Mulheres relatam alíviomais apostasabrigos exclusivos no RS; polícia diz que abusos são exceções:mais apostas

Crédito, Fernando Otto/BBC

Legenda da foto, Pamela Cristina e Michele Prestes estãomais apostasum abrigo exclusivo para mulheres e seus filhos

A BBC News Brasil visitou um abrigo destinado exclusivamente a mulheres no último domingo (12/5), Dia das Mães. Na data, elas receberam flores, alémmais apostaster um almoço e jantar especiais - feitos por um chef.

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Pamela Cristina e a filha adolescente dela estão dividindo um quarto nesse local com uma amiga e vizinha delas — a faxineira Michele Prestes, 44 anos, que também conta não ter sofrido situações desagradáveis ou criminosas, mas que prefere o abrigo exclusivo para mulheres para ter "mais privacidade".

De acordo com Cristiane Ramos, diretora da Divisãomais apostasProteção e Atendimento à Mulher da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, há atualmente três abrigos no Estado voltados exclusivamente para mulheres.

Crédito, Fernando Otto/BBC

Legenda da foto, Segundo delegada, há três abrigos oficiais no RS destinado exclusivamente a mulheres e seus filhos
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Ela relata que, até o momento, não houve muitas denúnciasmais apostascrimes sexuais no Estado, mas mesmo assim há uma preocupação com a sensaçãomais apostassegurança das mulheres desalojadas.

"Tem muitas situaçõesmais apostasque as mulheres sofrem um certo assédio que não é um crime, mas que gera incômodo e medo na horamais apostasdormir", exemplifica.

Ao mesmo tempo, ela aponta, há casosmais apostasque as mulheres não querem ficar longemais apostasparentes e conhecidos.

"Existem mulheres que estão com seus maridos, irmãos, vizinhos e que se sentem mais seguras e tranquilas justamente por estarem com homens das suas famílias ali."

Segundo Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, foram registrados no Estado, durante a crise atual, cinco denúnciasmais apostascrimes sexuais como uma tentativamais apostasestupro, um abusomais apostasvulnerável e casosmais apostasimportunação sexual.

"O abrigo é realmente uma preocupação, porque nós temos abrigos aqui com 7 mil, 8 mil pessoas. Nós estamos com maismais apostas460 abrigos no Estado, então é muita gente abrigada", relata Sodré.

"É bem verdade que os abrigos têm pessoas muito diferentes,mais apostastodos os tiposmais apostassituações, classes sociais, etc. E alémmais apostasser um com pouco espaço — uma estrutura necessária para sobrevivência, masmais apostascerta forma não é o conforto que as pessoas têmmais apostassuas casas —, isso tende a criar tensão e estresse entre as pessoas."

Sodré garante que há policiais civis e militares fazendo rondas nos abrigos e,mais apostasalguns casos, principalmentemais apostasabrigos grandes, fazendo a segurança desses espaços 24 horas por dia.

À BBC News Brasil, o pastor Dari Pereira, responsável por um abrigomais apostasPorto Alegre, relatou que reforçaria a segurança do local após homens chegarem bêbadosmais apostasmadrugada na semana passada. Na ocasião, eles teriam importunado mulheres, falando palavrões e gritando contra elas.

Os homens foram expulsos do abrigo.

Mulheres que forem vítimamais apostasabuso ou importunação, podem acionar a Polícia Militar (190), a Polícia Civil (197), a Centralmais apostasAtendimento à Mulher (180) ou o Disque Denúncia (181).

Mulheres interessadasmais apostasserem acolhidasmais apostasabrigos exclusivamente femininos devem buscar os centrosmais apostastriagem nos seus municípios. Esses locais são responsáveis por encaminhar pessoas para os abrigos disponíveis.

Preocupação com as notícias falsas

Crédito, Fernando Otto/BBC

Legenda da foto, Entrevistados pela BBC destacam que desinformação sobre supostos crimes sexuaismais apostasabrigos podem diminuir a importância desses locais para o acolhimento

Cristiane Ramos, da Polícia Civil, afirma que alémmais apostascasos chocantesmais apostasabuso e importunação, como um vídeo que viralizou nas redesmais apostasum casal que teria feito sexo próximo a crianças, há também relatos que acabam sendo desmentidos.

"A gente tem muita fake news, tem muita notícia mais apostas crimes gravíssimos circulando, e a gente desloca uma equipe para esse local, chega lá e na verdade não aconteceu aquela situação", diz Ramos.

Promotoramais apostasJustiça no Ministério Público do Rio Grande do Sul, Ivana Battaglin também demonstra preocupação com a desinformação.

"Alguns casosmais apostasimportunação sexual foram equivocadamente relatados como abuso ou estupro, alimentando ondasmais apostasdesinformação que levaram a um climamais apostaspânico, retratando todas as mulheres e meninas como extremamente vulneráveis nos abrigos", aponta a promotora.

"O pânico é prejudicial, e é importante que a população entenda que não é todo o abrigo que é inseguro."

"Ao menos isso teve uma resposta positiva: levou à criaçãomais apostasabrigos exclusivos para mulheres e meninas, uma resposta positivamais apostasmeio à tragédia."

Segundo Battaglin, houve algumas denúnciasmais apostasassédio sexual e "casos muito pontuais"mais apostasestupromais apostasvulneráveis no Estado.

"O relato diz sobre meninas muito jovens, ainda consideradas crianças, que tinham relacionamento matrimonial com adultos. Isso é considerado estupromais apostasvulnerável. É importante ressaltar que esses casos não foram causados pelo abrigo, eles já existiam antes, mas foram expostos pelo local."

Uma psicóloga ouvida pela reportagem e que preferiu não se identificar afirma que os abrigos "refletem o que ocorre na sociedade, seja violência contra mulheres ou violência sexual contra crianças".

"Esses abrigosmais apostasformação se tornam pequenas cidades, e como pequenas cidades, eles reproduzem tudo o que ocorremais apostasnossa sociedade", compara a psicóloga, que é peritamais apostasuma vara criminal que lida com crianças e adolescentes vítimasmais apostasviolência sexual.

Entretanto, ela também aponta para os riscos da desinformação.

"Precisamos ressaltar isso para evitar o pânicomais apostasque os abrigos são perigosos ou desprotegidos. Conhecendo essa realidade, o Estado tem investidomais apostaspoliciamento, guarda municipal e pessoal noturno para monitorar as instalações e prevenir situações indesejadas, como idas e vindas aos banheiros."

"Essas situações não devem ser amplificadas irresponsavelmente a pontomais apostasgerar o caos e a percepçãomais apostasque esses locais não são seguros", conclui a psicóloga.

*Colaboraram Giulia Granchi e Mariana Alvim, da BBC News Brasilmais apostasSão Paulo