O jogo está sendo jogado: como o PSDB decidirá seu futuro nos próximos meses:galera bet playtech

O prefeitogalera bet playtechSão Paulo, João Doria(esq) com o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli e outros congressistas tucanos

Crédito, Wilson Dias / Agência Brasil

Legenda da foto, O atual líder tucano na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), é próximogalera bet playtechAlckmin e orientou o partido a votar contra Temer.

Na última quinta-feira, o PSDB usou o tempogalera bet playtechpropaganda partidária para desferir um ataque contundente contra o presidente da República. O governo Temer, do qual o partido faz parte com quatro ministros, foi chamadogalera bet playtech"presidencialismogalera bet playtechcooptação", formado por "políticos e partidos que só querem vantagens pessoais e não pensam no país".

Quem são os 'cabeças-pretas'

Parece contraditório, e é: o discurso veiculado na TV representa o que pensam os "cabeças-pretas", um grupo cujo núcleo é formado por cercagalera bet playtech15 deputados federais (a maioriagalera bet playtechjovens, daí o nome) e que defende o rompimento com o governo Temer.

Neste momento, os "cabeças-pretas" estão unidosgalera bet playtechtorno da tarefagalera bet playtecheleger o senador Tasso Jereissati (CE) como presidente nacional do PSDB pelos próximos 2 anos. A linha política do programagalera bet playtechTV foi definida,galera bet playtechgrande parte, por Tasso, que, interinamente, preside a legenda.

"Eu acho que o programa dialoga com a vida real. Enfrenta a realidade. Não busca atalhos. Não fica dourando a pílula. A crítica não é direcionada a esse ou aquele governo, mas é uma constataçãogalera bet playtechque o modelo está esgotado", defende o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), um dos integrantes do grupogalera bet playtech"cabeças-pretas".

Tasso Jereissati chegou ao comando do partidogalera bet playtechmaio, quando Aécio Neves (PSDB-MG) foi atingido pela delação dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos do frigorífico JBS. Nos últimos dias, Tasso têm feito uma maratonagalera bet playtechreuniões com deputados e outros dirigentes do PSDB, tentando consolidar a própria posição.

No grupo ligado a Aécio Neves, o programagalera bet playtechTV da quinta-feira aumentou a sensaçãogalera bet playtechque é necessário acabar com a interinidadegalera bet playtechTasso e retornar o comando do partido para as mãos do senador mineiro o quanto antes. O discurso deste grupo égalera bet playtechque não há mais divisão no PSDB quanto a permanecer ou não no governo: a divergência teria sido superada quando a Câmara engavetou a denúncia contra Temer.

"Acabeigalera bet playtechfalar sobre isso [a divisão no PSDB] no almoço da FPA", disse à reportagem o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT). Ele se refere ao encontro semanal da Frente Parlamentar da Agropecuária, nome oficial da bancada ruralista, presidida por ele.

O presidente nacional interino do PSDB, Tasso Jereissati (esq.) e o presidente afastado da sigla, Aécio Neves

Crédito, Marcelo Camargo / Agência Brasil

Legenda da foto, O programa eleitoral desta quinta-feira azedougalera bet playtechvez o clima entre Aécio (dir.) e Tasso Jereissati.

"Se a gente focar nas reformas, teremos unidade no PSDB. Você precisa entender quando sai vencedor ou sai derrotado. E é preciso entender que isso [a divisão do partido] se encerrou no dia da votação da denúncia [contra Temer]", diz Leitão.

Para a ala tucana que deseja permanecer no governo, há dois bons motivos para não romper com Michel Temer agora.

O primeiro é o acesso à "máquina": cargos, emendas e apoio do governo federal serão mais importantes do que nuncagalera bet playtech2018, uma eleição a ser disputada sem dinheirogalera bet playtechempresas privadas. Estar "de bem" com a União pode se revertergalera bet playtechbenefícios (um postogalera bet playtechsaúde, um trechogalera bet playtechrodovia asfaltado) para a localidade onde o deputado se elege . E este tipogalera bet playtechresultado costuma ser determinante para o sucesso nas urnas.

O segundo é a perspectivagalera bet playtechque, mais dia ou menos dia, a população começará a sentir os efeitos da melhoria do ambiente econômico. Afinal, o desemprego parougalera bet playtechaumentar, a inflação está baixa e os juros estão caindo. Para eles, quando o bem-estar aparecer, o PSDB poderá recolher os dividendos eleitoraisgalera bet playtechter sido o fiador do atual programa econômico.

Além disso, Aécio Neves, golpeado pela Lava Jato, precisa da proteção que o governo Temer e o baixo-clero do Congresso podem lhe oferecer neste momento, lembram adversários do tucano.

O plano da ala "temerista" do PSDB só tem um problema: falta combinar com os "cabeças-pretas".

Para o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), a ideiagalera bet playtechque a divisão no PSDB acabou com a votação do começogalera bet playtechagosto "não é real nem politicamente e nem matematicamente", diz. Ele cita o placar no PSDB: foram 22 favoráveis a Temer e 21 contrários.

"O partido está dividido. Eu continuo achando que o melhor é sair do governo Temer", diz Pedro, filho do senador tucano Cássio Cunha Lima.

Volta e meia, "cabeças-pretas" mencionam a possibilidadegalera bet playtechdeixar o partido caso prevaleça a tesegalera bet playtechficar junto a Temer até o final. "Eu não quero sair, não estou buscando sair. Com o Tasso [Jereissati], acho que o partido conseguirá se reposicionar e voltar a representar a sociedade. Evidente que se o partido se perdesse, aí tinha chancegalera bet playtechsair gente do PSDB. A crise existe, e o partido está desgastado. Isso é fato. Se o partido negasse isso, era o casogalera bet playtechsair", diz o deputado Daniel Coelho (PE), um dos parlamentares jovens.

O núcleo bandeirante

Há outro peso-pesado no PSDB que não deseja alienar aTemer suas chances eleitorais: o governadorgalera bet playtechSão Paulo, Geraldo Alckmin. Pessoas próximas ao governador dizem que Temer "tira votos", e é uma companhia tóxicagalera bet playtechuma campanha majoritária.

Aliadosgalera bet playtechAlckmin inclusive desdenham da aproximaçãogalera bet playtechTemer com o prefeitogalera bet playtechSão Paulo, João Doria. O presidente da República fez afagos públicos ao prefeito num evento do setor automotivogalera bet playtechSão Paulo, no começogalera bet playtechagosto. Para os interlocutoresgalera bet playtechAlckmin, Doria não entende nadagalera bet playtechpolítica se acha que pode se beneficiargalera bet playtech2018 da proximidade com Temer.

Há ainda a possibilidadegalera bet playtechque Temer (amigogalera bet playtechDoria há anos) estivesse simplesmente fazendo um agrado a um nome importante do PSDB que defende a continuidade do partido no governo. Seria um movimentogalera bet playtechautopreservação, já que o sucesso do peemedebista no Congresso depende do apoio dos tucanos.

Os aliadosgalera bet playtechAlckmin minimizam o fatogalera bet playtechDoria pontuar melhor nas pesquisas que o governador, atualmente. "Ano passado, nessa época, o João Doria tinha 1%. Ninguém acreditou nele, e Geraldo acreditou. É muito cedo para fazer pesquisa. As pesquisas não têm nenhum valor hoje", diz o deputado estadual Pedro Tobias (PSDB-SP), presidente estadual do PSDB.

Alckmin possui ainda outra fragilidade que não atinge Doria: o governador foi citado na delação da Odebrecht, acusadogalera bet playtechreceber dinheirogalera bet playtechcaixa dois. Ele nega irregularidades.

Publicamente, Doria diz que jamais iria contra o governador, a quem devegalera bet playtechindicação para disputar a prefeituragalera bet playtechSão Paulo no ano passado. Mas quem conversa com o prefeito diz que ele não tira da cabeça a ideiagalera bet playtechconcorrer à Presidência, mesmo que tenhagalera bet playtechmudargalera bet playtechlegenda. Nos últimos dias, Doria tem visitado vários Estados do Nordeste, região onde o PSDB é historicamente fraco.

Se Alckmin for mesmo candidato à Presidência, terá que se afastar do governo do Estado seis meses antes da eleição. O palácio dos Bandeirantes ficará temporariamente com o vice-governador Márcio França (PSB), que tem manifestas pretensõesgalera bet playtechser o candidato a governador pelo polo da centro-direita. O próprio Alckmin atuou como fiador dos planosgalera bet playtechFrança, mas seus aliados paulistas não estão convencidosgalera bet playtechdeixar para outra legenda o controle do Estado.

"Estamos aqui há quase 30 anos. Não vamos abrir mão agora", diz Tobias. Ele cita uma filagalera bet playtechpossíveis candidatos tucanos: David Uip (secretáriogalera bet playtechSaúde do Estado), Luiz Felipe d'Avila (cientista político liberal), Floriano Pesaro (secretáriogalera bet playtechDesenvolvimento Social do Estado), Bruno Covas (secretáriogalera bet playtechMeio Ambiente), entre outros.

Como será a disputa

Alckmin conta com pelo menos mais um trunfo na disputa contra Aécio Neves: o secretário-geral do partido, Silvio Torres. Deputado federal por São Paulo, Torres é aliadogalera bet playtechAlckmin e preside o grupo que definiu as regras para a convenção nacional tucana, prevista para começargalera bet playtechoutubro.

Pelo calendário apresentado por Torres à reportagem da BBC Brasil, o processo começa com os municípios: do dia 1º ao dia 8galera bet playtechoutubro, todos as pessoas filiadas ao PSDB há maisgalera bet playtech30 dias poderão votar para eleger os delegados municipais, que escolherão o comando da sigla nas cidades.

Eles também escolherão os delegados das convenções estaduais, marcadas para 11galera bet playtechnovembro. Em 9 dezembro ocorre a convenção nacional do PSDB, que definirá o comando da sigla pelos próximos dois anos, renováveis por mais dois.

O controle do partido é importante por dois motivos: quem tiver a máquina partidária levará enorme vantagem na disputa da vaga presidencial. E numa eleição sem dinheirogalera bet playtechempresas, como será 2018, caberá aos dirigentes partidários direcionar o dinheiro das campanhas.

A regra do jogo nas prévias

Além da convenção partidária, quase todos os tucanos concordam com a necessidadegalera bet playtechrealizar prévias para definir o candidato presidencial.

Não há (ainda) uma datagalera bet playtechconsenso para a consulta no PSDB. Pode sergalera bet playtechdezembro, como quer Geraldo Alckmin, ougalera bet playtechfevereiro ou março, como desejam os mais simpáticos à candidaturagalera bet playtechDoria.

Há uma propostagalera bet playtechdiscussão para o formato das prévias. Foi formulada pelo deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), próximo a Aécio Neves e um dos tucanos que mais entendegalera bet playtechtemas como reforma política e sistemas eleitorais.

Pestana propõe limitar a cercagalera bet playtechseis mil pessoas o grupo que terá direito a votar nas prévias. No plano, apenas os membros do Diretório Nacional, deputados estaduais e federais, senadores, governadores, prefeitos, vereadores, membrosgalera bet playtechdiretórios estaduais e os presidentes dos diretórios municipais participariam do pleito.

Nas atuais condições, o grupogalera bet playtechAécio Neves levaria vantagem neste desenho. Se todos os filiados ao PSDB puderem votar, Alckmin tenderia a largar na frente, já que 21% dos filiados do PSDB estãogalera bet playtechSão Paulo. São 306 mil tucanos no Estado governado por Alckmin. Em Minas Gerais, são 155 mil.

Ainda não está claro quem o grupogalera bet playtechAécio defenderá como candidatogalera bet playtech2018.

A justificativagalera bet playtechPestana é criar um colegiado "sem questionamentos acercagalera bet playtechsua consistência e legitimidade". O deputado pretende ainda que haja ao menos um "grande debate na TV aberta ougalera bet playtechum grande site da internet" antes da votação,galera bet playtechum formato semelhante ao adotado pelos partidos americanos durante as prévias.

Outro aecista revela a preocupaçãogalera bet playtechque as prévias pudessem ser influenciadas por filiaçõesgalera bet playtechmassa,galera bet playtechpessoas sem ligação com o partido. O tucano lembra que isto chegou a ocorrergalera bet playtechalguma medida no PT, no períodogalera bet playtechque o partido adotou o chamado PED (Processogalera bet playtechEleição Direta).

Geraldo Alckmin comanda uma reunião no Palácio dos Bandeirantes, cercadogalera bet playtechaliados do PSDB

Crédito, Alexandre Carvalho / Governo do Estadogalera bet playtechSP

Legenda da foto, O governador Geraldo Alckmin está determinado a disputar a presidência da Repúblicagalera bet playtech2018.

Consensogalera bet playtechgestação?

Alémgalera bet playtechTasso Jereissati, outro candidatogalera bet playtechpotencial à presidência do PSDB é o governadorgalera bet playtechGoiás, Marconi Perillo. Ele é ligado a Aécio Neves. Mas Perillo ventila nas internas que não toparia se candidatar se tivergalera bet playtechenfrentar uma disputa. Só aceitaria a missão se fosse aclamado, por unanimidade. Cenário pouco provável.

Dessa forma, alguns dirigentes tucanos defendem que se chegue a um consensogalera bet playtechtornogalera bet playtechquem dirigirá o partido egalera bet playtechquem será o candidatogalera bet playtech2018.

"O futuro nos unifica, e o presente nos divide. O PSDB é um partido essencial para a reconstrução do centrogalera bet playtechgravidade política do Brasil. E nós temos deixado um vácuo. O crescimentogalera bet playtechLula e Bolsonaro é prova disso", diz Marcus Pestana.

"Essa fasegalera bet playtech'controvérsias' está, a meu sentir, sendo superada. Somos pessoas do bem e nos respeitamos uns aos outros. Existe um respeito muito grande entre nós. Acho que caminhamos para essa unidade a partirgalera bet playtechagora", diz o vice-presidente nacional do partido, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP).

Apesar dos discursos apaziguadores, as movimentações sugerem que as palavras são vazias e que haverá disputa no fim do ano. "Você está vendo algum 'Lula' aqui para indicar um 'poste' e passar por cimagalera bet playtechtodo mundo? Isso aqui é o PSDB. É claro que haverá disputa, o que não é necessariamente ruim", resume uma assessora do partido.