Como protesto iniciado por oito mulheres paralisa a PM do Espírito Santo:tudo sobre apostas de futebol
Ela afirma que a mobilização não teve a participação dos policiais, e diz que seu marido foi comunicado pelo telefone do que estava prestes a ocorrer: "Eu liguei para ele e avisei que estava indo protestar. Ele me disse 'você não vai', mas eu vim mesmo assim".
Graziela agora é porta-voz oficial do Movimento das Famílias PMES, que protesta diantetudo sobre apostas de futeboltodos os 19 batalhões e mais 10 companhias independentes da PM do Espírito Santo e impede, há três dias, a saídatudo sobre apostas de futebolviaturas para fazer o policiamento das ruas do Estado.
Mesmo responsável por falar com a imprensa, ela não divulga o sobrenome, temendo represálias ao marido. "Pode colocar que meu nome é Graziela Família PMES. Esse é o meu sobrenome agora", afirma.
As mulheres protestam por reajuste do salário dos PMs e por melhores condiçõestudo sobre apostas de futeboltrabalho. Os policiais militares são proibidos pelo Código Penal Militartudo sobre apostas de futebolfazer greves ou paralisações. A pena por fazê-lo pode chegar a dois anos.
Por isso, não é incomum que familiares se manifestemtudo sobre apostas de futebolseu lugar - a última ocorrência do tipo no Brasil foitudo sobre apostas de futebol2015, no Rio Grande do Sul.
Desde que o bloqueio começou, o Espírito Santo vive diastudo sobre apostas de futebolcaos, com aumentostudo sobre apostas de futebolmaistudo sobre apostas de futebol1000% nos índicestudo sobre apostas de futebolhomicídios e crimes contra a propriedade, segundo o vice-presidente do Sindicato da Polícia Civil, Humberto Mileip.
O governadortudo sobre apostas de futebolexercício do Estado, César Colnago - o titular, Paulo Hartung, está internadotudo sobre apostas de futebolSão Paulo -, afirmou que o governo federal autorizou o envio imediatotudo sobre apostas de futebol200 homens da Força Nacional para fazer o policiamento ostensivo nas cidades. As Forças Armadas também serão mobilizadas.
"De forma alguma vamos aceitar esse tipotudo sobre apostas de futebolatitude que é deixar a população desguarnecidatudo sobre apostas de futebolum serviço que é essencial, o da segurança pública."
Em entrevista coletiva no fim da tarde, o ministro da Defesa, Raul Jugmann, afirmou que a Força Nacional já está nas ruastudo sobre apostas de futebolVitória.
Violência
Durante o fimtudo sobre apostas de futebolsemana, relatostudo sobre apostas de futebolcapixabas nas redes sociais falavamtudo sobre apostas de futebolsaques, arrastões, queimatudo sobre apostas de futebolônibus e tiroteios nas ruas, a maioria deles com a hashtag #ESpedesocorro.
Na segunda-feira, escolas, postos e saúde, estabelecimentos comerciais e órgãos públicostudo sobre apostas de futebolVitória etudo sobre apostas de futeboloutros municípios fecharam as portas. A circulaçãotudo sobre apostas de futebolônibus foi interrompida às 16h.
"Vi até homicídiotudo sobre apostas de futebolplena luz do dia nas redes sociais", disse o leitor da BBC Brasil Juka Alvez no Facebook.
"Guarapari também está toda parada, muitos comércios fechados, (nas) escolas as aulas foram suspensas. Lojas saqueadas, veztudo sobre apostas de futebolquando se ouve tiros... Tá tenso!", afirmou a leitora Claudia Buzzulini.
Entre o início da paralisação e as 17h desta segunda-feira, foram registrados a 58 homicídios no Estado, segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo.
Segundo o vice-presidente do sindicato, Humberto Mileip, o número é cercatudo sobre apostas de futebol1100% mais alto do que a médiatudo sobre apostas de futebolhomicídios por fimtudo sobre apostas de futebolsemana no mêstudo sobre apostas de futeboljaneiro - foram cercatudo sobre apostas de futebolcincotudo sobre apostas de futebolcada um deles.
"A informação sobre os homicídios é oficial e registrada, conferimos no Departamento Médico Legal (DML). A grande maioria deles são relativos a disputastudo sobre apostas de futeboláreas por ganguestudo sobre apostas de futeboltráficotudo sobre apostas de futeboldrogas", disse à BBC Brasil.
"Não sei te dizer a estatísticatudo sobre apostas de futebolcrimes patrimoniais, mas se eu te disser que houve aumento entre 800 e 1000% seria pouco. Em todos os municípios da grande Vitória e muitos do interior não há uma viatura sequer nas ruas e a bandidagem está solta fazendo saques, colocando fogotudo sobre apostas de futebolônibus. Eu diria que temos maistudo sobre apostas de futebol10 municípiostudo sobre apostas de futebolEstadotudo sobre apostas de futebolcalamidade aqui."
Para Clécio Lemos, coordenador do Instituto Brasileirotudo sobre apostas de futebolCiências Criminais no Espírito Santo, o momento é inédito na história do Estado e evidencia a fragilidade da segurança local.
"Isso nunca tinha acontecidotudo sobre apostas de futebolVitória, essa selvageria à luz do dia. Vivemos uma guerra civil silenciosatudo sobre apostas de futebolque, no primeiro descuido, alguém te ataca. Como isso é paz?", disse à BBC Brasil.
"É inegável que os policiais ganham mal e passam por uma insegurança absurda. Eu não gostariatudo sobre apostas de futeboltrabalhar um dia da minha vida como policial. Mas também precisamos nos perguntar que tipotudo sobre apostas de futebolsociedade é essa que precisamos vigiar tanto."
'Passando fome'
Nas faixas que confeccionou na tardetudo sobre apostas de futebolsexta, Graziela escreveu: "Pior salário do Brasil", "Mais dignidade para os nossos PMs" e "Se eles não podem, eu posso".
As frases resumem o discurso dos familiares que, portudo sobre apostas de futebolvez, ecoa as reclamações do major Rogério Fernandes Lima, presidente da Associação dos Oficiais Militares Estaduais do Espírito Santo.
"Nosso soldado ganha por voltatudo sobre apostas de futebolR$ 2.640, mas a média nacional é R$ 3.989. Nossa defasagem salarial tem maistudo sobre apostas de futebol7 anos e nos últimos 3 anos não tivemos nem a revisão geral anual. As perdas que acumulamostudo sobre apostas de futebolrelação à inflação ultrapassam 43%", disse à BBC Brasil.
"Nosso policial militar está passando fome. Não adianta o governo pregar que o Espírito Santo está fazendo austeridade fiscal enquanto o policial é sacrificado."
Lima afirma que as associações e sindicatostudo sobre apostas de futebolpoliciais não articularam os protestos, que "nasceram espontaneamentetudo sobre apostas de futebolesposas, familiares e amigos dos PMs".
"As associaçõestudo sobre apostas de futebolclasse não são irresponsáveis, mas nos solidarizamos com essas mulheres. Estamos há anos tentando negociar com um representante do Estado e nunca há solução."
A BBC Brasil tentou contato com a Secretariatudo sobre apostas de futebolSegurança Pública e Defesa Civil até a publicação desta reportagem, sem sucesso.
Em vídeo na página do governo do Espírito Santo no Facebook, César Colnago diz ter suspendido as negociações com as manifestantes "até o retorno da normalidade".
Ele disse ainda que "a crise fiscal nesse país é violenta, fruto da crise econômica" e que mantémtudo sobre apostas de futeboldia o pagamento dos servidores "a duras penas".
Segundo o major, faltam coletes à provatudo sobre apostas de futebolbalas para os policiais e a frotatudo sobre apostas de futebolviaturas estátudo sobre apostas de futebolmás condiçõestudo sobre apostas de futeboluso, sem renovação desde 2013. O hospital da PM, diz, também está "sucateado".
Uma liminar do Tribunaltudo sobre apostas de futebolJustiça do Espírito Santo, que considerou ilegal a paralisação, fixou uma multa diáriatudo sobre apostas de futebolR$ 100 mil caso as associaçõestudo sobre apostas de futebolpoliciais militares não cumpram a ordem.
Na decisão, o desembargador Robson Luiz Albanez diz que é a mobilização é uma greve "velada" da PM, e afirma que "um piquete realizado por familiares e amigos não pode impedir a saída e entradatudo sobre apostas de futebolviaturas nas unidades policiais, muito menos pode motivar o seu aquartelamento sob o argumentotudo sobre apostas de futebolque estão impossibilitadostudo sobre apostas de futebolexercerem suas atividades".
O major Lima, no entanto, diz que a sugestão é "leviana". "O Estado mostra intransigência que temtudo sobre apostas de futebolnegociar com seus servidores."
Revezamento
Desde o início do protesto, grupostudo sobre apostas de futebol20 a 50 mulheres se revezam dia e noite diante dos batalhões da PM no Estado.
Mariana,tudo sobre apostas de futebol25 anos, é uma das que organiza o contingentetudo sobre apostas de futebolfamiliares - que inclui, ocasionalmente, crianças e alguns idosos - nos locais, para impedir, ainda que simbolicamente, a saída dos agentestudo sobre apostas de futebolsegurança.
"Ficamos sentadas na porta do batalhão, observando os movimentos dos que entram para o trabalho e impedindo a saída, porque diversas vezes eles tentam sair. Já fizemos corrente humana, já conversamos com comandantes, majores que tentaram negociar para que fossem liberadas algumas viaturas para fazer o policiamento das ruas. Mas queremos conversar com quem vai resolver o problema", diz.
"Quando soube do protesto, fiqueitudo sobre apostas de futebolestadotudo sobre apostas de futebolchoque. Depois, veio uma compulsãotudo sobre apostas de futebolfazer parte e mostrar para a população o que a gente passa."
Na sexta-feira, quando começaram a se mobilizar, as mulheres chegaram a ficar na chuva, mas ganharam tendastudo sobre apostas de futebolcomerciantes locais.
"Também temos recebido doaçãotudo sobre apostas de futebolalimentação e água dos que apoiam a nossa causa e estão sentindo na pele o que é ficar sem o policiamento", afirma Mariana.
Mesmo com as negociações suspensas pelo governo, ela diz, o objetivo é ficar até serem ouvidas.
"Essa euforia não é só minha, étudo sobre apostas de futeboltodas as mulheres que fazem parte do ato. Vimos mulheres grávidas e com recém-nascidos nas portas dos batalhões. Algumas precisam trabalhar ou levar os filhos na escola, mas voltam para cá."
"Ouço muita gente dizer que os familiares não estão preocupados com a violência nas ruas, porque os PMs fazem nossa segurança. Mas o marginal sabe onde o policial mora, ele atenta contra as famílias dos policiais. Para nós, o local mais seguro é a porta do Batalhão."