A acusação contra Gilmar Mendes que fez PGR pedir prisãoMoro:

Não se sabequando é o vídeoMoro e nem as circunstânciassua filmagem, mas ele veio a público no último dia 14, quando foi noticiado pela coluna Radar, da revista Veja.

Nele, o senador apareceuma área externa e estendendo a mão para pegar um copo entregue por outra pessoa. Neste momento, ele diz, sorrindo: "Não, isso é fiança, instituto... pra comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes".

A BBC News Brasil pediu um posicionamento do senador por meioseu gabinete, mas não recebeu retorno.

A denúncia da PGR diz que Moro "emitiu a declaraçãopúblico, na presençavárias pessoas, com o conhecimentoque estava sendo gravado por terceiro, o que facilitou a divulgação da afirmação caluniosa [...]".

"Ao atribuir falsamente a prática do crimecorrupção passiva ao Ministro do Supremo Tribunal Federal GILMAR FERREIRA MENDES, o denunciando SERGIO FERNANDO MORO agiu com a nítida intençãomacular a imagem e a honra objetiva do ofendido, tentando descredibilizar aatuação como magistrado da mais alta Corte do País", diz outro trecho da denúncia.

O passo a passo da denúncia — e os riscos para Moro

A pena pelo crimecalúnia prevista no Código Penal édetençãoseis meses a dois anos, alémmulta.

Mas, na denúncia, é destacado que o alvo da falaMoro, Gilmar Mendes, é um "agente público maior60 anosidade".

O advogado João Paulo Martinelli, doutordireito pela UniversidadeSão Paulo (USP), explica que esse fator pode aumentar o tempoprisão,casocondenação.

"Quando o crime contra a honra é praticado contra uma vítima maior60 anos, a pena é aumentadaum terço. Então, isso acaba sendo prejudicial para o réu se ele for condenado", explica Martinelli.

Mas muito, antes da condenação, o primeiro passo é a denúncia da PGR ser acatada ou rejeitada pelo relator — que, no caso, será a ministra Cármen Lúcia. Ela é da primeira turma do STF, enquanto Mendes é da segunda.

"Se o relator não rejeitar, isso vai dar a oportunidade para apresentação da defesa. Depois, a turma que decide por maioria se vai aceitar definitivamente a denúncia ou não para dar início ao processo."

"(Em caso do início do processo) Da mesma forma que correria na primeira instância, vai ter audiência, produçãoprovas... E depois os ministros da primeira turma julgam se é casocondenação ou absolvição", diz o advogado, acrescentando ser difícil prever o destino da denúncia contra Moro.

Independente dos próximos capítulos na Justiça, o analista político CreomarSouza, fundador da ConsultoriaAnáliseRisco Político Dharma, diz que o monitoramento das redes sociais nessas primeiras horas após a denúncia indica que o episódio pode ser benéfico para Moro perante à base dele.

"Para aquele eleitorbase que elegeu o Moro para o Senado no Paraná, para aquele eleitordireita que simpatiza com o Moro, com a Lava-Jato, a decisão reforça essa ideiaque o Moro é um político antissistema", diz Souza.

"Então, não gera algo negativo sobre sobre a imagem dele, muito pelo contrário."

O analista político diz que muitos comentários favoráveis ao senador nas redes sociais apontam que Moro teria a liberdadese expressar publicamente como fez ao falarMendes e que ele apenas disse o que muitos cidadãos comuns diriam.

"Há uma leituraque o caso dele só deu confusão porque ele tem um históricoenfrentamento a essas pessoas (poderosas)", diz Souza sobre o contéudo observado nas redes sociais.

"É a forma como ele e seus principais militantes sempre tentaram colocá-lo dentro do debate."