Duas semanas após mortecassinos com deposito de 1 realAnderson, viúva do motoristacassinos com deposito de 1 realMarielle ainda não consegue voltar para casa:cassinos com deposito de 1 real

Legenda da foto, Viúva diz que motoristacassinos com deposito de 1 realMarielle não era o alvo, mas violência é a mesma | Foto: Arquivo pessoal

Quando nasceu, Arthur passou 28 dias no hospital. "Falaram que ele tinha uma síndrome e ia ser cego e surdo. Foram momentoscassinos com deposito de 1 realmuito medo", conta Agatha à BBC Brasil. O filho passou por três cirurgias para corrigir uma má-formação no abdômen e quatro exames genéticos. A barra pesou e Agatha se apoioucassinos com deposito de 1 realAnderson.

"Ele era a pessoa mais maravilhosa que eu conheci na vida", diz. "Um marido maravilhoso, um pai maravilhoso. Brincando com o Arthur, eles pareciam duas crianças."

Longecassinos com deposito de 1 realcasa

Desde a morte do marido, ela ainda não teve coragemcassinos com deposito de 1 realvoltar para casa. De lá pegou roupas e documentos e se hospedou na casa da mãe,cassinos com deposito de 1 realInhaúma, zona norte do Rio.

"É uma das sensações mais estranhas que eu já tive. Entrar num lugar que era pura alegria e saber que está faltando alguma coisa. Acho que vou sentir isso para sempre ali." Os dois eram casados há quase quatro anos.

Anderson e Agatha foram apresentados por um amigocassinos com deposito de 1 realcomum. Depois, ele ligou para ela com uma desculpa esfarrapada, alegando que tinha esbarrado no nome dela sem querer no telefone, afinal os nomes com a letra "A" ficam no topo da agenda. As conversas evoluíram para um namoro e, mais tarde, para o pedidocassinos com deposito de 1 realcasamento.

O grito "Marielle, presente! Anderson, presente!" vem ecoandocassinos com deposito de 1 realprotestos, homenagens e eventos realizados no Rio ecassinos com deposito de 1 realoutras partes do país, sempre evocando a vereadora e o motorista. Agatha diz se sentir consolada por ver que o marido é sempre lembrado.

"Eu sei que a Marielle tem uma visibilidade muito maior por ter sido vereadora. Mascassinos com deposito de 1 realoutros casos eu acredito que o motorista teria ficado apagado", afirma.

Legenda da foto, "Em outros casos, acredito que o motorista teria ficado apagado", diz Agatha Reis | Foto: Arquivo pessoal

"Acho que isso também aconteceu porque o Anderson era muito comunicativo. Falava com todo mundo, não tinha uma pessoa que não conhecesse ele. Mesmo sendo só o motorista. O fatocassinos com deposito de 1 realele estar tendo essa visibilidade é a continuação da pessoa que ele era, expansivo, comunicativo."

Anderson tinha experiência como motorista executivo e chegou a trabalhar com aplicativoscassinos com deposito de 1 realtransporte. Por isso, quando um amigo que dirigia o veículocassinos com deposito de 1 realMarielle se acidentou e quebrou a clavícula, indicou Anderson para substituí-lo emcassinos com deposito de 1 reallicença médica.

Ele sabia que o posto era temporário e semanas antescassinos com deposito de 1 realmorrer, estava entusiasmado com a perspectivacassinos com deposito de 1 realarrumar um emprego fixo como mecânicocassinos com deposito de 1 realaeronaves, profissão que herdou do pai, um ex-funcionário da Varig.

Os paiscassinos com deposito de 1 realAnderson eram da Paraíba e vieram ao Riocassinos com deposito de 1 realbuscacassinos com deposito de 1 realemprego. Anderson, o segundo dos quatro filhos do casal, foi o primeiro carioca nato da família, e era torcedor do Flamengo.

Mais um trabalhador, paicassinos com deposito de 1 realfamília

Agatha diz que gostacassinos com deposito de 1 realver as reportagenscassinos com deposito de 1 realque ele aparece nos jornais ou na televisão.

"Não sei se isso é bom ou ruim, mas acho que é por apego, saudade. Gostocassinos com deposito de 1 realver o Anderson,cassinos com deposito de 1 realqualquer lugar que seja."

Ela também tem sido voz ativa nos atos ecumênicoscassinos com deposito de 1 realhomenagem aos dois. Na semana passada, Agatha subiu no carrocassinos com deposito de 1 realsom e, diantecassinos com deposito de 1 realuma multidão no centrocassinos com deposito de 1 realRio, falou que o marido era como qualquer outra pessoa ali.

"Meu marido representa cada trabalhador, cada paicassinos com deposito de 1 realfamília, representa mais uma vítima desse estado incompetente", disse.

Crowdfunding

Servidora pública, Agatha trabalhacassinos com deposito de 1 realum Ciep (escola estadual)cassinos com deposito de 1 realInhaúma e não sabe ainda como vai fechar as contas no fim do mês. O casal dividia todos os gastos da casa e dos tratamentos do filho.

Legenda da foto, Anderson deixou mulher e filhocassinos com deposito de 1 realmenoscassinos com deposito de 1 realdois anos | Foto: Arquivo pessoal

Ela diz ter ficado comovida ao saber da criação da campanha "Ajude a famíliacassinos com deposito de 1 realAnderson Pedro Gomes".

A página do crowdfunding foi estabelecida pelo gerente comercial Rhavi Pinta e pede contribuições para ajudar na criaçãocassinos com deposito de 1 realArthur. "Ajude uma família cujo o estado fez o favorcassinos com deposito de 1 realdestruir", diz a página, que até agora conseguiu arrecadar R$ 15 mil.

"O Estado fala bonito, mas a gente sabe que não faz nada", diz Pinta. "É uma situação delicadacassinos com deposito de 1 realque uma mulher não vai ter mais o amparo do marido para cuidarcassinos com deposito de 1 realuma criança que precisacassinos com deposito de 1 realatenção médica."

Os primeiros dias da campanha, entretanto, foram turbulentos. Usuários acusaram a páginacassinos com deposito de 1 realser uma fraude, dizendo que o dinheiro não iria para a família, e acusações chegaram a tirar a página do ar. Depois, Pinta conseguiu contato com Agatha e tudo se esclareceu. "Sou eternamente grata", diz ela.

No lugar errado

Agatha espera que as manifestações, e cobrançascassinos com deposito de 1 realrespostas, ajudem a evitar que a história se repita. Acredita que o crime tenha sido político, e que a vítima escolhida era Marielle. Confia que os responsáveis pelo assassinato serão encontrados.

Legenda da foto, O casal moravacassinos com deposito de 1 realuma casa na frentecassinos com deposito de 1 realuma das entradas do Complexo do Alemão | Foto: Arquivo pessoal

"Mas não sei se tenho alguma esperançacassinos com deposito de 1 realque alguma coisa possa melhorar na política", afirma. "Estão tentando silenciar quem tenta fazer alguma coisa diferente."

O casal temia a violência no Rio. A casacassinos com deposito de 1 realInhaúma que compraram há quatro anos, e cujas prestações ainda estão sendo pagas, ficacassinos com deposito de 1 realfrente a uma das entradas para o Complexo do Alemão.

"Não é dos lugares mais tranquilos no Rio, se é que ainda existe algum." Agatha teve medo no períodocassinos com deposito de 1 realque Anderson trabalhava à noite com aplicativocassinos com deposito de 1 realtransporte. Mas nunca poderia ter imaginado esse desfecho para a vida do marido.

"Ele com certeza não era o alvo. Foram as circunstâncias. Mas não faz diferença saber que não foi para ele. É a mesma violência, a mesma agressão, a mesma perda", diz Agatha.

Ela aos poucos se prepara para tentar se mudarcassinos com deposito de 1 realvolta para casa. E acha que o pequeno Arthur não entende muito bem o que aconteceu. Como ele é muito novo e está com o desenvolvimento atrasado, não sabe se vai entender, ou se precisa explicar.

Mas diz que o menino, quando vê um cartaz que foi presenteado à família com uma grande fotocassinos com deposito de 1 realAnderson, estica os braçoscassinos com deposito de 1 realdireção à imagem, querendo ir para o colo do pai.