Gaúcha vence na Justiça batalha para recuperar bens doados à Igreja Universal: 'Lavagem cerebral':jogo de baralho é jogo de azar

Procurada pela BBC Brasil para comentar o caso, a Igreja Universal do Reinojogo de baralho é jogo de azarDeus não respondeu às perguntas feitas pela reportagem. Enviou uma nota dizendo que "o dízimo e todas as doações recebidas pela Universal seguem orientações bíblicas e legais, e são sempre totalmente voluntários e espontâneos".

'Fogueira Santa'

Carla conta que resolveu começar a frequentar os cultos após ver pastores falando na TV. "Eram mensagens positivas,jogo de baralho é jogo de azaresperança, prosperidade. Tinha muitos depoimentosjogo de baralho é jogo de azargente que falava que tinha saídojogo de baralho é jogo de azarcrise, gente que dizia que devia à igreja tudo o que tinha", diz.

A gaúcha também conhecia pessoas que frequentavam a igreja - e falavam sempre bem. Seu marido não a acompanhava, mas também não se opunha à atividade religiosa da mulher.

Ela diz que as doações que fez à Igreja começaram com o dízimo. O problema, afirma, é que não pararam por aí.

"Eles diziam que você tinha que dar 10%jogo de baralho é jogo de azartudo o que você ganhava, e que tudo o que você desse, ia receberjogo de baralho é jogo de azarvolta", conta. "O problema é que tinha um evento especial, a Fogueira Santa, onde as pessoas iam e doavam casa, carro. E eu não sei o que me deu... Eu estava desesperada."

Carla afirma que havia um eventojogo de baralho é jogo de azarque os fiéis faziam promessasjogo de baralho é jogo de azardoações, no qual ela disse que entregaria suas posses à igreja.

"Depois disso eu fiquei na dúvida, penseijogo de baralho é jogo de azardesistir. Mas eles sempre falavam que tinha uma maldição para quem prometeu e não doou, que a pessoa ia ser amaldiçoada", diz. "E eu fiquei pensando na maldição, com medo da maldição."

Carla então vendeu o carro por um valor bem abaixo do valorjogo de baralho é jogo de azarmercado - já que o comprador teria que pagar o resto das prestações - e doou o dinheiro à igreja.

E deu também, segundo ela, um colchão, um computador, dois aparelhosjogo de baralho é jogo de azarar condicionado que vendia emjogo de baralho é jogo de azarloja, joias, um fax, uma impressora e alguns móveisjogo de baralho é jogo de azarcozinha quejogo de baralho é jogo de azarmãe havia acabadojogo de baralho é jogo de azarcomprar. Tudo isso escondido da família.

Nuvem negra

"Aí, quando chegueijogo de baralho é jogo de azarcasa, que meu marido descobriu, aí que me deu um chacoalhão, que eu acordei. Não sei o que tinha aconteceu, eu estava mesmo... Era como se eu tivesse sofrido uma lavagem cerebral. Como se tivesse uma nuvem preta sobre minha cabeça, e quando meu marido conversou comigo ela foi embora. Me senti muito mal", afirma.

No mesmo dia, ela, a mãe e o marido foram ao templo tentar recuperar os bens doados. Conseguiram levarjogo de baralho é jogo de azarvolta o colchão, o fogão e os outros itensjogo de baralho é jogo de azarcozinha - mas apenas porque a mãejogo de baralho é jogo de azarCarla ainda tinha nota fiscaljogo de baralho é jogo de azartudo,jogo de baralho é jogo de azaracordo com seu relato.

A gaúcha diz que nenhum dos outros itens foi devolvido. "A gente implorou, insistiu muito, mas eles disseram que não iam devolver."

Ela então registrou um boletimjogo de baralho é jogo de azarocorrência e procurou um advogado.

"Já fui procurado por pessoas com casos parecidos, mas nem todo muito tem coragemjogo de baralho é jogo de azarseguir com o processo - é demorado e desgastante. Ela foi muito corajosa", afirma Marco Alfredo Mejia, advogadojogo de baralho é jogo de azarCarla no caso.

"Eu jamais teria entrado na Justiça se eles tivessem me devolvido na hora", argumenta ela.

No processo, a Igreja Universal se defende dizendo que não há comprovação da doaçãojogo de baralho é jogo de azaritens como as joias e o dinheiro do carro - o que o Tribunaljogo de baralho é jogo de azarJustiça do Rio Grande do Sul acatou. A entrega dos celulares, da impressora e dos aparelhosjogo de baralho é jogo de azarar condicionado, no entanto, foi comprovada, e o tribunal entendeu que se tratavajogo de baralho é jogo de azar"coação moral irresistível" e "abusojogo de baralho é jogo de azardireito", por isso estipulou a indenização.

A decisão foi confirmada pelo STJ na semana passada, mas a igreja ainda pode recorrer.

A gaúcha afirma que, além do grande prejuízo financeiro, todos na cidade ficaram sabendo do caso, o que a prejudicou muito. Ela acabou fechando a loja que tinha. Ficou sem carro, sem dinheiro, sem negócio - ou seja,jogo de baralho é jogo de azaruma situação pior que ajogo de baralho é jogo de azarantes.

"Por sorte uma pessoajogo de baralho é jogo de azarbom coraçãojogo de baralho é jogo de azardeu um empregojogo de baralho é jogo de azarvendedora e, aos poucos, eu fui reconstruindo. Antes teria dado também, mas eu estava desesperada e fui enganada. Quem abriu meus olhos foi o meu marido, ele me disse que Deus não ia colocar maldiçãojogo de baralho é jogo de azarninguém, que Deus não faz isso. E ele tem razão", diz Carla.

Ela hoje diz acreditarjogo de baralho é jogo de azarDeus - mas não ter mais nenhuma religião.

O que diz a Igreja

Quatro dias após a publicação da reportagem, a Igreja Universal entroujogo de baralho é jogo de azarcontato com a BBC Brasil e enviou uma nota maior.

A Igreja afirma que "nenhuma igreja ou instituição assistencialista que dependejogo de baralho é jogo de azardoações voluntárias poderia existir se a lei não a protegessejogo de baralho é jogo de azarsupostos doadores arrependidos".

A instituição também diz que segue todas as normas legais e "vai além". "Em nossa doutrina, se algum pastor se exceder no pedidojogo de baralho é jogo de azarofertas ou demonstrar qualquer interessejogo de baralho é jogo de azarbens materiais dos membros da igreja, é imediatamente suspenso, disciplinado e,jogo de baralho é jogo de azaralguns casos, removido do ministério", diz a nota.

"São alguns poucos mal-intencionados que tentam enganar a Justiça e tirar proveito do preconceito religioso que, infelizmente, ainda existe na sociedade brasileira. Mas são sempre derrotados no Judiciário porque a Universal respeita a lei", diz o documento.

A entidade afirmou ainda que tem "certezajogo de baralho é jogo de azarque a decisão da Justiça do Rio Grande do Sul será revertida no recurso que espera a decisão no Supremo Tribunal Federal".