As mulheres ucranianas na linhaaposta de futebol 1 realfrente dos combates contra Rússia:aposta de futebol 1 real

Vários textos e vídeos publicados na imprensa russa comemoram a "morte" dela, fornecendo inúmeros detalhes.

"Eles disseram que eu tinha perdido as pernas e as mãos e que eu tinha morridoaposta de futebol 1 realconsequência da explosão", conta Andriana. "Eles são extremamente profissionais na arte da propaganda", acrescenta, se referindo aos russos.

Os textos russos qualificam a sargento como "a executora", e há também os que se referem a ela como uma "nazista que foi eliminada".

Sem que tivessem sido apresentadas mínimas provas, diversas matérias surgiram na mídia russa logo após a liberação da cidadeaposta de futebol 1 realKherson pelas forças ucranianas acusando a sargentoaposta de futebol 1 realcrueldade e sadismo.

"Eu acho engraçado. Estou viva e vou continuar a defender meu país", diz ela.

Dezoito meses após a invasão russa, já são 60 mil mulheres servindo nas Forças Armadas ucranianas. Maisaposta de futebol 1 real42 mil desempenham funções militares — incluindo as 5 mil soldados na linhaaposta de futebol 1 realfrente —, segundo o Ministério da Defesa ucraniano disse à BBC.

O governo ucraniano acrescenta que, segundo as leis locais, nenhuma mulher pode ser convocada compulsoriamente — ou seja, todas teriam se alistado por livre vontade.

Muita gente acredita que algumas funções são melhor desempenhadas por mulheres.

"Perguntei ao meu comandante o que ele achava que eu poderia fazer melhor. Ele respondeu que eu seria uma sniper, uma francoatiradoraaposta de futebol 1 realelite", conta Evgeniya Emerald que até recentemente estava no front.

Ela diz que, desde a Segunda Guerra Mundial, as mulheres snipers são elogiadas e acrescenta que a boa reputação não é à toa.

"Enquanto os homens ficam na dúvida se atiram ou não, uma mulher nunca hesita. Talvez seja por isso que somos nós mulheres que damos à luz, e não os homens", acrescenta ela, acariciando a filhaaposta de futebol 1 realapenas três meses.

Evgeniya,aposta de futebol 1 real31 anos, recebeu treinamento militaraposta de futebol 1 real2014, após a Rússia ter invadido a Crimeia, mas somenteaposta de futebol 1 real2022 ela resolveu se alistar no exército.

Antes do conflito atual se ampliar atingindo todo o país, ela era gerenteaposta de futebol 1 realuma joalheria.

Evgeniya tem usadoaposta de futebol 1 realexperiência administrativa para construir uma enorme baseaposta de futebol 1 realseguidores nas redes sociais, onde tem divulgado o perfilaposta de futebol 1 realoutras conterrâneas mulheres soldados.

Da mesma forma que ocorre com Andriana, Evgeniya tem sido mencionada pela mídia russa como sendo "nazista" e "cruel".

Centenasaposta de futebol 1 realartigos já foram publicados sobre a atuação dela no front como sniper,aposta de futebol 1 realque também são fornecidas informações sobreaposta de futebol 1 realvida privada.

Segundo ela, o trabalhoaposta de futebol 1 realum sniper é brutal tanto pelo lado psicológico como pelo aspecto físico.

"Porque você pode ver tudo ao seu redor. Você vê também o momentoaposta de futebol 1 realque atinge o alvo. Isso é horrível, da perspectivaaposta de futebol 1 realum sniper", diz ela.

Evgeniya, assim como as outras mulheres com quem falamos e que atuam na linhaaposta de futebol 1 realfrente, não podem revelar quantos alvos elas já atingiram.

Evgeniya lembra o que sente sempre que recebe a missãoaposta de futebol 1 realmatar alguém.

"Meu corpo treme por 30 segundos, meu corpo inteiro, e não consigo pararaposta de futebol 1 realtremer. É o momentoaposta de futebol 1 realque você sabe que vai ter que fazer, não tem como voltar atrás", ela conta.

"Mas não fomos nós que invadimos o país deles. Eles vieram até aqui", acrescenta.

A porcentagemaposta de futebol 1 realmulheres nas Forças Armadas ucranianas vem aumentando desde a primeira invasão russa,aposta de futebol 1 real2014, superando 15%aposta de futebol 1 real2020.

Muitas das mulheres alocadas na frenteaposta de futebol 1 realcombate contra os russos dizem que ainda têm que lutar uma outra batalha contra seus próprios colegas que mantêm atitudes sexistas.

Evgeniya conta que teve que enfrentar esse tipoaposta de futebol 1 realproblema antesaposta de futebol 1 realestabeleceraposta de futebol 1 realautoridade e ser respeitada como sniper.

"Quando cheguei nas forças especiais, um dos meus colegas combatentes me perguntou: 'Garota, o que você está fazendo aqui? Devia estar na cozinha preparando borshch [uma sopa tradicional ucraniana].' Eu me senti ofendida e respondi: 'Você só pode estar brincando. Eu poderia estar na cozinha, mas também sou capazaposta de futebol 1 realte derrubar'."

Outra soldado chamada Evgeniya, Evgeniya Velyka da ONG Arm Women Now, que presta ajuda às soldados ucranianas mulheres, concorda.

"Na nossa sociedade, prevalece a ideiaaposta de futebol 1 realque as mulheres só se alistam para conseguir um marido."

Ela diz que algumas mulheres relataram casosaposta de futebol 1 realabusos físicos.

"É difícil avaliar a real extensão do problema, já que nem todas as mulheres soldados gostamaposta de futebol 1 realfalar sobre isso", ela diz.

Em conversa com a reportagem, a vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Malyar, minimizou o problema, dizendo que havia "poucos casos"aposta de futebol 1 realabuso se pensarmos que há "centenasaposta de futebol 1 realmilhares"aposta de futebol 1 realpessoas mobilizadas no esforçoaposta de futebol 1 realguerra.

As mulheres que servem nas Forças Armadas não recebem uniformes produzidos para elas. Elas têm que usar uniformes masculinos que não são apropriados, incluindo roupas íntimas, sapatosaposta de futebol 1 realtamanho maior e coletes à provaaposta de futebol 1 realbalas inadequados.

Até a própria vice-ministra da Defesa, Hanna Malyar, disse que seu uniformeaposta de futebol 1 realcampanha foi desenhado originalmente para um homem — e ela teve que ajustá-lo, já que ela éaposta de futebol 1 real"estatura menor" do que a média dos homens. Mas ela acrescenta que a farda usadaaposta de futebol 1 realcerimônias oficiais inclui sapatosaposta de futebol 1 realsalto alto.

Caso uma soldado mulher queira usar fardamento apropriado, ela tem que comprá-lo por conta própria online, conseguir o materialaposta de futebol 1 realalgumas ONGs ou abrir um financiamento coletivo na internet.

Isto fez com que Andriana resolvesse ser uma das fundadoras da ONG Veteranka [Movimento das Mulheres Veteranas da Ucrânia],aposta de futebol 1 realdefesaaposta de futebol 1 realdireitos iguais para mulheres militares. A ONG luta também para reformar as leis militares ucranianas, igualando-as às leisaposta de futebol 1 realvigor na Otan, a aliança militaraposta de futebol 1 realpaíses ocidentais.

A vice-ministra Malyar argumenta que o governo tem feito algum progresso. Foi desenhado um uniforme especial para mulheres, segundo ela, que já foi testado e aprovado para ser produzidoaposta de futebol 1 realgrande quantidade. Ela não soube dizer, no entanto, quando ficará disponível.

A sniper Evgenya Emerald acredita que, apesar desses problemas, "a guerra não escolhe gênero".

"A guerra não se importa se você é homem ou mulher. Quando uma bomba cai sobre uma casa, não importa se dentro está um homem, uma mulher ou uma criança, todos morrerão da mesma maneira. E no front não é diferente . Se você pode ser boa no que faz e é mulher, por que não poderia defender seu país, seus concidadãos?", diz.

Neste momento, a sniper Iryna participa na contraofensiva que acontece na parte leste da regiãoaposta de futebol 1 realDonbas. Nós conseguimos conversar com ela por uma linha com acesso restrito durante um momentoaposta de futebol 1 realtrégua no campoaposta de futebol 1 realbatalha.

Ela representa a mudança que as mulheres combatentes vêm lutando para que sejam implementadas. Iryna é comandante interinaaposta de futebol 1 realuma unidade composta apenas por soldados homens.

"A imagemaposta de futebol 1 realsniper tem sido romantizada… e o papel é mostrado com grande beleza nos filmes. Mas a realidade é outra, é trabalho pesado."

Ela conta como um sniper fica deitado no chão por até seis horas sem se mover até que dispare um único tiro, paraaposta de futebol 1 realseguida sair correndo para um outro local. "É como brincar com a morte", ela acrescenta.

As milharesaposta de futebol 1 realmulheres que se alistaram tiveram que deixar para trás suas carreiras e suas famílias.

Após a invasão russa no ano passado, Andriana abandonou o trabalhoaposta de futebol 1 realconsultora da ONU para Igualdadeaposta de futebol 1 realGênero junto ao Ministérioaposta de futebol 1 realVeteranosaposta de futebol 1 realGuerra da Ucrânia para se juntar às Forças Armadas.

Aos 35 anos, ela diz que a guerra tem "levado os melhores anos da vida". Ela recorda como era a vida antes da guerra: "Eu podia viajar, era feliz, podia construir minha carreira e manter um sonho."

Com um filhoaposta de futebol 1 realidade escolar, Andriana conta, com lágrimas nos olhos, que não vê o menino há sete meses. Sua expressão muda e um largo sorriso substitui as lágrimas ao mostrar fotosaposta de futebol 1 realseu filhoaposta de futebol 1 realseu telefone celular.

O que a mantém motivada é o desejoaposta de futebol 1 realgarantir a ele um futuroaposta de futebol 1 realpazaposta de futebol 1 realseu país natal, sem que precise arriscar a vida como fazem atualmente ela e o marido.

Ao contrárioaposta de futebol 1 realEvgeniya Emerald, que se alistou no ano passado após a grande invasão russa, Andriana já tinha experiência militar.

Em 2014, após o primeiro ataque da Rússia que culminou com a anexação da Crimea e a invasão da regiãoaposta de futebol 1 realDonbas, Andriana abandonou seu empregoaposta de futebol 1 realgerenteaposta de futebol 1 realmarca para se filiar a um dos primeiros batalhõesaposta de futebol 1 realvoluntários, juntamente com milharesaposta de futebol 1 realucranianos.

Naquela época, o contingente militar do país era muito menor.

Andriana ficou lotada no batalhão Aidar que foi acusado pelo Kremlin e pela Anistia Internacionalaposta de futebol 1 realviolaçõesaposta de futebol 1 realdireitos humanos. No entanto, apesaraposta de futebol 1 realsolicitado pelo governo ucraniano, nunca foram apresentadas provas que sustentassem as acusações.

A Anistia fez um apelo às autoridades ucranianas para que mantivessem os batalhõesaposta de futebol 1 realvoluntários sob controle e que eles obedecessem as cadeiasaposta de futebol 1 realcomando, o que foi feito.

Apesaraposta de futebol 1 realAndriana nunca ter sido ligada a alguma conduta indevida e dela ter deixado o batalhão Aidar há oito anos, a imprensa russa tem se referido a ela constantemente como sendo "sádica", mesmo sem apresentar prova.

Andriana recebeu condecorações na Ucrânia poraposta de futebol 1 real"coragem" e por ter se tornado uma" heroína do povo".

Ela, que disse à BBC que não é mais um membro do Aidar, afirmou queaposta de futebol 1 real2022 se sentiu no deveraposta de futebol 1 realretornar ao Exército e ir para a linhaaposta de futebol 1 realfrente, já que tinha experiênciaaposta de futebol 1 realcombate e isso era algoaposta de futebol 1 realque o país precisava.

Apesar do Ministério da Defesa ucraniano se negar a fornecer o númeroaposta de futebol 1 realvítimasaposta de futebol 1 realcombate, alegando a sensibilidade desses númerosaposta de futebol 1 realtempoaposta de futebol 1 realguerra, informações obtidas pela BBC indicam que 93 mulheres soldados ucranianas foram mortasaposta de futebol 1 realação desde o começo da invasão russa.

Segundo dados da ONG Arm Women Now, maisaposta de futebol 1 real500 foram feridas.

Atualmente, a agendaaposta de futebol 1 realcontatos no celularaposta de futebol 1 realAndriana mais parece uma listaaposta de futebol 1 realmortos.

"Perdi maisaposta de futebol 1 real100 amigos. Nem sei quantos númerosaposta de futebol 1 realtelefone tive que apagar."

O preço pago até aqui, no entanto, é muito grande para fazê-la desistir, ela diz, voltando a se concentrar na sequênciaaposta de futebol 1 realexercícios que faz no centroaposta de futebol 1 realreabilitação como parteaposta de futebol 1 realsua recuperação.