'Uma bomba': como denúnciasarenas betassédio sexual abriram crise no governo Lula:arenas bet
O impacto negativo para a gestão Lula é alimentado pelas suspeitasarenas betque as denúnciasarenas betassédio contra Franco teriam circuladoarenas betseu alto escalão aindaarenas bet2023.
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Fim do Matérias recomendadas
O episódio gerou reação da senadora Damares Alves (Republicanos), ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no governo Bolsonaro.
"Se algum outro ministro sabia e não denunciou, também é conivente com assédio sexual. Inadmissível esse homem se manter na pasta", criticou,arenas betvídeo divulgado na quinta-feira (5/9), quando o caso veio à tona.
As acusações foram confirmadas naquele dia pela organização Me Too Brasil, após serem reveladas pelo portal Metrópoles.
Já na tarde desta sexta-feira (6), a professora Isabel Rodrigues utilizouarenas betrede social para publicar um vídeoarenas betque narra ter sido vítimaarenas betAlmeida,arenas bet2019.
De acordo com ela, Almeida, que na época ainda não era ministro, teria colocado as mãosarenas betsuas partes íntimas durante um almoço com outras pessoas.
Foi a primeira denúncia pública feita por alguém que mostrou nome e rosto contra o ministro.
"Eu acredito que foram muitas", disse Isabel sobre outras possíveis vítimas.
Para o cientista político Creomararenas betSouza, fundador da consultoria política Dharma, a rapidez com que Lula reagiu às denúncias após o caso se tornar público revela a gravidade da crise: "Uma bomba".
Ele lembra que a separação do antigo ministério comandando pela Damares Alvesarenas betquatro pastas – Direitos Humanos, Igualdade Racial, Povos Indígenas e Mulheres – foi uma prioridade do governo.
"E a escolha do Silvio e da Anielle vem com um elemento muito simbólico, que gruposarenas betesquerda costumam gostar muito. O Silvio por toda a intelectualidade, a questão do conceito do racismo estrutural, que passou a ser muito utilizado [após seu livro]. E a Anielle por toda essa simbologia da luta para encontrar os culpados daquele crime terrível que foi o assassinato da irmã dela [a vereadora Marielle Franco, mortaarenas bet2018]", afirma Souza.
"E,arenas betrepente, a gente tem ela sendo vítimaarenas betassédio sexual pelo ministro que era a referênciaarenas betdireitos humanos. É uma crise que machuca [o governo], até porque ela [Anielle] ficou calada para preservar o governo. E ainda há os questionamentos se outros ministros sabiam e não agiram", acrescenta.
Na avaliaçãoarenas betCreomararenas betSouza, o episódio tem um impacto negativo para além do governo, podendo alimentar o racismo que já existe na sociedade brasileira.
"Esse é um país racista. E,arenas betdeterminado sentido, para pessoas pretas, negras, é um desafio a ascensão social, a chegada no lugararenas betdestaque. E essas pessoas [negras] sempre correm o riscoarenas betque o erroarenas betum indivíduo [que chega a essa posiçãoarenas betdestaque] seja considerado o erroarenas bettodas elas", analisa.
"Por exemplo, quando a primeira mulher presidente da história do Brasil [Dilma Rousseff] sofre impeachment, isso é um impacto no sonhoarenas betoutras meninas que queiram ser presidente. É um impacto na forma como o cidadão enxerga mulheres disputando a Presidência. Então, a gente tem um impacto [agora para os negros] que eu não consigo mensurar", acrescentou.
Crise mostra que governosarenas betesquerda não fogem ao machismo institucional, dizem professoras
Para a socióloga Mariana Selister Gomes, coordenadora do grupoarenas betpesquisaarenas betGênero, Interseccionalidade e Direitos Humanos da Universidade Federalarenas betSanta Maria (UFSM), o episódio teve "um impacto negativo muito grande".
"Tanto para o governo, quanto para nós, ativistas e pesquisadores, que lutam por essas causas dos direitos humanos, dos direitos das mulheres, da lutaarenas betantirracista", aponta a pesquisadora.
Por outro lado, ela vê o episódio como oportunidade para o governo intensificar a abordagem "interseccional" dessas pautas.
Esse conceito, nascido no movimento feminista negro, evidencia como questões como desigualdade social, racismo e o machismo estão interligados e se reforçam.
"Se não tiver uma perspectiva interseccional [dessas questões], é possível que um homem negro tenha uma grande luta contra o racismo e seja um machista. Assim como a gente tem casosarenas betmulheres brancas feministas que são racistas", analisa.
Naarenas betavaliação, uma possível demora na revelação dos supostos abusos dentro do governo refletiriam "o machismo institucional", que tende a descredibilizar vítimas e desencorajar as denúncias.
Ela lembra que muitas vezes as mulheres têm dificuldadearenas betprovar o assédio, e as instituições não costumam ter instâncias preparadas para lidar com esse tipoarenas betapuração.
"Que bom que o movimento Me Too, da sociedade civil, teve esse papelarenas betdenúncia, que a mídia teve seu papelarenas betdenúncia. E que péssimo se alguns órgãos do governo já estavam sabendo e estavam abafando, porque isso refletiria a força desse machismo institucional, que pode estar presente até mesmo dentroarenas betum governoarenas betesquerda que se propõe a combater o próprio machismo", lamenta.
Para a cientista política Flávia Biroli, professora da Universidadearenas betBrasília (UnB), o episódio joga luz sobre o machismo estrutural nos espaçosarenas betpoder, que ainda são majoritariamente masculinos e favorecem situaçõesarenas betassédio.
"Se espera que um governoarenas betesquerda, comprometido com os direitos humanos e com pautasarenas betigualdade earenas betdiversidade, seja uma exceção. O que histórias como essas revelam é que há algo que está mais embaixo. Há uma dimensão sistêmica estruturalarenas betrelaçõesarenas betpoder, que historicamente foram configuradas como relaçõesarenas betque os homens exercem poder sobre as mulheres", afirma.
"Esse exercícioarenas betpoder envolve a possibilidadearenas betse avançar sobre o corpoarenas betuma outra pessoa — nesse caso, das mulheres", continua.
Naarenas betleitura, o que háarenas betdiferente na atualidade é a crescente presençaarenas betmulheres nos espaçosarenas betpoder políticos e econômicos, o que favorece que as denúncias venham à tonaarenas betalgum momento.
Para Biroli, seria difícil para o governo agir a partirarenas beteventuais denúncias informais que tenham circulado antes.
Agora que denúncias foram formalizadas, a professora diz que o governo precisa agir a partir das evidênciasarenas betassédio, que ganham força na medidaarenas betque há maisarenas betuma denúncia.
"É muito difícil comprovar assédio. É raro termos vídeos, registros que comprovem. Então, tem sido muito relevante nesses casos quando há um acúmuloarenas betdenúncias", argumenta.
Se a atuação do governo antesarenas beto caso se tornar público é alvoarenas betcontrovérsia, as professoras consideram positiva a reaçãoarenas betLula após a revelação do caso, com a rápida demissãoarenas betAlmeida.
Lula também se manifestouarenas betforma incisiva mais cedo.
Em entrevista à Rádio Difusoraarenas betGoiânia, onde ele estava na manhãarenas betsexta-feira (6/7), o presidente destacou a prioridadearenas betsua gestão no combate à violência contra mulheres e afirmou que "alguém que pratica assédio não vai ficar no governo".
O presidente disse também que é preciso dar direito a quem tiver que se defender, admitindo a "presunção da inocência", e anunciou que colocaria a Polícia Federal, a Comissãoarenas betÉtica da Presidência da República e o Ministério Público Federal para investigar o caso.
Na avaliaçãoarenas betGomes, a foto postada pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, beijando a testaarenas betAnielle Franco ainda na noitearenas betquinta-feira (5/7) também foi positiva ao passar uma mensagemarenas betproteção para a ministra.
A imagem, porém, gerou críticas no movimento feminista negro, porarenas betconotação maternal,arenas betuma mulher branca (Janja) sobre uma mulher negra (Franco).