Emagrecedores vetados pela Anvisa e liberados pelo Congresso trazem riscos e dividem médicos:zebet wikipedia

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Legenda da foto, Liberaçãozebet wikipediaemagrecedores opõe Congresso Nacional e Anvisa

"O que encontramos foi que esses medicamentos trazem riscos graves e resultados inexpressivos", acrescenta.

Mas entidades como o Conselho Federalzebet wikipediaMedicina (CFM), a Sociedade Brasileirazebet wikipediaEndocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso) comemoram o retorno dos medicamentos ao país.

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Legenda da foto, Alimentação saudável e exercícios físicos devem ser a base dos programaszebet wikipediaemagrecimento, afirmam médicos

"Se há grupozebet wikipediamedicamentos com consenso entre sociedades médicas (sobre seu uso) e dispensado (liberado)zebet wikipediaoutros países, acreditamos que é direito do médico brasileiro ter esses medicamentoszebet wikipediaseu arsenal contra a obesidade, mesmo com as limitações dessas substâncias", defende Fábio Trujilho, presidente da SBEM.

Apesarzebet wikipediacelebrar a liberação, as entidades alertam quezebet wikipediafato há riscos associados aos remédios e que, por isso, precisam ser usadoszebet wikipediacasos específicos e por curtos períodoszebet wikipediatempo, uma vez que podem causar dependência química.

"É um medicamento para usar no paciente obeso - não para quem quer perder dois ou três quilos", ressalta Trujilho. "Essas substâncias não podem ser receitadas para pacientes que consumam outros remédios, e o tratamento não pode ultrapassar três meses", explica.

Fabricar ou não fabricar

Em meio à polêmica, a indústria farmacêutica afirma ter recebido com preocupação a volta dos emagrecedores.

"É algo que enfraquece a posição da Anvisa, que deveria ser a única responsável pela liberaçãozebet wikipediaprodutos farmacêuticos", diz Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindicato da Indústriazebet wikipediaProdutos Farmacêuticos no Estadozebet wikipediaSão Paulo (Sindusfarma).

"Passaram as anfetaminas, e podem agora passar quaisquer produtos."

Mesmo com a nova lei, avalia Mussolini, a indústria farmacêutica não deve voltar a produzir os inibidores, já que não será possível registrá-los na Anvisa. Por isso, diz, esse mercado não irá mudar no curto-prazo. "Sabemos quezebet wikipediavários países esses produtos foram contestados pelazebet wikipediafaltazebet wikipediasegurança ezebet wikipediaeficácia. Então não enxergamos que a indústria nacional vá fabricar esses medicamentos."

Para ele, as farmáciaszebet wikipediamanipulação devem absorver esse mercado, como já faziam no passado. Mas restam dúvidas sobre a origem da matéria-prima que devem utilizar, que precisará ser importada. Com as substâncias banidaszebet wikipediamercados desenvolvidos, os produtos podem virzebet wikipediapaíses com pouca regulação sanitária.

Até 2011, os remédios consumidos no país que incluíam esses inibidoreszebet wikipediaapetite eram produzidos principalmente por empresas brasileiras, como Aché Laboratórios (Dualid S e Desobesi-M), Medley (Inibex S e Absten S) e Libbs Farmacêutica (Fagolipo). Mas após o veto da Anvisa, as empresas abandonaram esse mercado e se voltaram para classeszebet wikipediaremédios contra a obesidade aprovadas pela agência - porém mais caras.

Produtos como o Saxenda, da dinamarquesa Novo Nordisk S/A, são utilizados no tratamento da obesidade e liberados no Brasil. O medicamento dá sensaçãozebet wikipediasaciedade maior, mas sem os efeitos colaterais das anfetaminas -zebet wikipediaseu caso, eles podem ser outros, como desidratação e pancreatite aguda.

O problema, argumenta Trujilho, é seu custo mensal:zebet wikipediatornozebet wikipediaR$ 700, contra os até R$ 60 dos inibidoreszebet wikipediaapetite à basezebet wikipediaanfetaminas. "Torna o acesso mais difícil", diz.

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Legenda da foto, Inibidoreszebet wikipediaapetite aumentam a pressão arterial

Efeitos colaterais

A anfepramona, o femproporex e o mazindol são drogas anfetamínicas, produtos sintéticos que estimulam a atividade do sistema nervoso central e, por isso, afetam o comportamento do pacientezebet wikipediadiferentes maneiras.

Alémzebet wikipediacausar perdazebet wikipediaapetite, elas causam insônia e dão maior sensaçãozebet wikipediaenergia. Ao liberar neurotransmissores que aceleram o metabolismo, as substâncias aumentam a pressão arterial e a frequência cardíaca. Nesse processo, a pessoa queima mais calorias e, dessa maneira, perde peso.

Porém, essas substâncias trazem efeitos colaterais graves, principalmentezebet wikipediapessoas com predisposição a transtornos psiquiátricos.

"Essas drogas têm ação sobre neurotransmissores como a dopamina, a noradrenalina e a serotonina, alémzebet wikipediaoutros. Seus mecanismoszebet wikipediaação atuamzebet wikipediamecanismos comuns aos que estão presenteszebet wikipediaquadros como psicoses, esquizofrenia, depressão e pânico", afirma Táki Athanássios Cordás, psiquiatra e coordenador do programazebet wikipediatranstornos alimentares do Institutozebet wikipediaPsiquiatria do Hospital das Clínicas,zebet wikipediaSão Paulo.

Cordás, que foi um dos que colaboraram com o parecer da Anvisazebet wikipedia2011, diz que é comum pacientes apresentarem quadros psicóticos desencadeados pelos inibidoreszebet wikipediaapetite, que foram para o mercado negro após a proibição.

"Tenho vários casoszebet wikipediapacientes que passaram a tomar essas drogas e apresentam quadros paranóides,zebet wikipediaperseguição, quadros depressivos."

O principal risco, afirma, é que a maioria da população desconhecezebet wikipediapredisposição a ter enfermidades psiquiátricas - e o uso das substâncias para emagrecimento pode ter efeitos inesperados e "acordar" outras doenças. "O endocrinologista não será o profissional que irá ver as consequênciaszebet wikipediaseu consultório. Os efeitos serão sentidos pelos psiquiatras e cardiologistas."

"É uma medicação que pode aumentar tendências suicidas", acrescenta a endocrinologista Renata Sacramento, do Hospital São Vicentezebet wikipediaPaulo, no Riozebet wikipediaJaneiro. "Alguns pacientes dizem que se sentem horríveis. Para alguns, funciona, mas é a minoria", afirma.

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Legenda da foto, Para sociedades médicas, medicamentos podem ajudar pessoas obesas que não tenham contraindicações

Indicações

Entidades médicas favoráveis ao uso dos anorexígenos ressaltam que eles só devem ser usadoszebet wikipediacasos restritos -zebet wikipediageral, pacientes obesos e que não tenham contraindicações, como predisposição a doenças cardíacas e psiquiátricas.

De acordo com o Ministério da Saúde, obesos são aqueles com índicezebet wikipediamassa corpórea (IMC) acimazebet wikipedia30 kg/m². Outro público-alvo seriam pessoas com sobrepeso e sob o riscozebet wikipediadesenvolver doenças graves, como o diabetes.

Para esses especialistas, o uso dos remédios para emagrecer auxilia na redução dos efeitos nocivos da obesidade, que atinge uma porção cada vez maior da população. De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgadoszebet wikipedia2015, 57% dos brasileiros estão acima do peso -zebet wikipedia2003, eram 42%.

"A obesidade não pode ser vista como má vontade do paciente. Precisa ser vista como doença que precisazebet wikipediaremédioszebet wikipediadeterminados momentos", diz Trujilho, da Sociedade Brasileirazebet wikipediaEndocrinologia.

"É importante que o paciente obeso volte a ter essas opçõeszebet wikipediatratamento", avalia Salomão Rodrigues Filho, psiquiatra e conselheiro do Conselho Federalzebet wikipediaMedicina, entidade que lamenta a proibição das substâncias pela Anvisa. Para a organização, cabe ao médico prescrever o medicamento com segurança, respeitando as restriçõeszebet wikipediaindicação.

"Pacientes obesos têm possibilidade muito maiorzebet wikipediadesenvolver doenças crônicas como a diabetes tipo 2, hipertensão arterial, o que vai facilitar possibilidadeszebet wikipediainfarto ezebet wikipediaacidentes vasculares cerebrais. Essas são substâncias para evitar esses problemas", diz.

Ambos os profissionais ressaltam que as substâncias precisam ter receita controlada e que médico e paciente devem assinar um termozebet wikipediaresponsabilidade, para que estejam cientes dos riscos associados aos medicamentos.

'Resistência' ao emagrecimento

Um dos argumentos utilizados pela Anvisa para proibir as anfetaminas emagrecedoras foi que os benefícios eram poucos se comparados aos riscos que esses medicamentos apresentavam. Estudo do órgão regulador na época apontou que as substâncias garantiam perdazebet wikipediapeso apenas no curto prazo - ou seja, após o tratamento os pacientes voltavam a engordar.

De acordo com a endocrinologista Renata Sacramento, existezebet wikipediafato um "efeito rebote" - ou seja, o paciente perde peso, mas depois passa a ter mais do que tinha antes. "Tenho pacientes que já tomaram e emagreceram, mas depois ganharam o triplo e não conseguiram perder mais."

A médica diz que a perdazebet wikipediapeso fica ainda mais difícil após esse efeito. "O corpo cria uma espéciezebet wikipedia'resistência' ao emagrecimento", explica.

Médicos relatam ainda casoszebet wikipediaque a suspensão do remédio leva a um comportamentozebet wikipediacompulsão alimentar e a piora do quadrozebet wikipediaobesidade anterior.

"Você está levando gente doente a consumir uma droga que vai deixá-los ainda mais doentes", afirma Cordás. "Mesmo se houvesse benefício marginal, o risco sobrepuja muito o benefício possível."

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Legenda da foto, Para representante da indústria, farmáciaszebet wikipediamanipulação devem assumir mercado dos inibidoreszebet wikipediaapetite

Mudançazebet wikipediahábito

Apesarzebet wikipediadivergirem dos riscos e benefícios das substâncias, os especialistas concordam que aqueles que precisam emagrecer não poderão escapar da reeducação alimentar e da mudançazebet wikipediahábitos, como a práticazebet wikipediaatividades físicas. Essas medidas levam mais tempo, mas garantem um quadrozebet wikipediaemagrecimento saudável e sustentável para o paciente.

"Como tudo na vida, perder peso é difícil. Precisa mudar a alimentação, não fumar, fazer atividade física. O problema é que quando chega um remédio, as pessoas pulam etapas e não querem fazer a parte mais importante", avalia Sacramento.

Trujilho, da SBEM, diz que as substâncias devem ser usadas apenas no início do tratamento para ajudar o paciente a incorporar uma dieta regrada, e que a reeducação alimentar é necessária.

"É preciso usar o medicamento por determinado período, para auxiliar o organismo a se adaptar a um novo comportamento."

A melhor maneirazebet wikipediaenxergar a medicação é como partezebet wikipediaum tripé que possui outros elementos também essenciais num programazebet wikipediaemagrecimento, avalia Sacramento. Às vezes, diz a médica, o paciente já chega ao consultório com a ideia fixazebet wikipediaque precisazebet wikipediaum medicamento - e cabe ao médico educá-lo e deixar claro que não há efeito imediato sem consequências graves.

"O remédio nunca será a base da pirâmide", explica. "A base é reeducação alimentar e exercício físico."