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Júlia foi baleada no rosto; Anderson, levado pelo tráfico: as razões da violência sem precedentescasino online simulatorPorto Alegre:casino online simulator
O númerocasino online simulatorlatrocínios (roubo seguido por morte) aumentou 128%, mais que o dobro,casino online simulator39 para 89, no primeiro semestre deste anocasino online simulatorcomparação ao primeiro semestrecasino online simulator2010. Em relação aos primeiros seis meses do ano passado, esse tipocasino online simulatorcrime aumentou 35%.
O roubocasino online simulatorveículos (com a presença da vítima) aumentou 98% no primeiro semestrecasino online simulator2016 quando comparado ao primeiro semestrecasino online simulator2010, um saltocasino online simulator4.772 para 9.225 ocorrências do tipo. Quando comparado com o primeiro semestre do ano passado, os rouboscasino online simulatorveículos subiram 16%,casino online simulator7.930 para 9.225.
Os homicídios dolosos (com intençãocasino online simulatormatar) cresceram 45% na comparaçãocasino online simulatorseis anos,casino online simulator879 para 1276. Esse tipocasino online simulatorcrime cresceu 6% do primeiro semestrecasino online simulator2015 (1203 casos)casino online simulatorrelação ao primeiro semestrecasino online simulator2016 (1276 casos). Os dados são da Secretariacasino online simulatorSegurança Pública do Estado.
A capital gaúcha está entre as 50 mais violentas do mundo,casino online simulatoracordo com a ONG mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal, figurando na 43º posição.
Segundo o ranking, a taxacasino online simulatorhomicídioscasino online simulatorPorto Alegre é 34,73 a cada 100 mil. O Brasil é o país com mais cidades no ranking.
Porto Alegre fica atráscasino online simulatorCampina Grande, na 40ª posição, com 36,04 homicídios a cada 100 mil habitantes, e na frentecasino online simulatorCuritiba, da 44ª posição, com 34,71 homicídios a cada 100 mil habitantes.
Os especialistas consultados pela BBC Brasil apontam duas principais razões para a expansão da criminalidade: a disputa da hegemonia territorial pelo tráfico na região metropolitana e o parcelamento do salário dos policiais militares e civis.
Rivalidade entre facções
"Havia uma facção majoritária, que tinha domínio, e essa facção está sendo enfrentada por sete pequenos grupos que se uniram", diz Marcos Rolim, professor e consultor na áreacasino online simulatorsegurança pública. "Eram episódios localizados que agora se generalizaram para todo o território."
Com inúmeros crimes que chocaram a opinião pública no último ano, o governador José Ivo Sartori (PMDB) trocou o comando da áreacasino online simulatorsegurança. Cezar Schirmer (PMDB), ex-prefeitocasino online simulatorSanta Maria, foi anunciado no iníciocasino online simulatorsetembro como novo secretário da pasta.
Schirmer concorda que crimes brutais estão deixando a periferia e atingindo as classes mais altas. "Quando morre alguém da periferia é uma estatística. Quando morre alguém do nosso estrato social, não é [apenas] um número", compara Schimer.
Os crimes cometidos por integrantescasino online simulatorfacções costumam ser marcados por brutalidade, como esquartejamento, decapitação e tiros no rosto.
Para Rodrigo Ghringhellicasino online simulatorAzevedo, sociólogo e professor do recém-criado cursocasino online simulatorSegurança Pública da PUC-RS, a crueldade é um "mecanismocasino online simulatorcontrole e poder" das facções.
Rolim, que pesquisou sobre a violência extremacasino online simulatorcriminosos gaúchoscasino online simulatorseu doutorado, explica que os crimes bárbaros são usados como "medida"casino online simulatorvalorização no grupo. "Quanto mais violento, mais é respeitado. Se é perigoso, merece respeito."
Além disso, esse tipocasino online simulatorviolência decorrecasino online simulatorum "treinamento" dos jovens pelos traficantes mais velhos. Esse treinamento alcança até criançascasino online simulatordez anos, especialmente as que estão fora da escola.
Violência na escola
A rotinacasino online simulatorum colégio público visitado pela BBC Brasil na zona norte da Porto Alegre é marcada pela barbárie. "Tive alunos que ficaram afastados duas semanas porque seus parentes estavam envolvidoscasino online simulatorcasoscasino online simulatoresquartejamento", contou uma professoracasino online simulator45 anos.
Como os alunos passamcasino online simulatormanhã por locais onde os corpos são largadoscasino online simulatormadrugada, não é raro que as crianças compartilhem imagens chocantes pelo Whatsapp.
O aplicativo também é usado pelos criminosos. "Os alunos mostram pra gente os avisoscasino online simulatortoquecasino online simulatorrecolher que os bandidos mandam", conta outra docente,casino online simulator53 anos.
"Quem for pego depois das 20h vai ser assaltado ou morto. Vai ter tiro na rua", dizia uma das mensagens.
Pais estão buscando as crianças na escola horas mais cedo para evitar que filhos cheguem tarde.
Salários parcelados
Além da guerra do tráfico, que se espalha por toda cidade, o parcelamento dos salários dos policiais militares e civis afeta o policiamento ostensivo e o atendimento à população. "É mais ou menos assim: o governo finge que me paga e eu finjo que trabalho", analisa Rolim.
Neste mês, os parcelamentos impostos pela gestão Sartori chegam ao nono mês consecutivo. Funcionários do Legislativo e do Judiciário recebem normalmente.
Sobre o parcelamento, a Secretaria da Fazenda afirma que o Estado enfrenta uma crise financeira e tem tomado medidas para evitar um rombo maior nas contas públicas, como aumentocasino online simulatorimpostos e combate à sonegação. O rombo na Previdência deve sercasino online simulatorR$ 9 bilhões neste ano e o déficit para fechar as contas do governo deve sercasino online simulatorR$ 2 bilhões.
"Mesmo com a crise, estamos honrando os reajustes concedidos para a área da segurança pública, que impactam a folhacasino online simulatorR$ 4 bilhões até 2019", diz o secretário da Fazenda, Giovani Feltes. Os aumentos foram concedidos no último ano da gestão anterior,casino online simulatorTarso Genro (PT),casino online simulator2014.
Para Azevedo, da PUC-RS, o atraso do pagamento afeta "principalmente os policiais que atuam na rua".
O secretário Schirmer diz que, se dependesse dele, pagaria os salários porque entende o impacto da medida. "Compreendo as consequências negativas. Não há dúvidacasino online simulatorque é um problema", diz.
Para o secretário, o Estado precisa implantar políticas públicas permanentes, que não sejam modificadas a cada trocacasino online simulatorgoverno. Uma dessas medidas, afirma o secretário, é a reposição do quadrocasino online simulatorpoliciais.
A medida é urgente. Em 2015, 2.099 policiais militares foram para a reserva. Neste ano, 1.732 militares já deixaram o serviço. Os dados foram passados à reportagem pela Associação dos Servidorescasino online simulatorNível Médio da Brigada Militar (Abamf).
"Não há planocasino online simulatorcarreira, o governo está sempre mandando projeto [à Assembleia] para perdermos direitos. Isso desanima o policial militar", diz Leonel Lucas, presidente da Abamf.
Para Lucas, o parcelamentocasino online simulatorsalários não é a principal razão da fuga dos militares, porque mesmo na reserva eles continuam recebendo os salários parcelados.
O governo irá convocar cercacasino online simulator2 mil aprovadoscasino online simulatorconcurso para a Brigada Militar (a PM gaúcha) até 2018.
Além disso, desde o finalcasino online simulatoragosto, 136 agentes da Força Nacional, departamento federal com policiaiscasino online simulatorgruposcasino online simulatorelite dos Estados, estão trabalhandocasino online simulatorPorto Alegre. O governador pediu a ajuda federal diretamente ao presidente Michel Temer.
Sistema carcerário
Os especialistas também apontam o déficit e as péssimas condições do sistema carcerário gaúcho como fator relevante no controle da criminalidade. Azevedo critica, inclusive, a política do aumentocasino online simulatorprisões implantada pelo atual governo.
"No último ano e meio, o númerocasino online simulatorpresos passoucasino online simulator28 mil para 34 mil. Essas prisões acabam se tornando centrocasino online simulatorreunião das facções que articulam seu mercado, disputam território e fazem acertocasino online simulatorcontas", comenta o sociólogo.
Do total dos 34.863 presos atualmente, somente 0,44% terminou a faculdade,casino online simulatoracordo com a Susepe Superintendênciacasino online simulatorServiços Penitenciários (Susepe).
Além disso, uma minoria está presa por crimescasino online simulatorhomicídio, o tipo que mais assusta a sociedade. Apenas 3% estão presos por assassinato,casino online simulatoracordo com Rolim.
"É um amontoadocasino online simulatorgente. Mistura [preso] com índicescasino online simulatorpericulosidade diferentes. Larga o iniciante com o chefão", comenta o secretáriocasino online simulatorsegurança.
Somente no Presídio Central,casino online simulatorPorto Alegre, são 4,7 mil presos para 1,8 mil vagas. O problema é antigo. Na gestão anterior,casino online simulatorTarso Genro (PT), uma ala precária foi demolida, mas nenhuma foi construída para compensar.
O governo Sartori diz que trabalha para aumentar o númerocasino online simulatorvagas no Estado. Por meiocasino online simulatoruma parceria com uma redecasino online simulatorsupermercados gaúcha, o governo receberá a construçãocasino online simulatorum prédio com mil vagas prisionaiscasino online simulatortrocacasino online simulatorum terrenocasino online simulatorárea nobre.
Enquanto isso não ocorre, o Presídio Central é dominado por facções que ocupam galerias - não há celas. Agentes penitenciários e policiais apenas atuam do ladocasino online simulatorfora das galerias, não podendo entrar nas áreas dominadas pelas facções.
"Os presídios se transformaramcasino online simulatorelementoscasino online simulatororganização do crime", diz Rolim.
* Os nomes foram alterados para preservar a identidade dos entrevistados
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