Índios e ribeirinhos forjam aliança para 'autodemarcar' terras usando GPS:zebet validation compte

Nelison
Legenda da foto, Nelison Saw Munduruku usa seu GPS para ajudar na demarcação das terraszebet validation compteMangabal (Foto: Ailén Vega)

É um exemplozebet validation comptealianças que estão se constituindo na luta por demarcaçõeszebet validation compteterras que protejam tanto indígenas e como comunidades ribeirinhas.

Interesses compartilhados

"Todos nós dependemos do rio Tapajós", diz o cacique Juarez Saw Munduruku. "Nós estamos sendo ameaçados da mesma forma pelos grandes projetos do governo, pelos madeireiros e pelos garimpeiros."

Segundo o cacique, os munduruku estão retribuindo iniciativas anteriores dos beiradeiros, nome dado na região aos ribeirinhos.

Em 2013, a comunidade Mangabal se juntou aos munduruku quando estes se mobilizaram contra a construção da hidrelétrica São Luiz do Tapajós. Aindazebet validation compte2014 e 2015, os ribeirinhos apoiaram os Munduruku na autodemarcação da Terra Indígena Sawre Muybu, que seria inundada pela obra.

Francisco Firmino da Silva
Legenda da foto, Francisco Firmino da Silva é um morador muito respeitado na comunidade | Foto: BBC

As iniciativas e manifestações foram bem sucedidas e a construção da hidrelétrica está suspensa, pelo menos até o momento.

Agora, um grande númerozebet validation compteguerreiros indígenas - 38 munduruku, dois satere maué e setezebet validation compteoutros povos da região do rio Trombetas - estão ajudando a comunidadezebet validation compteMangabal.

Muitos enfrentaram longas jornadas para chegar até lá.

Em outubrozebet validation compte2013, depoiszebet validation comptemuita luta, os moradoreszebet validation compteMangabal e da comunidade vizinha, Montanha, confirmaram a possezebet validation compteseu território.

A área se tornou um Projetozebet validation compteAssentamento Agroextrativista (PAE), que, segundo a legislação, reconhece a ocupação tradicional das famílias, garante seu usufruto exclusivo da floresta -zebet validation compteforma ecologicamente equilibrada - e proíbe a venda e o arrendamentozebet validation compteterraszebet validation compteseu interior.

Invasõeszebet validation compteterra

Nos últimos meses, foram os moradoreszebet validation compteMangabal que precisaramzebet validation compteapoio, porque, com quase quatro anoszebet validation compteausência do Estado, aumentaram as invasõeszebet validation comptemadeireiros e garimpeiros ilegaiszebet validation comptesuas terras, que somam 550 quilômetros quadrados.

Até setembro desse ano, o Instituto Nacionalzebet validation compteColonização e Reforma Agrária (Incra), órgão responsável pela gestão compartilhada do PAE, não havia respondido às solicitações da comunidade para demarcar a terra e retirar os invasores.

Por anos, os habitantes receberam ameaçaszebet validation comptegrileiros, que diziam ter documentos e ser os donos das terras.

Mas propriedades privadas são proibidas na região. Os moradoreszebet validation compteMangabal tentaram avisar os grileiros e, diante do impasse, procuraram as autoridades, sem sucesso.

Finalmente, decidiram que a solução seria realizar a demarcação por conta própria - um processo que chamaramzebet validation compte"autodemarcação".

Comunidade Mangabal
Legenda da foto, A comunidade Mangabal recebeu ajuda dos índios para garantir a possezebet validation comptesuas terras (Foto: Fernanda Moreira)

Na primeira expedição, realizada pelos moradoreszebet validation comptesetembro, 18 quilômetros foram demarcados e eles descobriram que invasores haviam derrubado inúmeras palmeiraszebet validation compteaçaí para extrair palmito.

O açaí é uma importante fontezebet validation comptealimentação para as famílias e elas o extraemzebet validation comptemaneira sustentável, sem abater as árvores.

Eles também encontraram sinaiszebet validation compteque esses invasores planejavam voltar - havia árvores derrubadas, esperando serem levadas por madeireiros, e cinco trilhas clandestinas cruzando a floresta até a rodovia Transamazônica, localizada a apenas dois quilômetroszebet validation comptedistância.

Pressão

Finalmente, depois da repercussão na mídia e da atuação do Ministério Público Federal, a que a comunidade recorreu, Mario Sergio da Silva Costa, superintendente do Incra na cidadezebet validation compteSantarém, visitou a comunidade, no dia 17zebet validation comptenovembro.

Ele incentivou os moradores a colocarem mais pressão sobre as autoridades.

"É importante que vocês denunciem o que está acontecendo para as autoridades", disse. "A partir daí, nós podemos agir."

No fimzebet validation comptenovembro, a comunidade e os grupos indígenas foram para a segunda expedição. Eles encontraram garimpeiroszebet validation comptesuas terras e tentaram explicar a eles que eventuais documentoszebet validation compteposse não eram válidos ali.

Mas as ameaças aos moradores aumentaram e a situação ficou tensa.

Alianças

Apesarzebet validation compteserem trabalhosas, as expedições trazem benefícios.

"É um privilégio. Estou seguindo os caminhos por onde meu pai andou quando cortava seringa", disse Solimar Ferreira dos Anjos.

presidente da comunidade conversa com mineiradores
Legenda da foto, Ageu Pereira (à esquerda), o presidente da comunidadezebet validation compteMontanha e Mangabal, explica a garimpeiros que terra pertence à comunidade (Foto: Rosamaria Loures)

As comunidades munduruku e ribeirinhas estão se fortalecendo. Jovenszebet validation compteentre 13 e 16 anos desempenham funções fundamentais nas expedições, como a caçazebet validation compteanimais para alimentar o grupo.

Mas o mais importantezebet validation comptetudo é a confiança que se estabeleceu recentemente entre os grupos indígenas e as comunidades ribeirinhas.

"Essa aliança está cada vez mais forte", disse Ezequiel Lobo, que irá liderar expedições futuras e já ficou conhecido como "chefe dos guerreiros"zebet validation compteMangabal.

"Nós vamos permanecer com os munduruku e os outros povos indígenas para sempre."

Esse tipozebet validation comptealiança, que já vêm ocorrendo desde 2013 diante das ameaças e construçõeszebet validation comptegrandes empreendimentos na Bacia do Tapajós, é um dos inesperados resultados do crescimento da influência dos ruralistas no Congresso Nacional.

Desde que Michel Temer assumiu o poder,zebet validation comptemarçozebet validation compte2016, houve uma sériezebet validation compteiniciativas para enfraquecer medidaszebet validation compteproteção ambiental, interromper a demarcaçãozebet validation compteterras indígenas e facilitar grandes projetos na Amazônia.

A violência rural também aumentou. De acordo com a Anistia Internacional, 66 ativistas rurais, pequenos agricultores e camponeses foram assassinados no Brasilzebet validation compte2016.

Diantezebet validation comptetamanhas ameaças, grupos que historicamente vivamzebet validation compteconflito na Amazônia estão se unindo.