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'Professora, você é homem?' A vidarodada gratis sem depositouma mulher trans na salarodada gratis sem depositoaula:rodada gratis sem deposito
Nas duas situações, foi pioneira. Deve tornar-se até o fim do ano a primeira reverenda trans da ICM na América Latina e foi a primeira mulher trans a adotar uma criança no Brasil.
Na escola,rodada gratis sem depositotransformação trouxe a discussãorodada gratis sem depositogênero para a aula. Perguntas sobre o tema começaram a aparecer entre as liçõesrodada gratis sem depositogramática. Um dia, um dos alunos comentou: "professora, para mim você sempre vai ser um homem". O jovem sentia-se incomodado com a maquiagem e o cabelo liso no corpo forterodada gratis sem depositomaisrodada gratis sem deposito1,80m.
"Vi que ele ficou nervoso, mas respondi: 'fala, vivemosrodada gratis sem depositouma democracia, quero ouvir você'. Não coloco nada goela abaixo. Apenas convido à reflexão. Eu disse: 'se mesmo depoisrodada gratis sem depositotudo o que te apresentei, você olhar para mim e ver um homem vestidorodada gratis sem depositomulher, mas respeitar esse homem vestidorodada gratis sem depositomulher, está ótimo. Você é livre para concordar ou não, mas o deverrodada gratis sem depositorespeitar, isso não abro mão'."
Para Alexya, falar sobre identidade não serve apenas para tornar os estudantes mais tolerantes. Ela diz que o debate, muitas vezes iniciado pelas turmas, ajuda a formar cidadãos com poderrodada gratis sem depositoargumentação, que pensem sobre si próprios e sobre os outros, mesmo que seja para discordar das ideias da professora.
"Deixo que tragam suas realidades... porque as crianças querem ser ouvidas. Muitas delas não têm um pai e uma mãe que sentam para conversar. Percebo que, trabalhando esses mecanismosrodada gratis sem depositoconstrução do gênero, eles pensam para falar e começam a ter vocabulário para se expressar sobre esse e outros assuntos. Como dizer que não se tornam mais donos darodada gratis sem depositorazão?"
Mesmo com dúvidas e discordâncias, ela diz que as classes lidam bem comrodada gratis sem depositotransexualidade. O preconceito, afirma, não é comum às crianças - o maior problema está nos adultos. No diretorrodada gratis sem depositouma escola anterior que insistiarodada gratis sem depositochamá-larodada gratis sem depositoAlexander. Nos funcionários que olhavam (e olham) torto para suas roupas, nos pais que a acusamrodada gratis sem depositoconverter seus filhosrodada gratis sem depositogays e lésbicas.
"Ainda sinto que sou muito silenciada. Assim que começou a sair a discussão sobre a cartilha anti-homofobia, a diretorarodada gratis sem depositooutro colégio, que era evangélica, disse que eu não poderia mais falar sobre gênero. Respondi: querida, entrei na sala, eu sou o gênerorodada gratis sem depositopessoa. Meu corpo me representa enquanto gênero", diz.
"Como uma mãe pode vir brigar comigo, se eu falei pro filho dela ajudá-la com os afazeresrodada gratis sem depositocasa? Falarrodada gratis sem depositogênero não é falarrodada gratis sem depositosexo, é discutir a condição humana."
Carinho e confidências
Se colegas e pais tentam calá-la, adolescentes e crianças parecem gostar que ela fale. Na sala visitada pela BBC Brasil, Alexya recebe beijos e abraços. Ao andar entre as mesas, elogia os cachecóis e batons das meninas, enfeitadas para aparecer nas fotos da reportagem. Abre o apostila e lêrodada gratis sem depositovoz alta um exercício. Interrompe a leiturarodada gratis sem depositorepente: "gente, só tem homens nessas figuras, não tem uma mulher... que coisa chata, né?"
As alunas e alunos contam que a professora pode ser brava quando fazem bagunça, ou muito legal, e aí dançam valsa desviando das carteiras. Para Larissa Oliveira,rodada gratis sem deposito12 anos, muita coisa mudou ali quando Alexya chegou, principalmente as definições do que é tarefarodada gratis sem depositomenino ourodada gratis sem depositomenina.
"Eu, por exemplo, amo jogar bola e os garotos diziam que eu era sapatão. Depois a professora foi explicando as coisas para gente, falou que futebol não é só para homens, que não tem escolha certa para o sexo masculino ou feminino, (vale) o que a pessoa gosta. Ela ensinou bastante sobre preconceito, machismo, essas coisas. É uma pessoa maravilhosa, amorodada gratis sem depositopaixão."
A proximidade com os estudantes fez com que Alexya se tornasse confidenterodada gratis sem depositoalguns deles. Sentada na cantina do colégio, ela lembrarodada gratis sem depositoum aluno do ensino fundamental que a chamou para contar que era gay e pedir conselhos. A família do menino era muito religiosa e os pais haviam impedido as visitasrodada gratis sem depositoum primo que se assumira pouco antes.
"Quando ele estava chorando, a única coisa que eu podia falar era que ele não era uma aberração, mas um menino lindo, saudável. Não queria dar um conselho para amanhã ele dizer 'Prô, fiz aquilo que você mandou e hoje tô na rua, meu pai me espancou'. Falei que ia caber a ele saber o momento certo. Aconselhei que estudasse muito para um dia ser independente e viverrodada gratis sem depositovida."
Ao abraçar o garoto, Alexya se viu nele. Ela própria derrubou lágrimas emrodada gratis sem depositoescola, no chão do estacionamento, enquanto apanhavarodada gratis sem depositocolegas por ser a "bichinha" da classe. Maisrodada gratis sem depositovinte anos depois, não esquece do que seu professorrodada gratis sem depositoEducação Física disse ao ver a cena: "Não quis ser viado? Apanha quieto". Hoje, quando escuta alguém usando apelidos como "viadinho" na salarodada gratis sem depositoaula, faz um escândalo, diz.
Mãe e pastora
Alexya vê a ideiarodada gratis sem depositoque possa moldar a identidade ou a sexualidade do filho dos outros como "falaciosa demais". Mãerodada gratis sem depositouma menina transexualrodada gratis sem deposito10 anos erodada gratis sem depositoum garotorodada gratis sem deposito12, ela prega, inclusive como pastora, que cada um traça seu próprio caminho.
Em uma das missas da Igreja da Comunidade Metropolitana, onde seus filhos vão todos os domingos para ouvir os sermões, fala sobre a liberdade do ser. Trans, gays, lésbicas, bissexuais, travestis e drag queens ocupam as fileiras. Jesus aceitava a todos da forma como eram, diz nas pregações, então não nos cabe julgar. Mas ressalta que a ICM não se resume ao filhorodada gratis sem depositoDeus.
"Hoje é conhecida mundialmente como a igreja dos direitos humanos, porque não queremos só ficar falandorodada gratis sem depositoJesus. A gente quer ir para as frentesrodada gratis sem depositobatalha, para o Senado, para o Congresso, quer dizer que, se a mulher quiser abortar, o corpo é dela. Não vou legitimarrodada gratis sem depositovida, você legitimarodada gratis sem depositohistória."
A históriarodada gratis sem depositoAlexya é também arodada gratis sem depositosua família, símbolo da diversidade que defende. Roberto é gay, Gabriel, hétero, Ana Maria, trans. Quatro pessoasrodada gratis sem depositocantos diferentes que decidiram "cuidar umas das outras", segundo a definição da matriarca. E que se unemrodada gratis sem depositouma coisa só no momento da hóstia quando, crianças no colo dos pais, se abraçam, cabeças encostadas e olhos fechados.
Uma drag queen,rodada gratis sem depositoperucarodada gratis sem depositoarco-íris e vestidorodada gratis sem depositotutu rosa, canta um hino e sorri.
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