Sob Bolsonaro, mortesjogos da betfairyanomami por desnutrição cresceram 331%:jogos da betfair

Nas últimas semanas, o governo federal decretou estadojogos da betfairemergência por conta do agravamento das condiçõesjogos da betfairsaúde dos yanomami.

A decisão foi tomadajogos da betfairmeio à forte repercussão nacional e internacional gerada por imagensjogos da betfairindígenas da etnia visivelmente desnutridos.

Salto no primeiro anojogos da betfairgoverno

Os dados liberados pelo Ministério da Saúde mostram a quantidade e as causas das mortes registradas nos Distrito Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), órgãos responsáveis pela saúde dos povos originários. As informações vãojogos da betfair2013 a 2022.

Em 2013 e 2014, as mortesjogos da betfairyanomami por desnutrição totalizaram oito e seis, respectivamente.

Na somatória dos quatro anos seguintes (2015 a 2018), nos governosjogos da betfairDilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), o total foijogos da betfair41. Nos quatro anos seguintes, já sob Bolsonaro, o número foijogos da betfair177.

Os dados indicam um salto no númerojogos da betfairmortes por desnutrição entre os yanomami já no primeiro ano do governo Bolsonaro, 2019.

Em 2018, foram sete mortes registradas por alguma formajogos da betfairdesnutrição. No ano seguinte, esse número aumentou para 36.

Em 2020, o número saiujogos da betfair36 para 40 e atingiu um picojogos da betfair2021, quando 60 indígenas yanomami morreram por algum tipojogos da betfairdesnutrição.

Em 2022, ano cujos dados ainda estão sendo totalizados, o númerojogos da betfairmortes por desnutrição chegou a 40.

Aindajogos da betfairacordo com os dados,jogos da betfair2022, a desnutrição foi a segunda maior causajogos da betfairmortes entre os yanomami, perdendo apenas para as pneumonias, que somaram 70 óbitos e que também estão ligadas a condições precáriasjogos da betfairsaúde.

Membros do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificaram a situação dos yanomami como um "genocídio" e acusaram a gestão anteriorjogos da betfairnão agir para evitar a crise humanitária.

Nas suas redes sociais, o ex-presidente Bolsonaro negou descasojogos da betfairrelação aos yanomami e se referiu ao caso como uma "farsa da esquerda".

No finaljogos da betfairjaneiro, o governo federal deu início a uma operação que envolve a transferênciajogos da betfairindígenasjogos da betfairpiores situaçõesjogos da betfairsaúde para hospitaisjogos da betfairBoa Vista, capitaljogos da betfairRoraima, Estado onde fica a maior parte da Terra Indígena Yanomami.

Além disso, o governo também deu início a uma operação para retirar aproximadamente 20 mil garimpeiros da área. A ação conta com tropas das Forças Armadas, Força Nacionaljogos da betfairSegurança Pública, agentes do Instituto Brasileirojogos da betfairMeio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Polícia Federal.

Desnutrição e garimpo

O aumento no númerojogos da betfairmortes por desnutrição entre os yanomami vem sendo relacionado ao aumento da atividade garimpeira na terra onde eles vivem.

A Terra Indígena Yanomami tem 9,6 milhõesjogos da betfairhectares e abriga pouco maisjogos da betfair28 mil indígenas. A área é conhecida por suas grandes reservasjogos da betfairmetais preciosos como ouro e outros mineraisjogos da betfairinteresse industrial como a cassiterita, matéria-prima do estanho.

Dados do Instituto Nacionaljogos da betfairPesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o aumento no númerojogos da betfairmortes por desnutrição entre os yanomami aconteceu ao mesmo tempojogos da betfairque foi registrado um crescimento no desmatamento da terra indígena.

Entre 2019 e 2022, durante o governo Bolsonaro, foram desmatados 47 quilômetros quadradosjogos da betfairfloresta na área.

A taxa é 222% maior do que a registrada nos quatro anos anteriores, quando o desmatamento foijogos da betfair14,6 quilômetros quadrados. Segundo pesquisadores, a principal fontejogos da betfairdesmatamento na Terra Indígena Yanomami é o garimpo ilegal.

Para Fernanda Simões, coordenadorajogos da betfairnutrição do Instituto Fernando Figueira (IFF), entidade vinculada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a desnutrição observada entre os yanomami tem relação direta com o avanço do garimpo.

"Os yanomami vivem, basicamente, da caça e da pesca. Os garimpos causam desmatamento e destroem os cursos d'água. Dessa forma, a caça fica mais escassa porque os animais fogem e os rios ficam poluídos, especialmente pelo uso do mercúrio durante o processojogos da betfairextraçãojogos da betfairouro", afirmou Simões.

"A desnutrição que a gente observa entre eles é pela escassezjogos da betfairalimento. Os indígenas precisam passar muito mais tempo na mata atrás da caça e ela não vem na mesma quantidade que vinha antes. Isso afeta toda a comunidade", explicou a nutricionista.

Crianças e idosos entre os mais afetados

Os dados também mostram que os grupos mais afetados pelas mortes por desnutrição foram crianças e idosos.

Em 2022, por exemplo, das 41 mortes por desnutrição, 25 foram entre pessoas acimajogos da betfair60 anos e 11 entre criançasjogos da betfairzero a nove anosjogos da betfairidade.

Fernanda Simões explica que esses dois grupos são os mais vulneráveis à escassezjogos da betfairalimentos.

"Crianças e idosos são mais afetados porque têm poucas condiçõesjogos da betfairbuscar os alimentos por si mesmos e porque, na maioria dos casos, eles já estão com seus corpos fragilizados", disse a especialista.

Fernanda Simões explicou que a desnutrição leva à morte porque a ausênciajogos da betfairnutrientes faz com que o corpo humano use suas reservasjogos da betfairgordura e, depois,jogos da betfairmúsculo, para manter as funções básicas do organismo. À medida que nutrientes e sais minerais não chegam às células, o corpo humano começa a "falhar".

"A gente observa falhas renais, hepáticas e uma dificuldade grande do corpo dar respostas imunológicas a infecções. Isso acaba abrindo as portas para diversos tiposjogos da betfairagravamentos que levam ao óbito", disse a especialista.

Desmontejogos da betfairpolíticas públicas

Para Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), o aumento nas mortes por desnutrição no território yanomami reflete “um desmonte nas políticas indigenistas no governo Bolsonaro”.

Tuxá afirma que, no último governo, os yanomami tiveram mais dificuldades para acessar serviçosjogos da betfairsaúde e viram as condições ambientaisjogos da betfairseu território se deteriorarem por conta da presença dos garimpeiros.

“O governo tinha ciência das coisas que estavam acontecendo lá, não dar assistência e apoio ao povo yanomami foi uma decisão política”, afirma.

Para ele, as ações do governo Bolsonaro frente à situação dos yanomami configuram “crimejogos da betfairgenocídio”.

A BBC tentou contato com Marcelo Xavier, que presidiu a Funai entre julhojogos da betfair2019 e o fim do governo Bolsonaro, para ouvi-lo sobre o aumento nas mortes por desnutrição e as críticas àjogos da betfairgestão na fundação.

Xavier não respondeu a duas tentativasjogos da betfaircontato pelo Twitter.

Em 29jogos da betfairjaneiro, Bolsonaro usou o Twitter para se defenderjogos da betfaircríticas às suas políticas para os indígenas.

Ele escreveu que “nunca um governo dispensou tanta atenção e meios aos indígenas” como no dele.

No mesmo tuíte, o ex-presidente sugeriu que a desnutrição entre indígenas é um problema antigo ao publicar a fotojogos da betfairuma criança desnutrida que constou do relatóriojogos da betfairuma Comissão Parlamentarjogos da betfairInquérito (CPI) que investigou o temajogos da betfair2008.