Mais conversa, menos exames e remédios: o que propõe o movimento por 'Medicina sem Pressa':melhores bet para apostar

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Legenda da foto, A Slow Medicine faz parte do movimento que começou na gastronomia italianamelhores bet para apostar1986 e tem milharesmelhores bet para apostaradeptosmelhores bet para apostartodo o mundo

Na medicina, o termo foi usado pela primeira vez pelo cardiologista italiano Alberto Dolara, num artigo publicadomelhores bet para apostar2002. Para ele, o movimento Slow seria uma contrapartida ao "constante impulsomelhores bet para apostaraceleração na sociedade moderna".

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Legenda da foto, Slow Medicine defende menor usomelhores bet para apostarmedicamentos

Consultas mais demoradas são um dos pilares da filosofia - a ideia é que o paciente seja visto como uma pessoa completa, não como um conjuntomelhores bet para apostarenfermidades -, mas há outros aspectos envolvidos.

Entre eles estão o compartilhamento das decisões, a ênfase na saúde e não na doença e a prevenção como terapia.

As propostas, no entanto, recebem críticasmelhores bet para apostaroutros especialistas, que defendem haver outras prioridades na medicina.

"Até louvo as entidades que queiram ter uma medicina mais personalizada", disse o ex-presidente da Sociedade Brasileiramelhores bet para apostarUrologia Aguinaldo Nardi.

"É o que nós devíamos ter mesmo. Mas estamos muito longe disso."

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Legenda da foto, José Carlos Campos Velho (esq.) e Dario Birolini (centro) são os fundadores da Slow Medicine no Brasil. Nardi (dir.) contesta o movimento e defende a campanha Novembro Azul, do Instituto Lado a Lado pela Vida

Para o médico, porém, o primeiro passo seria ter um bom sistemamelhores bet para apostarsaúde global. "Nós ainda estamos longemelhores bet para apostarter uma saúdemelhores bet para apostarqualidade para todos", afirmou.

Menos remédios e exames

Já os entusiastas da Slow Medicine afirmam que suas propostas poderiam baratear o sistemamelhores bet para apostarsaúde ao propor, por exemplo, um menor usomelhores bet para apostarmedicamentos e exames.

"Acho nossos remédios uma maravilha", afirmou o clínico-geral, geriatra e cofundador da Slow Medicine no Brasil José Carlos Aquinomelhores bet para apostarCampos Velho.

"Hoje temos a possibilidademelhores bet para apostarcurar ou controlar doenças que até 20 anos atrás matavam. Mas a questão é o uso abusivo e excessivomelhores bet para apostarmedicamentos."

Segundo ele, é preciso questionar, por exemplo, certos casosmelhores bet para apostarque drogas são utilizadas como instrumentomelhores bet para apostarprevenção.

"Um paciente com colesterol alto, mas que nunca teve nenhum episódio cardíaco mais grave, não fuma, não tem histórico familiarmelhores bet para apostardoença do coração e se exercita, talvez não deva tomar remédio", disse.

Isso porque, avalia, é necessário medicar uma população enorme para se evitar um único infarto - o que aumenta os custosmelhores bet para apostarplanos particulares e do Sistema Únicomelhores bet para apostarSaúde (SUS).

Por outro lado, afirma, cria-se uma ampla gamamelhores bet para apostarpacientes sujeitos aos efeitos colaterais dos medicamentos, como mialgia, miopatia, diabetes e problemas cognitivos.

Outro aspecto da medicina atual que é criticado pelos adeptos da Slow Medicine é o excessomelhores bet para apostarpedidosmelhores bet para apostarexames.

Para Campos Velho, o fenômeno traz uma sériemelhores bet para apostarproblemas, que vão dos custos elevados ao estresse, muitas vezes desnecessário,melhores bet para apostarum paciente que temmelhores bet para apostaraguardar uma semana para saber, por exemplo, que aquela manchinhamelhores bet para apostarnascença não se transformoumelhores bet para apostarum câncer fatal.

"Não é que a gente seja contra os exames", disse. "Mas a gente defende que isso deve ser individualizado. Que a decisão deve ser tomadamelhores bet para apostarmaneira consciente pelo paciente, depoismelhores bet para apostarele ser informado sobre os riscos e benefícios que pode ter."

Campos Velho usou como exemplo uma dor nas costas.

"Se não tiver nenhum indicador que possa sinalizar um problema mais sério como um câncer, por exemplo, não se deve nem fazer um examemelhores bet para apostarimagem."

"Porque ao fazer uma ressonância ou um raio-X, é provável que se encontre alterações que talvez nem tenham relação com a dor, mas que possam ser passíveismelhores bet para apostarprocedimentos."

A solução para casos como esse? Tempo, responde o médico. Se necessário medicar com analgésico e anti-inflamatório e esperar para ver como os sintomas se comportam, afirma.

O caso hipotético do paciente com dor nas costas ilustra o oitavo dos 10 princípios da Slow Medicine: colocar a segurança do pacientemelhores bet para apostarprimeiro lugar. E se completa com a ideiamelhores bet para apostarque, na dúvida, para evitar um mal maior, o médico deve abster-semelhores bet para apostarintervir.

Contra o azul e o rosa

O movimento ganha uma boa dosemelhores bet para apostarpolêmica por se colocar contra campanhas como o Outubro Rosa, voltado à prevenção do câncermelhores bet para apostarmama, e o Novembro Azul, que incentiva o diagnóstico precocemelhores bet para apostarcâncermelhores bet para apostarpróstata.

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Legenda da foto, Campanhas como o Novembro Azul viraram ação "de marketing", critica geriatra

"Virou uma campanhamelhores bet para apostarmarketing que gera um grande númeromelhores bet para apostarsolicitaçãomelhores bet para apostarexames", opina Campos Velho.

"Muitos desses exames acabam gerando procedimentos e muitos desses procedimentos são invasivos e levam a cirurgias que podem causar impotência e incontinência urinária", afirmou o geriatra, referindo-se ao Novembro Azul.

Segundo ele, além dos falsos positivos, há um grande númeromelhores bet para apostarpacientes que vai, sim, desenvolver o câncer, mas que, por estarmelhores bet para apostaridade avançada ou sofrendomelhores bet para apostarmales diversos, acabará morrendo por outros motivos.

A opiniãomelhores bet para apostarCampos Velho ecoa um artigo do urologista Marcio D'Imperio, publicado no site da Slow Medicine Brasil.

O texto cita dadosmelhores bet para apostarum estudo publicadomelhores bet para apostar2012 pelo semanário científico americano New England Journal of Medicine, que acompanhou 180 mil homens entre 50 e 74 anos.

Os resultados indicaram que, ainda que tenham sido diagnosticados mais tumores, a mortalidade geral dos pacientes que fizeram rastreamento por meio do exame PSA e dos que não fizeram foi praticamente a mesma:melhores bet para apostaraproximadamente 18%.

Além disso, apontaram que, ao se fazer exames numa população ampla, sem triagem prévia, evita-se apenas uma morte para cada 1.055 homens examinados.

Campanhas como incentivo

O urologista Aguinaldo Nardi, do comitê científico do Instituto Lado a Lado pela Vida (organização que criou a campanha Novembro Azul), questionou os dados do estudo citado por D'Imperio.

Entre outras críticas, Nardi afirmou que uma parte dos pacientes, que não tiveram os níveismelhores bet para apostarPSA monitorados durante a pesquisa, havia feito outros exames para identificar o câncermelhores bet para apostarpróstata.

Ele também rebateu críticas da Slow Medicine ao excessomelhores bet para apostarexames e às campanhasmelhores bet para apostarconscientização. "Como médicos, nosso dever é informar a população", disse.

Segundo Nardi, campanhas como o Novembro Azul e o Outubro Rosa muitas vezes servem como incentivo para que a população tenha contato com um médico, o que pode levar à identificaçãomelhores bet para apostaroutros problemasmelhores bet para apostarsaúde.

Aindamelhores bet para apostaracordo com o urologista, no caso do câncermelhores bet para apostarpróstata o maior problema não está na realização ou nãomelhores bet para apostarexames, mas no que está sendo feito com os pacientes que apresentam a doença.

Nardi afirmou que dos 69 mil casosmelhores bet para apostarcâncermelhores bet para apostarpróstata detectadosmelhores bet para apostar2015, 36 mil deveriam ser tratadosmelhores bet para apostarcirurgias feitas pelo SUS.

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Legenda da foto, Moacir Mariscal deixoumelhores bet para apostarlado examesmelhores bet para apostarrotina que sempre tinham resultado normal

Mas apenas seis mil foram operados. Ou seja, segundo o urologista existem 30 mil pacientes "perdidos no limbo do sistema públicomelhores bet para apostarsaúde".

Paciente Slow

Polêmicas à parte, as ideias da Slow Medicine vêm conquistando adeptos.

O bancário aposentado Moacir Mariscal, por exemplo, passou 20melhores bet para apostarseus 65 anos monitorando um órgão cuja existência sequer notaria, não fosse a medicina moderna: a próstata.

A despeito do sobrepeso, fatormelhores bet para apostarrisco genérico que aumenta também as chancesmelhores bet para apostardesenvolver vários tiposmelhores bet para apostarcâncer, os níveismelhores bet para apostarPSAmelhores bet para apostarMariscal sempre estiveram dentro da normalidade.

Os exames periódicos, contudo, continuaram até que,melhores bet para apostarmarço, numa consulta com o geriatra Campos Velho e após confabularem sobre o assunto, médico e paciente, decidiram deixar a próstatamelhores bet para apostarpaz.

"Ele me disse que, com todos esses anosmelhores bet para apostarresultados normais, não precisávamos mais fazer exame. E eu confiei na decisão dele", disse Mariscal.

O aposentado, que vê com bons olhos o movimento Slow e a Medicina sem Pressa, anda irritado com a boa e velha "medicina apressada".

Diante da dificuldademelhores bet para apostarmarcar uma consulta com a dermatologista para checar uma mancha dolorida na perna - só havia horário para o fimmelhores bet para apostarjaneiro -, Mariscal resolveu buscar uma clínica particularmelhores bet para apostarmúltiplas especialidades, dessas que se apresentam como alternativa aos planosmelhores bet para apostarsaúde.

A consulta durou cinco minutos, com uma médica que mal o olhou nos olhos, lembrou Mariscal.

O resultado? Um pedidomelhores bet para apostarexame.