Restaurantesbetmotion é confiavelfavelasbetmotion é confiavelSP atraem clientelabetmotion é confiavelshoppingsbetmotion é confiavelluxo vizinhos:betmotion é confiavel
Almeida credita o sucessobetmotion é confiavelseu restaurante, que tem até fila para entrar, a seu temperobetmotion é confiavel"comida caseira" e ao seu empreendedorismo, mas também à oportunidade que a crise econômica lhe deu. "Se meus clientes almoçam no shopping, gastam o VR (vale-refeição)betmotion é confiavel15 dias. Aqui, dura o mês inteiro. As pessoas querem economizar", diz.
O publicitário Guilherme Linares,betmotion é confiavel26 anos, comia, como entrada, uma porçãobetmotion é confiavelbatatas fritas e tomava um refrigerante sentado a uma mesa do ladobetmotion é confiavelfora, na viela - o cardápio do dia tinha como pratos principais filébetmotion é confiavelmerluza, moquecabetmotion é confiavelcação e costela com molho barbecue.
"Recebo R$ 30betmotion é confiavelalimentação por dia. Se eu comer no shopping, o VR dura 10 dias. Lá, a comida é cara e industrial. Aqui é comida caseira", diz Guilherme Linares,betmotion é confiavel26 anos, publicitáriobetmotion é confiaveluma agênciabetmotion é confiavelpropaganda.
Talita Feba, publicitáriabetmotion é confiavel27 anos, afirma que amigos e parentes estranham quando ela conta que almoça diariamentebetmotion é confiaveluma favela. "Dizem: 'mas não é perigoso?' Eu respondo que não, é tranquilo, bom e barato", diz.
Revertendo uma tendênciabetmotion é confiavelalta nos últimos anos, os preçosbetmotion é confiavelalimentos e bebidas acompanhados pelo IPCA - índicebetmotion é confiavel inflação calculado pelo IBGE - tiveram quedabetmotion é confiavel2%betmotion é confiaveljaneiro a outubro. O item "alimentação fora do domicílio" também vem cedendo, masbetmotion é confiavelritmo mais lento. Nos últimos 12 meses, a inflação agregada no Brasil desacelerou para 2,2%, ante altabetmotion é confiavel10,67%betmotion é confiavel2016.
'Achava que era perigoso almoçar na favela'
A favela Panorama sobreviveu à transformaçãobetmotion é confiavelum terreno ao ladobetmotion é confiavelum dos shoppings mais caros da cidade - no mesmo complexo há condomíniosbetmotion é confiavelapartamentos milionários. Parte da área da comunidade é usada como estacionamento para carros cujos donos também trabalhambetmotion é confiavelempresas da região.
O cozinheiro Almeida,betmotion é confiavel46 anos, nem mora ali: vivebetmotion é confiavelParaisópolis, segunda maior favelabetmotion é confiavelSão Paulo. Ele nasceubetmotion é confiavelAraioses, no Maranhão, e migrou para São Paulobetmotion é confiavel1991.
Trabalhou anos como encanador, até abrir seu primeiro negócio na favela Real Parque, também na zona sul. Vendia 3 mil pães por dia embetmotion é confiavelpadaria, mas,betmotion é confiavel2011, a loja foi consumida pelo fogobetmotion é confiavelum incêndio que destruiu parte da comunidade.
"Eu tinha investido R$ 300 mil na padaria, todo o dinheiro que guardei. Fiquei lelé da cabeça", conta. "Abri o restaurante aqui (na Panorama) para os operários do shopping, depois vieram os seguranças. O boca a boca aumentou e os funcionários das empresas começaram a vir também". Hoje, o estabelecimento, que surgiubetmotion é confiaveluma garagem, tem três andares e mesas dispostas na frente,betmotion é confiaveluma viela.
O restaurante tem outros oito funcionários e servebetmotion é confiavelmédia 150 refeições por dia. O sucesso do local entusiasmou outros restaurantes da favela - já existem outros três restaurantes populares, que ficam cheios a pontobetmotion é confiavelsurgirem filas do ladobetmotion é confiavelfora.
A analistabetmotion é confiavelestratégia Fernanda Andrade,betmotion é confiavel29 anos, conta que, inicialmente, ficou com receiobetmotion é confiavelsair do escritório para almoçar na favela. "Eu tinha um poucobetmotion é confiavelpreconceito, achava que era perigoso. Hoje, na minha empresa, a maioria das pessoas vem comer aqui", conta ela, que trabalhabetmotion é confiaveluma multinacional ao lado.
Quentinhas por R$ 13
O restaurante na comunidade Panorama não é o único com esse perfilbetmotion é confiavelSão Paulo. Em Paraisópolis, por exemplo, vizinha ao bairro do Morumbi, existe o Café & Bistrô Mãosbetmotion é confiavelMaria, que funcionabetmotion é confiaveluma laje da favela. Criado por uma associaçãobetmotion é confiavelmulheres, o restaurante serve almoço por até R$ 25 e tem showsbetmotion é confiavelmúsica para frequentadores da região e tambémbetmotion é confiavelfora.
Já na favela do Coliseu, na Vila Olímpia - bairro comercial na zona oeste paulistana -, a cozinheira Regina Alves dos Santos,betmotion é confiavel55 anos, produz suas marmitas dentrobetmotion é confiavelum barracobetmotion é confiavelmadeira. Ao lado, ela administra um boteco cujo happy hour recebe funcionáriosbetmotion é confiavelgrandes empresas da região.
A comunidade é vizinha do shoppingbetmotion é confiavelluxo JK Iguatemi e dos prédios espelhados da construtora Camargo Corrêa, onde Santos entrega suas "quentinhas" diariamente - elas saem por R$ 13. "Pessoal da Camargo Corrêa vem aqui para o happy hour. Até meu cliente do Bradesco aparece", diz ela. "Pessoal vem amuado, com medobetmotion é confiavelser assaltado, mas depois vê que é tranquilo, que a comida é boa e a cerveja é gelada."
Santos é pernambucanabetmotion é confiavelAraripina e migrou para São Paulo no final dos anos 1970 para casar e melhorarbetmotion é confiavelvida. Por uma década trabalhou como metalúrgicabetmotion é confiavelSão Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde viveu o períodobetmotion é confiavelgreves comandadas pelo então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva.
Já nos 1990, abriu seu bar na comunidade do Coliseu, quando a maioria dos prédios da região ainda não existia e a favela era bem maior. Hoje, a Coliseu vive espremida entre os prédios espelhados.
Assim como o colega da Panorama, ela também sofreu com um incêndio. Há quatro anos, alguns barracos da favela pegaram fogo. Ela não se lembra como se salvou: quando as chamas começaram, correu para o andarbetmotion é confiavelcima do bar. "Acordei na rua, com os bombeiros me atendendo. Meu rosto e minhas mãos ficaram queimados. Dias depois, eu voltei a trabalhar".
Com o dinheiro que ganha no bar e vendendo marmitas, a cozinheira conseguiu comprar quatro carros - umabetmotion é confiavelsuas paixões.
'O shopping é que incomoda a gente'
A prefeitura promete há décadas que vai construir habitações sociais na área da Coliseu. A líder comunitária Rosana Maria dos Santos,betmotion é confiavel47 anos, ainda tem esperança. "Os prédios apareceram e engoliram a comunidade, que existe há 70 anos. Mas parece que agora a construção das moradias vai começar", diz.
Nascida na área, a líder comunitária diz que a favela, que ficabetmotion é confiaveluma terreno nobre, sofre com especulação imobiliária. "O shopping fica incomodado com a favela. Mas estamos aqui antes deles, quando ninguém queria morar aqui. Eles é que incomodam a gente", diz.
Já a cozinheira Regina Alves dos Santos fica feliz quando vê seu bar cheiobetmotion é confiavelmoradores da Coliseu ebetmotion é confiavelgentebetmotion é confiaveloutras classes sociais mais elevadas. "Quando vejo o pessoal das empresas aqui, nem acredito. Mas fecho os olhos e digo: a vida é assim mesmo, pobre aqui e o rico do lado. Todo mundo junto", diz.