'A perseguição destrói tudo dentroaustralian open bwinvocê', diz cristão paquistanês refugiado no Brasil:australian open bwin

Masih

Crédito, Gui Christ

Masih

Crédito, Gui Christ

Legenda da foto, Masih chegou ao Brasil sem saber que língua se falava aqui no país

Masih, 41 anos, pediu que não fosse identificado por medoaustralian open bwinrepresálias aaustralian open bwinfamília. Contudo, revelar seu último nome não é um problema: no Paquistão a maior parte dos cristãos tem o mesmo sobrenome, que é conferido pelo Estado.

"Não escolhi o Brasil. Eu não conhecia nada daqui. Tinha pedido visto para a Tailândia, porque era mais perto e mais fácil, mas minha avó morreu na época e o visto venceu. Mas eu precisava sair", disse o refugiado que já fala português, entrevistado pela BBC Brasilaustralian open bwinuma tardeaustralian open bwinagosto.

Perseguição

Os problemas do pastor começaramaustralian open bwin2009, quando recebeuaustralian open bwinseu escritório na igreja um homem que o convidou a se converter ao islã. Ele negou. "Fui educado, porque no Paquistão você não pode xingar", disse Masih. A necessidadeaustralian open bwinpolidez não era apenas por educação, era medoaustralian open bwinser acusadoaustralian open bwinblasfêmia, um crime para o qual a punição pode ser a morte.

"Ele voltou duas ou três semanas depois e falou a mesma coisa. Na terceira vez, ele me disse: 'te ofereci o islã três vezes e você o desonrou três vezes. Agora, fique pronto para as consequências."

A pressão veio rápido: duas semanas depois do último encontro, Masih recebeu uma carta do tribunal local no qual o ofendido exigia que o pastor lhe pagasse US$ 70 mil (cercaaustralian open bwinR$ 220 mil) pela ofensa cometida. Ele teve dificuldadesaustralian open bwinconseguir um advogado, pois, segundo conta, ninguém queria defender um cristão.

O caso se arrastou no tribunal por quatro anos até que o juiz decidiu por um valor menor, algo dentro das possibilidadesaustralian open bwinMasih. O perseguidor, porém, não queria o dinheiro, mas a conversão. No começoaustralian open bwin2013, ele conta ter sido agredido.

"O meu acusador chamou um bandoaustralian open bwinfanáticos que me atacaram na minha casa. Me bateram na frente dos meus filhos e da minha esposa. Quando cansaram, disseram que iriam me acusaraustralian open bwinblasfêmia". O risco se tornara grande demais para ficar no Paquistão.

O relatório 2015/2016 da ONG Anistia Internacional diz que Punjab é o Estado paquistanês onde as leis sobre blasfêmia são empregadas com maior vigor, sendo "desproporcionalmente usadas contra as minorias religiosas". O caso mais famoso é oaustralian open bwinuma cristã chamada Asia Bibi, condenada à morteaustralian open bwin2010. O então governadoraustralian open bwinPunjab, Salman Taseer, a apoiou publicamente e acabou morto por umaustralian open bwinseus seguranças, posteriormente condenado e executado. Bibi segue presa.

Bíblia

Crédito, Gui Christ

Legenda da foto, Os problemasaustralian open bwinMasih começaramaustralian open bwin2009 quando não aceitou se converter ao islã

Brasil

A ideiaaustralian open bwinsair do país partiu da esposa. A sugestão do lugar, o Brasil, veio um amigo padre. Era a época da Jornada Mundial da Juventude e da visita do papa Francisco, o que tornava mais fácil conseguir um vistoaustralian open bwinturista. Masih chegou ao Rioaustralian open bwinJaneiro sem nem saber que língua os brasileiros falavam.

"Quando eu estava saindo do Paquistão, minha mãe me perguntou: 'onde é o Brasil? Fica na Inglaterra? Na Arábia?'. Respondi que era longe. Ela me perguntou se eu conhecia alguém lá e eu respondi: 'Sim, Jesus.'"

Masih saiu do aeroporto do Galeão com US$ 13 mil (cercaaustralian open bwinR$ 41 mil) numa maleta, pegou um táxi e o motorista o levou até um hotel na Lapa. Cobrou R$ 80 pela corrida. Depois o levou a uma igreja presbiteriana no bairro Santíssimo ao custoaustralian open bwinR$ 200.

"A igreja era pequena, mas eles me acolheram rapidamente sem me questionar. Me deram uma casa e, depoisaustralian open bwinseis meses, comecei a dar aulasaustralian open bwininglês. Também fui apresentado como missionário e recebi muitos convitesaustralian open bwinpregaçãoaustralian open bwinoutras igrejas".

Um desses convites o levou a Natal, no finalaustralian open bwin2014, onde conheceu o pastor Amaury Costaaustralian open bwinOliveira, que há cinco anos acompanha as igrejas perseguidas na Ásia e Oriente Médio e que se interessou pela históriaaustralian open bwinMasih. Ficaram amigos e o pastor brasileiro convidou o paquistanês para trabalharaustralian open bwinseu ministério, na Igreja Presbiteriana da Penha.

"Ele teve uma boa aceitação na igreja. Quando escutam a história dele, as pessoas o acolhem bem. Masih acaba conscientizando os fiéis sobre o que acontece com os cristãosaustralian open bwinoutros lugares do mundo", disse Oliveira.

Agora, Amauri,australian open bwincolaboração com a ONG Preparando o Caminho, é um dos responsáveis pela arrecadaçãoaustralian open bwinfundos para ajudar o refugiado paquistanês a voltar ao seu país, onde vai buscaraustralian open bwinfamília. Masih vai passar pelo menos um mês naaustralian open bwinterra natal e reencontrar a mãe. "Ela quer ficar lá, mas pediu para me ver uma última vez".

O pai ele perdeu no ano passado. "O dia que ele faleceu me machucou muito. Você deixa seu pai, ele te dá um abraço e um beijoaustralian open bwindespedida, com a promessaaustralian open bwinum reencontroaustralian open bwinbreve. Mas ele não estará mais lá. A perseguição destrói tudo dentroaustralian open bwinvocê."

Quando retornar ao Brasil depois da visita ao Paquistão, Masih vai seguir pregando no templo da Penha e vai morar por um tempo com a famíliaaustralian open bwinuma casaaustralian open bwinpassagem que está sendo construída ao lado da igreja. Dois dos pedreiros são jovens cristãos paquistaneses e também pediram para que o nome não fosse revelado. O sobrenomeaustralian open bwinum deles pode ser divulgado sem risco — também é Masih.