O avanço da cocaína mais forte e mais pura no mundo:código bônus bet

Especialistas dizem ainda ser uma grande fontecódigo bônus betpreocupação um processo atípico observado especialmente na Europa, que é hoje o segundo maior mercado consumidor da droga.

Enquanto o preço da cocaína segue estável há mesescódigo bônus betmuitos países, a droga vendida ilegalmente está cada vez mais pura.

"Na prática, a cocaína está mais barata, porque, pelo mesmo preço, é possível comprar a droga bem mais pura", avalia Thomas Pietschmann, um dos pesquisadores responsáveis pelos relatórios elaborados anualmente pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

Embora especialistas admitam que os dados sobre a composição das drogas comercializadas no mundo são mais confiáveis nos países europeus, eles afirmam também que a tendência no crescimento na pureza da cocaína já é uma realidade mundo.

"A cocaína lançada hoje no mercado é mais pura do que nunca — e ainda é vendida a preços comparativamente mais baixos", afirma Bernd Werse, diretor do Centrocódigo bônus betPesquisacódigo bônus betDrogas (CDR) da Universidadecódigo bônus betFrankfurt.

O cenáriocódigo bônus betcrescimento global da droga, porcódigo bônus betvez, impacta diretamente no aumento do consumo nos paísescódigo bônus bettrânsito do tráfico, entre eles o Brasil.

'Cocaínacódigo bônus betsobra'

A abundânciacódigo bônus betcocaína no mercado atual temcódigo bônus betorigem especialmente na América do Sul, mais especificamente na Colômbia, na Bolívia e no Peru.

A cocaína é extraída das folhas da plantacódigo bônus betcoca, chamada oficialmentecódigo bônus betErythroxylon coca, que é nativa desses países.

Para produzir a droga, as folhascódigo bônus betcoca são maceradas na presençacódigo bônus betácido sulfúrico, resultandocódigo bônus betuma pasta. Ao misturar essa pasta com ácido clorídrico, os criminosos produzem o cloridratocódigo bônus betcocaína, conhecido como cocaínacódigo bônus betpó.

Os três países sul-americanos são responsáveis por quase 100% da produção mundialcódigo bônus betcoca, apesarcódigo bônus betnovos camposcódigo bônus betcultivo serem encontrados pelas autoridadescódigo bônus betoutros paísescódigo bônus bettemposcódigo bônus bettempos.

Estima-se que, sócódigo bônus betcocaína pura, tenham sido produzidas cercacódigo bônus bet2,757 toneladascódigo bônus bet2022 — um aumentocódigo bônus bet20%código bônus betrelação a 2021 —, segundo a ONU.

Laurent Laniel, pesquisador da Agênciacódigo bônus betDrogas da União Europeia (Euda, na siglacódigo bônus betinglês), atribui o cenário às inovações incorporadas ao cultivo nos últimos anos, com mais investimentoscódigo bônus betfertilizantes e investigação genética para obtençãocódigo bônus betmais e novas variedadescódigo bônus betcoca.

"Os produtores usam cada vez mais espécies que possuem maior quantidadecódigo bônus betcocaínacódigo bônus betsuas folhas, são mais resistentes à fumigação [em açõescódigo bônus betcombate às plantações] e rendem maiscódigo bônus betmaneira geral", diz.

Ao mesmo tempo, também foi registrado um crescimento no cultivo da coca. Entre 2021 e 2022, a área cultivada aumentou 12%, chegando a 355 mil hectares.

Só na Colômbia, o país lídercódigo bônus betprodução, a área cultivada cresceu maiscódigo bônus bet25 mil hectares — o equivalente a aproximadamente 34 mil camposcódigo bônus betfutebol — entre 2021 e 2022.

Em 2023, segundo dados do Ministério da Defesa, havia 246 mil hectarescódigo bônus betcoca cultivados no país — o equivalente a cercacódigo bônus betum terço da área dedicada ao cultivocódigo bônus betcafé, o produto agrícola mais exportado pela economia local.

Na Colômbia,código bônus betespecial, uma mudança na estratégia adotada pelo governo para combater as culturas ilícitas impulsionou a ampliação do cultivo.

Durante anos, o governo colombiano usou a fumigação aérea com glifosato para acabar com as plantações.

Essa política, estreitamente alinhada com as recomendações dos Estados Unidos, foi suspensacódigo bônus bet2015 devido a dúvidas sobre os efeitos do uso desse herbicida na saúde.

Ana María Rueda, coordenadora da áreacódigo bônus betPolíticas sobre Drogas da Fundação Ideias para a Paz, explicoucódigo bônus betentrevista à BBC News Mundo que "na ausênciacódigo bônus betpulverização aérea, o arbustocódigo bônus betcoca atinge os seus níveis máximoscódigo bônus betprodutividade".

Ou seja, a mesma plantacódigo bônus betcoca produz mais cloridratocódigo bônus betcocaína e podem ser produzidas seis colheitas por ano,código bônus betvezcódigo bônus bettrês.

Segundo especialistas, o aumento na produçãocódigo bônus betcocaína no mundo e o cultivocódigo bônus betplantas mais "potentes" ajuda a explicar não só a grande disponibilidade da droga no mercado mundial, mas também a alta na pureza das substâncias apesar da estabilidade nos preços.

"Há muita cocaína na Colômbia, há mais cocaína na Bolívia e no Peru, há mais opçõescódigo bônus betonde comprar, e há mais cocaínacódigo bônus bettodo o mercado. Isso dá ao traficante a liberdadecódigo bônus betestabelecer novas condições", diz Ana María Rueda.

Ainda segundo a ONU, o aumento prolongado na oferta e demandacódigo bônus betcocaína "coincide com um aumento da violênciacódigo bônus betpaíses ao longo da cadeiacódigo bônus betsuprimentos, principalmente no Equador e nos países do Caribe, e um aumento nos danos à saúde nos paísescódigo bônus betdestino, incluindo a Europa Ocidental e Central."

Consumo e pureza nas alturas

Mas apesar do aumento da produção na América do Sul ser apontado como a razão principal por trás do cenário atual, os especialistas são categóricos ao afirmar que também há um crescimento notável no consumo.

"Não podemos negar que há uma prontidão dos mercados para consumir essa produção, principalmente na Europa Ocidental nos últimos anos", avalia Thomas Pietschmann, do UNODC.

Em um relatório divulgadocódigo bônus bet2024, com dadoscódigo bônus bet2022, as Nações Unidas estimam que algocódigo bônus bettornocódigo bônus bet0,45% da população entre 15 e 64 anos havia usado cocaína nos 12 meses anteriores.

Isso equivale a algocódigo bônus bettornocódigo bônus bet23,5 milhõescódigo bônus betpessoas — mais do que toda a população do Estadocódigo bônus betMinas Gerais.

Isso significa que, entre 2018 e 2022, o númerocódigo bônus betconsumidores da droga cresceu algocódigo bônus bettornocódigo bônus bet22%código bônus bettodo o mundo.

A percepçãocódigo bônus betespecialistas da área e profissionais da saúde envolvidos no acolhimento e tratamentocódigo bônus betusuários é que esse aumento segue acontecendo — isso se não se tornou ainda mais vertiginoso.

Nesse contexto, chama a atenção dos especialistas o avanço do consumo na Europa, ao mesmo tempocódigo bônus betque a droga comercializada no continente fica cada vez mais pura e potente.

Um novo relatório da Agênciacódigo bônus betDrogas da União Europeia (Euda), divulgadocódigo bônus betjunhocódigo bônus bet2024, aponta que quase 4 milhõescódigo bônus betpessoas entre 15 e 64 anos usaram cocaína nos países da União Europeia (UE) no último ano — algocódigo bônus bettornocódigo bônus bet1% dos cidadãos desta faixa etária.

Esse total inclui desde pessoas que experimentaram a droga apenas uma vez nos últimos 12 meses até usuários regulares.

Mas, entre as quase 60 mil pessoas que receberam algum tipocódigo bônus bettratamento para víciocódigo bônus betcocaínacódigo bônus betqualquer um dos países da UE, 27% relataram o uso diário da droga.

"Quanto mais tempo as pessoas usam cocaína, mais elas consomem", alerta Pietschmann.

Segundo a Euda, os países com maior prevalência no usocódigo bônus betcocaína entre a população adulta foram Holanda, Espanha, Irlanda, Noruega e Dinamarca.

A agência também identificou um aumentocódigo bônus bet80% nos traçoscódigo bônus betcocaína encontrados nas águas residuaiscódigo bônus betdiversas cidades no centro e sudeste da Europa desde 2011.

Somado a isso, a pureza média da cocaína disponível para venda na Europa atingiu um nível 45% maiorcódigo bônus bet2022 do que o registrado uma década antes, ao mesmo tempocódigo bônus betque os preços permaneceram estáveis.

"Estamos observamos consequências na saúde pública causadas por esse cenário, mas também na segurança", diz Laurent Laniel, analista do órgão.

Segundo Laniel, cada vez mais países na Europa enfrentam problemascódigo bônus betviolência nas ruas relacionados ao consumo e tráfico da cocaína.

"Temos visto traficantes matando uns aos outros — e, às vezes, matando pessoas que não estão envolvidas com o tráfico."

Avanço do crack

Os dados do relatório da Euda apontam ainda um avanço significativo do crack entre a população europeia.

O crack é produzido a partir do cloridratocódigo bônus betcocaína diluídocódigo bônus betágua e acrescidocódigo bônus betbicarbonatocódigo bônus betsódio, ou amônia, e aquecido.

O resultado é uma forma cristalizada da cocaína que pode ser fumada — e que é extremamente viciante e capazcódigo bônus betprovocar comportamento violento nos usuários.

O aumento na disponibilidadecódigo bônus betcocaína no mercado, portanto, pode ter levado também à maior disponibilidadecódigo bônus betcrack.

Ao mesmo tempo, estudos apontam que muitos dos usuárioscódigo bônus betcrack passam por um estágiocódigo bônus betusocódigo bônus betcocaína antescódigo bônus betmigrar para a droga mais pesada.

Entre 2017 e 2002, os centroscódigo bônus betatendimento a usuárioscódigo bônus bettoda a Europa registraram 42% mais novos pacientes tratados para dependênciacódigo bônus betcrack ou que tem a substância como droga primária.

Mas os principais efeitos da popularidade do crack são vistos nas ruascódigo bônus betalgumas das grandes cidades europeias, que desenvolveram "cracolândias" próprias.

Na Alemanha, por exemplo, as autoridades locais tem sofrido para controlar os efeitos negativos dos milharescódigo bônus betusuários que se reúnem todos os diascódigo bônus betregiõescódigo bônus betcidades como Frankfurt, Berlim, Hamburgo e Hanover.

Frankfurt, aliás, passa por um processo observado não só na Alemanha, mascódigo bônus bettodo o continente,código bônus bettransição do usocódigo bônus betdrogas injetáveis como a heroína para a cocaína e o crack.

O crescimento da cocaína e do crack na Europa contrasta com o que ocorre nos Estados Unidos, uma região que ainda é a número umcódigo bônus bettermoscódigo bônus betconsumo, mas que viu seu mercado contrair nas últimas décadas.

Segundo Thomas Pietschmann, os cartéiscódigo bônus betdroga sul-americanos têm encontrado um caminho mais fácil para escoarcódigo bônus betprodução para os países europeus do que para os Estados Unidos.

"Para traficar para os Estados Unidos, eles precisam usar pessoas no México como intermediárias, enquanto na Europa eles conseguem fazer isso diretamente e lucrar mais", diz.

"Eu diria também que a cocaína tem uma imagem melhor entre os europeus. O crack causou muitos estragos nos Estados Unidos e passou a ser associado com violência e favelas. Na Europa, a cocaína ainda é,código bônus betparte, uma droga da elite."

A associação entre a classe social e o consumo, aliás, também ajuda a explicar o crescimento da cocaínacódigo bônus bettodo o mundo, segundo o pesquisador da ONU.

"Onde quer que haja uma nova classe média surgindo, há um aumento na cocaína. Não que toda a classe média use a droga, mas algumas pessoas neste grupo começam a frequentar mais festas e comprar mais drogas a medida que melhoramcódigo bônus betvida."

Pietschmann cita China e Índia como dois países onde o consumo da cocaína é historicamente baixo, mas onde tem ocorrido um aumento nas últimas décadas.

O Brasil como paíscódigo bônus bettrânsito

Em meio a um cenáriocódigo bônus betcrescimento geral da droga, os chamados paísescódigo bônus bettrânsito da cocaína mundial também têm experimentado uma disparada no consumo.

Na América do Sul, uma das nações mais utilizadas para transporte e escoamento da produção é o Brasil, por seu acesso estratégico ao Oceano Atlântico.

No levantamento feito pelo UNODC sobre os paísescódigo bônus betonde os carregamentos apreendidoscódigo bônus bettodo o mundo entre 2019 e 2022 foram escoados, o Brasil só ficou atrás da Colômbia.

As apreensões locais também evidenciam o papel brasileiro no mercadocódigo bônus betcocaína global: entre 2013 e 2023, a Polícia Federal apreendeu 730 toneladascódigo bônus betcocaína no país.

Nesse período, o crescimento das apreensões foicódigo bônus bet73,7%, segundo o 18º Anuário Brasileirocódigo bônus betSegurança Pública.

E,código bônus betacordo com o UNODC, a droga é geralmente transportada para o Brasil e depois escoada para a África,código bônus betonde posteriormente é enviada para a Europa e Ásia, ou por vezes diretamente para o Velho Continente.

Além disso, o país é atualmente o segundo mercadocódigo bônus betcocaína no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos,código bônus betacordo com a ONU.

Quando analisado o consumocódigo bônus betcrack, o Brasil aparece no topo da lista, com consequências devastadoras para a saúde pública e as políticas habitacionaiscódigo bônus betgrandes cidades como São Paulo.

De acordo com o Ministério da Saúde, o númerocódigo bônus betmortes atribuídas a distúrbios causados pelo usocódigo bônus betcocaína —código bônus bettodas as duas formas — no Brasil cresceu maiscódigo bônus bet600% entre 2000 e 2022.

Segundo Thomas Pietschmann, a elevada oferta da cocaína nos países vizinhos, assim como a grande circulaçãocódigo bônus betcarregamentos pelo território brasileiro, contribui para esse cenário.

"Em muitos paísescódigo bônus bettrânsito, as pessoas envolvidas no tráfico são pagascódigo bônus betcocaína, e a droga acaba sendo comercializada no mercado local", diz Pietschmann.

"Com mais cocaína sendo exportada, isso também cresceu nos últimos anos."

Queda na produçãocódigo bônus betopioides

Ao mesmo tempocódigo bônus betque a cocaína cresce, os especialistas observaram uma queda brusca na produçãocódigo bônus betopioides (drogas como heroína, morfina, fentanil, metadona) no mundo.

Esse cenário é impulsionado principalmente por uma proibição ao cultivocódigo bônus betópio instaurada pelo grupo Talebã no Afeganistão.

O país costumava produzir maiscódigo bônus bet80%código bônus bettodo o ópio do planeta. E a heroína produzida com o ópio afegão representava 95% do mercado europeu.

Mascódigo bônus betabrilcódigo bônus bet2022, o líder supremo do Talebã, Haibatullah Akhundzada, decretou que o cultivo da papoula — da qual é extraído o ópio, o principal ingrediente da heroína — fosse rigorosamente proibido.

Qualquer pessoa que violasse a proibição teria seu campo destruído e sofreria as penascódigo bônus betacordo com as leis da Sharia, a lei islâmica.

Um porta-voz do Talebã declarou à BBC que a proibição foi imposta devido aos efeitos prejudiciais do ópio e porque contraria suas crenças religiosas.

Com a mudança, as Nações Unidas registraram uma quedacódigo bônus bet74% na produção globalcódigo bônus betópiocódigo bônus bet2023. Enquanto, no Afeganistão, esse total desmoronoucódigo bônus bet95%, Mianmar surgiu como alternativa no cultivocódigo bônus betpapoulas, equilibrando o resultado final.

Fato é que a diminuição da produçãocódigo bônus betopioides e, consequentemente, da confecçãocódigo bônus betnovos carregamentoscódigo bônus betheroína, gerou rumorescódigo bônus betum possível impacto indireto no aumento do consumocódigo bônus betoutras drogas,código bônus betespecial a cocaína.

Alguns especialistas temiam que usuários e, especialmente, traficantes buscassem alternativas à heroína para manter seu mercado.

Em um cenáriocódigo bônus betexplosão na produçãocódigo bônus betcocaína, a droga vinda da América do Sul parecia a substituta perfeita.

Mas, segundo os dados compilados pelas Nações Unidas, a queda na produção ainda não produziu um impacto na oferta nos mercados e no consumocódigo bônus betheroína e outros opioides no mundo, já que os traficantes se anteciparam e acumularam estoques consideráveis antes do corte na produção.

O escritório da ONU sobre drogas e crime afirma, porém, que o cenário pode mudar no futuro, caso o cultivo no Afeganistão continue proibido.