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Legenda da foto, Mário César Levy888poker bônusfoto tirada um mês antes888poker bônusmorrer, na explosão do VLS. A companheira dele, que aparece na foto, ainda não conseguiu ter acesso ao bens da herança, nem o filho único (Foto: Arquivo Pessoal)
Legenda da foto, Um dos motores do Veículo Lançador888poker bônusSatélites foi acionado e provocou a explosão. Os 21 técnicos e engenheiros que estavam no local morreram (Foto: Força Aérea Brasileira)

Em Cordeirópolis (SP), os pais888poker bônusFlaminio e Mário César, Margarida Levy e Flaminio888poker bônusFreitas Levy, na época com 73 e 83 anos, assistiam à televisão quando souberam, pelo plantão888poker bônusnotícias, que o filho mais novo poderia estar morto.

Mas os detalhes foram surgindo a conta-gotas. Não havia confirmação sobre mortos e feridos. Ela percebeu logo que as chances888poker bônuso caçula estar vivo eram pequenas. Ele se apegou até o último momento à esperança888poker bônusque o filho fosse reaparecer.

"Eu telefonei várias vezes para o celular do meu irmão e ele não respondia. Liguei para a minha mãe, que soube da explosão pela TV. Ficamos à espera", relata Flaminio Levy à BBC Brasil.

Legenda da foto, Mário César Levy (de blusa azul, na foto) era engenheiro e morreu888poker bônus2003, na explosão do VLS, foguete que lançaria satélites. Seis anos depois virou alvo888poker bônusum processo por golpe cometido depois depois888poker bônusmorto. Na foto ele aparece ao lado dos pais, irmãos e sobrinhos (Arquivo Pessoal)

"A gente sabia que ele trabalhava direto com as peças do foguete e ficamos apavorados", lembra. A confirmação veio um dia depois.

Mário César888poker bônusFreitas Levy era um dos 21 engenheiros e técnicos que trabalhavam no Centro888poker bônusLançamento888poker bônusAlcântara (CLA) no momento888poker bônusque o Veículo Lançador888poker bônusSatélites, o VLS, explodiu,888poker bônus22888poker bônusagosto888poker bônus2003, matando todos eles.

Um dos motores do foguete, que tinha 21 metros888poker bônusaltura e colocaria888poker bônusórbita dois satélites888poker bônusobservação terrestre, foi acionando antes do tempo, causando o acidente. Mário Levy tinha 43 anos quando morreu e completaria 57 neste ano.

O filho dele, João Paulo, tinha 15 anos na época do acidente. Ele morava888poker bônusCordeirópolis (SP) com a mãe e tinha decidido, naquela semana, que passaria a morar com o pai,888poker bônusSão José dos Campos (SP), para conviver mais com ele e se preparar para a universidade.

Legenda da foto, O filho888poker bônusMário César Levy tinha 15 anos quando o pai morreu. Crédito: Arquivo Pessoal

888poker bônus Depois do enterro com honras militares.... O processo

O engenheiro foi enterrado com honras militares, na presença do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, juntamente com os colegas que morreram enquanto tentavam viabilizar o lançamento do satélite.

Mas, 11 anos depois,888poker bônus2014, o filho único levou um susto quando foi tentar registrar888poker bônusseu nome uma moto e um carro que pertenceram ao pai.

Foi informado888poker bônusque os bens haviam sido bloqueados porque Mário Levy estava sendo processado,888poker bônusBelo Horizonte, pela empresa Telefônica (dona da Vivo) por um calote que gerou uma dívida888poker bônusmais888poker bônusR$ 1,4 milhão. Calote cometido888poker bônus2008 - cinco anos depois888poker bônusmorrer.

"Quando o inventário chegou no fim, achamos que finalmente seria possível liberar os bens. Quando foram no Detran passar uma moto e um carro para o filho e a companheira do Mário, o Detran deu a notícia888poker bônusque o Mário era alvo888poker bônusum processo e que não poderia, então, liberar os bens", relata Flaminio Levy.

Legenda da foto, Mário César Levy era apaixonado por motos e deixou uma para o filho. Mas o bem está bloqueado até hoje, 14 anos após o acidente (Foto: Arquivo Pessoal)

Confusa, a família contratou advogados para entender o que poderia ter acontecido. Descobriram que o CPF do engenheiro morto foi usado para que ele fosse incorporado,888poker bônus2008, como sócio888poker bônusuma empresa chamada Istaletes Equipamento Eletrônico.

Em 2009, a empresa foi processada pela Telemig Celular, hoje pertencente à Telefônica, por não pagar uma dívida888poker bônusmais888poker bônusR$ 1 milhão. Por ser um dos "sócios" da empresa no contrato social, Mário Levy teve os bens bloqueados e a família nunca pôde concluir o inventário.

"Foi aberta uma empresa com o nome888poker bônussócios falecidos. Usaram alguns documentos verdadeiros e outros falsos. Essa empresa contratou serviços888poker bônustelefonia da Telemig, depois incorporada pela Vivo. Na processo888poker bônusexecução da dívida, pela busca do CPF dos sócios acabaram chegando ao patrimônio do Mário. Ele foi vítima888poker bônusfraude", explica a advogada da família, Juliana Iversen.

888poker bônus Uso888poker bônusCPF888poker bônusfalecidos

O uso do CPF888poker bônuspessoas falecidas é uma forma que grupos criminosos encontram888poker bônusaplicar golpes, porque,888poker bônusmuitos casos, a família demora a perceber a fraude. Para tentar reduzir esse tipo888poker bônuscrime, a Receita Federal lançou, no dia 2888poker bônusoutubro, um sistema para dar baixa nos CPFs no ato dos registros888poker bônusóbito.

O cancelamento é feito a partir da integração888poker bônusdados da Receita e da Central888poker bônusInformações do Registro Civil (CRC), que reúne todos os atos888poker bônusnascimento, casamento e óbitos do país. As inscrições888poker bônusCPF que forem vinculadas ao Registro888poker bônusÓbito serão cadastradas como "Titular Falecido".

Por enquanto, o novo sistema vale para o Distrito Federal e 14 Estados: São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio888poker bônusJaneiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pernambuco, Ceará, Piauí, Amapá, Roraima, Minas Gerais e Acre.

Legenda da foto, Flaminio Levy perdeu irmão caçula na explosão do VLS,888poker bônusAlcântara (Foto: Arquivo Pessoal)

No caso888poker bônusMário Levy, 14 anos após o acidente888poker bônusAlcântara, os bens deixados por ele como herança ao filho e à companheira estão bloqueados.

"O sentimento é888poker bônustotal impotência. Alguém fala uma coisa errada e você não consegue corrigir. Para a minha mãe, que já tem 87 anos, é difícil reviver isso", diz o irmão do engenheiro morto.

Para desbloquear os bens, a família888poker bônusMário Levy entrou,888poker bônusagosto888poker bônus2013, com um recurso chamado "embargos888poker bônusterceiros", na 14ª Vara Cível da Comarca888poker bônusBelo Horizonte, anexando o atestado888poker bônusóbito para comprovar que ele estava morto havia cinco anos quando foi incluído como "sócio" da empresa processada pela Telefônica.

Legenda da foto, Mário888poker bônusFreitas Levy foi incluído, depois888poker bônusmorto, como sócio888poker bônuscontrato social888poker bônusempresa (Foto: Reprodução)

Neste ano, finalmente o recurso da família foi julgado e o juiz determinou o desbloqueio dos bens. Mas a sentença ainda não foi cumprida. "O juiz removeu a restrição aos bens e provavelmente vai dar prazo para a Vara cumprir essa liberação. Estamos esperando", diz a advogada Juliana Iversen.

Em nota, a empresa Telemig, autora da ação que acabou bloqueando os bens888poker bônusMário Levy, informou que não recorreu da decisão do juiz888poker bônusliberar o patrimônio deixado pelo engenheiro.

"A Telefônica não se opôs ao recurso ao constatar o falecimento e foi proferida sentença determinando o desbloqueio dos bens. A Telefônica novamente não se opôs a tal decisão. A liberação dos bens não depende888poker bônusnenhuma medida da empresa, mas sim do Cartório respectivo888poker bônuscumprimento à decisão judicial."

Enquanto isso, os familiares cultivam a herança888poker bônusMário Levy que ninguém pode tirar deles: as lembranças.

"Ele era apaixonado por mecânica e esses aeromodelos888poker bônusavião. Ele tinha dúzias na casa dele. Parecia um museu. Era um negócio, uma paixão, que desde criança ele tinha", recorda Flamínio Levy.

"Esse projeto do VLS, a maioria que estava lá era idealista. O salário não era bom. Mas o fato888poker bônusestar fazendo um trabalho888poker bônusponta, avançado, contava muito para eles."

Legenda da foto, Família espera que inventário seja concluído quando cartório e vara judicial cumprirem sentença (Foto: Arquivo Pessoal)