A mãe que sofreu aborto na lama e luta para incluir feto entre vítimasjogos sem precisar baixarMariana:jogos sem precisar baixar
Ela foi arrastada por maisjogos sem precisar baixarum quilômetro e ficou 13 dias internada. No segundo dia, soube que o filho Caíque fora encontrado vivo. No quinto, lhe disseram que a sobrinha Emanuele Vitória, 5, havia morrido. O marido e o segundo filho,jogos sem precisar baixar9 anos, estavam bem.
Desde então, pede que o bebê que carregava na barriga seja reconhecido como a 20ª vítima fatal da tragédia. Mas a dona da barragem rompida, a mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, nega responsabilidades sobre o feto.
Laudos
"A Samarco diz que o estouro da barragem não seria suficiente para ela perder o bebê", diz o advogadojogos sem precisar baixarPriscila.
Procurada pela BBC Brasil, a empresa disse que "não comentará o assunto". A reportagem enviou quatro perguntas à mineradora:
- A Samarco reconhece a perda do bebêjogos sem precisar baixardecorrência da tragédia?
- Que medidas compensatórias a empresa propôs ou proporá?
- A família pede que o bebê seja incluído na listajogos sem precisar baixarvítimas. Seria o 20º óbito. Qual é o comentário da empresa?
- A Samarco inicialmente questionou a gravidezjogos sem precisar baixarPriscila. Por quê?
Na única vezjogos sem precisar baixarque comentou oficialmente o caso, há seis meses, a Samarco informou que contratou um especialista para examinar Priscila e que ele constatou que ela não estava grávida.
"Será que é por que eu tinha perdido o bebê?", questiona hoje Priscila, irritada. Ela diz que nunca viu o resultado do exame.
Seus advogados apresentaram à reportagem três fichas médicas. "Encontrava-se grávida, com confirmação laboratorial e clínica, até a última consulta", diz um deles. "Gestantejogos sem precisar baixar8 a 12 semanas", diz outro. "O obstetra que a avaliou informou que perdeu o bebê", diz o terceiro.
"Não são 19, são 20 (mortes). Meu filho é vitima. Eu amava. Eu tinha roupinhas", diz a jovem, que hoje morajogos sem precisar baixarMariana com a família - o marido e dois filhos.
'Você tem que esquecer'
No aniversáriojogos sem precisar baixarum ano da tragédia, a família ainda se adapta à nova vidajogos sem precisar baixarMariana.
"Meu filho Caíque volta para casa chorando da escola porque chamam elejogos sem precisar baixar'péjogos sem precisar baixarlama'. Chamam a gentejogos sem precisar baixaraproveitadores. Ele não tem mais liberdade para brincar na rua, aqui eu não vou pra soltar (de casa)."
A reportagem pergunta por quê. "Ele pode ser atropelado, roubado, morto. Tem gente que mata aqui por nada."
Séria durante toda a entrevista, sem rir ou chorar, Priscila conta que a empresa ofereceu acompanhamento psicológico às vitimas logo após o desastre.
Tentou, mas não frequentou as sessões por muito tempo.
"Parei porque os psicólogos pediam para eu esquecer. Como esquecer? Eles pediam para eu contar como aconteceu. Eu contava tudo e eles falavam: voce tem que esquecer. Eu perdi meu bebê, minha sobrinha morreu, meu filho quase morreu. Como assim esquecer?"
Legislação
Seus advogados ajuizaram uma ação contra a mineradora Samarco, que junto a suas controladoras sofre hoje maisjogos sem precisar baixar18 mil processos judiciais decorrentes da ruptura das barragens que guardavam milhõesjogos sem precisar baixarmetros cúbicosjogos sem precisar baixarrestosjogos sem precisar baixarminerais, produtos químicos e entulho.
"Como ainda não foi designada audiência, ainda a empresa não se pronunciou dentro do processo", diz a acusação, que pede indenização por danos materiais e morais devido ao traumajogos sem precisar baixarPriscila.
A reportagem não encontrou registrosjogos sem precisar baixarcasos similares aojogos sem precisar baixarPriscila no Brasil.
Para Paulo Avila Fagundez, professorjogos sem precisar baixarbioética e biodireito da Universidade Federaljogos sem precisar baixarSanta Catarina, o episódio pode ser interpretado pelo conceitojogos sem precisar baixar"nascituro", presente na legislação brasileira.
"A pessoa passa a existir a partir do momentojogos sem precisar baixarque o feto sai do ventre. Mas a lei indica os direitos do nascituro, aquele que ainda virá a nascer, porque o aborto é hoje um crime contra a vida no Brasil."
Para a lei, explica o professor, o nascituro é como "uma pessoa virtual", "uma expectativajogos sem precisar baixarvida humana".
"Segundo a lei, qualquer interrupção que ocorra no curso da gestação é crime e passíveljogos sem precisar baixarpunição, e quem comete o aborto na pessoa responde por crime. Nesse caso, o acidente foi responsável pelo aborto, contra a vontade da gestante."
Nove meses depois da tragédia, diretores das mineradores reconheceram pela primeira vez que o episódio foi frutojogos sem precisar baixaruma obra na barragem. O anúncio foi feito pelos presidentes da Samarco e da Vale e pelo diretor comercial global da BHP - jornalistas não foram autorizados a fazer perguntas na ocasião.
"Eu queria ver o presidente da Samarco um dia", diz Priscila.
"Se eu tivesse feito um aborto, estava presa, teria cometido um crime. Ele arrancou meu filho à força do meu ventre e nada acontece."