Pesquisa brasileira tenta provar que o homem chegou à Antártida antes do 'descobrimento oficial':ganha bet
"Atualmente se sabe que os primeiros grupos a ocuparem o continente, a fins do século 18 ou início do 19, foram os caçadoresganha betmamíferos marinhosganha betdiversas nacionalidades que formavam parte das tripulações e naviosganha betcompanhias privadas e viajavam até lá para obter peles e gorduras desses animais", explica o professor.
"Da pele desses animais eram fabricadas roupas no comércio europeu e chinês; e da gordura, era manufaturado um óleo utilizado para iluminação pública urbana e como lubrificantes das máquinas das indústriasganha betexpansão. As informações sobre esses grupos, assim como os vestígios materiais deixados pelos mesmos, foram e são encontradas nos sítios arqueológicos."
Ou seja, antes das históriasganha betilustres expedicionários europeus, como o registro do capitão inglês William Smith (1790-1847) que,ganha bet1819, chegou até as ilhas Shetlands do Sul e acabou galgando seu lugar na historiografia oficial como o primeiro homem a pisar na Antártida.
Ou ainda do norueguês Roald Amundsen (1872-1928), o primeiro a pisar no Polo Sul,ganha bet1911. Ou o britânico Robert Scott (1868-1912), que foi à Antártidaganha betduas expedições, a primeiraganha bet1901.
Sítios arqueológicos
A pesquisa coordenada por Zarankin foi criadaganha bet1995 a partirganha betum descobrimento por acasoganha betrestos arqueológicos na Antártida – um material precioso encontrado por geólogos argentinos.
Há dez anos o projeto integra o Proantar, o Programa Antártico Brasileiro. Toda a pesquisa, que já acumula maisganha betmil itens coletados, é liderada pelo Laboratórioganha betEstudos Antárticosganha betCiências Humanas da UFMG, o Leach.
Expedições in loco são organizadas e realizadas praticamente todos os anos, sobretudo nas ilhas Shetland do Sul, consideradas áreaganha betgrande biodiversidade. "Parteganha betnossa equipe esteve láganha betnovembro e encontrou novos sítios arqueológicos. Agora vamos escaneá-los", conta o pesquisador.
Hoje, eles estão se dedicando a utilizar um equipamento que captura imagensganha bet3D desses locais. Graças a uma parceria com o Google,ganha betbreve qualquer pessoa poderá conferir, via internet, como são esses locaisganha betpesquisa.
"Isso representa importante passo para a democratização do conhecimento e preservação da memória da Antártida", diz Zarankin.
Para o professor, fazer pesquisas arqueológicasganha betcondições abaixoganha betzero tem uma boa vantagem: a conservação do material. Afinal, a Antártida funciona como um grande freezer. "Trata-seganha betum ambiente capazganha betpreservar objetos orgânicos que,ganha betoutros lugares do mundo, desapareceriamganha betdez anos", explica.
Pegadas do passado
Academicamente, os resultados dessa empreitada antártica já rendem bons frutos. É o caso da tese defendidaganha betjunhoganha bet2015 por Gerusaganha betAlkmim Radicchi, no Programaganha betPós-Graduaçãoganha betAntropologia da Faculdadeganha betFilosofia e Ciências Humanas da UFMG.
Ela estudou os sapatos utilizados pelos caçadores no século 19 nas ilhas Shetland do Sul. A pesquisadora utilizou parte do acervo coletado nas expedições à Antártida e analisou como os calçados eram incorporados ao cotidiano desses homens.
"Os modelos e a formaganha betutilização sinalizam produçãoganha betmassa e consumo padronizado. Eles trazem marcasganha betintenso uso e reparos. O pequeno tamanho dos calçados pode ser uma evidência da baixa faixa etária dos caçadores", relata a pesquisadora.
Radicchi concluiu que os sapatos foram feitos artesanalmente, já que não encontrou evidênciasganha betusoganha betmáquinasganha betcostura ou outras tecnologias.
Os lobeiros-baleeiros tinham diferentes nacionalidades: havia americanos, ingleses, espanhóis, portugueses, açorianos, cabo-verdianos, argentinos e brasileiros, entre outros. Eram contratados por companhias internacionais, geralmente dos EUA.
Eles eram,ganha betgeral, jovens adultos ou até mesmo adolescentes. Ficavam atraídos por promessasganha betganhos exorbitantes nessas expedições, já que tinham uma pequena participação nos lucros do que fosse conseguido. Entretanto, como precisavam pagar por todo o material e despesas pessoaisganha betum endividamento prévio, anterior à viagem, acabavam ficando com um saldo final pequeno.
Durante a empreitada, era comum que os sapatos ficassem para trás, já que acabavam extremamente gastos, cheiosganha betconsertos e remendos, segundo a pesquisadora. Por isso, é grande a quantidade desse tipoganha betmaterial encontrada pelos arqueólogos.
Em outro trabalho, que resultouganha betdissertaçãoganha betmestrado defendida na mesma UFMGganha bet2014, a antropóloga María Jimena Cruz investigou o que esses caçadoresganha betfocas e lobos comiam e o que caçavam.
Há vestígiosganha betgarrafas que, após análises, os pesquisadores concluíram se tratarganha betantigos recipientes para cerveja. Também foram encontrados resíduosganha betcereais, como milho e trigo.
Já a pesquisadora Sarah Viana Hissa focou seus estudosganha betbuscar entender como os operários conseguiam perceber o tempo - mesmoganha betuma terra onde não há noite no verão.
Ela concluiu que, ao contrário da vida nas cidades, onde o dia a dia já era controlado por uma rotina estanque entre trabalho, lazer e descanso, tudo sob o relógio, os caçadores acabavam concentrando longas e intensas jornadasganha betcaçadas - que, depois, eram compensadas com diasganha betdescanso.
As marcas do tempo também eram observadas por eles a partir dos desgastes dos materiais - afinal, uma vez terminados os provimentos, era hora inevitávelganha betvoltar para casa.