PIB cai 3,6%h2n poker2016: saiba o que vai mal e o que começa a melhorar na economia brasileira:h2n poker

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Legenda da foto, Queda da inflação foi um dos sinaish2n pokeralívio para a economia neste ano

Dianteh2n pokersinais tão contraditórios, a BBC Brasil explica o que está acontecendo com alguns dos principais indicadores da economia e qualh2n pokerimportância para uma recuperação.

Mulherh2n pokerfrente a vitrineh2n pokerloja

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Legenda da foto, Inflação, taxah2n pokerjuros e índiceh2n pokerconfiança estão melhorando neste ano

O que vai bem: inflação e jurosh2n pokerqueda

O leitor deve ter percebido que muitos produtos não estão tão caros quanto no ano passado. Pelo menos é isso que apontam os índices no começoh2n poker2017. Em fevereiro, a prévia da inflação, o chamado IPCA-15, registrou uma altah2n poker0,54%, a menor para o mês desde 2012.

A taxah2n pokerinflação representa o aumento no nível dos preços. Se ela estiver alta, leva à perda do poderh2n pokercompra do dinheiro. Por isso, quanto maior for a taxa, menos o dinheiro compra.

Mas a melhora desse número é consequênciah2n pokeruma recuperação da economia? Não, dizem os economistas. Muito pelo contrário.

Por que caiu?

Segundo a maioria dos entrevistados, o elemento que mais pesou na queda do IPCA foi a própria crise, que provocou a redução da atividade econômica.

"Se a gente fosse identificar os principais componentes desse resultado, 80% foi por causa da recessão", diz a economista Monica De Bolle, professora da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

A lógica é simples: com as pessoas comprando menos, por causa do desemprego e da diminuição dos salários, empresáriosh2n pokervários setores se viram obrigados a reduzir preços.

"Ou rebaixa ou não vende", resume o professorh2n pokereconomia da FGV Paulo Sandroni.

Homem analisa anúnciosh2n pokeremprego

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Legenda da foto, Índiceh2n pokerdesemprego continua a crescer, assim como o endividamento da população

Ao longoh2n poker2016, diz Sandroni, os valores demoraram a cair, porque os donos dos negócios repassavam os altos custos para seus consumidores. Só mudaramh2n pokerideia quando perceberam que não havia outro jeitoh2n pokeratrair os clientes.

O fatoh2n pokera redução do IPCA ser associada à crise acaba tornando-a negativa, diz o professor do Institutoh2n pokerEconomia da Unicamp Pedro Rossi.

"Foi uma queda com custo social alto, porque baseou-se no desemprego. A estratégiah2n pokerausteridade esmagou o salário."

Objetivo dessa estratégiah2n pokerausteridade do governo, o controle dos gastos públicos é visto por alguns entrevistados como um aspecto que contribuiu para uma inflação menor.

Quanto maior é a dívida do governo, mais dinheiro o Tesouro pode terh2n poker"imprimir" para pagá-la. Com mais reais circulando por aí, o poderh2n pokercompra da moeda cai.

Em janeiro, as receitas federais ultrapassaram as despesash2n pokerR$ 18,96 bilhões. Logo, a pressão sobre o IPCA foi menor. Essa conta, porém, não inclui os gastos do governo com o pagamentoh2n pokerjuros da dívida pública.

Outra ação que ajudou o indicador,h2n pokeracordo com os economistas, foi manter a taxa básicah2n pokerjuros, a Selic,h2n pokerníveis altos. Elevar a Selic é um dos instrumentos mais usados para controlar a inflação, porque ela deixa o dinheiro mais caro.

Com a inflaçãoh2n pokerqueda, os juros também foram cortados. Neste mês, o Comitêh2n pokerPolítica Monetária do Banco Central reduziu a taxa pela quarta vez seguida,h2n poker13% para 12,25% - o patamar mais baixo desde o começoh2n poker2015.

Eles fazem parteh2n pokeruma retomada?

Como foi dito acima, a melhora desses indicadores veio também às custas da recessão. Afinal, que bem eles fazem para a economia?

Os efeitos da inflação menor são sentidos facilmente pelos consumidores: os preços caem. Os juros, se continuaremh2n pokerdeclínio, podem tornar o crédito mais barato.

Mas isso não necessariamente significa que eles são as basesh2n pokeruma retomada econômica.

Os economistas entrevistados hesitam atéh2n pokerusar a palavra "retomada", que significaria uma volta ao crescimento.

Henrique Meirelles participa do Fórum Econômico Mundial

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Legenda da foto, Governo trabalha para reaquecer a economia, mas analistas ainda não enxergam uma retomada do crescimento

O que podemos estar experimentando, dizem, são respirosh2n pokeruma situação que estava muito ruim. Inflação e juros mais baixos podem fazer parteh2n pokeruma volta aos patamaresh2n poker2014 ou 2015, quando a crise já imperava, mas não tinha atingido o ponto dramático do ano passado.

"A queda da inflação e dos juros sinalizam, sim, o começoh2n pokeruma recuperação, mas ainda é apenas um alívio no que a gente vem passando. Não é uma luz no fim do túnel apontando para uma solução mais estrutural", diz a professora Cristina Helenah2n pokerMello, da PUC-SP.

Para ela, sozinhos, os dois índices não conseguem protagonizar uma grande mudança.

Mello afirma que a queda da Selic, por exemplo, demora a chegar no cartãoh2n pokercrédito, não facilitando a vida das famílias endividadas. Além disso, ela não seria é determinante para a retomada dos investimentos.

"Quando a gente sobe a taxah2n pokerjuros, os empresários adiam projetosh2n pokerinvestimento, mas quando a gente diminui a taxa, isso não funciona do mesmo jeito. Eles vão olhar muito mais para o lucro do que para o custo do financiamento."

Anita Kon, também professora da PUC-SP, é mais otimista. Ela acredita que os dois indicadores positivos, ao ladoh2n pokermedidash2n pokercontrole das contas públicas, criam um cenário propício para investir.

Com "a casah2n pokerordem", diz a professora, os empresários se sentem mais confortáveis. Tanto que os índicesh2n pokerconfiança estão aumentando.

"Algumas empresas estão preparadas para voltar a investir se o ambiente for favorável."

Mas nem todas.

Moedah2n pokerreal

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Legenda da foto, Alto endividamento é um dos fatores negativos da situação econômica hoje

Kon e Mello concordam que as transformações precisam ser maiores para garantir um crescimento sustentável.

Para parte dos entrevistados, essas alterações passam por aquilo que o governo já está fazendo: estabelecer um teto para os gastos públicos e reformar a Previdência.

Outros, no entanto, consideram que as prioridades estão equivocadas e que uma reforma tributária, por exemplo, seria mais urgente.

Apesar dos pontosh2n pokervistas diferentes, o objetivo das falas é semelhante: o desenvolvimento econômico precisa ter bases sólidas, a fimh2n pokerque o empresário se sinta à vontade para investir e empregar.

Vai mal: desemprego e endividamento

Se a queda dos juros e da inflação abre espaço para uma recuperação, o desemprego e o endividamento são entraves nesse processo.

A porcentagemh2n pokerbrasileiros sem trabalho continua crescendo e chegou a 12,6%h2n pokerjaneiro. Quase 13 milhõesh2n pokerpessoas estão fora do mercado formal, segundo a Pesquisa Nacional por Amostrah2n pokerDomicílios (Pnad) Contínua, feito pelo IBGE.

Alémh2n pokernão receberem salário, muitos dos desempregados têm pendências a pagar. O endividamento tem caído nos últimos meses, mas ainda está alto:h2n pokerjaneiro, 55,6% das famílias tinham algum tipoh2n pokerdívida. O número foi o menor desde junhoh2n poker2010, segundo a Confederação Nacional do Comércioh2n pokerBens, Serviços e Turismo, responsável pela pesquisa.

Nesse cenário, é difícil fazer os brasileiros voltarem a consumir. Sem clientes à vista, os investidores temem retomar a produção.

Quando não se tem emprego nem dinheiro sobrando, os juros menores não são suficientes para tornar um empréstimo atrativo.

"Você pode levar o cavalo para o poço, mas não vai obrigá-lo a beber água. Se minha renda está diminuindo, por que vou me endividar ainda mais?", diz o professor do Institutoh2n pokerEconomia da Unicamp Pedro Rossi.

Pessoas olhando para vitrine

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Legenda da foto, Sem emprego, as pessoas evitam comprar e economia não se recupera por completo, dizem analistas

Emprego é importante para uma retomada?

O desemprego é, portanto, "a chave da retomada", segundo a economista Monica De Bolle.

"É preciso que o desemprego caia antesh2n pokerfalar seriamenteh2n pokerretomada. Só isso vai dar essa segurança ao consumidor."

Segundo os entrevistados, essas duas barreiras devem demorar a serem ultrapassadas.

Mulheres olhando vagash2n pokeremprego

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Legenda da foto, Para economistas, empresas vão demorar para voltar a contratar

Quando o desemprego deve cair?

As empresas devem tardar a contratar. Mesmo que intensifiquem suas atividades daqui para frente, os empresários devem exigir maish2n pokerseus atuais empregadosh2n pokervezh2n pokerrecrutar novos funcionários.

O professor da Escolah2n pokerEconomiah2n pokerSão Paulo da FGV Paulo Picchetti diz que eles devem aproveitar a "capacidade ociosa" da companhia - o maquinário parado, por exemplo - para voltar a produzir com custo mínimo.

"Você pode aumentar a produção no curto prazo usando os recursos que já tem e que estavam ociosos. Assim você aumenta a produção sem subir os preços."

Mesmo que forem contratadas no futuro, pondera a economista Monica De Bolle, ainda vai levar um tempo para que o brasileiro volte a consumir. Ele ainda precisa pagar suas dívidas antigas.

"O governo pode contribuir para reduzir a taxah2n pokerjuros, pode facilitar o pagamento das dívidas, mas é uma questãoh2n pokertempo para que as coisas reajam até esse ponto."