Uber veta bairrosbaixar betnacionalSP e moradores da periferia criam a Ubra:baixar betnacional

Emerson atende ligação na sede da Ubra

Crédito, Felipe Souza/BBC Brasil

Legenda da foto, Ubra funciona a partirbaixar betnacionaluma garagem na Brasilândia,baixar betnacionalSão Paulo

Uma folhabaixar betnacionalmadeirite divide o salão mal iluminado. Duas cadeiras, mesa e um sofá compõem a salabaixar betnacionalespera dos motoristas. Um celular com WhatsApp e um telefone fixo fazem às vezesbaixar betnacionalcentral telefônica. E tudo funciona.

Mensagembaixar betnacionalerro enviada a passageirobaixar betnacionalbairro onde o Uber não entra

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Uber veta acessobaixar betnacionalmotoristas a bairrosbaixar betnacionalSão Paulo que consideram ter "desafiosbaixar betnacionalsegurança pública"

"Ubra, boa tarde. Barra Funda? Vou calcular aqui e te aviso", diz Emerson a uma clientes que liga perguntando o valorbaixar betnacionaluma corrida do seu trabalho, na Barra Funda, até o Elisa Maria, bairro da Brasilândia.

"Vai ficar R$ 35 e o motorista chegabaixar betnacionaluma hora", comunica Emerson. Mas a cliente desiste da viagem por considerar que o tempobaixar betnacionalespera era muito longo. "Relaxa, quando ela chegar aqui perto vai ligarbaixar betnacionalnovo porque ninguém sobe a nossa quebrada", diz um dos motoristas na espera.

A Ubra foi criada há 20 dias. Hoje, já são seis motoristas e a intenção é ampliar a frota nas próximas semanas. "A demanda está muito grande e a gente já está perdendo corrida. A área tem uma carência gravebaixar betnacionaltransporte, principalmente à noite", afirma Emerson enquanto atende outro cliente pelo celular.

A prefeitura informou que soube recentemente sobre o serviço prestado pela Ubra. A Secretaria Municipalbaixar betnacionalTransportes informoubaixar betnacionalnota que "tem interessebaixar betnacionalaumentar o númerobaixar betnacionalempresas que operam na cidade, sobretudobaixar betnacionallocais onde o sistema viário ainda é pouco aproveitado pelo transporte individualbaixar betnacionalpassageiros".

Por outro lado, a administração municipal afirmou que a empresa ainda não foi credenciada no Conselho Municipalbaixar betnacionalUso do Viário (CMUV) e não pode transportar passageiros. A pasta alertou que, desta forma, a "empresa e os motoristas estarão sujeitos à fiscalização e às sanções cabíveis, que incluem apreensão dos veículos e multa."

Demanda noturna e função social

Os criadores da Ubra afirmam que já têm 40 clientes fiéis, que são levados com frequência para fazer compras e até mesmo para consultas médicas. Mas é durante a madrugada que os moradores entrevistados pela BBC Brasil dizem que a Ubra faz a diferença.

A operadorabaixar betnacionalcaixa Aline Alvesbaixar betnacionalSouza,baixar betnacional27 anos, é uma das mulheres que moram na Brasilândia e, graças à Ubra, não tem mais medobaixar betnacionalvoltarbaixar betnacionalfestas na madrugada.

"Quando vou para a balada, fecho com a Ubra a ida e a volta por R$ 40. Esses dias, minha filha também passou malbaixar betnacionalmadrugada e eles me levaram e buscaram muito rápido", afirmou.

Panfleto da Ubra

Crédito, Felipe Souza/BBC Brasil

Legenda da foto, Sócios dizem ter entregue maisbaixar betnacional5 mil planfletos para divulgar o serviço

Os criadores da empresa dizem que cobram preço semelhante aobaixar betnacionalseu concorrente. Cada quilômetro rodado custa R$ 2 contra cercabaixar betnacionalR$ 1,80 da Uber - que ainda cobra uma taxa municipal. Eles aceitam dinheiro e cartõesbaixar betnacionaldébito e crédito.

Enquanto a Uber tem um sistema automatizado, o preço das corridas da Ubra é calculado apenas pela distância medida no site do Google Maps. Mas nem sempre os motoristas cobram o preço cheio.

"Nós temos um papel a cumprir na quebrada. É um trabalho social, não é só cobrar o (preço) que deu. Eu levo mulherbaixar betnacionalpresídio, transporto deficiente físico e idoso para fazer consulta. Muitas vezes, cobro menos. Algumas, eu ainda espero para levar o clientebaixar betnacionalvolta sem cobrar o tempo parado", conta Alvimar da Silva, co-fundador da Ubra, que também atua como motorista.

Escola Uber

Hoje empresário e concorrente, Alvimar define como uma escola o períodobaixar betnacionaloito mesesbaixar betnacionalque trabalhou no Uber.

"Oferecemos um serviçobaixar betnacionalqualidade para fidelizar os passageiros. Só permitimos carrosbaixar betnacionalótimas condições e com ar condicionado. Além disso, os motoristas são todosbaixar betnacionalconfiança. Só nossos amigos do bairro", relata.

A própria Uber vê com bons olhos a chegada da pequena concorrente. "Novos serviços são ótimos para consumidores e para as cidades. Competição encoraja uma melhora constantebaixar betnacionalqualidade", disse a empresabaixar betnacionalcomunicado à BBC Brasil.

A dupla que administra o novo negócio não tem uma assessoriabaixar betnacionalcomunicação, mas seu discurso é bem parecido ao usado pelos porta-vozes da gigante californiana quando chegou ao Brasil.

"Queremos legalizar o nosso serviço para trabalhar conforme a lei, pagar todos os impostos. Eu já tenho um advogado vendo toda essa papelada. A Brasilândia tem 400 mil habitantes e eu tenho certeza que eles (prefeitura) não vão permitir que um trabalho social tão importante como esse seja encerrado", diz Emerson Lima.

Guia para motoristas

A duplabaixar betnacionalempresários diz que não tem medobaixar betnacionalque surjam concorrentes na região. E até fala que empresáriosbaixar betnacionalfora não se dariam bem caso tentassem fazer o trabalho no bairro sem a ajuda dos moradores.

"Não é qualquer um que sabe andar no morro. Nossos motoristas usam carro prata para não chamar a atenção e andam com o vidro abaixado. Em alguns pontos, eles são orientados a tirar o cintobaixar betnacionalsegurança, colocar o cotovelo para fora da janela e fazer carabaixar betnacionalmau. Tudo o que a gente aprendeu na quebrada", relata Emerson.

Sede da Ubra, na Brasilândia

Crédito, Felipe Souza/BBC Brasil

Legenda da foto, Criadores da Ubra afirmam que não ter receiobaixar betnacionalque surjam concorrentes

Alémbaixar betnacionalatender os telefonemas, ele é responsável pela divulgação do novo serviço no bairro. "Eu já distribuí maisbaixar betnacional5 mil panfletos. Eu leveibaixar betnacionaltodos os lugares onde a Uber não chega: bar, escolabaixar betnacionalsamba, oficina mecânica e até fluxobaixar betnacionalbaile funk", conta.

Outros bairros

O empresário Alvimar diz que o crescimentobaixar betnacionalseu negócio deve inspirar moradoresbaixar betnacionaloutras regiões a fazer o mesmo. Mas ele diz que não quer operarbaixar betnacionaloutros bairros.

"É cada um nabaixar betnacionalárea. Eu tenho certeza que essa modalidade vai expandir. Eu posso até orientar, mas eu não vou me meterbaixar betnacionallugares que eu não conheço", afirma o fundador da Ubra.

Ele diz que também vai limitar o númerobaixar betnacionalmotoristas da empresa para manter a qualidade. Alvimar ainda diz ter certezabaixar betnacionalque o serviço não será barrado pela prefeitura e que, se isso ocorrer, pode haver reação dos moradores da região.

Alvimar, um dos fundadores da Ubra, com uma cliente

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Alvimar trabalhou durante oito meses como motorista da Uber antesbaixar betnacionalcriar a Ubra

"Tenho certeza que a população vai para as ruas. Porque nós estamos fazendo o bem para pessoas que estão esquecidas. Se a Uber e os taxistas subissem o morro, eu nunca teria feito isso porque não teria mercado", afirmou Alvimar.

Para o fundador da empresa, a criaçãobaixar betnacionalum serviçobaixar betnacionaltransporte para atender algumas áreas específicas da periferia representa o descaso na região. "Aqui é assim. Nem TV a cabo chega, e por isso todo mundo faz gato (clandestino). Se a gente não fizer com nossas próprias mãos, ninguém faz pela gente."