Mulheres na eleição da Câmara:bet365 sitecabos eleitorais 'objeto' a candidatas sem chance:bet365 site

Legenda da foto, Cabo eleitorais do candidato Marcelo Castro nos corredores da Câmara

Ainda assim, as candidaturas das duas representam uma grande novidade: é a primeira vez na história que duas mulheres concorrem ao posto.

Segundo os dados da Casa, que remontam a 1971, só uma deputada tinha concorrido ao cargo até então, a hoje senadora Rosebet365 siteFreitas (PMDB-ES),bet365 site2013. Na ocasião, ela esperava receber 150 votos, mas ganhou apenas 47.

Nos corredores, as modelos sorriem, dão bom dia a quem passa, distribuem santinhos com mensagens dos candidatos e… são constantemente assediadas, inclusive por deputados.

Ao menos quatro postulantes contrataram mulheres para atuarem como cabos eleitorais - Fernando Giacobo (PR-PR), Carlos Henrique Guaguin (PTN-TO), Marcelo Castro e Cristiane Brasil.

O uniformebet365 sitecampanha é sempre o mesmo - uma blusa com o nome do candidato e uma calça justa. A maioria usa maquiagem e tem cabelos lisos ou alisados.

A BBC Brasil conversou com oito modelos sob condiçãobet365 siteanonimato. Seis delas disseram ser assediadas - uma afirmou que recebia elogios, mas que não considerava "nada demais", e a oitava relatou não ter tido "problemas" nesta quarta.

Legenda da foto, Carlos Henrique Guaguin é um dos que contrataram mulheres para a campanha

As seis que se queixaram das cantadas contaram que mesmo parlamentares são inconvenientes, e que muitas vezes o cargo os deixa até mais abusados que os demais passantes.

"Eles são piores. Eu identifico pelo broche (de parlamentar). Por serem deputados, acham que podem fazer o que quiserem", contou uma.

Questionada sobre que tipobet365 sitecoisa costuma ouvir, exemplificou: "Passam e perguntam: tem seu WhatsApp no santinho? Eu digo que não, aí eles nem pegam (a propaganda)".

Ela diz quebet365 sitereação é neutra - não sorri nem reclama. "Eles deviam nos respeitar."

Outra modelo contou que recebeu convites para almoçobet365 siteparlamentares, e que recusou.

Questionada sobre o motivobet365 siteter sido contratada para a campanha, disse saber que era para atrair os homens.

"A maioria dos deputados são homens. Então, as mulheres têm que ser sempre bonitas. Somos mulheres-objeto", disse.

'Gaguetes'

O primeiro a contratar mulheres como cabos eleitorais foi Gaguin - as modelos circulam vestindo uma blusa verde-limão com seu nome desde a segunda-feira. Ganharam o apelidobet365 site"gaguetes".

"Os deputados passam e falam: Gaguin já ganhou, mas é por causabet365 sitevocês", contou uma delas.

A maioria não quis dizer quando estava recebendo pelo trabalho. O valor varia pela quantidadebet365 sitehoras. Uma revelou que receberia R$ 100 pela diária se o serviço acabasse às 16h, para quando estava marcado o início da eleição - ele acabou adiado para as 19h.

Disse que é "bem pouco" se comparado ao que costuma ganharbet365 siteoutros eventos.

Uma cabo eleitoralbet365 siteoutro candidato contou que faz esse tipobet365 sitetrabalho há dez anos. Questionada se algo mudoubet365 siterelação aos assédios nesse período, respondeu: "Nada".

Contou que também costuma ser convidada para sair, e que alguns homens confundem seu trabalho com obet365 site"ficha rosa" - como são chamadas modelos que participambet365 siteeventos e também fazem trabalhobet365 siteprostituição.

"Algumas (nesse ramo) são ficha rosa. Então eles confundem, acham que todas são. Pedem telefone, chamam para sair. Eu sou ignorante, digo que não estou disponível", contou.

'Cruzes'

Crédito, BBC Sport

Legenda da foto, A deputada Cristiane Brasil contratou quatro mulheres e quatro homens para a campanha na Câmara

A BBC Brasil conversou com as deputadas Luiza Erundina e Cristiane Brasil sobre o assédio sofrido pelas modelos.

"Cruzes", respondeu a candidata do PTB, filha do ex-parlamentar Roberto Jefferson.

"Até por uma questãobet365 sitepreservação a elas, eu coloquei elas bem vestidas, com uma camiseta fechadinha, com uma calça que não era provocativa, justamente para evitar isso", justificou.

A deputada disse que contratou oito pessoas, quatro homens e quatro mulheres. Segundo ela, a equipe deveria trabalharbet365 siteduplas, sempre um rapaz e uma moça, justamente para evitar as abordagens.

Na manhã desta quarta-feira, apenas as mulheres estavam trabalhando.

"Penso que é um comportamento masculino que eu infelizmente não tenho controle sobre ele, né? Agora você está me contando uma novidade. Não sabia, as minhas meninas não relataram isso, não", disse.

Para Erundina, a práticabet365 sitecontratar mulheres para distribuir santinhos "desqualifica" as candidaturas.

"Para você ver como os homens tratam as mulheres, mesmo os homens que têm mandato popular. Isso desmerece, desqualifica esses parlamentares, sobretudo se forem candidatos. É bom que os eleitores tomem consciência e a sociedade, sobretudo,bet365 sitequem está disputando poder no país", afirmou.

"E as mulheres são sempre usadas como cabos eleitorais, como tarefeiras, e quando são candidatas, são candidatas laranjas, para cumprir cotas impostasbet365 sitelei", disse ainda,bet365 sitereferência à exigênciabet365 siteque as legendas tenham um percentual mínimobet365 sitecandidatas mulheres nas eleições para deputados e vereadores.

Para Erundina, a eleiçãobet365 siteuma mulher para presidir a Câmara pela primeira vez seria a correçãobet365 site"uma dívida histórica".

"Nós somos maisbet365 site50% dos eleitores ebet365 site193 anosbet365 siteexistênciabet365 sitePoder Legislativo nunca uma mulher assumiu o cargobet365 sitepresidente (da casa), pela exclusão que existebet365 siterelação a nós, sobretudo no acesso aos espaçosbet365 sitepoder".

Legenda da foto, Cabos eleitoraisbet365 siteMaia tiram selfie com o deputado Damião Feliciano (PDT-PB)

'Batalhão'bet365 siteúltima hora

Na parte da tarde, os corredores da Câmara foram invadidos por 40 garotas contratadas pela campanhabet365 siteRodrigo Maia.

Alémbet365 siteser bem maior que os das demais campanhas, o grupo adota uma postura mais incisiva - elas abordam diretamente os parlamentares, perguntam se já tem candidato e pedem voto para o democrata.

À BBC Brasil, Maia disse que as mulheres foram contratadas por seus aliados e que, se estavam sendo mais incisivas, é "porque estão fazendo um bom trabalho,bet365 sitevezbet365 sitesó entregar papel".

Sobre o assédio, afirmou que "a culpa é dos deputados ebet365 sitequem mais está passando pela Câmara, não das meninas ebet365 sitequem contratou".

Questionado sobre a importância delas para conquistar votos, o candidato respondeu que, como não dá para ele falar diretamente com todos os colegas, o trabalho ajudaria a dar mais visibilidade àbet365 sitecampanha.

Até a publicação desta reportagem, os outros candidatos não haviam comentado a contratação das modelos.