Por que tirosblaze promoçãoarmablaze promoçãofogo acabam confundidos com outros tiposblaze promoçãoferimentos?:blaze promoção

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Legenda da foto, Durante o Revéillon, duas pessoas ficaram feridas por balas perdidas - médicos não desconfiaram (Foto: Getty Images)

"Não existe dificuldadeblaze promoçãodiagnóstico porque o relato do paciente auxilia o médico a compreender o caso, se é um assalto, cenablaze promoçãotiroteio ou outra situação. Mas há algumas dificuldades que são ligadas ao momento pela qual a saúde brasileira passa. Ela está subfinanciada, os equipamentos (hospitalares) estão sucateados, não estão disponíveis, o que impacta o diagnóstico", afirma o cirurgião Lincoln Lopes Ferreira, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB).

Feridas por armasblaze promoçãofogo

As lesões causadas por projéteis têm características específicas e não deveriam ser confundidas com outros tiposblaze promoçãoferimentos, explica Breno Caiafa, presidente da Sociedade Brasileirablaze promoçãoAngiologia e Cirurgia Vascular do Rioblaze promoçãoJaneiro e cirurgião cardiovascular do Hospital Central da Polícia Militar.

Ao chegar na emergência do hospital, o paciente geralmente é atendido por um cirurgião geral, que irá ouvir a história e colher elementos para fazer o diagnóstico - por exemplo, uma pessoa que esteve próximablaze promoçãoárea violenta ou presenciou um tiroteio tem grandes chancesblaze promoçãoter sido ferida por bala.

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Legenda da foto, O diagnósticoblaze promoçãopacientes baleados nem sempre precisablaze promoçãoexames e pode ser feito apenas a partir da observação do médico (Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília)

E, mesmo que o paciente não saiba como se machucou, há características específicas da lesão por armablaze promoçãofogo que permitem ao médico diagnosticar a origem do ferimento. "Normalmente, existe um orifícioblaze promoçãoentrada e um orifícioblaze promoçãosaída. Noblaze promoçãoentrada, há bordas da pele invertidas, o que mostra que houve uma contusãoblaze promoçãofora para dentro. A dimensão (do orifício) é pequena, às vezes arredondada, e há lesões da pele causadas pelo projétil", explica Caiafa.

Quando há orifícioblaze promoçãosaída da bala, a ferida tem dimensões maiores que ablaze promoçãoentrada,blaze promoçãoforma é irregular e possui bordas evertidas - o que significa que a pele está projetada para fora, detalha o cirurgião.

No entanto, se o paciente lava, limpa ou faz curativos nas áreas afetadas, isso pode dificultar o diagnóstico clínico, que é aquele baseado apenas na observação do médico. Nessas situações, o profissional pode pedir diferentes exames, como radiografias simples, tomografia computadorizada e ultrassonografia, dependendo da região do corpo afetada, e oferecer o tratamento adequado.

O problema é que muitas vezes os médicos não têm a estrutura necessária para fazer os exames que poderiam salvar vidas. Em determinados casos, por faltablaze promoçãocapacitação adequada, os profissionais não pedem os exames necessários para uma investigação mais profunda, o que acarretablaze promoçãoerros que podem ser fatais para o paciente.

Precarização da saúde

Eventos adversosblaze promoçãohospitais brasileiros, como erros dos profissionaisblaze promoçãosaúde, são a segunda maior causablaze promoçãoóbitos no país, responsáveis por 302.610 mortesblaze promoção2016, segundo números do Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, produzido pela Faculdadeblaze promoçãoMedicina da Universidade Federalblaze promoçãoMinas Gerais (UFMG)blaze promoçãocooperação com o Institutoblaze promoçãoEstudosblaze promoçãoSaúde Suplementar (IESS).

Para Ferreira, da AMB, a dificuldadeblaze promoçãomédicosblaze promoçãodiagnosticar corretamente está relacionada a uma "precarização geral da saúde brasileira", que vai desde a formação dos novos médicos às condiçõesblaze promoçãotrabalho enfrentadas por esses profissionais.

raio-x com bala
Legenda da foto, Entidades reclamamblaze promoçãoprecariedade da saúde no Brasil (Foto: Getty Images)

"Há um apagão. Os contratos, a remuneração e as condiçõesblaze promoçãotrabalho na saúde pública afastam os bons profissionais, e o excessoblaze promoçãoescolas médicas sem qualidade afeta a formação dos novos médicos", diz.

Faltablaze promoçãoprotocolos

A faltablaze promoçãoprotocolos claros para a atenção emergencialblaze promoçãopacientes com ferimentos por armablaze promoçãofogo também dificulta a atuação dos médicos e resultablaze promoçãoum atendimento ruim, afirma Maria Manuela Alves dos Santos, presidente do Consórcio Brasileiroblaze promoçãoAcreditação (CBA), que certifica hospitais brasileirosblaze promoçãoparceria com a Joint Commission International.

"Nas salasblaze promoçãoemergências, você não tem os processos bem desenhados. Se houver protocolos, médicos e enfermeiros podem fazer tratamento seguro", afirma. "Emergência não é um serviço comum. Por isso precisablaze promoçãoregras e protocolos."

Médicos, emblaze promoçãoformação, aprendem a identificar diferentes tiposblaze promoçãoferimentosblaze promoçãodisciplinas como medicina legal e cirurgia geral - mas para que sejam assertivos no diagnóstico a diferentes tiposblaze promoçãolesões é necessária experiência. No entanto, argumenta Santos, faltam profissionais experientes e bem capacitados nas emergências.

"Há um problema que são profissionais jovens sem supervisão. O melhor médicoblaze promoçãoemergência é quem tem 10 a 20 anosblaze promoçãoprofissão", diz. Sem profissionais experientes, o correto seria investirblaze promoçãotreinamento e capacitaçãoblaze promoçãojovens médicos. Mas Estados falidos e sem pagar salários - como o Rioblaze promoçãoJaneiro - não têm a capacidade financeira para investimentos do tipo.

"O Rioblaze promoçãoJaneiro tinha famablaze promoçãoter as melhores emergências no país; as universidades públicas, como a UFF, eram famosas por isso. Isso foi há 20 ou 30 anos. Hospitais com ótimas emergências, como o (Hospital Municipal) Miguel Couto e o (Hospital) Getúlio Vargas, treinavam médicos americanos. Havia essa fama, mas o problema é que, se não houver investimento, comoblaze promoçãoqualquer área, isso acaba", afirma.

Além do "apagão" da saúde, a ondablaze promoçãoviolência que assola o país, que registrou, segundo o Fórum Brasileiroblaze promoçãoSegurança Pública, o recordeblaze promoção61.283 mortes violentasblaze promoção2016 - a maioria por armablaze promoçãofogo -, também está transformando as salasblaze promoçãoemergência e trazendo casos cada vez mais graves para dentro dos hospitais, o que desafia os profissionaisblaze promoçãosaúde.

"Nossas emergências estão ficando cada vez mais graves, e o que aparece é mais complexo agora. São complicadores extras", diz Santos.

Para resolver dois problemas complexos e sistêmicos como saúde e segurança é preciso enfrentar questões crônicas dessas áreas, opina Ferreira, da AMB. "Há um crônico desfinanciamento da saúde, como se ninguém nunca fosse adoecer, ninguém nunca fosse precisarblaze promoçãoum pronto-atendimento, como se fossemos sadios e imortais. É um círculo e acabablaze promoçãoresultados indesejados."