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No lugar certo quando tudo dá errado: quem é Raul Jungmann, o homemroleta azureTemer para a segurança pública:roleta azure
Comandar a "prioridade zero" do governo significa também que Jungmann voltará ao foco da tensão: uma das missões dele será acompanhar a intervenção federal na árearoleta azuresegurança pública do Rioroleta azureJaneiro,roleta azureandamento desde meadosroleta azurefevereiro.
Antes mesmoroleta azureser alçado ao posto, distribuiu declarações fortes sobre os planos da intervenção. Em entrevista coletiva, aventou a possibilidaderoleta azure"mandados coletivosroleta azurebusca e apreensão" e chegou a falarroleta azure"captura coletiva"roleta azuresuspeitos. Mais recentemente, culpou usuáriosroleta azureclasse média por sustentar o tráficoroleta azuredrogas.
O comportamento aguerrido não é novidade na trajetória do político, como prova outro episódioroleta azuresua carreira.
No dia 21roleta azuresetembroroleta azure2009, o ex-presidente depostoroleta azureHonduras, Manuel Zelaya, voltou às escondidas a seu país e foi à embaixada brasileiraroleta azureTegucigalpa,roleta azurebuscaroleta azureasilo político. A situação criou um impasse: as forças armadas do país cercavam a embaixada.
Jungmann, que era deputado federal à época, chegou à embaixada no fimroleta azuresetembro, como o coordenadorroleta azureuma missão do Congresso. Um dos seus ex-assessores diz que Jungmann "sentou na cadeira do embaixador", tomando o controle da situação. Na manhã seguinte, declaraçõesroleta azureZelaya estavamroleta azuretodos jornais brasileiros: bastava ligar para o pernambucano para falar com o ex-presidente hondurenho.
Foi Temer antesroleta azureser "modinha"
A reportagem da BBC Brasil conversou com quase uma dezenaroleta azuresubordinados, ex-funcionários, correligionários e colegasroleta azuretrabalhoroleta azureJungmann.
Alguns traços foram mencionados pela maioria das pessoas que o conhecem: o novo 'czar da Segurança Pública' dorme pouco (é comum que mande e-mails e faça ligaçõesroleta azuretrabalho no meio da madrugada); é rápido na tomadaroleta azuredecisões; tem bom trânsito dentro do Congresso e nas Forças Armadas e costuma colocar a própria carreira acimaroleta azurequestões partidárias (ele é filiado ao Partido Popular Socialista, o PPS).
No Palácio do Planalto, é visto também como alguém que adotou a causaroleta azureMichel Temer "antesroleta azureser modinha" - ou seja, tomou o lado do então vice antes que o emedebista assumisse a cadeiraroleta azureDilma Rousseff (PT). A lealdade precoce justifica parteroleta azureseu atual sucesso. Éroleta azureJungmann, por exemplo, o pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que impedisse a posse do ex-presidente Lula como ministroroleta azureDilma,roleta azuremarçoroleta azure2016.
Mas o fator determinante para seu acúmuloroleta azurepoder foi o bom relacionamento dele com as Forças Armadas - algo que ele cultiva desde antesroleta azurese tornar ministro da Defesa. No Planalto, Jungmann é visto como a melhor "ponte" disponível entre o generalato e o mundo civil.
Ao longo da trajetória política, Jungmann alterou suas prioridadesroleta azurequestões do campo e da reforma agrária para a segurança pública. Em 2005, quando o país realizou um referendo sobre a proibição do comércioroleta azurearmasroleta azurefogo, Jungmann se engajou na campanha pelo "sim", que defendia mais restrições ao comércioroleta azurearmamentos, como secretário-geral da Frente Brasil Sem Armas. O lado dele, porém, foi derrotado.
Enquanto foi deputado (de 2003 a 2011, e depoisroleta azure2015 até maioroleta azure2016), Jungmann começou a se aproximar dos militares ao comandar comissões na Câmara que tratavamroleta azureprojetosroleta azureinteresse da caserna. Durante o processoroleta azureimpeachmentroleta azureDilma, entre 2015 e 2016, era ele quem "tirava a temperatura" dos generais e mantinha informado o comando "pró-Temer" no Congresso. Era, por exemplo, frequentador dos jantares na casaroleta azureHeráclito Fortes (PSB-PI),roleta azureBrasília, nas quais se reuniam deputados que trabalharam pelo impeachment.
Padrinhos políticos
O pai do ministro, Sílvio Jungmann da Silva Pinto, foi um jornalista e servidor público conhecidoroleta azureRecife. Militavaroleta azurecausasroleta azureesquerda e, por isso, teveroleta azurese mudar do Estado nordestino para São Paulo (SP) quando a repressão política da ditadura militar iniciadaroleta azure1964 recrudesceu, segundo o deputado Roberto Freire (PPS-SP). O filho, porroleta azurevez, permaneceu na capital pernambucana e iniciou o cursoroleta azurepsicologia na Universidade Católica do Estadoroleta azure1976, sem se formar.
O sobrenome pelo qual o ministro é conhecido vem da família paterna, e éroleta azureorigem alemã. Jungmann também tem ascendência judaica.
Mais ou menos na mesma épocaroleta azureque começou o curso universitário, ele se filiou ao Movimento Democrático Brasileiro, o MDB, único partidoroleta azureoposição permitido no regime militar. Segundo Roberto Freire, Jungmann ajudava a organizar os comícios que o MDB fazia pelo país na décadaroleta azure1970, contra a ditadura. Foi só um pouco depois,roleta azure1990, que ele entrou oficialmente para o PPS, que na época ainda se chamava PCB - o Partido Comunista Brasileiro.
"Ele era muito próximo da gente, atuava com o nosso pessoal no PCB (antesroleta azureentrar oficialmente). Não era militante nosso, mas era mais empenhado que muitos militantes", diz Freire, que é presidente nacional do PPS. "Naquele ano (1990) a gente fez um Congresso do partido no qual pessoas que não eram filiadas tinham direito a voz e voto nas teses políticas (mas não nos aspectos administrativos). Foi aí que ele entrou", conta Freire.
Jungmann teve dois grandes padrinhos políticos no começoroleta azuresua carreira políticaroleta azureBrasília: o próprio Roberto Freire e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC). Este último é descrito por maisroleta azureuma pessoa como uma espécieroleta azure"mentor" do pernambucano. Jungmann também era amigo da mulherroleta azureFHC, a antropóloga Ruth Cardoso.
No mesmo anoroleta azureque entrou para o PCB, Jungmann obteve seu primeiro cargoroleta azurechefia, como secretárioroleta azurePlanejamento do governadorroleta azurePernambuco, Carlos Wilson (um político com origem na Arena, partido que apoiava os militares).
O primeiro cargoroleta azureBrasília viria no governoroleta azureItamar Franco, como braço-direito do então ministro do Planejamento Alexis Stepanenko (1993-1994). A indicação foiroleta azureFreire, que era líder do governoroleta azureItamar no Congresso.
De ministro a suplenteroleta azuredeputado
Nos anos seguintes, já no governo FHC, entre 1995 e 2002, viriam os cargos relacionados à questão agrária: presidente do Ibama, do Incra, e titular dos ministériosroleta azurePolítica Fundiária e do Desenvolvimento Agrário. Na época, o PPS fazia oposição a FHC. Jungmann, por isto, foi colocado numa espécieroleta azure"geladeira partidária": a sigla permitiu que ele assumisse os cargos, mas afastou-oroleta azuretodos os assuntos internos do partido.
Discreto sobreroleta azurevida pessoal, Jungmann teve nesta época um relacionamento com a jornalista Sílvia Faria, então chefe do jornalismo da Rede Globoroleta azureBrasília. Eles não foram casados formalmente, mas viveram juntosroleta azure1994 até o começo dos anos 2000. Antes, fora casado com Patrícia,roleta azurequem se divorciou e com quem teve um casalroleta azurefilhos já adultos: Júlia (advogada) e Bruno (administradorroleta azureempresas).
Em 2003, o PT chegou ao poder com o ex-presidente Lula e Jungmann se elege deputado federal por Pernambuco, pela primeira vez, pelo PMDB (ele voltaria ao PPS depois da eleição). O PPS, na época, apoiava o governo petista. Pessoalmente, Jungmann nunca simpatizou com o PT:roleta azure2005, foi um dos defensores do rompimento do PPS com o governoroleta azureLula. Ainda assim, mantém interlocutores também entre os petistas: um deles é o ex-ministro da Justiçaroleta azureDilma e advogado José Eduardo Cardozo.
Nas eleiçõesroleta azure2014, Jungmann concorreu a deputado federal pelo PPS, e teve apenas 36,8 mil votos. Não foi eleito e terminou como suplente. Mas quando os eleitosroleta azureoutubroroleta azure2014 começaramroleta azurefato a trabalhar,roleta azurefevereiroroleta azure2015, Jungmann estava lá: assumiu como suplenteroleta azureSebastião Oliveira (PR), que foi chamado para ser secretárioroleta azureTransportes do governoroleta azurePaulo Câmara (PSB),roleta azurePernambuco.
O fatoroleta azureser suplente fez com que Jungmann não estivesse oficialmente deputado quando a Câmara votou o impeachmentroleta azureDilma,roleta azuremaioroleta azure2016: Oliveira tinha reassumido o cargo. Jungmann circulou pelo plenário no dia, mas não pode votar contra a petista.
A reportagem da BBC procurou Jungmann na última segunda-feira, mas ele não respondeu aos pedidosroleta azureentrevista.
Até tu, Bruto?
Nos últimos anos, Jungmann também teve que responder a questionamentos relacionados à menção ao seu nomeroleta azureuma planilharoleta azurepropinas da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato.
Em arquivos encontradosroleta azure2016 com o ex-diretor da empreiteira, Benedicto Barbosa Silva Júnior, o BJ, o nomeroleta azureJungmann aparece relacionado aos valores "50 + 50" ou "100" e ao apelido "Bruto". O valor seria referente a doações para a campanharoleta azure2012, quando Jungmann se elegeu vereadorroleta azureRecife. Nas eleições seguintes (2014), a Odebrecht doou R$ 384 mil à campanharoleta azureJungmann, diretamente e por meio do PPS.
Em maioroleta azure2017, quando o STF retirou o sigilo da delação da Odebrecht, tudo que haviaroleta azurerelação a Jungmann era uma petição (PET), com a recomendação do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que a investigação sobre ele fosse arquivada. Isto porque, segundo os próprios delatores da Odebrecht, as doações ao pernambucano foram legitimas, sem contrapartidas. O caso acabou arquivado pelo STF.
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