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A nave espacial que voltou à Terra sem seus astronautas :
Isso fará com que a estadia dos astronautas passe dos oito dias previstos para oito meses.
Após o retorno da Starliner, um porta-voz da Nasa disse que estava satisfeito com o pouso bem-sucedido, mas gostaria que tudo tivesse ocorrido como planejado originalmente.
O vooretorno durou seis horas.
Após reentrar na atmosfera da Terra, paraquedas foram usados para desacelerar a descida ao aeroporto espacial White Sands, no Novo México, às 2h deste sábado, no horárioBrasília.
A Nasa informou anteriormente que Butch e Suni estavambom humor econtato frequente com suas famílias.
Steve Stich, gerente do programatripulação comercial da Nasa, disse que os dois astronautas são apaixonados por seus trabalhos. "Eles entendem a importância agoraseguirfrente e...trazer o veículovoltasegurança."
Voo marcado por problemas
Este foi o primeiro vooteste da espaçonave Starliner, da Boeing, com astronautas a bordo.
No entanto, foi marcado por problemas logo após seu lançamento no Cabo Canaveral, na Flórida,5junho.
A cápsula apresentou vazamentoshélio, que impulsiona o combustível para o sistemapropulsão, e váriosseus propulsores não funcionaram adequadamente.
Engenheiros da Boeing e da Nasa passaram meses tentando entender esses problemas técnicos, mas, no finalagosto, a agência espacial dos EUA decidiu que a Starliner não era segura o suficiente para trazer os astronautasvolta.
Em uma coletivaimprensa após o pouso, Steve Stich, da Nasa, disse: "De uma perspectiva humana, todos nós estamos felizes com o pouso bem-sucedido, mas há uma partenós - todos nós - que gostaria que tivesse sido como planejado."
"Tínhamos planejado que a missão aterrissasse com Butch e Suni a bordo."
Stich acrescentou que "claramente há trabalho a ser feito" e que levaria "um tempo" para determinar o que acontecerá a seguir.
A coletivaimprensa teve a participação apenasfuncionários da Nasa. Dois representantes da Boeing, que deveriam estar presentes, não compareceram.
Quando questionado sobre a ausência, o oficial da Nasa Joel Montalbano disse que a Boeing decidiu "conceder à Nasa" a representação da missão.
A Boeing divulgou um comunicado "reconhecendo o trabalho das equipes da Starliner para garantir um desacoplamento, reentrada e pouso bem-sucedidos e seguros".
A empresa afirmou ainda que "revisará os dados e determinará os próximos passos" para o programa.
Stich admitiu anteriormente que houve "tensão na sala" entre a Boeing e a Nasa enquanto a decisãonão trazer os astronautasvolta na Starliner estava sendo tomada, com a Boeing argumentando queespaçonave poderia retornar com segurança com a dupla a bordo.
"A equipe da Nasa, devido à incerteza, não conseguiu se sentir confortável com isso", disse ele.
O planousar uma nave da empresa rival SpaceX trouxe um atraso significativo no retorno dos astronautas.
O tempo extra é para permitir que a SpaceX lance seu próximo veículo, previsto para o finalsetembro.
Ele deveria ter quatro astronautas a bordo, mas,vez disso, viajará com dois. Isso deixa espaço para Butch e Suni se juntarem a eles no veículo para retornar à Terrafevereiro.
Dana Weigel, gerente da Estação Espacial Internacional, disse que os astronautas estão se adaptando bem à missão prolongada. Ambos já completaram anteriormente duas estadiaslonga duração no espaço.
Ela mencionou que a dupla está realizando os programasexercícios necessários para manter a saúde no ambiente sem gravidade.
Além disso, acrescentou que os astronautas têm todo o equipamento necessário para a estadia não planejadaoito meses.
"Quando os enviamos pela primeira vez, eles estavam usando muitas das roupas genéricas que temos a bordo, mas agora substituímos algumas dessas coisas", disse ela.
Weigel explicou que uma missãoreabastecimentojulho entregou "itens específicos" que a dupla havia solicitado.
"Então, eles agora têm todo o equipamento padrãoexpedição que qualquer outro membro da tripulação poderia selecionar. E temos outro veículocarga chegando, então enviaremos qualquer outra coisa que eles precisem para a segunda metade da missão nesse voo."
Golpe para Boeing
Os problemas com a Starliner foram, sem dúvida, um golpe para a Boeing, que já enfrenta perdas financeiras e luta para recuperarreputação após incidentes recentesvoos comerciais e dois acidentes fatais há cinco anos.
Depoistantos problemas, um pouso sem complicações, mesmo que sem os astronautas, é um resultado bem-vindo para a empresa - e para a Nasa.
"Passaremos por alguns mesesanálise pós-voo", disse Steve Stich. "Há equipes começando a avaliar o que precisamos fazer para certificar completamente o veículo no futuro."
A agência espacial dos EUA enfatizou seu compromisso com a espaçonave da Boeing - ter duas empresas americanas capazeslevar astronautas ao espaço é uma meta importante para a Nasa há algum tempo.
Quando a frotaveículos espaciais foi aposentada2011, os EUA passaram uma década dependentes apenas da espaçonave Soyuz, da Rússia, para transportartripulação e carga - uma situação que a Nasa admitiu estar longe do ideal.
Assim,2014, a Boeing e a SpaceX foram contratadas para fornecer voos espaciais comerciais para astronautas da Nasa - o contrato da Boeing foiUS$ 4,2 bilhões (R$ 23,4 bi), enquanto a SpaceX recebeu US$ 2,6 bilhões (R$ 14,5 bi).
Até agora, a SpaceX enviou nove voos tripulados ao espaço para a Nasa, alémalgumas missões comerciais, mas esta foi a primeira tentativa da Boeinguma missão tripulada.
A viagem da Starliner já havia sido adiada por vários anos devido a contratempos no desenvolvimento da espaçonave. Dois voos não tripulados anteriores,2019 e 2022, também sofreram problemas técnicos.
No entanto, o administrador da Nasa, Bill Nelson, disse estar 100% certoque a espaçonave voará com uma tripulação a bordo novamente.
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