Zoológicos são 'prisõescasino veanimais' ou espaçoscasino veconservação?:casino ve

Visitantes tirando fotocasino vepanda com celularcasino vezoológicocasino veBerlim

Crédito, Getty Images

No Brasil, o primeiro local com essa finalidade foi criadocasino ve1888 pelo então barãocasino veDrummond, que decidiu inaugurar o zoológico no Estado do Riocasino veJaneiro, no bairrocasino veVila Isabel, na zona norte da capital fluminense.

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Com o crescimento das cidades, esses espaços começaram a se transformarcasino velocais públicos, destinados a entreter as pessoas com a diversidade do reino animal.

Com o passar dos anos, a função dos zoológicos evoluiu. No início, seu principal objetivo era exibir animais raros e exóticos, muitas vezes,casino vecondições inadequadas.

“A ideia era como circos. As pessoas simplesmente iam, observavam aqueles animais e viam coisas diferentes”, destaca Marco Massao Kato, biólogo e mestrecasino vebiodiversidade pela Universidade Federal do Estado do Riocasino veJaneiro (Unirio).

No entanto,casino veacordo com o biólogo, o aumento da consciência ambiental e a crescente preocupação com a extinçãocasino veespécies levaram muitos zoológicos a se reinventarem como centroscasino veconservação e pesquisa.

“Na décadacasino ve90 começou a mudar esse conceito (de circo) e a ter ambientes mais voltados à educação e conservação. Começamos a ver uma transformação nos antigos zoológicos”, diz Kato.

Hoje, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, muitos desses espaços se empenhamcasino veprogramascasino vereproduçãocasino vecativeiro, reintroduçãocasino veespécies na natureza e educação ambiental.

Centrocasino veconservaçãocasino veararinhas-azuis no Zoológicocasino veSão Paulo

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Legenda da foto, O Zoológicocasino veSão Paulo ganhou um centrocasino veconservaçãocasino veararinhas-azuis, um dos pássaros mais raros do mundo

Apesar dessas iniciativas, os zoológicos continuam a ser alvoscasino vecríticas. Ambientalistas e defensores dos direitos dos animais argumentam que a vidacasino vecativeiro--por mais bem-intencionada que seja-- não pode substituir a liberdade natural.

O fechamento dos dois últimos zoológicos públicos na Costa Ricacasino vemaio deste ano foi um marco nessa discussão, levantando questões sobre a eficácia e a ética desses locais.

O processo que resultou no fechamento dos estabelecimentos teve iníciocasino ve2013, com a aprovação da Leicasino veConservação da Vida Silvestre, que proibiu a manutençãocasino veanimais selvagenscasino vecativeiro.

O caminho do animal até o zoológico

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Novo podcast investigativo: A Raposa

Uma toneladacasino vecocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês

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Embora alguns países optem pelo fim dos zoológicos, a visita a esses locais, pelo menos no Brasil, ainda atrai muitas pessoas.

De acordo com os últimos números da Associaçãocasino veZoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), essas atrações recebem pouco maiscasino ve30 milhõescasino vevisitantes por ano.

Ainda não há um consenso exato sobre quantos zoológicos existemcasino veterritório nacional. Estima-se que o número possa chegar a 120, somados a aquários.

Desses, 42 são associados à AZAB, incluindo espaços públicos e privados. E para um animal chegar a uma dessas instituições é um longo processo.

Geralmente, espécies silvestres que foram vítimascasino vetráfico ou sofreram acidentes são encaminhadas aos Centroscasino veTriagemcasino veAnimais Silvestres (Cetas), que pertencem ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Em cada estado do país há um lugar destinado a receber os bichos que foram apreendidos ou entreguescasino veforma voluntária a esses lugares.

Durante a permanência nesses locais, são feitos exames e diversos procedimentos, que podem sercasino veoutros centroscasino vereabilitação ou ONGs parceiras, com o objetivocasino vereintrodução ao habitat natural.

“Quando percebe-se que não tem essa capacidade, o zoológico acaba sendo a última opção e o animal é enviado para lá”, afirma Kato.

Quando os animais já estão nesses espaços, também podem ocorrer trocas entre zoológicoscasino vediferentes estados para conservação da fauna e reprodução.

Atualmente, é proibido retirar um ser vivo do seu ambiente natural e colocá-lo nessas locais.

Conservação da espécie e trabalho dos zoos

Elefante tomando banhocasino vemangueiracasino vediacasino vecalor no BioParque do Riocasino ve2023

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Legenda da foto, Elefante tomando banhocasino vemangueiracasino vediacasino vecalor no BioParque do Rio

Embora ainda exista um extenso debate e opiniões contrárias aos zoológicos, especialistas defendem que esses órgãos exercem um papel fundamental na conservaçãocasino veespécies, principalmente as ameaçadascasino veextinção.

Um exemplo disso são os trabalhos destinados aos micos-leões-dourados e outros tiposcasino vemicos.

“Eles são exemploscasino vetrabalhocasino veconservação que os zoológicos sempre atuaram e participaramcasino vemaneira a gerar um estoquecasino veanimais viável geneticamentecasino vecativeiro”, explica Luiz Roberto Francisco, biólogo e mestrecasino vezoologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

“Esses planos que envolvem zoos têm diretrizes básicascasino veprocedimentoscasino vemanejos e instalações, que são estabelecidas com base no conhecimento dessas espécies”, afirma Francisco, que também é consultorcasino vemanejocasino vefauna e projetoscasino vezoológicos.

Mico-leão-douradocasino vecimacasino vebalança, sendo pesado por funcionária no Zoológicocasino veLondrescasino ve2022

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Legenda da foto, Samira, um mico-leão-dourado, participa da pesagem anual no Zoológicocasino veLondres

Um planocasino vemanejo é um guia detalhado que define as ações necessárias para garantir a sobrevivênciacasino veuma espécie. No caso do mico-leão-dourado, o plano pode incluir alguns itens, como:

casino ve Estudos populacionais: monitorar o númerocasino vemicos,casino vesaúde, reprodução e comportamento para entender suas necessidades e os desafios que enfrentam.

casino ve Manejo do habitat: criar um ambiente apropriado às exigências da espécie, oferecendo alimento, abrigo e oportunidadescasino vereprodução.

casino ve Educação e conscientização: informar o público sobre a importância do mico-leão-dourado e incentivar ações paracasino veproteção.

casino ve Pesquisa e monitoramento: investigar as causas do declínio da espécie e buscar soluções inovadoras paracasino veconservação.

casino ve Cooperação com outras instituições: unir forças com zoológicos, ONGs e órgãos governamentais para ampliar o alcance do plano.

Além dessas espécies, o especialista acrescenta que animais como tamanduá-bandeira, lobo guará, tatu canastra e outros também são alvocasino veplanoscasino veconservaçãocasino vezoológicos.

Lugar para educar e não entreter

Crianças dando alface para girafa comercasino vezoológico, fotocasino vebancocasino veimagem

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Legenda da foto, Nem todos os zoológicos oferecem serviços pedagógicos, como visitas guiadas e informações sobre as espécies

Mais do que “demonizar” esses espaços é importante refletir sobre eles,casino veacordo com os estudiosos do tema.

Não são todos os zoológicos no Brasil que oferecem visitas guiadas, informações adicionais sobre determinada espécie e aulas sobre aqueles seres vivos.

Dessa forma, não proporcionam ações pedagógicas para o público que visita o espaço. “O formato atualcasino vezoológico não é necessariamente educativo”, diz Roched Seba, fundador e presidente do Instituto Vida Livre.

Seba ressalta ainda que é muito comum visitantes gritarem, chamar o animal, serem invasivos, gerando um estresse ainda maior.

A prática pode deixar o bicho assustado, com comportamentos repetitivos e avesso a qualquer interação. O ideal, segundo ele, é investircasino vemedidas para mudar esse cenário.

“Exibir o animal gera desejo. Você tem que explicar por que ele está ali. A gente se conecta com a história. Você não se conecta com algo preso que você não sabe por que está preso”, destaca Seba.

Famíliacasino vecostas observando rinocerontes no zoológicocasino veSão Paulo

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Legenda da foto, 'É preciso ter caráter educativo', diz especialista sobre a ressignificação dos zoológicos

“A ressignificação do zoológico tem que passar por toda a sociedade. Não é um local que você vai só para se divertir. É preciso ter caráter educativo e é preciso que o zoológico conte um pouco mais sobre aquele animal, que seja engajadocasino vepolíticas públicas”, acrescenta Adroaldo José Zanella, médico veterináriocasino vebem-estar animal da Faculdadecasino veMedicina e Veterinária e Zootecnia da Universidadecasino veSão Paulo.

Outra medida, que já está sendo adotada por muitas instituições, é a reformulação desses locais.

“Há 50, 60 anos atrás, os recintoscasino vezoológicos eram jaulas e barras. Hoje mudou para vidros e espaços mais amplos. Hoje já é pensado no enriquecimento do local para que o animal use aquele espaço da melhor forma possível”, destaca Francisco.

É preciso ainda que esses ambientes passem por fiscalizações constantes para garantir o bem-estar dos animais naquele recinto. Mesmo sendo empreendimentos destinados à conservação, alguns zoológicos podem, sim, submeter animais a maus-tratos.

Em 2016, o Ibama fechou o zoológico do Riocasino veJaneiro por causa das más condições do local. Jácasino vemaio do ano passado, o órgão apreendeu 175 animais, que estavamcasino vesofrimento dentrocasino veum zoológico na cidadecasino vePortocasino veGalinhas,casino vePernambuco.

Por último, ainda segundo os especialistas, é preciso investir mais recursos para manter os zoológicos e garantir uma vida digna a essas espécies.

"Como muitos zoológicos são administrados pelo setor público, falta dinheiro. As instalações são muito antigas e a manutenção acaba sendo feitacasino veforma precária", afirma Kato.

Bilheteria do zoológico do Rio sendo interditada por funcionários do Ibama

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Legenda da foto, O Ibama suspendeu visitação ao Zoológico do Rio devido a más condiçõescasino vefuncionamentocasino ve2016

Conscientização e tráficocasino veanimais

Mesmo ocorrendo programascasino veconservação nesses ambientes, o ideal, segundo os especialistas, é que os animais não precisassem ser encaminhados a esses locais.

Para isso, é preciso educar e conscientizar a população do convívio com animais silvestres. Isso porque ainda existe um grande desejo pela compra dessas espécies, seja por crenças ou até mesmo por status.

“O tráficocasino veanimais silvestres é mantido não só pelo comérciocasino veanimais pets, mas também pela biopirataria, que busca novas substâncias farmacológicas, já que há um grande potencialcasino venossa grande biodiversidade”, afirma Kato.

Estima-se que 38 milhõescasino veespécies sejam retiradas da natureza brasileira todos os anos, segundo dados da Renctas (Rede Nacionalcasino veCombate ao Tráficocasino veAnimais Silvestres).

“Certamente esse número é bem maior. Esses animais são retirados para alimentar o comércio e posse doméstica. O que nós vivemos hoje é inacreditável. Animal silvestre não é pet”, destaca Francisco.

Muitas vezes, quando o animal consegue ser apreendido por órgãos competentes, já é tarde. Grande parte não consegue chegar ao paíscasino veorigem e, quando retorna, o processocasino vereabilitação é demorado e envolve muito tempo e trabalho.

“Reintroduzir um animal é custoso e difícil. É preciso ensinar a caçar, se esconder. Caso contrário você vai soltá-lo para morrer”, destaca Kato.

Para tentar diminuir ou acabar com o comércio ilegal, os especialistas acreditam que é preciso aumentar a fiscalização, principalmentecasino veáreas remotas.

“A punição mais severa para os traficantes e receptadores é extremamente necessária a fimcasino vetornar insustentável a manutenção desse crime”, acrescenta Kato.