Como fica o Brasil no mapa das relações globais pós-Brexit:br4 apostas
Tanto no governo brasileiro quanto no britânico, diz, há "ruídos positivos" sobre acordos comerciais e como a negociação poderia agora ser mais fácil, sem incluir os variadíssimo rolbr4 apostasinteresses do blocobr4 apostas28 países europeus -br4 apostasbreve, 27.
As mudanças impulsionarão o Reino Unido a buscar novos parceiros "em toda a parte", aposta Pereira. O histórico da postura britânica fala a favor das relações com o Brasil e os demais países do Mercosul.
Abertura a produtos agrícolas?
Nas negociações para tentar chegar a um acordo comercial entre os blocos sul-americanos e europeus, o Reino Unido era o que se posicionavabr4 apostasmaneira mais liberal, aponta Pereira - diferenciando-se da postura do restante do grupo principalmente no que diz respeito a barreiras para produtos agrícolas.
"Nas negociações para se chegar a um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, um dos principais entraves sempre foram as proteções agrícolas, impostas sobretudo pela Europa continental, especialmente pela França", ressalta o diretor do Brazil Institute da King's College London.
Nessas negociações, o Reino Unido se destacava por adotar postura mais liberal e menos protecionista, diz Carlos Pio, professorbr4 apostaseconomia política internacional da Universidadebr4 apostasBrasília (UnB).
"O Reino Unido era o país que puxava mais fortemente para uma liberalização agrícola na UE e combatia o protecionismo no bloco", diz Pio. "Agora, portanto, espera-se que mantenham uma posição mais liberal. Eles vão tentar minimizar as eventuais perdas oriundas da saída da UE com ganhos nas relações com outros países."
'Choquebr4 apostasrealidade'
Perdendo umbr4 apostasseus membros mais fortes, porém, a União Europeia também precisará se fortalecer. O economista e cientista político Marcos Troyjo diz que o Brexit levou a um "choquebr4 apostasagilidade ebr4 apostasrealidade na UE" - um impulso que favorece o Brasil.
"Se a UE quiser permanecer relevante, aqueles que continuarem no bloco vão querer agilizar acordos comerciais com terceiros países", diz Troyjo, diretor do BRIClab da Universidadebr4 apostasColumbia,br4 apostasNova York.
"Isso pode dar mais chances para que o famoso acordo negociado entre a UE e o Mercosul - que está alcançando a maioridade e vai fazer 18 anos - saia da gaveta."
Entretanto, o escândalo da operação Carne Fraca - que colocou 21 frigoríficos sob suspeita e levou países no mundo todo a suspender temporariamente a entrada da carne brasileira - não ajuda nesse processo.
"A UE sempre usou a segurança alimentar como desculpa (para impor barreiras aos produtos agrícolas brasileiros), e esse episódio vai servir obviamente como um obstáculo importante", considera Troyjo.
'Populismo, protecionismo e xenofobia'
O voto que decidiu pelo "Brexit" chocou o mundobr4 apostasjunho do ano passado, quando uma maioriabr4 apostasbritânicos decidiu pela saída do bloco europeu - levando à renúncia do ex-primeiro ministro David Cameron, que convocara o referendo mas defendia a permanência no bloco.
Para Troyjo, o movimento pela saída reflete ideologias paradoxais. De um lado há um sentimento ensimesmadobr4 apostasuma maioria da população mais velha, menos viajada, menos urbana, que defende a preservaçãobr4 apostasum Reino Unido anglicano, branco, mais fechado a imigrantes. Seria o lado do Brexit sustentado pelo tripé "populismo, protecionismo e xenofobia", afirma.
De outro lado está a ideiabr4 apostasque, com o Brexit, o Reino Unido conseguiria se desvencilharbr4 apostasuma estrutura "arcaica, burocrática, paralisante" da União Europeia - gerando mais engajamento global e um maior dinamismo dos britânicos. "Considero essa ideologia mais sofisticada e interessante, e torço para que seja preponderante", diz Troyjo. Este seria, claro, o caminho mais benéfico para o Brasil.
Antes que relações possam ser redesenhadas no cenário global, porém, há uma sériebr4 apostasquestões espinhosas a resolver para definir como será o divórciobr4 apostassi - e que "desenho" terá o Reino Unido depois.
Futuro nebuloso
Renato Galvão Flôres Jr., conselheiro do Centro Brasileirobr4 apostasRelações Internacionais (Cebri), aponta para as relações tensas com a Escócia da chefe do governo regional Nicola Sturgeon - e a possibilidade, após as negociações do Brexit,br4 apostasum novo plebiscito ser convocado para decidir sobre a independência da Escócia, e, nesse caso, negociar um retorno à UE - como o maior exemplo do quão nebuloso ainda é o futuro da ilha.
"Durante o próximo ano, o Foreign Office (Ministériobr4 apostasRelações Exteriores) terá que se ocupar dessas questões completamente. O Brexit vai ocupar todo o capital humano; todos os funcionáriosbr4 apostastodos os departamentos estão sendo requisitados para a negociação", ressalta Flôres, que é diretor do Núcleobr4 apostasProspecção e Inteligência Internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A curto prazo, portanto, ele acha que não haverá impacto para o Brasil - mas, lá na frente, é possível que o país ganhe "dos dois lados".
"Tanto o Reino Unido, ou o que restar dele, quanto a União Europeia, vão estar mais abertos a dialogar com nações externas como o Brasil", considera.
"Não vamos nos iludir, as prioridades vão continuar sendo países da Ásia e do Oriente Médio", pondera. "Mas certamente Brasil e América Latina ocuparão lugares mais prioritários do que antes."
Para o Brasil, considera Anthony Pereira, será importante se manterbr4 apostasbons termos com os dois lados do "divórcio".
"Empresas que usam o Reino Unido como portabr4 apostasentrada para o resto da Europa podem ser afetadas, e neste sentido o país pode se tornar menos interessante para empresas brasileiras", aponta Pereira. "Por outro lado, o fatobr4 apostasa libra esterlina ter caído 17%br4 apostasrelação ao dólar americano desde o referendo torna o mercado britânico mais interessante do que era."
Medo do imponderável
Pereira considera que haverá interesse crescentebr4 apostasintensificar relações já fortes entre Brasil e Reino Unidobr4 apostasáreas como óleo e gás, pesquisa e desenvolvimento, parcerias nas áreasbr4 apostasmudanças climáticas, ciências e educação.
Mas há também que se considerar a possível influência que o lado político e ideológico do Brexit - ou o próprio caráter "imponderável" que teve - pode exercer sobre o Brasil.
O histórico recentebr4 apostaseventos que surpreenderam o mundo - como a votação do Brexit e, depois, a eleição do presidente norte-americano Donald Trump - são partebr4 apostasum movimento contemporâneo que também desperta preocupação no Brasil, diz Pereira.
Com dúvidas pairando sobre o futurobr4 apostastantas figuras políticas devido aos esquemasbr4 apostascorrupção revelados pela Operação Lava Jato, o país poderia ver a aberturabr4 apostasum campo livre para novos atores e, eventualmente, ver o crescimentobr4 apostasfiguras políticas que alimentassem a indignação popular com radicalismos e preconceitos.
"Acho que o Brexit despertou temores latentes no Brasilbr4 apostasrelação ao que pode acontecer no país nas eleiçõesbr4 apostas2018", conclui Pereira.