Feminismo atual é voltado a uma minoria privilegiada, diz filósofa feminista :vaidebet site

Crédito, Marvin Ester/Divulgação

Fraser cunhou o termo "neoliberalismo progressista" para tentar descrever uma aliança entre parte da elite capitalista, centradavaidebet siteWall Street e no Vale do Silício - e que busca o livre mercado para empresas e a redução da intervenção do Estado - e liberaisvaidebet sitemovimentos feministas, antirracistas, ambientalistas e LGBTQIA+.

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Para ela, a aliança do "neoliberalismo progressista" dominou a pauta política das últimas décadas e ajudou na ascensãovaidebet sitenomes como Donald Trump, nos EUA, evaidebet siteJair Bolsonaro, no Brasil.

Fraser também critica o debate que se formou acerca da indicação do advogado Cristiano Zanin Martins para a vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste mês. Políticosvaidebet siteesquerda e representantes da sociedade civil afirmaram que a opção deveria ter sido por uma mulher negra.

Crédito, Fabio Teixeira/Anadolu Agency via Getty Images

Legenda da foto, 'O feminismo atual é um grito distante para a grande maioria e faz eco apenas para essas mulheres muito privilegiadas', diz Nancy Fraser
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Para a filósofa, contudo, as condiçõesvaidebet sitesexo e raça do candidato não devem ser as únicas a serem consideradas para a escolha.

Confira a entrevista da BBC News Brasil com a filósofa:

vaidebet site BBC News Brasil -Para começar, queria entender melhor avaidebet sitedefinição do "neoliberalismo progressista" e como a senhora vê a atual crise pela qual a democracia passavaidebet sitepaíses como EUA e Brasil?

vaidebet site Nancy Fraser - O neoliberalismo progressista é um termo que cunhei para tentar descrever uma aliança entre uma fração da elite capitalista, centradavaidebet siteWall Street, no Vale do Silício e Hollywood, lugares simbólicos do capital hi-tech, evaidebet siteparte dos liberais mainstreamvaidebet sitemovimentos feministas, antirracistas, ambientalistas e LGBTQIA+.

Em muitos países, o neoliberalismo se consolidou com esse tipovaidebet sitealiança com os progressistas. Você poderia citar Ronald Reagan [ex-presidente dos EUA] e Margaret Thatcher [ex-primeira ministra do Reino Unido], tipos originaisvaidebet siteconservadores e que introduziram o neoliberalismo nesses países, masvaidebet siteoutros locais, o neoliberalismo foi realmente consolidado por um tipovaidebet sitepolítica quase quevaidebet sitecentro-esquerda.

Falamos, por exemplo,vaidebet siteBill Clinton, que construiu o que chamamosvaidebet site“Novos Democratas” - uma força política utilizada para marginalizar a ala esquerda do partido Democrata. Podemos citar também o novo Partido Trabalhistavaidebet siteTony Blair, no Reino Unido, que são os exemplos mais célebres.

Clinton e Blair colocaram,vaidebet siteum mesmo movimento político, feministas, antirracistas, ambientalistas e ativistas LBGTQIA+vaidebet siteum lado e uma parte muito cosmopolita e super tecnológica dos empresários do outro.

A ideia era realmente promover uma liberalização, mercantilização e financeirização da economia, mas que teve efeitos muito negativos na segurança econômica e no bem-estar social das classes trabalhadorasvaidebet sitetodo o mundo.

As forças que desejavam esse tipovaidebet siteprojeto econômico precisavamvaidebet sitealgum carisma, algum tipovaidebet sitetoque especial, que faria esse projeto se tornar atrativo e vinculado a algo que poderia obter amplo apoio. Isso,vaidebet sitecerta forma, forneceria cobertura perante a sociedade, dado que essa política econômica é feita para os ricos, mas que, com isso, poderia ser vista como algo amigável pelo restante.

Portanto, tal política econômica foi fundida com uma formavaidebet sitefeminismo meritocrático, antirracista e ambientalista. Com isso, essa formavaidebet sitepolítica socioeconômica conseguiu a imagemvaidebet siteser algo emancipatória, excitante, que olhava para frente.

Em alguns países, como na Alemanha liderada pelo ex-primeiro-ministro Gerhard Schröder, do SPD (Partido Social-Democrata alemão), essa política teve muito sucesso, mas acho que nunca houve um nome para isso. Por isso, comecei a definir esse conjuntovaidebet sitepolíticas como “neoliberalismo progressista”, pois eu queria realmente sinalizar o neoliberalismo como um projeto econômico muito inconstante e oportunista.

vaidebet site BBC News Brasil - O "neoliberalismo progressista" fez com que as discussões se tornassem mais identitárias, ao invésvaidebet siteeconômicas, tanto nos EUA como no Brasil?

vaidebet site Fraser - Eu distinguiria a discussão entre políticasvaidebet sitedistribuição e políticasvaidebet sitereconhecimento. Distribuição é exatamente sobre economia. É sobre trabalho, seguros, salários, sobre também quem paga impostos, quanto as empresas deveriam pagar ou quanto a classe média deveria pagar. Tudo isso é o que eu penso sobre as políticasvaidebet sitedistribuição.

Crédito, Ana Fernandez/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Legenda da foto, Fraser afirma que 'para ter uma sociedade genuinamente justa, precisamosvaidebet siteuma políticavaidebet siteinclusão e reconhecimento evaidebet sitepolíticasvaidebet sitedistribuição igualitárias'

Do outro lado, há as políticasvaidebet sitereconhecimento, que tem a ver realmente como nós reconhecemos todos os membros da nossa sociedade. Pessoas que pertencem a grupos que são historicamente marginalizados, como, por exemplo, gays e lésbicas, trans, mulheres negras, imigrantes, minorias religiosas, entre outros.

Essas pessoas serão reconhecidas como membros plenos da nossa sociedade? Eles terão os mesmos direitos? Para mim, você precisa das duas discussões. Para ter uma sociedade genuinamente justa, precisamosvaidebet siteuma políticavaidebet siteinclusão e reconhecimento evaidebet sitepolíticasvaidebet sitedistribuição igualitárias. E, caso haja um desbalanceamento, se focarvaidebet siteum e ignorar o outro, as coisas irão dar errado.

Eu diria que na era do New Deal e da social democracia nos EUA, havia um grande stress sobre políticas mais igualitáriasvaidebet sitedistribuição, sem uma atenção igual para políticasvaidebet sitereconhecimento. Nas décadas seguintes,vaidebet siteespecial nas décadasvaidebet site1980, 1990 e 2000, a ênfase mudou apenas para o reconhecimento ou diversidade.

Acredito que, por muito tempo, isso sugou o oxigêniovaidebet siteoutras discussões. O foco principal dos movimentos sociais progressistas não estava na parte da distribuição, o que foi um desastre porque foi nessas décadas que o neoliberalismo estava se desenrolando e que era o momento realvaidebet siteque você precisava redobrar a atenção sobre a distribuiçãovaidebet siterenda.

Ao invésvaidebet sitetrabalharmos para que ambas políticas fossem o foco e houvesse uma conexões entre eles, nós tivemos o foco apenas no reconhecimento ou, como você diz, nas pautas identitárias.

Mas, tenho que dizer que recentemente as coisas estão mudando novamente. Eu acho que nós estamos tendo, desde a eleiçãovaidebet siteTrump nos EUAvaidebet site2016, uma mudança das massas, que começam a se virar contra o sistema.

Com essas circunstâncias, há mais atenção sobre distribuição e há versões disso na direita e na esquerda, como Trump e Sanders, nos EUA, por exemplo. Agora, a diferença entre os dois está no reconhecimento. Trump é um branco, nacionalista, anti-imigração, antigay e antitrans, enquanto que do outro lado há inclusão.

Estamos começando a retornar nessa questãovaidebet sitedistribuição e reconhecimento e, nos EUA, neste momento, a direita está fomentando uma guerra cultural focada naquilo que podemos falar nas escolas, o que devemos ensinar sobre o racismo nas escolas, dentre outras coisas.

Isso é uma estratégia deliberada para distrair a atenção para longe das políticas econômicas porque os Republicanos, incluindo Trump e seus concorrentes, ainda têm um programa econômico pró-ricos. Eles não querem falar muito sobre isso. Isso é distração.

Então, o desafio para o outro lado é resistir a ser tragado pela guerra cultural e deixar o debate econômicovaidebet sitelado ou, ao menos, entender como conectar essas duas visões novamente.

A diversidade está se tornando uma palavra utilizada apenas pelas empresas. Todas as companhias, toda universidade, tem um departamentovaidebet sitediversidade e essas pessoas são completamente desconectadasvaidebet sitequalquer ideiavaidebet sitecomo um conteúdo crítico deveria ser. Isso é uma política muito rasa. Não é algo igualitário.

As vezes, aqui nos EUA, nós dizemos "black faces in high places". Então, sem qualquer atenção para a situação da massa das pessoas negras, essa diversidade não possui um conteúdo real e é uma nova distração basicamente.

vaidebet site BBC News Brasil - Mas isso ocorreu por causa da própria esquerda ou a extrema-direita pautou o debate?

vaidebet site Fraser - Eu acho que é uma ótima questão, mas muito complicada. Eu venho pensando muito nisso. De um lado, nós não devemos fazer parte dessa políticavaidebet sitedistração, não podemos deixar com que todos os debates institucionais sejam sobre esses problemas. Nós não podemos jogar o jogo deles.

Ao mesmo tempo, o que eles estão fazendo é tornar alvo e usandovaidebet sitebode expiatório pessoas reais. Então, nós não podemos lidar com um projeto que nega serviços sociais para uma juventude trans, por exemplo, que estávaidebet siteuma situação frágil e vulnerável.

Nós temos que,vaidebet sitealguma forma, estarmos preparados para defender indivíduos que estão sendo usados, ao mesmo tempo que defendemos os direitosvaidebet sitereprodução, que é um outro focovaidebet siteataque.

Por isso, deveríamos falar sobre tais pontos, mas a parte difícil é perceber como conectar esses dois problemas. Isso não é fácil.

vaidebet site BBC News Brasil - A senhora acha que esse "neoliberalismo progressista" ajudou na eleiçãovaidebet sitepresidentes da direita radical, como Trump nos EUA e Bolsonaro, no Brasil?

vaidebet site Fraser - Sim, com certeza. Nos EUA não há dúvidas que o bloco do neoliberalismo progressista, que consolidou o neoliberalismo e marginalizou a parte pró-trabalhista do partido Democrata, realmente tem uma grande partevaidebet siteresponsabilidade na deterioração das condições e dos padrõesvaidebet sitevida no país.

No chamado Cinturão da Ferrugem, que é historicamente o coração da indústria americana e hoje é um terreno baldio com muitos problemasvaidebet sitevíciovaidebet siteopioides e violência armada, o neoliberalismo progressista tem muito o que responder. Eles, basicamente, supervisionaram a transiçãovaidebet siteuma classe trabalhadora altamente sindicalizada para uma massavaidebet sitetrabalho mal paga e precarizada.

Não há dúvidas que isso ajudou Trump, mas também ajudou Bernie Sanders. Em outras palavras, as pessoas entenderam,vaidebet siteum certo momento, que eles não poderiam seguir essas políticas neoliberais, que eles precisavamvaidebet siteuma alternativa para uma situação que Antonio Gramsci chamavaidebet site“crise da hegemonia”.

Elas perceberam que o establishment não é mais confiável, o senso comum já não era mais persuasivo, então as pessoas estavam olhando para uma alternativa radical. Algumas olharam para Trump, outras para Sanders, e o que é muito interessante é que às vezes elas optavam por Sanders, mas com ele fora da disputa, votaramvaidebet siteTrump,vaidebet siteum fenômeno semelhante ao que ocorreu no Brasil, com o voto “Bolsolula”.

Crédito, Paul Weaver/SOPA Images/LightRocket via Getty Image

Legenda da foto, Para Fraser,vaidebet sitealguns países, como os EUA, 'o feminismo liberal vem sendo hegemônico'

Qualquer formavaidebet siteneoliberalismo se tornou tóxica, politicamente falando. As pessoas começaram a procurar alternativas para esse sistema. Em um país como os EUA, onde o neoliberalismo se aliou aos progressistas, é compreensível que Trump fosse o beneficiário maior dessa busca. Isso porque o neoliberalismo se associou muito ao tema da diversidade e, ao rejeitar esse sistema econômico, acabam por rejeitar também a pauta identitária.

vaidebet site BBC News Brasil - No livro vaidebet site Feminismo para os 99% vaidebet site por que a senhora afirma que “o feminismo liberal está falido” e que “é necessário um feminismo para a grande maioria”. O que seria isso?

vaidebet site Fraser - O feminismo sempre foi um movimento com muitas correntes e facções diferentes, ou seja, o feminismo é algo com muitas visões e argumentações. No entanto,vaidebet sitepaíses como os EUA, o feminismo liberal vem sendo hegemônico. Isso se tornou um padrão porque o liberalismo é muito forte na nossa cultura,vaidebet sitegeral.

O feminismo surgiu como um movimento radical,vaidebet siteuma nova esquerda, anti-imperialista e anticapitalista, mas assim que a poeira baixou, o feminismo virou um grupovaidebet siteinteresse por assim dizer, e amplamente colado ao partido Democrata nos EUA.

Isso se tornou um assunto normal, uma tendência, e mais e mais focadovaidebet sitecomo colocar um pequeno númerovaidebet sitemulheresvaidebet siteposiçõesvaidebet sitepoder dentrovaidebet siteuma hierarquia corporativa, do mundo político e até mesmo na hierarquia militar.

A ideia era que segurar as mulheres embaixo seria uma discriminação e se removessemos essa discriminação, essas mulheres super talentosas poderiam alcançar o topo. Isso é uma visão absurdamente rasa, que ignora completamente as bases da subordinação das mulheresvaidebet siteuma sociedade moderna, que é como dividimos o trabalho produtivo do trabalhovaidebet sitereprodução social, onde pagamos um e o outro não.

Isso é uma característica arraigada profundamente na sociedade, que tem efeitos gigantescos nas chancesvaidebet sitevidavaidebet sitehomens e mulheres. Então, focaram na ideiavaidebet siteque queremos a meritocracia, da ascensão talentosa, mas a meritocracia não é o mesmo do que igualdade.

Eu acho que nós tivemos evidências suficientes nos últimos 40 anos para ver que esse feminismo realmente não é capazvaidebet sitegarantir uma condição satisfatória e igualitária para mulheresvaidebet sitetodas as classes sociais e raças.

Isso foi manejadovaidebet sitemaneira perfeita pela classe dominante, que já tem uma boa educação, boa formação cultural e muitos recursos, mas por isso nós tivemos basicamente um “feminismovaidebet siteuma só questão”, focado apenas no gênerovaidebet siteuma mesma classe social.

Então, agora eu acredito que o problema é conseguir entender que não podemos isolar a questãovaidebet sitegênero. Se tentarmos, nós acabaremos no feminismo para 1% da população.

O feminismo atual é um grito distante para a grande maioria e faz eco apenas para essas mulheres muito privilegiadas, que possuem o luxovaidebet sitedizer que nós não precisamos nos preocupar com classes, cor ou temas econômicos, apenas com gênero. O feminismo para os 99%, como entendemos, é um projetovaidebet siteentender que você não pode separar gênerovaidebet siteraça, classe, sexualidade, ecologia, democracia e políticas econômicas.

Crédito, Dario Oliveira/NurPhoto via Getty Images

Legenda da foto, Para Fraser, é necessário ir além da legalização do aborto

Eu acho que sempre houve feministas que praticam esse tipovaidebet sitefeminismo para os 99%, mas que pode ter outros nomes pelo mundo. Nos EUA, os movimentos feministas populares existem, mas são muito marginalizados, enquanto que a mídia foca no feminismovaidebet siteHillary Clinton, das atrizesvaidebet siteHollywood com o movimento “Me too”, mesmo que a maioria das vítimasvaidebet siteassédio sexual sejam trabalhadorasvaidebet sitefazendas ouvaidebet sitehotéis, por exemplo.

Quando Hillary Clinton perdeu para Donald Trump, no exato momentovaidebet siteque estávamos escrevendo o livro, pensamos que seria um tipovaidebet sitechamado, uma derrota do feminismo liberal. Agora, eu não diria que o feminismo liberal está derrotado, mas acho que há mais abertura agora para formar alternativasvaidebet sitefeminismo, como o que ocorre no Brasil e Argentina, onde algumas feministas conquistaram grande visibilidade e que representam o que chamamosvaidebet sitefeminismo para 99%.

vaidebet site BBC News Brasil - No Brasil, o STF deverá colocarvaidebet sitejulgamento a possibilidade do aborto legal ainda neste ano. No mesmo livro, as autoras afirmam que “o aborto legal faz pouco pelas mulheres pobres”. O que isso significa? A luta pelo aborto legal,vaidebet sitesi, não é suficiente?

vaidebet site Fraser - Eu sou uma forte apoiadora do aborto legal, quero deixar isso bem claro. Mas, se você pensar qual é o objetivo que buscamos alcançar ao tornar o aborto legal é tentar dar as pessoas a liberdade, incluindo os recursos que elas precisam para entender a liberdade e fazer que a decisãovaidebet siteter um filho seja autônoma. Para que elas consigam organizar suas vidas, elas precisam viver com o podervaidebet sitedecisão, mas também com dignidade, segurança e com suportevaidebet siteum sistema público forte.

De maneira simples, eu estou dizendo que o fatovaidebet sitepodermos interromper a gravidez quando nós quisermos é necessário, mas não o suficiente para ter uma autonomia reprodutiva. Aborto legal é uma condição absolutamente necessária, mas apenas uma. Há outras e precisamosvaidebet sitesegurança dos meiosvaidebet sitesubsistência, moradia decente e acessível, assistência médica e suporte para as crianças, com escolas, etc. Isso faria com que as mulheres tivessem uma decisão realmente empoderada e autônoma.

No momento, as pessoas estão fazendo o seu melhorvaidebet sitetermosvaidebet sitetentar dar o podervaidebet sitedecisão sobre a gravidez, mas infelizmente isso não é o ideal. Agpra, é a hora das feministasvaidebet siteesquerda tentar unir o direito ao aborto para o serviço social, com garantiavaidebet siterenda e moradia.

É o mesmo caso da violência contra a mulher. A esquerda entendeu que apenas colocar o parceiro abusador na cadeia não é o suficiente, que é necessário oferecer saídas reais para que as mulheres possam realmente sairvaidebet siterelações abusivas. Elas precisam ter um local seguro para criar suas crianças e reconstruir suas vidas, o que, novamente, é algo para o serviço social e o direito à renda e moradia.

vaidebet site BBC News Brasil - Neste mês, o presidente Lula indicou seu ex-advogado, um homem branco, para a Suprema Corte. Parte da esquerda criticou a indicação apenas por ser um homem branco, enquanto que a outra parte silenciou, mas sem uma discussão acerca das posições políticas do indicado. Como a senhora vê isso?

vaidebet site Fraser - Em uma escolha para uma Suprema Corte, eu acredito que é necessário prestar muita atenção para entender as posições jurídicas evaidebet siterelação ao mundo do candidato.

Se voltarmos às eleiçõesvaidebet site2016 nos EUA, eu apoiei Bernie Sanders contra Hillary Clinton. Eu sou uma feminista. Você acha que eu achei incrível ter mais um homem branco na Casa Branca? Mas o mais importante para mim, naquele momento, era o que Bernie e Hillary representavam. Para ser honesta, as feministas estavam divididas e também existiu esse tipovaidebet sitedebate que surgiu agora no Brasil.

Crédito, Marcos del Mazo/LightRocket via Getty Images

Legenda da foto, Fraser vê como um erro o foco 'apenas na questão identitária'

Nós tivemos a experiênciavaidebet siteeleger o primeiro presidente negro dos EUA, Barack Obama, e foi um momentovaidebet sitemuita esperança, mas que se tornou uma grande decepção. Isso mostra os limites sobre essa discussãovaidebet siteter que eleger um político que apenas pareça você fisicamente.

Claro que seria incrível ter uma pessoa negra e tenho certeza que há muitos negros e negras qualificados para serem indicados para o STF no Brasil. Mas, eu diria que focar exclusivamente na questão identitária é um problema.

vaidebet site BBC News Brasil - Discussões sobre as escolhas no STF baseadavaidebet sitediversidade também fazem surgir críticas sobre a suposta “americanização” da política brasileira, cada dia mais influenciada e pautada pelos debates e formas dos EUA. A senhora acredita nisso?

vaidebet site Fraser - Eu não tenho certeza. Vocês ao menos têm um partido dos trabalhadores, coisa que não temos por aqui (risos). Eu diria que o que ocorrevaidebet sitetodo lugar é a influência das redes sociais e da tecnologia na comunicação política.

Isso é uma mudança no jogo e, com certeza, tem um efeito gigantesco. Se você me perguntar o que fez Trump ter a possibilidadevaidebet sitecapitalizar os efeitos negativos do neoliberalismo na classe trabalhadora, eu responderia a mudança radical na estrutura da mídia e na comunicação política.

O que começou lá atrás, com a rádio, depois TVs como a Fox News, se transformou para as redes sociais. Agora, temos um mundo estranho da não-comunicação, fatos alternativos, etc. Discutimos os depoimentosvaidebet siteTrump para a Justiça, mas nas redes a população se divide como eles enxergam isso.

Não sei se as coisas são exatamente assim no Brasil, mas claramente podemos ver como a tecnologia também impacta a política por aí. Quando essa tecnologiavaidebet sitetransformação encontra a deterioração das condiçõesvaidebet sitevida da população, coisas como a eleiçãovaidebet siteTrump, que é um gênio da comunicação e da demagogia, podem ocorrer. Então espero que o Brasil consiga escapar dessa espiral.