O livro sagrado indiano que influenciou Oppenheimer:codigo de boas vindas betano

Físico teórico, Oppenheimer havia sido apresentado ao antigo idioma da Índia e ao Bhagavad Gita anos antes, quando era professor da Universidade da Califórniacodigo de boas vindas betanoBerkeley, nos Estados Unidos.

Escrito há 2 mil anos, o Bhagavad Gita é parte do Mahabharata, um dos mais importantes épicos clássicos do hinduísmo e, com 700 versos, o poema mais longo do mundo.

Horas antes do evento que mudaria a história do mundo, o “pai da bomba atômica” alivioucodigo de boas vindas betanotensão recitando uma estrofe que ele próprio havia traduzido do sânscrito:

“Na batalha, na floresta, no precipício das montanhas

No grande mar escuro,codigo de boas vindas betanomeio a dardos e flechas,

No sono, na confusão, nas profundezas da vergonha,

As boas obras antes feitas por alguém saem emcodigo de boas vindas betanodefesa”

Na respeitada biografia American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer (“Oppenheimer: O triunfo e a tragédia do Prometeu americano”, Ed. Intrínseca, 2023), publicada originalmentecodigo de boas vindas betano2005, os autores Kai Bird e Martin J. Sherwin contam que o jovem Oppenheimer conheceu o sânscrito atravéscodigo de boas vindas betanoArthur W. Ryder, professor do idioma da Universidade da Califórniacodigo de boas vindas betanoBerkeley.

O físico havia chegado à universidade como professor assistente com 25 anoscodigo de boas vindas betanoidade. E, ao longo das décadas seguintes, ele ajudou a construir uma das “maiores escolascodigo de boas vindas betanofísica teórica” dos Estados Unidos.

Ryder era republicano e “iconoclasta com a língua afiada”. Ele ficou fascinado por Oppenheimer. Já o físico considerava Ryder um “intelectual por excelência” — um acadêmico que “sentia, pensava e falava como um estoico”.

O pai do jovem cientista, que trabalhava como importadorcodigo de boas vindas betanotecidos, era da mesma opinião. Para ele, Ryder era uma “notável combinaçãocodigo de boas vindas betanoausteridade, através da qual espreitava a alma mais gentil”.

Oppenheimer também considerava Ryder uma pessoa rara, com “um senso trágico da vida, que atribui às ações humanas papel absolutamente decisivo na diferença entre a salvação e a perdição”.

Ryder logo começaria a dar aulas particularescodigo de boas vindas betanosânscrito para Oppenheimer nas noitescodigo de boas vindas betanoquinta-feira.

“Estou aprendendo sânscrito”, escreveu o cientista para seu irmão Frank, “gostando muito e aproveitando novamente o doce luxocodigo de boas vindas betanoter alguém para me ensinar”.

Muitos amigoscodigo de boas vindas betanoOppenheimer estranharam essa nova obsessão do físico pelo antigo idioma indiano, segundo seus biógrafos. Um deles, Harold F. Cherniss (que havia apresentado o cientista ao acadêmico), achou que fazia “total sentido”, já que Oppenheimer tinha um “gosto pelo místico e pelo enigmático”.

Por isso, o conhecimentocodigo de boas vindas betanoOppenheimer sobre o sânscrito e o Bhagavad Gita é claramente pertinente para a história do filme. Mas alguns hindus conservadores se queixaram, particularmente da cenacodigo de boas vindas betanosexo entre o físico (interpretado pelo ator Cillian Murphy) ecodigo de boas vindas betanoamante Jean Tatlock (Florence Pugh). Eles afirmam que o filme é ofensivo àcodigo de boas vindas betanoreligião e exigem o corte da cena.

Mas os censores indianos não consideraram que ali houvesse um problema e o filme é a maior bilheteriacodigo de boas vindas betanoHollywood na Índiacodigo de boas vindas betano2023 — superando Barbie, desde a estreia simultânea dos dois filmes,codigo de boas vindas betano21codigo de boas vindas betanojulho.

Oppenheimer, sem dúvida, tinha ampla cultura. Ele estudou Filosofia, Literatura Francesa, Inglês e História. Ele chegou a pensarcodigo de boas vindas betanoaprender Arquitetura e até se tornar estudioso dos clássicos, poeta ou pintor.

O físico escreveu poemas sobre “temascodigo de boas vindas betanotristeza e solidão” e se identificava com o “existencialismo esparso”codigo de boas vindas betanoT. S. Eliot (1888-1965) no poema A Terra Devastada (“The Waste Land”, no originalcodigo de boas vindas betanoinglês).

“Ele gostavacodigo de boas vindas betanocoisas que fossem difíceis”, afirma Cherniss. “E, como quase tudo era fácil para ele, o que realmente chamavacodigo de boas vindas betanoatenção era essencialmente o difícil.”

Comcodigo de boas vindas betanofacilidade para idiomas, Oppenheimer estudou grego, latim, francês e alemão. Ele também aprendeu holandêscodigo de boas vindas betanoum mês e meio. Por isso, “realmente não levou muito tempo” para que ele lesse o Bhagavad Gitacodigo de boas vindas betanosânscrito.

O cientista achou o livro “muito fácil e maravilhoso”, chegando a dizer aos amigos que era “a canção filosófica mais bela existentecodigo de boas vindas betanoqualquer língua conhecida”.

Nacodigo de boas vindas betanobiblioteca, havia uma cópia do livro com capa rosa, que Ryder havia dadocodigo de boas vindas betanopresente para o físico. E o próprio Oppenheimer deu cópiascodigo de boas vindas betanopresente para seus amigos.

Seus biógrafos escrevem que o cientista ficou tão “maravilhado com seus estudoscodigo de boas vindas betanosânscrito” que,codigo de boas vindas betano1933, quando seu pai deu a ele um automóvel Chrysler, ele deu ao carro o nomecodigo de boas vindas betanoGaruda — o deus-pássaro gigante da mitologia hindu.

Na primavera daquele mesmo ano, Oppenheimer havia escrito uma carta um tanto floreada para o seu irmão, explicando por que a disciplina e o trabalho sempre foram seus princípios orientadores — o que remetia ao seu fascínio pela filosofia oriental.

Segundo o físico, “pela disciplina, embora não apenas pela disciplina, podemos atingir a serenidade e uma certa medida, pequena mas preciosa,codigo de boas vindas betanoliberdade dos acidentes da encarnação... e aquele desapego que preserva o mundo do qual se renuncia”.

Para ele, somente através da disciplina, é possível “ver o mundo sem a distração grosseira do desejo pessoal e, ao fazê-lo, aceitamos mais facilmente nossas privações terrenas e seu horror terreno”.

“Pouco antescodigo de boas vindas betanocompletar 30 anos, Oppenheimer parecia estar buscando um desapego terreno”, segundo seus biógrafos. “Em outras palavras, ele desejava engajar-se como cientista no mundo físico, mas ainda se desapegar dele.”

“Ele não procurava escapar para um reino puramente espiritual. Ele não estava buscando a religião. O que ele buscava era a pazcodigo de boas vindas betanoespírito. O Bhagavad Gita parecia fornecer exatamente a filosofia correta para um intelectual entusiasticamente afinado com os assuntos dos homens e os prazeres dos sentidos”, segundo Bird e Sherwin.

Um dos textos favoritoscodigo de boas vindas betanoOppenheimercodigo de boas vindas betanosânscrito era Meghaduta, um poema lírico escrito por Kalidasa, que foi um dos maiores poetas a escrever naquele idioma.

“Li Meghaduta com Ryder, com prazer, alguma facilidade e grande encantamento”, escreveu o físico para seu irmão Frank.

Por que Oppenheimer voltou-se para o Bhagavad Gita e suas noçõescodigo de boas vindas betanocarma, destino e deveres terrenoscodigo de boas vindas betanoforma tão fervorosa? Seus biógrafos arriscam-se a sugerir uma razão:

“Talvez a atração que Robert sentiu pelo fatalismo do Bhagavad Gita fosse estimulada, pelo menos, por uma florescente revolta tardia contra o que ele havia aprendido quando jovem.” Eles se referem à associação precoce do cientista à Sociedadecodigo de boas vindas betanoCultura Ética, um “ramo exclusivamente norte-americano do judaísmo que celebrava o racionalismo e um tipo progressistacodigo de boas vindas betanohumanismo secular”.

É preciso tercodigo de boas vindas betanomente que Oppenheimer não era o único ocidental a admirar o texto hindu. O filósofo americano Henry David Thoreau (1817-1862) escreveu sobrecodigo de boas vindas betanoimersão na “estupenda e cosmogônica filosofia do Bhagavad Gita que,codigo de boas vindas betanocomparação, faz com que o nosso mundo moderno ecodigo de boas vindas betanoliteratura pareçam triviais e insignificantes”.

Heinrich Himmler (1900-1945), na Alemanha nazista, também era um admirador do Bhagavad Gita. Mahatma Gandhi (1869-1948) era um ardente seguidor do épico hindu e dois poetas admirados por Oppenheimer – W. B. Yeats (1865-1939) e T. S. Eliot – haviam lido o Mahabharata.

A visão da nuvem gigantecodigo de boas vindas betanoformacodigo de boas vindas betanocogumelo se elevando aos céus após o primeiro teste da bomba atômica levou Oppenheimer a ler novamente o Bhagavad Gita. As bombas que caíram posteriormente sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial, mataram dezenascodigo de boas vindas betanomilharescodigo de boas vindas betanopessoas.

“Nós sabíamos que o mundo não seria mais o mesmo”, declarou o físico à redecodigo de boas vindas betanoTV americana NBCcodigo de boas vindas betanoum documentáriocodigo de boas vindas betano1965. “Alguns riram, outros choraram. A maioria ficoucodigo de boas vindas betanosilêncio.”

“Eu me lembrei do verso da escritura hindu, o Bhagavad Gita”, declarou ele. “Vishnu [uma das principais divindades do hinduísmo, encarnado como Krishna] tenta convencer o príncipe [Arjuna] a cumprir comcodigo de boas vindas betanomissão. Para impressioná-lo, ele assumecodigo de boas vindas betanoforma com múltiplos braços e diz: ‘agora, eu me tornei a morte, o destruidorcodigo de boas vindas betanomundos’. Imagino que todos nós tenhamos pensado aquilo,codigo de boas vindas betanouma forma oucodigo de boas vindas betanooutra.”

Um amigo do cientista disse que a citação parecia um dos “exageros sacerdotais”codigo de boas vindas betanoOppenheimer. Mas o enigmático cientista permaneceu profundamente influenciado por ela.

Certa vez, os editores da revista The Christian Century pediram a Oppenheimer que indicasse os livros que influenciaram mais profundamente suas visões filosóficas. As Flores do Mal, do poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867), foi o primeiro. E,codigo de boas vindas betanosegundo lugar, o Bhagavad Gita.