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'Terapia me ajudou a assumir que sou trans': o papel da psicologia na identidadekilibet freebetgênero:kilibet freebet
O longo processokilibet freebetautoconhecimento incluiu muitos anoskilibet freebetterapia até que,kilibet freebetnovembrokilibet freebet2015, Maria deu lugar a Gabriel nos documentoskilibet freebetidentidade.
"A psicoterapia me ajudou a compreender melhor como eu me sentia, a identificar com maior clareza minha identidade. Ajudou a compreender que é um fenômeno humano", diz.
Ele estavakilibet freebetum relacionamento sério com uma mulher quando decidiu iniciar o tratamento para ganhar aparência masculina. O desconforto que sentia com o próprio corpo era tão grande que começara a afetar a vida sexual do casal.
"Meu constrangimento com meu corpo feminino não me deixava à vontade na intimidade. Enquanto éramos apaixonados, conseguíamos passar por cima dessa minha dificuldade, mas depois que a paixão acabou fomos oprimidos pela minha inadequação física", conta.
"A mudança na aparência me trouxe conforto", explica. Casado desde abril deste ano, feliz com o próprio corpo e confortável com identidade masculina, Gabriel Oliveira critica a liberaçãokilibet freebettratamentos psicológicos para mudançakilibet freebetorientação sexual.
O verdadeiro papel da terapia, defende, é promover o autoconhecimento.
Neste mês, o juiz federal da 14ª Vara do Distrito Federal Waldemar Cláudiokilibet freebetCarvalho concedeu uma liminar que autoriza psicólogos do Brasil a oferecerem aos pacientes formaskilibet freebetterapiakilibet freebetreversão sexual, a chamada "cura gay".
A justificativa, segundo o juiz, seria akilibet freebetnão impedir os profissionais "de promoverem estudos ou atendimento profissional,kilibet freebetforma reservada, pertinente à (re)orientação sexual, garantindo-lhes, assim, a plena liberdade científica acerca da matéria, sem qualquer censura ou necessidadekilibet freebetlicença prévia".
A liminar atende parcialmente uma ação movida contra o Conselho Federalkilibet freebetPsicologia por Rozangela Alves Justino, psicóloga que teve seu registro profissional cassadokilibet freebet2009 por oferecer "terapias para curar a homossexualidade masculina e feminina". Resolução do órgão proíbe desde 1999 tratamentoskilibet freebetreversão da orientação sexual.
O argumento é que homossexualidade não representa doença, distúrbio nem desvio psicológico e, portanto, não cabe reorientação. Mas Rozangela Justino argumenta, na ação, que a resolução do conselho representa atokilibet freebet"censura" e impede psicólogoskilibet freebet"desenvolver estudos, atendimentos e pesquisas acercakilibet freebetcomportamentos e práticas homoeróticas".
Na sexta, o Conselho Federalkilibet freebetPsicologia recorreu da decisão judicial que libera o tratamentokilibet freebet"cura gay". Diretor do órgão, Pedro Paulo Bicalho nega que a resolução impeça pesquisas sobre orientação sexual e identidadekilibet freebetgênero.
"Isso não faz o menor sentido, porque o órgão que regulamenta pesquisa no Brasil é a Coordenação Nacionalkilibet freebetÉticakilibet freebetPesquisa, órgão do Conselho Nacionalkilibet freebetSaúde. Os conselhos profissionais não têm a menor interlocução com pesquisa cientifica."
Função da terapia
Além da experiência pessoal com terapia no reconhecimento da própria identidadekilibet freebetgênero, Gabriel Oliveira é psicoterapeuta e professorkilibet freebetpsiquiatria da Universidadekilibet freebetBrasília. Ele argumenta que a função do processo terapêutico é permitir que o indivíduo, com interlocução do psicólogo, organize os próprios pensamentos e identifique os fatores causadoreskilibet freebetangústias e sofrimentos.
"A terapia precisa ajudar o paciente a se conhecer mais profundamente, compreender, acessarkilibet freebetreal identidade e se aceitar, aceitarkilibet freebetorientação, como algo que faz parte do humano, da vida", defende.
"Ao existir tratamento para a homossexualidade parte-se do pressupostokilibet freebetque a homossexualidade é uma doença, algo que precisa ser tratado, como se você pudesse, através da psicoterapia, ser heterossexual. Vai levar as pessoas a não se aceitarem, a se sentirem inadequadas", diz.
É esta também a posição do Conselho Federalkilibet freebetPsicologia. "O papel da terapia é empoderar o sujeito para que ele possa conviver da melhor maneira possível com akilibet freebetorientação sexual e identidadekilibet freebetgênero e dar a ele condiçãokilibet freebetentender os processos históricos e sociais que fazem com que setores da sociedade tenham preconceitos e fobia LGBT", explica Bicalho, que também é professor da Universidade Federal do Riokilibet freebetJaneiro (UFRJ).
"É um processo muito importante. O Conselho Federalkilibet freebetPsicologia nunca impediu tratamento psicológico. O que proíbe é terapia vinculada a um processokilibet freebetreversão da orientação sexual ou da identidadekilibet freebetgênero", completou.
O advogado Mauro Finatti, por exemplo, diz que encontrou na terapia uma formakilibet freebetse conhecer melhor ekilibet freebetabordar com clareza diferentes aspectos da vida pessoal e profissional. Casado há cinco anos com outro homem, ele conta que a psicologia o ajudou a lidar com o modo como familiares e colegaskilibet freebettrabalho reagem àkilibet freebetorientação sexual.
"A terapia me fez fazer uma análise da minha vida como um todo,kilibet freebetaspectos familiares a questõeskilibet freebettrabalho e, dentro desses aspectos, a questão da homossexualidade,kilibet freebetrelacionamentos", relata.
"O processo terapêutico me ajudou muito a ajustar expectativas, até com relação à aceitação da minha sexualidade no ambiente familiar ekilibet freebettrabalho. Eu tinha a expectativakilibet freebetque tinha que explorarkilibet freebetforma mais aberta a minha sexualidade com a minha família e que eles tinham que me aceitar. Tinha essa inconformaçãokilibet freebetnão ter uma relação mais aberta na minha família. A terapia me ajudou a resolver essa questão comigo mesmo", detalha.
Libertarkilibet freebetangústias
Psiquiatra e psicanalista, Oswaldo Ferreira Leite Neto explica que, ao contráriokilibet freebetimpor, conter e transformar desejos e preferências, a terapia, também no caso na psicanálise, tem a finalidadekilibet freebetajudar o paciente a descobrir quem é e o que quer.
"A pessoa, na análise, num ambiente livrekilibet freebetpreconceitos, descobre o que quer. O analista ajuda a fazer o parto da alma, a libertarkilibet freebetangústias e culpas", diz.
Para Leite Neto, a orientação sexual não pode ser definida ou "revertida" com terapia. Ele lembra que o desejo, no caso do ser humano, não é somente relacionado ao sexo e ao instintokilibet freebetprocriação, mas também intermediado pela "fantasia", que é o "imaginário, o universo da vida mental".
"O que é tratável numa pessoa são as angústias, as coisas do inconsciente que travam, reprimem. As pessoas vão à terapia para descobrir quem são e que são donas do próprio nariz", afirma.
Como é no mundo
Há quase 30 anos, a Organização Mundialkilibet freebetSaúde retirou a homossexualidade da lista internacionalkilibet freebetdoenças.
Nos EUA, cada Estado tem as próprias regras sobre tratamentoskilibet freebetreversão sexual. Muitos deles proíbem a práticakilibet freebetmenoreskilibet freebetidade. A Associação Psiquiátrica Americana se opõe a qualquer "tratamento psiquiátrico, como a terapiakilibet freebetconversão baseada no pressupostokilibet freebetque a homossexualidade seja um transtorno mental oukilibet freebetque um paciente deveria mudarkilibet freebetorientação sexual".
Na Europa, somente Malta proíbe expressamente tratamentoskilibet freebet"cura gay", mas entidadeskilibet freebetpsicologia e saúdekilibet freebetdiversos países se opõem à prática. No Reino Unido, por exemplo, o NHS (equivalente ao SUS) classifica tratamentoskilibet freebetconversão da orientação sexual como algo "potencialmente prejudicial e antiético".
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