O tiro saiu pela culatra? Por que Joesley agora corre riscojogos para apostar amanhãser preso:jogos para apostar amanhã

Empresário Joesley Batista cercadojogos para apostar amanhãjornalistas e vestindo um terno sem gravata
Legenda da foto, Joesley Batista com o cabelo raspado na saídajogos para apostar amanhãum depoimento à Justiçajogos para apostar amanhãSP,jogos para apostar amanhãagosto (Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil )

O diálogo, que acabou gravado por engano e entregue ao Ministério Público, é agora a principal ameaça contra o plano do empresário. Joesley nunca teve tanto a explicar.

Além da possibilidadejogos para apostar amanhãperder os benefícios do acordojogos para apostar amanhãdelação premiada - e enfrentar pesadas denúncias do Ministério Público - o empresário pode ser afastado da direção da holding J&F.

O assunto deve ser decididojogos para apostar amanhãuma assembleiajogos para apostar amanhãacionistas da empresa marcada para a semana que vem. Como se não bastasse, os delatores da JBS terãojogos para apostar amanhãcomparecer ao Congresso para responder perguntas sobre os casosjogos para apostar amanhãcorrupção.

Joesley tinha um depoimento marcado para a tardejogos para apostar amanhãterça-feira. Deveria ir à Polícia Federal na Asa Sul,jogos para apostar amanhãBrasília, falar sobre denúncias apuradas pela operação Bullish, que investiga possíveis fraudes e irregularidadesjogos para apostar amanhãaportes concedidos pelo Banco Nacionaljogos para apostar amanhãDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entre 2007 e 2011.

Mas o empresário faltou: estava preocupado demais com uma declaração do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na noite anterior, ao informar à imprensa sobre a existência do polêmico diálogo entre os delatores, Janot disse que Joesley e Saud tinham omitido crimes ao fechar a delação premiada. E que, por isto, o acordo "provavelmente" seria revisto.

'Reserva mental'

Janot se referia a indícios presentes na gravaçãojogos para apostar amanhãpouco maisjogos para apostar amanhãquatro horas entregue por Joesley Batista na última quinta-feira. Na conversa, Joesley e Saud se referem a um plano para cooptar o ex-procurador do MPF Marcelo Miller, então integrante da força-tarefa da Lava Jatojogos para apostar amanhãBrasília.

O diálogo sugere que Joesley e Saud queriam que Miller ajudasse a aproximar os futuros delatoresjogos para apostar amanhãRodrigo Janot. Naquele momento, o ex-procurador estava prestes a deixar o MPF para trabalhar no escritóriojogos para apostar amanhãadvocacia Trench, Rossi e Watanabe, que negociou o acordojogos para apostar amanhãleniência da holding J&F. Miller também estaria ajudando os delatores a fechar a proposta que seria apresentada ao seu chefe na PGR. Os detalhes do diálogo permitem inferir que, até então, os executivos ainda não tinham procurado a equipejogos para apostar amanhãJanot para negociar a delação.

A gravação teria sido feita no dia 17jogos para apostar amanhãmarço deste ano e seria frutojogos para apostar amanhãum erro: Joesley teria deixado o pen drive gravador ligado acidentalmente. O aparelho que pode vitimá-lo é o mesmo usado por ele para acusar: com o gravador, Joesley grampeou o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburujogos para apostar amanhãBrasília e produziu a principal peçajogos para apostar amanhãsua delação.

O delator só entregou este e outros 15 arquivosjogos para apostar amanhãáudio por volta das 19h do último dia do prazojogos para apostar amanhãdois meses que tinha para complementar as informações do acordo.

Enviar novos arquivos e revisitar declarações é prática comum entre os delatores da Lava Jato. Ocorreu várias vezes com executivos da empreiteira Odebrecht, por exemplo, que apresentaram detalhes e entregaram mais documentos.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, leva as mãos ao rosto durante uma reunião do Conselho Superior do MPF
Legenda da foto, O PGR Rodrigo Janot deixa o cargo no dia 17jogos para apostar amanhãsetembro e deve decidir sobre o acordojogos para apostar amanhãJoesley antes disso (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A diferença, segundo a PGR, é que agora há indíciosjogos para apostar amanhãque Joesley omitiu informações sobre possíveis crimes na negociação do acordo. Agiu com "reserva mental" - no jargão jurídico, uma situação que ocorre quando a pessoa fecha um acordo já com a intençãojogos para apostar amanhãdescumpri-lo.

Além disso, Ricardo Saud só teria revelado agora que possui uma conta bancária no Paraguai, cujo saldo não foi divulgado. Ao omitir a informação, ele pode ter pago uma multa menor do que deveria quando fechou o acordo.

"A base do acordojogos para apostar amanhãdelação é a confiança. Não pode haver vazamento, não pode haver omissãojogos para apostar amanhãinformações e não pode haver reserva mental. E parece que ele (Joesley) omitiu informações para finalidade própria, ou para atacar a PGR, depois", diz um procurador da República familiarizado com colaborações premiadas.

Num dos trechos do áudio, Saud sugere que o próprio Janot seria convidado a trabalhar no escritório Trench, Rossi e Watanabe após deixar o MPF (ele conclui o mandato como procurador-geral da Repúblicajogos para apostar amanhã17jogos para apostar amanhãsetembro). A gravidade da acusação - que lança dúvidas sobre a idoneidadejogos para apostar amanhãJanot - justifica o tom agressivo adotado pelos procuradores para tratar do assunto.

Temerosos do estrago feito, na noitejogos para apostar amanhãterça-feira, Joesley e Saud divulgaram uma nota à imprensa na qual tentam reverter a situação. As referências a procuradores e ministros do STF não teriam "nenhuma conexão com a verdade", segundo a nota.

"Não temos conhecimentojogos para apostar amanhãnenhum ato ilícito cometido por nenhuma dessas autoridades. O que nós falamos não é verdade, pedimos as mais sinceras desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso", afirmam.

Procurada, a JBS decidiu não comentar o caso.

O que acontece agora

Joesley, Saud e o ex-advogado da JBS e delator Franciscojogos para apostar amanhãAssis e Silva têm até sexta-feira para comparecer à PGR e depor sobre o assunto. O ex-procurador Marcelo Miller também terá que falar. O PGR quer saber o porquê do escritóriojogos para apostar amanhãadvocacia ter demitido Millerjogos para apostar amanhãjulho, após a contratação dele ter sido noticiada pela imprensa. E se o escritório fez alguma investigação interna para apurar possíveis irregularidades.

Só depois disso é que Janot deve decidir se revisa ou não os benefíciosjogos para apostar amanhãJoesley Batista, Saud e Assis. Outros quatro executivos da J&F que fecharam acordosjogos para apostar amanhãdelação - inclusive Wesley Batista, irmão mais novojogos para apostar amanhãJoesley - não correm risco, a princípio. Se a decisão for pela revisão, a manifestaçãojogos para apostar amanhãJanot segue para o Supremo Tribunal Federal, onde caberá ao relator da Lava Jato, Edson Fachin, decidir se aplica ou não penalidades.

O ministro Edson Fachin
Legenda da foto, A decisão final sobre a delação dos Batistas deve serjogos para apostar amanhãEdson Fachin, do STF (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Na pior das hipóteses, o trio perde o acordojogos para apostar amanhãdelação, e o MPF fica livre para denunciá-los. Somadas, as penas para todos os crimes confessados por Joesley e Wesley, por exemplo, podem chegar a 1,3 mil anosjogos para apostar amanhãprisão, segundo cálculo do jornal O Estadojogos para apostar amanhãS. Paulo.

Por ora, a anulação dos acordosjogos para apostar amanhãdelação das pessoas físicas não anula a "delação" da pessoa jurídica, isto é, o acordojogos para apostar amanhãleniência da holding J&F.

O controle das empresas

Mas não é só no campo penal que Joesley pode ter se prejudicado. Investigaçõesjogos para apostar amanhãandamento no Congresso, na Comissãojogos para apostar amanhãValores Mobiliários e no Banco Nacionaljogos para apostar amanhãDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES) podem trazer ainda mais danos aos irmãos Batista antes do fim do mês. O BNDES é donojogos para apostar amanhã20% do controle acionário da J&F.

Na próxima semana, acionistas da companhia devem realizar uma assembleia extraordinária. O BNDES pedirá o afastamento dos irmãos do controle formal da empresa. Os Batistas já tinham deixado os postosjogos para apostar amanhãpresidente e vice-presidente do conselho da J&Fjogos para apostar amanhãmaio. Mas Wesley continuava integrando o conselho, alémjogos para apostar amanhãter indicado o pai, José Batista, para a vice-presidência.

Além disso, os acionistas podem determinar que a J&F realize uma apuração interna contra os Batistas e processe os empresários na Justiça. É o que o BNDES irá propor.

Presidente Michel Temer falajogos para apostar amanhãum púlpito, com o dedojogos para apostar amanhãriste
Legenda da foto, O presidente Michel Temer é beneficiado pela reviravolta na delação da JBS (Foto: Alan Santos - Presidência da República)

Os delatores também serão chamados a dar explicações no Congresso. Na tardejogos para apostar amanhãterça-feira, deputados e senadores instalaram uma Comissão Parlamentar Mistajogos para apostar amanhãInquérito (CPMI) para investigar supostas irregularidades envolvendo o grupo J&Fjogos para apostar amanhãoperações realizadas com o BNDES. "Não há a menor possibilidade deles não serem chamados", diz o vice-presidente do colegiado, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).

"Eles montaram uma estratégia mostrando certos fatos que os beneficiavam e escondendo outros. Então, não têm direito aos benefícios [da delação]. Acho que isso é indiscutível", diz Caiado.

Finalmente, há cinco apuraçõesjogos para apostar amanhãcurso contra a J&F na Comissãojogos para apostar amanhãValores Mobiliários (CVM ), que é o órgão regulador e fiscalizador do mercado financeiro do Brasil. As investigações averiguam, entre outras coisas, se a J&F cometeu crime ao lucrar com a comprajogos para apostar amanhãdólares momentos antes do conteúdo da delação ser divulgado pela imprensa.

Na conversa com Saud gravada por acidente, Joesley justifica a opção pela delação: "A verdade te liberta", diz ele. E completa: "Eu tô dormindo mais agora do que antes". Traído pela própria língua, talvez ele não repetisse mais essa frase agora.