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O plano do Piauí, cenáriojogos para eu jogarcasos chocantesjogos para eu jogarestupro, para combater violência contra a mulher:jogos para eu jogar
O que poucos sabem é que, embora tenha sido palco dessa sériejogos para eu jogarcrimes, o Piauí é considerado por grupos feministas locais e até pela ONU Mulheres, braço das Nações Unidas que promove a igualdadejogos para eu jogargênero, referência no combate à violência contra a mulher. Algo que pode desafiar o senso comum.
"O Piauí é um dos Estados que prontamente aderiram às 'Diretrizes Nacionais para Investigar, Processar e Julgar com Perspectivajogos para eu jogarGênero as Mortes Violentasjogos para eu jogarMulheres - Feminicídios', que estabelecem uma sériejogos para eu jogarprocedimentos a serem adotados na apuraçãojogos para eu jogarresponsabilidades criminais", explicou à BBC Brasil Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil.
"Essas iniciativas não foram só uma resposta aos crimes ocorridosjogos para eu jogarCastelo, mas ampliaram o entendimento sobre feminicídio. Agora, o Piauí está investindo numa metodologiajogos para eu jogarinvestigação com perspectivajogos para eu jogargênero, com base na realidade local, numa parceria importante entre a polícia civil e a perícia."
A BBC Brasil listou as cinco principais necessidades que o Piauí tem identificado sobre o tema:
1) Criar centros que ofereçam atendimento completo e especializado à vítimajogos para eu jogarviolência sexual
Uma das principais dificuldades das mulheres que sofrem algum tipojogos para eu jogarviolência (doméstica ou sexual) é a vergonha e o medojogos para eu jogarser julgada.
Segundo especialistas, o medojogos para eu jogarserem estigmatizadas ao dar entradajogos para eu jogarum hospital por causajogos para eu jogarum estupro, por exemplo, leva muitas vítimas a só procurar ajuda dias após a agressão - ou a deixarjogos para eu jogarfazê-lo.
Para amenizar isso, o Piauí crioujogos para eu jogar2006 o projeto dos Samvis (Serviçosjogos para eu jogarAtenção às Mulheres Vítimasjogos para eu jogarViolência Sexual). Trata-sejogos para eu jogaráreas sigilosas, localizadas dentrojogos para eu jogarhospitais, onde as mulheres recebem os primeiros atendimentos médicos, fazem acompanhamento psicológico.
Nesses locais, elas podem até mesmo denunciar seus agressores - ou seja, sem precisar ir à polícia.
Foi o caso da vítimajogos para eu jogarestuprojogos para eu jogarBom Jesus, no fim do mês passado. Após ser encontrada na obra, a jovem foi diretamente levada para o Samvis do Hospital Regional da cidade. Lá, alémjogos para eu jogarreceber atendimento médico e psicológico e fazer o exame pericial, a garota conversou com uma policial feminina chamada para ouvir seu depoimento e abrir a investigação sobre o caso.
"A sala aqui é anexa ao hospital, e temos um atendimento diferenciado pela questão do sigilo. A vítima é acolhida pela equipejogos para eu jogarserviço social e psicologia. Aí temos também a equipejogos para eu jogarenfermagem e médicos para os primeiros cuidados", contou à BBC Brasil Glíciajogos para eu jogarMoura Sousa, coordenadora do Samvisjogos para eu jogarBom Jesus.
"Para evitar fazer vários atendimentos com essa vítima que já está traumatizada, os peritos se deslocam para cá. No caso dela, o próprio depoimento à polícia foi feito aqui, temos uma parceria com a delegacia."
O Samvis atende vítimasjogos para eu jogarviolênciajogos para eu jogargeral, como a doméstica - idosos, crianças e adolescentes também são acolhidos. O esforço é para que a maioria dos funcionários sejajogos para eu jogarmulheres.
Os centros, porém, ainda não existemjogos para eu jogartodas as cidades do Estado - apenasjogos para eu jogarTeresina, Parnaíba, Picos, Floriano, Bom Jesus, São Raimundo Nonato e Corrente.
2) Capacitar policiais para atuarjogos para eu jogarcrimesjogos para eu jogargênero
O caso do estupro coletivo no Rio chamou a atenção para um problema muito comumjogos para eu jogarvítimas que procuram a polícia: abordagens inadequadas, perguntas às vezes inapropriadas feitas à vítima e até mesmo o localjogos para eu jogarque o depoimento foi colhido - reclamações nesse sentido fizeram o delegado do caso ser afastado.
"Você tinha costumejogos para eu jogarparticiparjogos para eu jogarsexojogos para eu jogargrupo?", foi uma das perguntas do delegado Alessandro Thiers, que ouviu o depoimento da jovemjogos para eu jogar16 anosjogos para eu jogaruma sala envidraçada, com outros dois policiais homens e com a presençajogos para eu jogarsua namorada.
Para evitar esse tipojogos para eu jogarcomportamento na delegacia, o Piauí implementoujogos para eu jogar2012 uma disciplina específica no cursojogos para eu jogarformação dos policiais: "Investigação Policialjogos para eu jogarCrimesjogos para eu jogarGênero, Raça e Etnia". A ideia é fazer o agente estudar não só a lei, mas a questão racial oujogos para eu jogargênero que envolve alguns crimes.
"Não é só conhecer a Lei Maria da Penha, isso é o básico. Mas precisamos que eles saibam quais são as raízes da violência contra a mulher. Quais são as relaçõesjogos para eu jogargênero, por que ela sofre calada por anos. Se ele não tem capacitaçãojogos para eu jogargênero, ele passa a não compreender esses aspectos", explica a promotora Silvia Chakian, especialistajogos para eu jogarViolência contra a Mulher.
No Piauí, essa capacitaçãojogos para eu jogarpoliciais ajuda a evitar a mortejogos para eu jogarmuitas mulheres, avalia a subsecretáriajogos para eu jogarSegurança Pública, Eugenia Villa, que é delegada.
"Quando a gente capacita o policial na perspectivajogos para eu jogargênero, a gente mostra que uma ameaça hoje ou uma agressão agora pode amanhã virar um feminicídio. Se a gente identifica isso antes, é possível combater e evitar o pior."
A iniciativa é defendida pela ONU Mulheres. "A formaçãojogos para eu jogaragentes públicos é um passo decisivo para garantir a perspectivajogos para eu jogargênero nas investigações e dar respostas a partir da realidade local, da natureza dos assassinatos, das vítimas e dos criminosos", observa Gasman.
3) Ter equipe especializadajogos para eu jogarinvestigar feminicídio
O Núcleo Investigativojogos para eu jogarFeminicídio da Polícia do Piauí foi criado antes da aprovação da Lei do Feminicídio, sancionada pela então presidente Dilma Rousseffjogos para eu jogarmarço do ano passado. O objetivo dele é mapear os crimes contra mulheres e identificar os que ocorriam por questõesjogos para eu jogargênero, mas antes caíam na vala dos homicídios comuns.
"Nós não sabíamos quantas mulheres eram assassinadas por questãojogos para eu jogargênero. Precisávamos vencer esse deficit, mostrar que as mulheres estavam sendo assassinadas por serem mulheres", explicou Villa.
"Hoje, nós temos esses dados. Em 2016, 65% dos assassinatosjogos para eu jogarmulheres (11 dos 17jogos para eu jogarjaneiro a março) foram feminicídio. Nós monitoramos todas as mortes e descobrimos que a maioria delas morreu por questãojogos para eu jogargênero. Isso nos dá uma condição para entendermos como prevenir isso."
A ONU Mulheres destaca que o Mato Grosso do Sul e o Maranhão são os Estados ainda mais avançados nessa questão, porque o trabalho feito lá "já envolve o sistemajogos para eu jogarjustiça e criminal".
4) Desenvolver pesquisas para entender a violênciajogos para eu jogargênero
A Polícia Civil do Piauí criou o Núcleojogos para eu jogarPesquisajogos para eu jogarViolênciajogos para eu jogarGênero, departamento que mapeia todos os tiposjogos para eu jogarcrime contra a mulher no Estado. A ideia é aproveitar esses dados para adotar estratégias mais efetivas no combate ao problema.
"Essas iniciativas são inovadoras e representam respostas diante da realidadejogos para eu jogarviolência contra as mulheres no Piauí. Não é comum ver esse níveljogos para eu jogarproatividade da segurança pública com perspectivajogos para eu jogargênero", avalia a representante da ONU Mulheres.
"Descobrimos, por exemplo, quejogos para eu jogar80% dos casos as mulheres estão sendo assassinadas dentrojogos para eu jogarcasa pelos próprios maridos e aos finsjogos para eu jogarsemana. E agora podemos criar ações mais assertivas para evitar isso", explica Villa.
Os dados do núcleo também revelaram, diz a subsecretáriajogos para eu jogarSegurança Pública, que o númerojogos para eu jogarregistrosjogos para eu jogarmulheres vítimasjogos para eu jogarviolência no Estado superajogos para eu jogar14% ojogos para eu jogarlesões corporais no trânsito.
"O Estado faz políticas para o trânsito, tem toda uma estrutura para enfrentar acidentes e mortes nele. Mas e a mulher, que corre risco até dentrojogos para eu jogarcasa? Já passou da hora da gente tratar isso com a devida atenção", pontua Villa.
No ano passado, o Piauí foi o segundo Estado que mais registrou denúnciasjogos para eu jogarviolência contra a mulher pelo 180, o Disque Denúncia. Especialistas afirmam que, quanto melhor é o aparato públicojogos para eu jogardefesa à mulher, mais denúncias tendem a aparecer.
5) Intensificar campanhas sobre a importânciajogos para eu jogardenunciar
É fato: trabalhar na conscientização das mulheres sobre a existênciajogos para eu jogarum aparato legal para defendê-las é o primeiro passo para combater essa violência. E o Piauí fez isso, principalmente nos últimos dois anos.
"A gente vai pros meiosjogos para eu jogarcomunicação e passa a mostrar que as mulheres que usam medidasjogos para eu jogarurgência da Lei Maria da Penha (medidasjogos para eu jogarproteção, estão vivas). Fizemos campanhas para divulgar o 180 como instrumentojogos para eu jogardenúncia. Acho que isso tem encorajado as mulheres", conta a subsecretáriajogos para eu jogarSegurança.
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