Índios e ribeirinhos forjam aliança para 'autodemarcar' terras usando GPS:cloud bet apk
É um exemplocloud bet apkalianças que estão se constituindo na luta por demarcaçõescloud bet apkterras que protejam tanto indígenas e como comunidades ribeirinhas.
Interesses compartilhados
"Todos nós dependemos do rio Tapajós", diz o cacique Juarez Saw Munduruku. "Nós estamos sendo ameaçados da mesma forma pelos grandes projetos do governo, pelos madeireiros e pelos garimpeiros."
Segundo o cacique, os munduruku estão retribuindo iniciativas anteriores dos beiradeiros, nome dado na região aos ribeirinhos.
Em 2013, a comunidade Mangabal se juntou aos munduruku quando estes se mobilizaram contra a construção da hidrelétrica São Luiz do Tapajós. Aindacloud bet apk2014 e 2015, os ribeirinhos apoiaram os Munduruku na autodemarcação da Terra Indígena Sawre Muybu, que seria inundada pela obra.
As iniciativas e manifestações foram bem sucedidas e a construção da hidrelétrica está suspensa, pelo menos até o momento.
Agora, um grande númerocloud bet apkguerreiros indígenas - 38 munduruku, dois satere maué e setecloud bet apkoutros povos da região do rio Trombetas - estão ajudando a comunidadecloud bet apkMangabal.
Muitos enfrentaram longas jornadas para chegar até lá.
Em outubrocloud bet apk2013, depoiscloud bet apkmuita luta, os moradorescloud bet apkMangabal e da comunidade vizinha, Montanha, confirmaram a possecloud bet apkseu território.
A área se tornou um Projetocloud bet apkAssentamento Agroextrativista (PAE), que, segundo a legislação, reconhece a ocupação tradicional das famílias, garante seu usufruto exclusivo da floresta -cloud bet apkforma ecologicamente equilibrada - e proíbe a venda e o arrendamentocloud bet apkterrascloud bet apkseu interior.
Invasõescloud bet apkterra
Nos últimos meses, foram os moradorescloud bet apkMangabal que precisaramcloud bet apkapoio, porque, com quase quatro anoscloud bet apkausência do Estado, aumentaram as invasõescloud bet apkmadeireiros e garimpeiros ilegaiscloud bet apksuas terras, que somam 550 quilômetros quadrados.
Até setembro desse ano, o Instituto Nacionalcloud bet apkColonização e Reforma Agrária (Incra), órgão responsável pela gestão compartilhada do PAE, não havia respondido às solicitações da comunidade para demarcar a terra e retirar os invasores.
Por anos, os habitantes receberam ameaçascloud bet apkgrileiros, que diziam ter documentos e ser os donos das terras.
Mas propriedades privadas são proibidas na região. Os moradorescloud bet apkMangabal tentaram avisar os grileiros e, diante do impasse, procuraram as autoridades, sem sucesso.
Finalmente, decidiram que a solução seria realizar a demarcação por conta própria - um processo que chamaramcloud bet apk"autodemarcação".
Na primeira expedição, realizada pelos moradorescloud bet apksetembro, 18 quilômetros foram demarcados e eles descobriram que invasores haviam derrubado inúmeras palmeirascloud bet apkaçaí para extrair palmito.
O açaí é uma importante fontecloud bet apkalimentação para as famílias e elas o extraemcloud bet apkmaneira sustentável, sem abater as árvores.
Eles também encontraram sinaiscloud bet apkque esses invasores planejavam voltar - havia árvores derrubadas, esperando serem levadas por madeireiros, e cinco trilhas clandestinas cruzando a floresta até a rodovia Transamazônica, localizada a apenas dois quilômetroscloud bet apkdistância.
Pressão
Finalmente, depois da repercussão na mídia e da atuação do Ministério Público Federal, a que a comunidade recorreu, Mario Sergio da Silva Costa, superintendente do Incra na cidadecloud bet apkSantarém, visitou a comunidade, no dia 17cloud bet apknovembro.
Ele incentivou os moradores a colocarem mais pressão sobre as autoridades.
"É importante que vocês denunciem o que está acontecendo para as autoridades", disse. "A partir daí, nós podemos agir."
No fimcloud bet apknovembro, a comunidade e os grupos indígenas foram para a segunda expedição. Eles encontraram garimpeiroscloud bet apksuas terras e tentaram explicar a eles que eventuais documentoscloud bet apkposse não eram válidos ali.
Mas as ameaças aos moradores aumentaram e a situação ficou tensa.
Alianças
Apesarcloud bet apkserem trabalhosas, as expedições trazem benefícios.
"É um privilégio. Estou seguindo os caminhos por onde meu pai andou quando cortava seringa", disse Solimar Ferreira dos Anjos.
As comunidades munduruku e ribeirinhas estão se fortalecendo. Jovenscloud bet apkentre 13 e 16 anos desempenham funções fundamentais nas expedições, como a caçacloud bet apkanimais para alimentar o grupo.
Mas o mais importantecloud bet apktudo é a confiança que se estabeleceu recentemente entre os grupos indígenas e as comunidades ribeirinhas.
"Essa aliança está cada vez mais forte", disse Ezequiel Lobo, que irá liderar expedições futuras e já ficou conhecido como "chefe dos guerreiros"cloud bet apkMangabal.
"Nós vamos permanecer com os munduruku e os outros povos indígenas para sempre."
Esse tipocloud bet apkaliança, que já vêm ocorrendo desde 2013 diante das ameaças e construçõescloud bet apkgrandes empreendimentos na Bacia do Tapajós, é um dos inesperados resultados do crescimento da influência dos ruralistas no Congresso Nacional.
Desde que Michel Temer assumiu o poder,cloud bet apkmarçocloud bet apk2016, houve uma sériecloud bet apkiniciativas para enfraquecer medidascloud bet apkproteção ambiental, interromper a demarcaçãocloud bet apkterras indígenas e facilitar grandes projetos na Amazônia.
A violência rural também aumentou. De acordo com a Anistia Internacional, 66 ativistas rurais, pequenos agricultores e camponeses foram assassinados no Brasilcloud bet apk2016.
Diantecloud bet apktamanhas ameaças, grupos que historicamente vivamcloud bet apkconflito na Amazônia estão se unindo.