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Expansão do Brics, moeda comum e guerra na Ucrânia: por que reunião na África do Sul pode ser decisiva:ht bet
Esta será, também, a primeira cúpula do Brics à qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai participar após assumir seu terceiro mandato. Ele foi um dos fundadores do grupo, criadoht bet2006, ainda sem a África do Sul, que se juntou ao blocoht bet2010.
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Apesarht beta expansão do Brics atrair a maior parte das atenções para a cúpula, a reunião também deverá ser marcada por outros temas como a possível criaçãoht betuma unidade monetária comum a ser usada entre os membros do grupo e, inevitavelmente, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Analistas e diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que a reunião pode ter efeitos importantes sobre a política e economia internacional tanto pela possível expansão do bloco quanto pela possível criaçãoht betuma alternativa ao uso do dólarht bettransações comerciais.
A seguir, relembre o início do bloco e entenda os principais temas deste encontro.
O início
Uma toneladaht betcocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
Episódios
Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa
O termo "Brics" surgiuht bet2001 e foi cunhado pelo economista inglês Jim O’Neil para designar um grupoht betpaíses inicialmente formado pelo Brasil, Rússia, Índia e Chinaht betfunção das perspectivasht betcrescimento acentuadoht betsuas economias.
Em 2006, os quatro países começaram a se reunirht betforma conjunta e,ht bet2011, a África do Sul passou a fazer parte formalmente do grupo.
Atualmente, os países do Brics têm uma população somadaht betquase 3,26 bilhõesht betpessoas.
O PIB do bloco supera os US$ 26 trilhõesht betdólares, fortemente ancorado na locomotiva chinesa, segunda maior economia do mundo, atrás somente dos Estados Unidos.
Desde a consolidação do bloco, os cinco países realizam diversas reuniões multilaterais para debater temas econômicos e políticos.
O grupo passou, então, a ser visto como um fórum multilateral alternativo àqueles considerados mais tradicionais como o G7 (grupo dos sete países mais desenvolvidos do mundo) e o G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo).
'Super Brics'
Antes tratada como uma possibilidade distante, a expansão do Brics será um dos temas principais da reunião entre os líderes do bloco, especialmente da reunião reservada que está prevista para a noiteht betterça-feira (22/8).
Fontes ouvidas pela BBC News Brasilht betcaráter reservado apontam que há três cenários possíveisht betrelação ao tema.
No primeiro, o bloco apresentaria apenas os critérios para o acessoht betnovos países ao grupo. O Brasil é um dos que apoia essa hipótese.
No segundo cenário, o grupo apresentaria os nomesht betnovos membros.
No terceiro, o bloco anuncia os critérios, seus novos integrantes e os nomesht betoutros países que poderiam aderir ao grupo na condiçãoht betparceiros, mas não como membros efetivos.
A China vem sendo apontada como a principal interessadaht betampliar o númeroht betmembros do bloco. Nos últimos anos, a ideiaht betexpansão do Brics passou a ser defendida abertamente por lideranças chinesas.
"A China propõe iniciar o processoht betexpansão do Brics, explorar um critério e procedimentos para a expansão e, gradualmente, formar um consenso", disse o ministroht betRelações Exteriores da China, Wang Yi,ht betmaioht bet2022.
O tema já havia sido da visita do presidente brasileiro à China, em abril deste ano, como mostrou a BBC News Brasil.
“A expansão do Brics está na agenda do encontro privado dos líderes”, confirmou o secretário para as regiões da Ásia e Oceano Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo Saboia,ht betconversa com jornalistas na semana passada à qual a BBC News Brasil esteve presente.
O movimento chinês é visto por analistas como uma formaht betaumentar a influência global do paísht betum momentoht betque suas relações com países como os Estados Unidos estão abaladas.
Os norte-americanos acusam a Chinaht betespionagem eht betpráticas comerciais abusivas. O governoht betPequim rebate e acusa os Estados Unidosht betprotecionismo comercial e perseguição a empresas chinesas.
O cálculo chinês apontaria que uma ampliação do Brics diminuiria as chancesht beto país ficar isolado caso as relações com os Estados Unidos piorem nos próximos anos e poderia servirht betcontraponto ao G7, formado pelos Estados Unidos e potências da Europa Ocidental como Reino Unido, França e Alemanha.
Mas apesar da força com a qual a China tenta liderar a expansão do Brics, países do bloco vinham oferecendo alguma resistência nos últimos anos.
Entre eles, estão o Brasil e a Índia. Nos bastidores, diplomatas brasileiros ouvidosht betcaráter reservado pontuam que a expansão do bloco não poderia ser feita apenas para atender aos interesses chineses.
Um dos temores do Brasil seria oht betque uma expansão acelerada do bloco poderia diminuir a influência do Brasil no Brics, grupo que ajudou a fundar e que é visto como estratégico no próprio plano brasileiroht betmanter e aumentarht betinfluência global nos próximos anos.
“A entradaht betnovos países, a priori, tende a diminuir o poder relativo do Brasil no Bloco rumo à consolidação da liderança e influência chinesa sobre o Bloco”, disse à BBC News Brasil a professoraht betRelações Internacionais da Universidade Estadualht betSão Paulo (Unesp) e pesquisadora do Núcleoht betPesquisaht betRelações Internacionais da Universidadeht betSão Paulo (Nupri-USP), Marília Souza Pimenta.
Segundo o Itamaraty, pelo menos 22 países já apresentaram interesseht betse juntar ao Brics, incluindo naçõesht betdiferentes continentes como Argentina, Emirados Árabes Unidos, entre outros.
Sobre movimentação chinesa e o lobbyht betpaíses interessadosht betentrar no bloco, Brasil e Índia, que eram resistentes à ideia, passaram a defender que o grupo primeiro definisse critérios para a análise dos pedidosht betadesão.
Mais recentemente, porém, Lula chegou a defender a entradaht betpaíses como a Argentina, Venezuela, Arábia Saudita e Emirados Unidos no grupo.
O professorht betgeopolítica da Universidade Federal Rural do Rioht betJaneiro e pesquisador visitante da Universidade Fudan, na China, Pablo Ibanez, avalia que o Brasil teve pouca margemht betmanobra diante da pressão chinesa pela expansão do bloco.
“Pela forma como está conduzida e a velocidadeht betnovos proponentes, parece não haver saída e o Brasil percebeu isso [...] são duas visões, uma da presidência, mais favorável, pois entende que fortaleceria o Sul Global, e outra do Itamaraty, mais reticente, pois necessariamente diluiria o grupo, aumentaria a proeminência chinesa e ainda careceht betmelhor estudo sobre as formas e os critériosht betadesão”, disse Ibanez à BBC News Brasil.
Na avaliaçãoht betEduardo Saboia, um dos critériosht betadesão que interessa ao Brasil é o possível apoio dos países que postulam entrar no Brics à reformulação do Conselhoht betSegurança da Organização das Nações Unidas, uma pauta histórica da diplomacia brasileira.
“Nessa ampliação, é importante que se fortaleça o ímpeto reformista do Brics, inclusiveht betmatériaht betreforma do conselhoht betsegurança”, disse Saboia.
Moeda comum do Brics?
Outro tema que será debatido pelos líderes do Brics será a criaçãoht betuma unidade monetária comum a ser usada pelos países do blocoht betsuas transações comerciais.
A ideia seria a criaçãoht betuma unidadeht betreferência comum, com a qual os países do bloco pudessem fazer suas transações comerciais sem depender do dólar como referência.
A medida não extinguiria as moedas nacionais dos países do bloco.
O objetivo seria criar uma alternativa para driblar a dependência internacionalht betrelação ao dólar norte-americano, referência no comércio global.
Dados do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, apontam que, entre 1999 e 2019, 96% das transações comerciais no continente americano foram feitasht betdólar. Na região da Ásia e do Pacífico, esse percentual ficouht bet74%. Na Europa, o euro predomina, com maisht bet60% do volume. No resto do mundo, o dólar volta a dominar, com 79%.
A redução da dependênciaht betrelação ao dólar é uma pauta defendida pelo governo chinês há alguns anos e ganhou o apoioht betLula, particularmente, após ele assumir seu terceiro mandato.
Em visitas à Argentina e à China, Lula fez uma defesa direta da adoçãoht betoutras moedas no comércio internacional.
“Toda noite, me pergunto por que é que todos os países estão obrigados a fazer seu comércio lastreado no dólar. Por que é que nós não podemos fazer o nosso comércio lastreado na nossa moeda? Por que é que nós não temos o compromissoht betinovar?", disse Lulaht betXangai, na China,ht betabril.
A Rússia, que virou alvoht betsanções econômicas no último ano por conta da guerra com a Ucrânia, também tem interesseht betdepender menos do dólar para realizar seu comércio global.
A BBC News Brasil mostrou que, segundo especialistas, reduzir a dependênciaht betrelação ao dólar é um dos pilares do plano brasileiroht betaumentarht betinfluência global.
Guerra na Ucrânia
O terceiro ponto que deve ser pauta da reunião dos líderes do Brics neste ano é a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. A tendência éht betque não haja novidadesht betrelação à posição do grupo, justamente pela presença da Rússia no bloco.
O conflito começouht betfevereiroht bet2022, quando a Rússia, liderada por Putin, invadiu o território ucraniano sob a alegaçãoht betque protegeria minorias étnicas russas sob suposta ameaça no país vizinho.
Desde então, a guerra se arrasta por maisht betum ano. A Ucrânia resiste à ofensiva russa com o apoio financeiro e militarht betpaíses como os Estados Unidos e da Europa Ocidental, como o Reino Unido, França e Alemanha.
Considerando a sensibilidade do tema para os russos, a declaração final da cúpula no ano passado não trouxe condenaçãoht betrelação à invasão russa.
Houve apenas a defesaht betque Rússia e Ucrânia mantivessem conversas sobre o assunto e que o tema fosse abordadoht betfóruns como a Assembleia Geral e no Conselhoht betSegurança da ONU.
A expectativa éht betque o tom adotado na declaração deste ano seja semelhante.
O conflito fez com que países do Brics passassem a ser cobrados publicamente por seus posicionamentosht betrelação ao conflitoht betfóruns internacionais.
Nesse aspecto, a posição do Brasil é diferente da dos demais membros do grupo. Um termômetro dessa diferença se deuht betfevereiro deste ano.
Naquele mês, os países-membros da Assembleia Geral da ONU votaram pela condenação da Rússia pela invasão à Ucrânia e pediram a retirada das tropas comandadas por Putin do território inimigo.
Ao todo, 141 países votaram a favor, 32 se abstiveram e sete votaram contra a resolução.
Entre os Brics, o Brasil foi o único que votou a favor da resolução. A Rússia, obviamente, votou contra. África do Sul, Índia e China se abstiveram.
O embaixador Eduardo Saboia disse que a declaração final da cúpula, texto que ainda está sendo negociado pelos representantes dos cinco países, não deverá trazer surpresas sobre o assunto.
“Com relação ao conflito, temos que diferenciar o que é discutido e o que ficará na declaração. Certamente, o que é conversado pelos líderes será muito mais rico do que o que ficará na declaração. Ela (a declaração) resguarda as posições dos países”, disse o diplomata.
Para a professora Marília Pimenta, à medidaht betque os Brics cresçam, vai ficar mais difícil que o bloco evite o tema da guerra na Ucrânia.
“O fórum dos Brics não me parece o local adequado para que (os líderes) emitam declarações sobre a guerra na Ucrânia, até pela abstenção na ONU por parte da China, Índia e África do Sul [...]Agora, à medidaht betque o Bloco ganha um caráter e um peso mais geopolítico, vai ficar difícil manter posiçõesht betdubiedadeht betnome do pragmatismo econômico”, disse a professora.
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