Arte coletiva ou formaçãocassinos com blackjack onlinequadrilha? Por que pichadorescassinos com blackjack onlineBH têmcassinos com blackjack onlineusar tornozeleiras eletrônicas:cassinos com blackjack online

Pichadorescassinos com blackjack onlineBelo Horizonte monitorados pela Justiça

Crédito, Bruno Figueiredo/Áreacassinos com blackjack onlineServiço

Legenda da foto, Grupocassinos com blackjack onlinepichadorescassinos com blackjack onlineBelo Horizonte que é alvocassinos com blackjack onlineações na Justiça; ofensiva judicial abriu debate sobre culturacassinos com blackjack onlinerua e vandalismo

Para o Ministério Público, todos os detidos formam, com outras 16 pessoas, uma quadrilhacassinos com blackjack onlinepichadores responsável por prejuízos milionários, conectada com o tráficocassinos com blackjack onlinedrogas e a "banda podre"cassinos com blackjack onlinetorcidas organizadas.

Quem se opõe à operação vê réus primários acusadoscassinos com blackjack onlineformar quadrilha apenas por serem amigos, punições desproporcionais e desrespeito a uma expressão cultural e políticacassinos com blackjack onlinenosso tempo.

O fato é que desde então um pichador já foi condenado a oito anoscassinos com blackjack onlineprisão, dois esperam julgamento na cadeia e 16 são monitorados com tornozeleiras eletrônicas - não podem saircassinos com blackjack onlinecasa entre 23h e 6h.

Tornozeleira eletrônicacassinos com blackjack onlinepichador

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Legenda da foto, Tornozeleira no pichador Snil,cassinos com blackjack online21 anos: problemas no trabalho e 'déficit' na vida social

Acusação

"Picho não é manifestação cultural e nem crimecassinos com blackjack onlinemenor potencial ofensivo", diz o promotor Marcos Paulo Miranda, que encabeça a ofensiva contra a pichação no Ministério Público mineiro.

O alvo principal são os "Pixadorescassinos com blackjack onlineElite" (com X na grafia original), grupo mais conhecidocassinos com blackjack onlineBH quando o assunto é tinta e spray.

O grupo foi criadocassinos com blackjack online1992 para "batercassinos com blackjack onlinefrente" com o sistema: reunir os melhores pichadores da cidade para peripécias pelas principais avenidas e prédios públicos "em estadocassinos com blackjack onlineabandono".

Hoje, reúne 15 pessoas, todas com pichaçõescassinos com blackjack onlinelocais altos oucassinos com blackjack onlinegrande movimento na bagagem. Marcascassinos com blackjack onlinepatrimônio público - unidades do Exército e do Tribunalcassinos com blackjack onlineJustiça foram alvos recentes - e frasescassinos com blackjack onlineprotesto também somam ao "currículo".

Membros dos "Pixadorescassinos com blackjack onlineElite"

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Legenda da foto, Da esq. para dir., 'Asco', 'Snil', 'Napo', 'Yes', 'Boni', 'Sabre' e pichador não identificado: com tornozeleiras, integrantes dos "Pixadorescassinos com blackjack onlineElite", alvocassinos com blackjack onlineoperaçãocassinos com blackjack onlineBH

Para o promotor Miranda, trata-secassinos com blackjack onlineuma quadrilha que busca "autopromoção, práticas criminosas e enfrentamento às instituições" - e que onera os cofres públicoscassinos com blackjack onlineR$ 2 milhões/anocassinos com blackjack onlineaçõescassinos com blackjack onlinerecuperação e limpeza.

A estratégia da Promotoria é ampliar o lequecassinos com blackjack onlineacusações aos pichadores. Para além do crimecassinos com blackjack onlinepichação (três meses a um anocassinos com blackjack onlineprisão), as denúncias incluem formaçãocassinos com blackjack onlinequadrilha, dano material, apologia e incitação ao crime - e as possíveis condenações podem facilmente superar cinco anoscassinos com blackjack onlinecadeia.

O atual cerco ao pichocassinos com blackjack onlineBH começoucassinos com blackjack onlineoutubrocassinos com blackjack online2014, quando paredescassinos com blackjack onlinevidro da Biblioteca Municipal amanheceram com as marcascassinos com blackjack onlinedois membros dos "Pixadorescassinos com blackjack onlineElite" - GG e Morrou* - e a frase "Qual será o futuro do Brasil?" - juntas, as inscrições ocupavam cercacassinos com blackjack online5m².

Também não escaparam as estátuascassinos com blackjack onlinebronze dos escritores Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino, que ficaram com as iniciais,cassinos com blackjack onlinetinta branca, do grupocassinos com blackjack onlinepichadores.

A ofensiva ganhou forçacassinos com blackjack onlinemarço deste ano, quando um dos principais símbolos da cidade - a igrejinha da Pampulha, projetada por Oscar Niemeyer e com painéiscassinos com blackjack onlineCandido Portinari - amanheceu pichada.

Igreja da Pampulha,cassinos com blackjack onlineBH

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Pichaçãocassinos com blackjack onlineigrejinha da Pampulha, símbolo da capital mineira, promovou "comoção" no Ministério Público e reforçou ofensiva contra pichadores

Na construção, que integra o conjunto arquitetônico que neste ano recebeu o títulocassinos com blackjack onlinepatrimônio cultural da humanidade, letras grandes, retas e pontiagudas formavam,cassinos com blackjack online7m², a assinaturacassinos com blackjack onlineMarú, um conhecido pichador da cidade.

"Aquilo foi uma afronta, e o clima no Ministério Público do dia seguinte foicassinos com blackjack onlinecomoção", afirma o promotor Miranda. Menoscassinos com blackjack onlinetrês meses depois, duas pessoas estavam presas por suspeitacassinos com blackjack onlineparticipação na pichação - entre elas o comerciante e pichador conhecido como Goma, dono da principal lojacassinos com blackjack onlineprodutos para grafite na cidade.

Defesa

"Em Vitória, São Paulo ou Riocassinos com blackjack onlineJaneiro, jogar tintacassinos com blackjack onlineum muro sem autorização do dono dá multa e medida socioeducativa. Sócassinos com blackjack onlineBH dá cadeia", diz o caminhoneiro Morrou, veterano do "grupocassinos com blackjack onlineelite" da pichação na cidade e que assumiu as inscrições na biblioteca.

Desde a visita matinal da PMcassinos com blackjack online2015, Morrou já foi preso por duas vezes. Descumpriu ordens judiciais, rompeu a tornozeleira eletrônica (diz ter feito isso porque não estava conseguindo trabalhar como caminhoneiro), passou sete meses foragido.

Detido ao ladocassinos com blackjack onlineGG pelos danos à biblioteca, ele foi condenado a dois anos e sete mesescassinos com blackjack onlineprisão, e ao pagamentocassinos com blackjack onlineR$ 20 mil pelos danos. O colegacassinos com blackjack onlinespray levou oito anoscassinos com blackjack onlineprisão e R$ 25 milcassinos com blackjack onlinemulta.

Hoje, com o aparelho novamente no tornozelo (conseguiu o benefício por ser réu primário), ele diz que começou a pichar aos 15 anos e que nem a cadeia o afastará das tintas.

Pichaçãocassinos com blackjack onlineBH

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Legenda da foto, Pichação datadacassinos com blackjack online2016 no centrocassinos com blackjack onlineBelo Horizonte: estética urbana ou poluição visual?

Afirma que a família defendecassinos com blackjack onlineopção, mesmo sofrendo o impacto financeiro e emocional da prisão do pai - a filhacassinos com blackjack online17 anos teve que ir para uma escola pública, por exemplo.

"A pichação é legítima porque é uma formacassinos com blackjack onlineprotesto", afirma ele, que se diz contra o pichocassinos com blackjack onlineimóveis particulares.

Para o advogado Felipe Soares, que defende integrantes dos "Pixadorescassinos com blackjack onlineElite", a denúncia da Promotoria é "confusa e frágil".

"O que embasou as acusações por associação criminosa foi a amizade que,cassinos com blackjack onlinefato, existe entre eles. Formaçãocassinos com blackjack onlinequadrilha e apologia ao crime são formas artificiais que o Ministério Público encontrou para prender pichador".

Como o crimecassinos com blackjack onlinepichação previsto na leicassinos com blackjack onlinecrimes ambientais prevê pena máximacassinos com blackjack online1 ano apenas, ela acaba sendo, muitas vezes, convertidacassinos com blackjack onlinemedidas alternativas.

Pichador com BMW

Entre os "pichadorescassinos com blackjack onlineelite" da capital mineira há quem fuja do estereótipocassinos com blackjack onlinejovemcassinos com blackjack onlinebaixa renda. Casaco, 33 anos, cursa pós-graduação (prefere não revelar a área) e circulacassinos com blackjack onlineuma BMW 325, cujo modelo 0 km custa cercacassinos com blackjack onlineR$ 150 mil.

Ele diz que começou a pichar aos 13 anos como uma formacassinos com blackjack online"fuga", e que estava afastado desse mundo desde 2002 para se dedicar aos estudos, mas retomou os contatos pouco antes da ação na biblioteca.

Pichador Sabre

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Legenda da foto, O motoboy 'Sabre',cassinos com blackjack online35 anos, começou a pichar aos 12 anos, quando participavacassinos com blackjack onlinetorcida organizada do Atlético-MG; 'Se o cara gosta do Cruzeiro ou do Atlético, qual o problema? Qualquer pessoa que já botou o pé no Mineirão tem relação, ainda que mínima, com as organizadas', afirma

"O que mais vemos na política é criminoso rico e que fez faculdade. Eu não sou bandido e trabalhei para comprar meu carro", afirma ele, que diz vircassinos com blackjack onlineuma famíliacassinos com blackjack onlinebaixa renda.

Alvo da açãocassinos com blackjack onlinemaiocassinos com blackjack online2015, Casaco passou cinco dias preso - teve a cabeça raspada e perdeu o emprego. Vive numa cidade do interiorcassinos com blackjack onlineMinascassinos com blackjack onlineque não há sistemacassinos com blackjack onlinetornozeleiras, mas precisa ir ao fórum toda semana demonstrar que não está foragido.

Para ele, que não faz distinção entre parede pública ou privada - o critério é a visibilidade -, a pichação é mais diversão do que protesto.

Após passar nove meses desempregado, ele hoje procura ser discreto enquanto tenta resolver suas pendências com a Justiça. "Mas é pichação é um vício, é difícil pararcassinos com blackjack onlinetudo", reconhece.

Constrangimento

Snil, 21 anos, o repositor citado no começo da reportagem, perdeu o emprego um dia após explicar ao chefe as restrições que envolvem o uso da tornozeleira eletrônica - como recarregá-la por 90 minutos duas vezes ao dia e ligar para assistência técnica caso o alarme toque sem querer.

Com vida socialcassinos com blackjack onlinebaixa - está proibidocassinos com blackjack onlinefrequentar festas ou encontros foracassinos com blackjack onlinecasa -, ele conseguiu novo emprego como office-boy e diz atuar agora somente no "grapixo". A técnica combina pichação e grafite, com spray colorido e letras mais encorpadas e arrendondadas, e gera menos problemas com a Justiça.

Pichadorcassinos com blackjack onlineBH

Crédito, Bruno Figueiredo/Áreacassinos com blackjack onlineServiço

Legenda da foto, Em caderno, pichador reproduz assinatura, ou 'presa', no jargão dos pichadores

O jovem já perdeu o constrangimento com o aparelho na perna e circulacassinos com blackjack onlinebermuda sem se preocupar com olhares desconfiados. Nem o banho tem sido problema. "Pelo menos a tornozeleira é a prova d'água", brinca.

Ele diz ter começado a pichar "pela vontadecassinos com blackjack onlinecriar algo original, pela adrenalina e para divulgar o meu nome". "Espalhar o nome é uma formacassinos com blackjack onlinemostrar que, por mais que o sistema reprima, eles não conseguem controlar tudo", afirma.

Questionado sobre o trabalho durocassinos com blackjack onlinequem eventualmente tenha que limpar as pichações, ele diz que "pode até ser trabalhoso, mas não justifica essa perseguição toda". "Se me condenassem a limpar o que eu fiz, seria mais justo."

Donocassinos com blackjack onlineuma lojacassinos com blackjack onlinecolchões no centro da capital mineira, Marcos Inneco diz ter perdido a conta das pichaçõescassinos com blackjack onlineseu comércio. Defende punições à prática, mas defende fococassinos com blackjack onlinereeducação.

"Prisão é uma medida pesada, porque sabemos o estado lastimável das prisões no Brasil. E os pichadores não são violentos, não oferecem perigo à sociedade", afirma ele, que é vice-presidente da Câmaracassinos com blackjack onlineDirigentes Lojistascassinos com blackjack onlineBelo Horizonte.

Entre os 22 acusados na atual ofensiva (19 na operação na operaçãocassinos com blackjack online2015 e três pela ação na Pampulha), classificada pelos advogadoscassinos com blackjack onlinedefesa como "Lava Jato do picho", 12 não tinham antecedentes criminais e oito somavam passagens pela polícia por pichação ou consumocassinos com blackjack onlinedrogas. Um já havia cumprido pena por tráficocassinos com blackjack onlinedrogas e outro irá a júri por tentativacassinos com blackjack onlinehomicídiocassinos com blackjack onlineuma brigacassinos com blackjack onlinerua.

Pichadorescassinos com blackjack onlineBH

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Legenda da foto, Pichadores mostram a assinaturacassinos com blackjack onlinecolegas presos, como 'Marú', 'Goma' e 'GG', e a inscrição 'sempre presentes'

O pintor Ivancassinos com blackjack onlineLima, 51 anos, ganha a vida limpando muros pichados no centrocassinos com blackjack onlineBH. Diz considerar "absurda" a ação na igreja da Pampulha ("esse negóciocassinos com blackjack onlinepichação ser protesto é conversa fiada", diz) e defende a prisão dos responsáveis.

"É muito difícil pintar uma parede pichada. Tem que lixar, passar removedor até três vezes e depois colocar tinta. Alémcassinos com blackjack onlineprender, tinha que pegar todo o material do pichador e obrigá-lo a limpar as paredes", afirma.

Protesto

Em maio, cercacassinos com blackjack online50 pessoas ocuparam uma praça no centrocassinos com blackjack onlineBHcassinos com blackjack onlineprotesto contra as prisões dos pichadores. Nos cartazes que empunhavam, frases como "Prender pichador é fácil, quero ver é prender o dono da Samarco (mineradora envolvida no acidente ambientalcassinos com blackjack onlineMariana", "Somos todos Goma (donocassinos com blackjack onlinelojacassinos com blackjack onlinegrafite preso)" e "Se pichador pichasse só na favela, nunca acabaria numa cela".

O promotor Marcos Paulo Miranda ironizou o ato e disse ser "uma provacassinos com blackjack onlineque o crime é mesmo organizado". Afirma que a atual ofensiva não irá terminar e que investigações continuam.

Para a psicanalista Ludmilla Zago, que pesquisa culturacassinos com blackjack onlinerua na Faculdadecassinos com blackjack onlineDireito da UFMG, o que ocorre com os pichadorescassinos com blackjack onlineBH "não é proporcional aos danos causados".

"A questão não é mudar a lei e tornar picho uma arte muralista. A questão é: por que um grupo decide qual deve ser a estética da cidade e coloca o pichador como um bandido que oferece alto risco para a sociedade?", questiona.

A pesquisadora defende o valor estético das pichações. "O pichador se empenha na construção tipográficacassinos com blackjack onlinesua assinatura. Embora seja vista por alguns como precária esteticamente, há um trabalho por trás do picho - uma raiz na culturacassinos com blackjack onlinerua, uma formacassinos com blackjack onlinemanejar o spray, uma referência ao local periférico do pichador."

Ludmilla Zago

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Legenda da foto, Para pesquisadora Ludmilla Zago, pichadores estão à mercêcassinos com blackjack online'interpretação' e 'capricho pessoal'cassinos com blackjack onlinepromotor

Enquanto os processos correm, Napo, o operadorcassinos com blackjack onlinetelemarketing do começo da reportagem, diz que está sem emprego fixo há mais um ano. Evita expor a tornozeleira por medocassinos com blackjack onlineser abordado por policiais, mas diz: "Agora não estou pichando, mas se não larguei o picho depoiscassinos com blackjack onlinetudo isso, não largo mais."

Segundo ele, que diz espalhar seu nome "pela aventura, sentimentocassinos com blackjack onlinerevolta e vontadecassinos com blackjack onlineser reconhecido por outros pichadores", a prática também "tem muitocassinos com blackjack onlinevício, uma vontade inconsciente que não dá pra explicar".

Para Yes, 33 anos, outro "pichadorcassinos com blackjack onlineelite", a algema eletrônica no tornozelo veio a calhar. "Eu só dormia foracassinos com blackjack onlinecasa, agora tenho hábitos mais saudáveis", brinca. Como a maioria dos colegas, ele diz que largou as pichações, mas apenas por um tempo. "Tão logo esses problemas se resolvam, voltaremos a jogar nossas frustrações nas paredes".

* Os pichadores falaram com a reportagem sob a condiçãocassinos com blackjack onlineserem identificados apenas pelos apelidos.