

Legenda da foto, A polícia investiga o que aconteceu dentro do carro que atropelou pelo menos 17 pessoasCopacabana

A embaixada australiana foi informada do caso e um porta-voz do DepartamentoRelações Exteriores e Comércio do Consulado da Austrália emitiu uma nota dizendo que os oficiais australianos estavam trabalhando com as autoridades brasileiras para determinar se um australiano tinha sido ferido no atropelamento.

O único problema é que Philips não existia: as autoridades australianas não encontraram qualquer registroum cidadão daquele país com esse nome. A Polícia Federal da Austrália iniciou uma investigação para buscar a real identidade do homem e concluiu que o passaporte era falso.

Segundo o jornal australiano The Australian, foi a digitalGott, enviada para a Polícia Federal da Austrália, que revelou que o cidadão australiano ferido no Brasil era na verdade um fugitivo procurado pela polícia há 22 anos por um crime sexual.

Contatada pela BBC Brasil e questionada sobre quais são as condenaçõesGott, a Polícia Federal australiana confirmou que ajudou na identificação"uma vítimaum acidentecarro no Brasil", mas disse que não poderia dar mais detalhes sobre o caso. Já a Polícia Federal do Brasil ainda não se pronunciou oficialmenterelação ao assunto.

Policiais, bombeiros e pedestres observam momentos posteriores ao atropelamentoCopacabana

Crédito, AFP

Legenda da foto, Dezessete pessoas ficaram feridas no atropelamento, e um bebê8 meses morreu

Procurado

NascidoMelbourne, Gott trabalhou como professorensino médio na cidadeDarwin até 1994, quando foi preso após 17 denúncias diferentesabuso sexualcrianças, incluindo uma acusaçãoestuprouma criança menor14 anos e o abusoum adolescente16 anos, segundo o periódico The Australian. Ele foi condenado a seis anosprisão e fugiu dois anos depois, após ter a liberdade condicional concedida.

Gott é procurado por autoridades australianas desde então.

A polícia do Território do Norte, região da Austrália onde Gott vivia, confirmou à BBC Brasil que procurava Gott por violarliberdade condicional e afirmou que trabalha com autoridades internacionais para avaliar a possibilidadeextradição. "Devido à seu estadosaúde, vamos continuar a monitorar a situação com o objetivotomar uma atitude, se possível, no futuro", afirmou o órgão.

Um funcionário do Hospital Miguel Couto que pediu para não ser identificado disse que é improvavél que o australiano saia do coma. A Secretaria MunicipalSaúde do RioJaneiro afirmou que o estadosaúde dele é grave e Gott seguecoma.

No Brasil há 20 anos, moravaCopacabana e dava aulasinglês como professor freelancer, segundo um conhecido que pediu para não ser identificado.

O jornal The Australian também afirma que Gott trabalhouuma escola internacional brasileira.

A embaixada da Austrália no Brasil disse não poder disponibilizar informações sobre o caso.

O Itamaraty informou à BBC Brasil que cabe ao Ministério da Justiça comentar o assunto. Procurada, a pasta afirmou que seu DepartamentoRecuperaçãoAtivos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) não pode se manifestar sobre casos concretos, "inclusive sobre a mera existência ou nãopedidoextradição, porque poderá pôrrisco investigaçãoandamento".

Segundo o ministério,casos assim o DRCI recebe um pedido formalextradição e o analisa. "Se for verificado que a documentação estáacordo com o Tratado e o ordenamento jurídico brasileiro, o pedido é encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) que julgará a legalidade dessa solicitação", explica.

"Após o deferimento do pedidoextradição pelo STF, caberá ao Poder Executivo decidir sobre a entrega do extraditando ao Estado requerente."