Tim Vickery: Cerimôniabet 36abertura dissipou mau humorbet 36londrinosbet 362012; Rio repetirá a história?:bet 36
Suas críticas foram todas pertinentes. Mas enquanto ela estava escrevendo, o humor já estava começando a mudar um pouco.
A passagem da tocha olímpica por vários bairrosbet 36Londres ajudou a criar um climabet 36festa mais inclusivo. Aí veio o momento decisivo, que conseguiu ganhar a simpatia da população local para os Jogos Olímpicosbet 362012: a cerimôniabet 36abertura.
Dirigida pelo cineasta Danny Boyle, a cerimônia foi um triunfo total. Teve gente que não a entendeu - inclusive, acredito, um narradorbet 36televisão brasileiro. Mas não foi feita para ele.
Teve gente que citou a faltabet 36referência à história imperial, à conquista e dominaçãobet 36tantos outros países. Trata-sebet 36uma observação com fundamentos, mas Boyle não estava tentando contar uma história oficial, das elites, mas um espetáculo refletindo uma narrativa do povo.
O fator mais importante no desenvolvimento do povo local foi a revolução industrial caótica, destrutiva, criativa. A transformação do rural para o moderno foi mostrada numa sequência extraordinária que terminou na produção industrial dos anéis olímpicos, o símbolo da cerimônia que mais apareceu nas primeiras páginasbet 36jornais no mundo todo.
A cerimônia prestou homenagem ao Sistema Nacional da Saúde (NHS), um símbolo dos investimentos no povo da época depois da Segunda Guerra Mundial - investimentos que pavimentaram o caminho para a explosão cultural na décadabet 3660 -, com a música, moda e comédia bem presentes.
Aí, com mais imaginação do que orçamento, Danny Boyle conseguiu tocar a população local. Criou uma sensaçãobet 36que,bet 36alguma forma, o evento realmente pertenceu às pessoas.
Claro, tudo isso tem limitações. Na turbulência da Grã-Bretanhabet 36hojebet 36dia, com a confusão pós-Brexit e o surtobet 36xenofobia, seria muito mais difícil repetir o que aconteceu quatro anos atrás. Seria mais difícil identificar o que tem para ser tão comemorado - o que, na verdade, também se aplica a aqueles responsáveis pela cerimôniabet 36abertura do Rio 2016.
Também na véspera dos Jogosbet 362012, e também no jornal The Independent, o correspondentebet 36finanças Hamish McCrea enxergou as Olimpíadas modernas como "uma celebração da globalização".
O lugarbet 36Londres nesse contexto foibet 36que "no momento passa a ser,bet 36certo modo, mais internacional do que qualquer outro no mundo... A última Olimpíada [2008,bet 36Pequim] foi uma celebração da ascensão da China. A próxima, no Riobet 36Janeiro, será a celebração da ascensão da América Latina".
Só que,bet 36repente, não tem tanta coisa para comemorar. A votação do Brexit foi uma derrota para o processobet 36globalização, e a perdabet 36fôlego da China acabou com o crescimento brasileiro.
Os mitos confortáveis do Brasil têm pouco sentido no contexto atual da situação externa e desenvolvimentos internos. Não dá para uma cerimôniabet 36abertura retratar a felicidade rasa nem ideias superficiais da democracia racial - nem é para se esperar uma coisa tão banalbet 36gente com a qualidadebet 36Fernando Meirelles e companhia.
Mas o que Meirelles vai retratar? E qual será o efeitobet 36seu espetáculo no clima do Riobet 36Janeiro? Tem obviamente a tradição do Carnaval para explorar. Mas dá para retratar,bet 36uma maneira sincera, a história dos afro-brasileiros? E depois do evento, qual nota o povo carioca vai dar para a cerimôniabet 36abertura? Ela vai engajar os cariocas?
Ou, no cenário atual, isso seria uma tarefa difícil demais para qualquer cerimônia?
*Tim Vickery, colunista da BBC Brasil, é formadobet 36História e Política pela Universidadebet 36Warwick.