Três anos após desastre aéreo, parentespagbet recuperar contaEduardo Campos disputam legado na política:pagbet recuperar conta

Eduardo Campos, ex-governadorpagbet recuperar contaPernambuco e ex-candidato a Presidência

Crédito, Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Legenda da foto, Eduardo morreu no dia 13pagbet recuperar contaagosto quando o aviãopagbet recuperar contaque estava caiupagbet recuperar contaSantos, litoral paulista

Na disputa, ele enfrentará o próprio sobrinho, João Henrique Campos, um dos cinco filhospagbet recuperar contaEduardo. O jovem é visto como o sucessor políticopagbet recuperar contaEduardo Campos. Recém-formadopagbet recuperar contaengenharia civil pela Universidade Federalpagbet recuperar contaPernambuco (UFPE), ele tem 23 anos e assumiu,pagbet recuperar contafevereiro, o cargopagbet recuperar contachefepagbet recuperar contagabinete do atual governadorpagbet recuperar contaPernambuco, Paulo Câmara (PSB).

Nesse aspecto, o jovem repetiu a história do pai, que, também aos 22 anos, virou chefepagbet recuperar contagabinete do então governador Miguel Arraes,pagbet recuperar conta1987.

No diapagbet recuperar contasua posse no governo, João afirmou que "ninguém deve ser pré-julgado por ser filhopagbet recuperar contaA oupagbet recuperar contaB, deve ser julgado pelo serviço prestado."

A terceira corrente é encabeçada por Marília Arraes, prima do ex-governador e, como ele, netapagbet recuperar contaMiguel Arraes. Vereadora do Recife, ela rompeu politicamente com a família ainda quando Eduardo concorria à Presidência,pagbet recuperar conta2014. Deixou o PSB, filiou-se ao PT, e deve ser a candidata do partidopagbet recuperar contaLula ao governopagbet recuperar contaPernambuco.

Ana Arraes, mãepagbet recuperar contaEduardo, também tem sido cortejada como parceirapagbet recuperar contachapapagbet recuperar contapelo menos dois presidenciáveis. A BBC Brasil apurou que, dentro do PSB, o nome da matriarca é cogitado para dividir uma possível chapa com Geraldo Alckmin (PSDB), governadorpagbet recuperar contaSão Paulo e pré-candidato à Presidência.

Para isso, no entanto, ela teriapagbet recuperar contadeixar o cargopagbet recuperar contaministra do Tribunalpagbet recuperar contaContas da União (TCU), cadeira que assumiu durante o governopagbet recuperar contaDilma Rousseff.

João Henrique Campos, filhopagbet recuperar contaEduardo

Crédito, Reprodução/Instagram

Legenda da foto, João Henrique Campos é tido como herdeiro políticopagbet recuperar contaEduardo Campos

Brigapagbet recuperar contafamília

Uma briga ocorrida no fim do ano passado seloupagbet recuperar contavez a divisão na família Campos/Arraes. Nas últimas eleições municipais, Antônio se candidatou a prefeitopagbet recuperar contaOlinda, cidade vizinha à capital, Recife. Perdeu no segundo turno, com 43% dos votos - pouco maispagbet recuperar conta90 mil. Erapagbet recuperar contaprimeira eleição, ainda pelo PSB.

Paulo Câmara, sucessorpagbet recuperar contaEduardo no governo do Estado, participou apenaspagbet recuperar contaum atopagbet recuperar contacampanhapagbet recuperar contaAntôniopagbet recuperar contaOlinda. Isso porque o governador não quis jogar contra os candidatos concorrentes, que erampagbet recuperar contapartidospagbet recuperar contasua base.

Renata Campos e seu filho João também não subiram no palanquepagbet recuperar contaAntônio. Ao final da eleição, ele fez reclamações públicas contra a cunhada, pois se sentiu "traído" pela faltapagbet recuperar contaapoio no próprio partido e na família. Antônio acusou Renatapagbet recuperar contatemer que ele, como um candidato da família Campos, fizesse "sombra" para seu filho João Henrique.

"Renata não foi grata comigo. Eduardo teve minha solidariedadepagbet recuperar contavários momentos da vida dele", disse Antônio,pagbet recuperar contaentrevista coletiva logo após a derrotapagbet recuperar contaOlinda. "Ela acha que qualquer candidatura, mesmo que não seja antagônica, pode fazer sombra a João. Renata finge não mandar (no PSB), numa pretensa imagempagbet recuperar contafrágil, enquanto manda nos bastidores o tempo todo."

A reportagem contatou Renata, João e Antônio Campos, mas eles não quiseram dar entrevistas.

Depois da briga, o advogado deixou o PSB e entrou no Podemos, partido mais à direita do espectro político, pelo qual deve se candidatar a deputado federal.

Para Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, a saídapagbet recuperar contaAntonio não aponta divergências na família. "Lamentamos a decisão dele, que estava há muito tempo no partido. Quem disse que necessariamente todos da família devem estar no mesmo partido? Cada um toma seu rumo", diz.

Advogado Antônio Campos, irmãopagbet recuperar contaEduardo

Crédito, Reprodução/Facebook

Legenda da foto, Depoispagbet recuperar contaperder a eleiçãopagbet recuperar contaOlinda, Antônio Campos fez críticas ao PSB e a Renata Campos

Alckmin na jogada

A mudançapagbet recuperar contaAntônio para o Podemos criou a expectativapagbet recuperar contaquepagbet recuperar contamãe, Ana Arraes, também pudesse deixar a legenda liderada por anos por Miguel e Eduardo.

No mês passado, o senador Álvaro Dias, que deve ser candidato à presidência pelo Podemos, encontrou-se com a ministra do TCUpagbet recuperar contaPernambuco. Depois da reunião, circulou entre os pessebistas a possibilidadepagbet recuperar contaAna ser candidatapagbet recuperar contauma chapa com o parlamentar.

O senador confirmou o encontro, mas disse que eleições não foram o assunto. "Nós conversamos sobre a filiaçãopagbet recuperar contaAntônio. Até pelo cargo que ela ocupa no TCU, não poderíamos tratarpagbet recuperar contacandidatura", afirmou Dias,pagbet recuperar contaentrevista à BBC Brasil.

O nome da matriarca é cotado ainda como vicepagbet recuperar contaAlckminpagbet recuperar contauma eventual candidatura do tucano à Presidência. Quem articula essa aliança é o vice-governadorpagbet recuperar contaSão Paulo, Marcio França (PSB), aliadopagbet recuperar contaAlckmin e próximo à família Arraes.

Em 2018, França vai assumir o governo depois que Alckmin deixar o cargopagbet recuperar contagovernador para concorrer à Presidência. Com Ana Arraes na chapa, o tucano teria um nome forte no Nordeste, região que historicamente dá vitórias ao PT. Já França, caso consiga conjurar a manobra, ganharia força para um eventual apoio do PSDB apagbet recuperar contacandidatura ao governopagbet recuperar contaSão Paulo, segundo a BBC Brasil apurou.

O problema é que Ana, que tem 70 anos, não estaria disposta a deixar seu cargo no TCU. E,pagbet recuperar contadois anos, ela deve virar presidente do tribunal.

Um deputado ligado à família, que preferiu não se identificar, resumiu a situação: "Acho muito difícil dona Ana se candidatar a algum cargo. Se for pelo PSB, ela estaria numa corrente contrária apagbet recuperar contaseu único filho vivo, Antônio. Se for pelo Podemos, estaria contra a históriapagbet recuperar contaseu outro filho, Eduardo."

Ana Arraes, ministra do TCU e mãepagbet recuperar contaEduardo Campos

Crédito, Divulgação/TCU

Legenda da foto, Ana Arraes é cotada para ser candidata a vicepagbet recuperar contaGeraldo Alckmin nas eleições do próximo ano

À esquerda

Outra dissidente da família Campos é Marília Arraes (PT),pagbet recuperar conta33 anos, vereadora do Recife eleita com 11.800 votos. Primapagbet recuperar contaEduardo, ela deixou o PSB por divergências com o partido. Em entrevista à BBC Brasil, disse que a sigla não é mais a mesma da épocapagbet recuperar contaque era comandada por seu avô Miguel.

"Ideologicamente o partido estavapagbet recuperar contaoutro campo, o da esquerda. Hoje, é um serviçal do PSDB ", afirma. No segundo turno das eleiçõespagbet recuperar conta2014, o PSB apoiou o tucano Aécio Neves - historicamente, a legenda apoiava candidatos petistas. O próprio Eduardo foi ministropagbet recuperar contaLula.

Por outro lado, pessoas próximas à família disseram à reportagem que,pagbet recuperar conta2014, Marília quis se candidatar a deputada federal, mas teve a legenda negada pelo primo, então presidente do PSB.

No próximo ano, Marília deve ser a candidata do PT ao governopagbet recuperar contaPernambuco. Nas redes sociais, ela aparecepagbet recuperar contafotos ao lado do ex-presidente Lula, também pernambucano e considerado um bom cabo eleitoral no Estado.

Hoje, Marília é oposição a Geraldo Júlio (PSB), prefeito do Recife, e a Paulo Câmara - os dois foram indicados por Eduardo. Um ano antes da eleição, Câmara enfrenta dificuldades: o Estado vive uma escalada da violência e ele é rejeitado por 74% dos eleitores, segundo uma pesquisapagbet recuperar contaabril.

Câmara e Geraldo Júlio são investigados por suspeitapagbet recuperar contaparticipação no superfaturamento da Arena Pernambuco, construída pela Odebrecht. Eduardo também foi citado na Operação Lava Jato por irregularidades.

Para parlamentares ouvidos pela reportagem, Marília é a que mais se aproxima ideologicamente do avô Miguel Arraes, um políticopagbet recuperar contaesquerda com forte atuação na área social. "Não tenho pretensãopagbet recuperar contadizerpagbet recuperar contaqual lado Miguel Arraes estaria, mas posso dizerpagbet recuperar contaqual ele não estaria, que é esse projeto liberal e entreguista do PSB hoje", afirma ela.

No entanto, a vereadora não deve ter apoiopagbet recuperar contatoda a família nas eleições, pois a tendência épagbet recuperar contaque Renata e João permaneçam ao ladopagbet recuperar contaPaulo Câmara.

Marília Arraes, vereadora do Recife, e ex-presidente Lula

Crédito, Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Legenda da foto, Marília Arraes, vereadora do Recife, deve ser candidata do PT ao governopagbet recuperar contaPernambuco

Partido

A críticapagbet recuperar contaMarília sobre as condições ideológicas do partido é repetida por filiados mais antigos do PSB. A sigla está dividida entre redirecionarpagbet recuperar contatrajetória mais à esquerda ou se projetar à centro-direitapagbet recuperar contavez.

Na votação da Câmara que rejeitou a denúnciapagbet recuperar contacorrupção passiva contra o presidente Michel Temer (PMDB), essa divisão ficou latente: 22 deputados votaram pelo prosseguimento das investigações e 11 votaram pelo arquivamento. A executiva da legenda havia decidido ficar contra Temer, mas a líder da agremiação, Tereza Cristina, votou a favor do presidente.

Na votação da reforma trabalhista,pagbet recuperar contaabril, 14 parlamentares votaram favor da medida e 16, contra. Eduardo Campos afirmoupagbet recuperar conta2014 que era contra mudanças na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

Para Carlos Siqueira, a "divisão do partido" ocorre apenas na bancada da Câmara. "A bancada é uma instância do partido, não ele inteiro. Pessoas que divergem devem arrumar seu rumo, ou se adaptar às posições históricas do partido. Mas a decisãopagbet recuperar contaentrar ou ficar é pessoal", disse.

'Eduardismo'

Segundo Adriano Oliveira, cientista político e professor da UFPE, a imagempagbet recuperar contaEduardo Campos ainda influencia a escolha do eleitor pernambucano. Por isso, a briga por seu legado.

O pesquisador explica o "eduardismo", conceito que ele associa ao lulismo: "Eduardo conseguiu ser uma quase unanimidade: tinha eleitorespagbet recuperar contatodas as faixas sociais, dos mais ricos aos mais pobres. Ele era carismático, tinha capacidadepagbet recuperar contaaglutinar pessoaspagbet recuperar contavárias vertentes e passava a imagempagbet recuperar contatrabalhador", explica ele.

"Com apoiopagbet recuperar contaLula, conseguiu alavancar Pernambuco. Claro que, com o tempo, houve um declínio, até por causapagbet recuperar contasua morte. Mas seus sucessores, Câmara e Geraldo Júlio, ainda estão aí", diz.

Próximo a Arraes e Eduardo, Carlos Siqueira conta uma históriapagbet recuperar contatom premonitório sobre o destino da família: Miguel não queria que nenhumpagbet recuperar contaseus dez filhos seguisse carreira política.

"Eu perguntava a ele: e seu neto Eduardo? Miguel respondia: ele faz o caminho dele, tem o jeito dele", conta o presidente do PSB. "Arraes tinha receiopagbet recuperar contaser visto como um coronel do Nordeste, daqueles que têm a família inteira na política."