Está na horaestrela bet amudar a estrutura da polícia brasileira?:estrela bet a

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Legenda da foto, Polícia do Espírito Santo completou sete diasestrela bet agreve

Atualmente, a dinâmicaestrela bet aproteção do cidadão funciona da seguinte forma: quando um crime acontece, a polícia militar é acionada para o local, onde faz a primeira perícia e conduz as vítimas à delegaciaestrela bet apolícia civil, que é onde o boletimestrela bet aocorrência é feito. Éestrela bet alá que a investigação seguirá.

"Se esses profissionais não estão integrados, eles não necessariamente vão passar todas as informações", explicou Bueno.

"As primeiras informações do local do crime são fundamentais para solucioná-lo. E aí quando não há essa integração, você tem uma taxaestrela bet aesclarecimentoestrela bet ahomicídios, por exemplo, que é baixíssima no Brasil: dos 60 mil que acontecem por ano, só 8% são solucionados."

Dessa forma, as duas polícias - que têm formação e orientação completamente diferentes - trabalham no mesmo crime. Segundo especialistas, essa prática gera ineficiência na solução das ações criminosas, tanto por parte da PM, como da polícia civil.

"Nada impedeestrela bet ater maisestrela bet auma polícia, só que todas deveriam serestrela bet aciclo completo. Essa interrupção no ciclo do crime onde uma faz uma parte, e outra faz outra, se mostrou ineficiente. Um vai por a culpa no outro sobre o não esclarecimentoestrela bet aum caso. Quando tem uma polícia só fazendo o ciclo completo, não temestrela bet aquem jogar a culpa", disse à BBC o coronel Alvaro Batista Camilo, ex-comandante-geral da Polícia Militarestrela bet aSão Paulo e deputado estadual.

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Legenda da foto, Maisestrela bet a120 pessoas já foram assassinadas desde o início da greve, segundo dados da Associação dos Oficiais do ES

Na lógica da estrutura atualestrela bet apolícia vigente no Brasil, policiais civis - que têm formaçãoestrela bet abacharéisestrela bet aDireito - e militares - que são formados nas Academias Militares ou no Cursoestrela bet aFormaçãoestrela bet aSoldados - atuam no mesmo território e têm seus trabalhos complementados um pelo outro.

A polícia militar é a que andaestrela bet afarda e é chamada "ostensiva e preventiva". Já a civil é a que tem como principal objetivo investigar os crimes e encaminhá-los ao Judiciário. Mas, para se ter eficiência no combate ao crime, as duas precisam uma da outra - e essa dependência nem sempre é fácil, já que, segundo alguns especialistas, as duas muitas vezes se veem como "rivais".

"Os nossos índicesestrela bet acriminalidade mostram como é ineficiente o sistema. As polícias não trabalham juntas, não gostamestrela bet atrabalhar juntas e não querem trabalhar juntas. Elas competem entre si", observou a diretora do Fórumestrela bet aSegurança Pública.

"A verdade é que cada um está muito preocupado com a defesa dos próprios corporativismos e acabam esquecendo que eles precisam trabalharestrela bet amaneira integrada pela população."

Desmilitarização?

Pelo código disciplinar que a rege, a polícia militar não tem permissão para fazer greve e pode ser punida por paralisações. Por isso, a estratégia adotada no Espírito Santo foi aestrela bet aos familiares impedirem os policiaisestrela bet asaírem dos quartéis. Com o agravamento da situação no estado, uma questão que vem e vai conforme as crises da polícia no país voltou à tona: a solução seria desmilitarizar?

As principais críticas dos que são favoráveis à desmilitarização dizem respeito à formação dos soldados, ao Tribunalestrela bet aJustiça Militar e ao regimento disciplinar rígido aos quais os PMs estão submetidos.

"A formação do policial militar faz com que ele se veja como 'diferente'. Porque ele faz parteestrela bet auma organização toda certinha, enquanto a sociedade é toda desorganizada", afirmou Guaracy Mingardi, pesquisadorestrela bet asegurança pública e ex-secretárioestrela bet asegurançaestrela bet aGuarulhos.

"A formação leva a isso, principalmente do oficial. Ela transforma o sujeito e muda a cabeça dele, e esse é um dos problemas da polícia militar."

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Legenda da foto, "Os nossos índicesestrela bet acriminalidade mostram como é ineficiente o sistema. As polícias não trabalham juntas e não querem trabalhar juntas", disse Samira Bueno

A disciplina rígida que rege os militares - e que, para eles, é essencial para a execução do trabalho - também é criticada por Mingardi. "O sistema está rachando. O que vem acontecendo nos últimos anos é que ser militar não impede mais coisas como as greves. Nos últimos anos, têm acontecido muitas. Eles dizem que essa disciplina militar é boa para 'segurar' o soldado, mas não segura mais. Olha o que está acontecendo no Espírito Santo!"

Código disciplinar e tribunal próprio

Uma característica que diferencia a polícia militar é o fatoestrela bet aela ter um código disciplinar próprio, que inclui punições que alguns especialistas julgam "retrógradas e sem sentido".

"O código disciplinar na maioria das vezes é da época da ditadura e contém puniçõesestrela bet asituações como 'porque não fez a barba', 'porque não cedeu banco do ônibus para um oficial superior'... Faz sentido isso? É muito baseado no Exército", questionou Samira Bueno.

Por outro lado, coronéis garantem que é exatamente esse códigoestrela bet aconduta o responsável por garantir a ordem e a eficiência dos militares.

"As pessoas têm que entender que militarismo não é ditadura. É só a estética militar, sinaisestrela bet arespeito, disciplina e hierarquia forte, baseado na militar", disse coronel Camilo.

"A sociedade dá a ela a condiçãoestrela bet amatar alguém, então é uma instituição que precisa ser controlada, com muita disciplina e hierarquia, para ele saber a missão que tem."

Além do código disciplinar próprio, os militares também têm um tribunal exclusivo para julgar crimes cometidos por membros da corporação - a chamada Justiça Militar. Apenas crimesestrela bet ahomicídio cometidos por eles vão para a Justiça comum.

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Legenda da foto, "Essa interrupção no ciclo do crime onde uma faz uma parte, e outra faz outra, se mostrou ineficiente", afirmou coronel Camilo

Para Mingardi, isso reforça ainda mais a ideiaestrela bet aque os militares "não fazem parte da sociedade" e favorece um abrandamento nas condenações. "Tem que acabar com a Justiça Militar. Não tem que ter um tribunal específico para eles, crimes precisam ser julgados da mesma maneira pra todos. Tem que tirar o focoestrela bet aque eles são diferentes do resto. Condenar oficial é muito difícil."

No entanto, há quem sustente que o tribunal militar é mais rigoroso do que qualquer vara comum da Justiça. "A partir do momento que homicídio passou a ser julgado pra Justiça comum, condenou-se bem menos. Isso é um ranço ideológico que existe. A Justiça comum é mais benevolente que a militar", disse coronel Camilo.

Solução?

Apesarestrela bet anão haver unanimidade sobre qual seria o melhor sistemaestrela bet apoliciamento para o país, os especialistas ouvidos pela BBC Brasil acreditam que é imprescindível levar o debate sobre segurança pública ao Congresso - especialmente diante da situação atual.

Qualquer mudança na estrutura da polícia teria que passar pelo Congresso, já que as definiçõesestrela bet apolícia civil e militar são determinadas pela Constituição.

"Os governadores não vão conseguir fazer essas mudanças, porque elas incomodam. E eles são reféns, então tem que ser no âmbito nacional", afirmou Bueno.

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Legenda da foto, Com escaladaestrela bet aviolência e demora nas negociações, população se volta contra movimentoestrela bet apoliciais militares e suas famílias

"Lá (no Espírito Santo) deixaram chegar numa situação insustentável. Se não há policial, não há ordem, e sem ordem não há democracia. E o que aconteceu lá pode servirestrela bet amau exemplo para outros Estados", afirmou Camilo. "O governo tem que olhar pra segurança pública com o mesmo carinho que olha para as questões econômicas."