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Os ossos que revelam a brutalidade do trabalho infantil na Revolução Industrial britânica:melhor banca de aposta
Mas o estudo da Universidademelhor banca de apostaDurham "fornece, pela primeira vez, evidências bioarqueológicas e analisa restos ósseos dos aprendizes", declarou a professora à BBC News Mundo, o serviçomelhor banca de apostaespanhol da BBC.
Segundo Gowland, isso "permite examinar diretamente o impacto da pobreza e do trabalho nos seus corpos".
O estudo foi possibilitado pela descobertamelhor banca de apostamaismelhor banca de aposta150 esqueletos na pequena cidademelhor banca de apostaFewston, no condadomelhor banca de apostaNorth Yorkshire (norte da Inglaterra).
Os restos foram encontrados durante a escavaçãomelhor banca de apostaum terreno para construir um centro histórico ao ladomelhor banca de apostauma antiga igreja.
Durante o exame dos esqueletos, os cientistas puderam constatar que a maioria eramelhor banca de apostacrianças e adolescentes e que eles tinham sinaismelhor banca de apostadiversas doenças.
E, trabalhandomelhor banca de apostaconjunto com historiadores, os pesquisadores conseguiram montar o quebra-cabeça do inferno que as crianças aprendizes viviam todos os dias.
Mas a descoberta não fala apenas do passado. Os autores do estudo destacam que existe uma mensagem urgente para o presente, já que se estima que existam atualmente 160 milhõesmelhor banca de apostamenores trabalhadoresmelhor banca de apostatodo o mundo.
A exploração infantil
Uma toneladamelhor banca de apostacocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
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A revolução industrial transformou o panorama socioeconômico britânico nos séculos 18 e 19.
Mas o auge da indústria "baseou-se no trabalho mal remuneradomelhor banca de apostamulheres e crianças, que permitiu que as fábricas britânicas fossem competitivasmelhor banca de apostaum mercado cada vez mais globalizado", destaca o estudo.
Em 1845, 43% dos trabalhadores nas fábricasmelhor banca de apostatecidosmelhor banca de apostaalgodão do Reino Unido eram menoresmelhor banca de aposta18 anos. E,melhor banca de apostaoutros setores, este índice era substancialmente maior.
As fábricas, às vezes, eram chamadasmelhor banca de aposta"moinhosmelhor banca de apostaalgodão" ou fábricasmelhor banca de apostafiação. Elas abrigavam máquinasmelhor banca de apostaproduçãomelhor banca de apostafios ou tecidosmelhor banca de apostaalgodão.
Muitas criançasmelhor banca de apostaregiões rurais foram enviadas para as fábricasmelhor banca de apostacidades inglesas como Londres e Liverpool, mas houve também o deslocamento no sentido contrário.
Menores pobres foram transportados das cidades para fábricasmelhor banca de apostafiaçãomelhor banca de apostavilarejos rurais, como Fewston.
Algumas crianças começavam seu trabalhomelhor banca de apostaaprendiz "a partir dos sete anos", segundo Gowland. Mas a maioria chegava às fábricas com 10 a 13 anos.
Ali, elas permaneciam vinculadas ao seu localmelhor banca de apostatrabalho até os 21 anos, no caso dos meninos, ou até se casarem, no caso das meninas.
Caroline, Sarah, Cornelius...
Os aprendizes que tiveram seus restos encontradosmelhor banca de apostaFewston procediammelhor banca de apostadiversas cidades, incluindo Hull e Londres. Eram aprendizes como Caroline e Sarah, segundo os registros históricos.
"Em 1803, Caroline Farmer foi uma das aprendizes mais jovens, com sete anos, enviada pela paróquiamelhor banca de apostaSouthwark,melhor banca de apostaLondres”", relata um documento mencionado no estudo.
"Em setembro daquele mesmo ano, Sarah Canty, com 12 anos, foi aprendizmelhor banca de apostaFewston provenientemelhor banca de apostaLambeth,melhor banca de apostaLondres, junto com outras três meninas com idade similar", prossegue o estudo.
"E,melhor banca de apostanovembro daquele mesmo ano, o irmãomelhor banca de apostaSarah, Cornelius, que tinha apenas sete anos, foi enviado para uma fábrica no condadomelhor banca de apostaLancashire."
Os menoresmelhor banca de apostaidade chegavam aos seus novos destinos vindo das "casasmelhor banca de apostatrabalho" ("workhouses",melhor banca de apostainglês), onde viviam nas cidades.
As casasmelhor banca de apostatrabalho "eram lugares aonde as pessoas indigentes podiam ir e ali ficar", explica Gowland. Nelas, as pessoas recebiam pouca alimentação e esperava-se que todos trabalhassemmelhor banca de apostatroca do seu sustento, incluindo as crianças.
Os menoresmelhor banca de apostaidade costumavam ficar ali quando eram órfãos ou seus pais eram pobres demais para mantê-los. "As pessoas só iam para as casasmelhor banca de apostatrabalho quando estavam totalmente desesperadas", segundo a professora.
Crianças locais emelhor banca de apostafora
Os cientistas precisaram diferenciar os esqueletos das crianças aprendizes dos restos mortaismelhor banca de apostamenores da região, que foram enterrados no mesmo local.
Para isso, eles recorreram à análisemelhor banca de apostaisótopos (átomos do mesmo elemento químico, mas com diferente massa atômica)melhor banca de apostaestrôncio e oxigênio, que são indicadoresmelhor banca de apostalugares geográficos.
"À medida que os nossos dentes se desenvolvem, os valoresmelhor banca de apostaisótoposmelhor banca de apostaestrôncio e oxigênio no seu interior refletem a geologia e a água potável do local", segundo Gowland.
"Quando analisamos os menores, pudemos ver que muitos deles não eram da região porque seus valoresmelhor banca de apostaisótoposmelhor banca de apostaestrôncio e oxigênio eram muito diferentes dos valores locais."
"E, quando comparamos seus valoresmelhor banca de apostaisótopos com osmelhor banca de apostaoutros sítios arqueológicos, observamos que algumas das crianças tinham valores consistentes com a regiãomelhor banca de apostaLondres", prossegue a professora. "Isso estámelhor banca de apostaacordo com o que sabemos pelas evidências históricas, que dizem algumas das crianças foram enviadas para Fewston das paróquias mais pobresmelhor banca de apostaLondres."
Histórias escritas nos ossos
Os esqueletos dos aprendizes revelam as condições brutais existentes nas fábricas.
Os ossos dos menores estavam deformados, eram curtosmelhor banca de apostacomparação com outras crianças daquela época e mostravam sinaismelhor banca de apostadeficiênciamelhor banca de apostavitaminas e doenças respiratórias.
"Observamos muitos defeitos nos seus dentes, tanto nos permanentes quanto nos dentesmelhor banca de apostaleite, o que demonstra a má saúde das crianças durante os seus primeiros anosmelhor banca de apostavida, incluindo o desenvolvimento intrauterino", segundo Gowland.
Também havia sinaismelhor banca de apostaraquitismo emelhor banca de apostaoutras doenças causadas por deficiências alimentares, como o escorbuto.
"Podemos diagnosticar estas condições porque elas deixam falhas nos ossos", explica a professora. "A deficiênciamelhor banca de apostavitamina D pode provocar certas inclinações dos ossos longos e outras alterações. A deficiênciamelhor banca de apostavitamina C geralmente é observada na formamelhor banca de apostalesões porosasmelhor banca de apostaáreas específicas do esqueleto."
"As doenças respiratórias podem ser observadas com a formação reativamelhor banca de apostaosso novo nas costelas e nos seios paranasais."
As crianças também eram extremamente baixas para amelhor banca de apostaidade.
"Quando uma criança não se alimenta o suficiente, seu corpo prioriza outras funções biológicas, especialmente o cérebro e o sistema imunológico", segundo Gowland. "Isso ocorre com custo para o crescimento."
"Se as crianças obtiverem mais recursos mais tarde, como uma melhor nutrição, elas podem experimentar crescimentomelhor banca de apostarecuperação, mas estas crianças não tiveram esta oportunidade. É provável quemelhor banca de apostaalimentação fosse bastante monótona, consistindomelhor banca de apostapão e chá aguado."
Da análisemelhor banca de apostaisótoposmelhor banca de apostacarbono e nitrogênio, os cientistas deduziram que as crianças tinham uma alimentação com teormelhor banca de apostaproteínas tão baixo que era similar "à das vítimas da Grande Fome da Irlanda no século 19".
O medo do 'sino infernal'
Relatos da época revelam como era a vida cotidiana dos "aprendizes paupérrimos".
"Eles moravammelhor banca de apostacasasmelhor banca de apostaaprendizes, com meninos e meninas separados", explica Gowland. Sua jornadamelhor banca de apostatrabalho eramelhor banca de aposta14 horas, "das 6 da manhã às 8 da noite, cinco dias por semana, e 11 horas aos sábados".
As fábricas eram grandes e possuíam muitas máquinas pesadas e extremamente barulhentas, que causavam problemasmelhor banca de apostaaudição para os menores.
As crianças trabalhavam todo o dia junto às máquinas e suas tarefas eram perigosas. As chamadas crianças "reviradoras", por exemplo, precisavam recolher o algodão que caía embaixo das máquinasmelhor banca de apostamovimento.
O reverendo Robert Collyer (1823-1912) foi aprendiz na fábricamelhor banca de apostaFewston dos 8 aos 14 anos e deixou um dos poucos relatosmelhor banca de apostaprimeira mão existentes. Ele conta que, se as crianças tentassem se sentar, o supervisor castigava seus "pequenos ombros" com uma correiamelhor banca de apostacouro.
"O resultado foi que as crianças mais fracas ficaram tão estropiadas que a lembrança dos seus membros retorcidos ainda me lança uma luz muito sinistra", afirma o reverendo.
Collyer também descreve seu esgotamento constante ("estava mais cansado do que as palavras podem expressar") e seu medo ao prever "o sino infernal" que despertava as crianças, chamando-as para o trabalho.
O ar dentro das fábricas era contaminado por fibrasmelhor banca de apostaalgodão que eram inaladas pelas crianças, causando problemas respiratórios.
É provável que as crianças “tossissem muito e morressemmelhor banca de apostainfecções comuns, como resfriados, pois seu sistema imunológico estava debilitado”, segundo Gowland.
Além disso, “como eramelhor banca de apostase esperar, havia acidentes”.
"Na fábricamelhor banca de apostaFewston, um menino chamado Henry Ludley Marwood morreu quando seu braço ficou presomelhor banca de apostauma máquina. A morte ocorreu uma semana depois, quando seu braço foi amputado", conta a professora.
Lições para o presente
O estudo destaca que "esta não é apenas uma história do passado”".
Atualmente, segundo os autores, "estima-se que 73 milhõesmelhor banca de apostamenores [de 5 a 17 anos]melhor banca de apostatodo o mundo realizem trabalhos perigosos. É quase a metade dos 160 milhõesmelhor banca de apostamenores trabalhadoresmelhor banca de apostatodo o mundo."
"Acredito totalmente que a bioarqueologia tem lições importantes para nós no presente", afirma Rebecca Gowland. "É essencial que não continuemos a permitir que a história se repita."
"Quando ouvimos sobre as criançasmelhor banca de apostaFewston, nós nos surpreendemos por estes menores terem sido tratadosmelhor banca de apostaforma tão abominável. Estas crianças foram desumanizadas e tratadas como ‘o outro’ ao longo da vida e o mesmo acontece hoje pelo mundo."
Para Gowland, o estudo demonstra como é grave a marca que pode ser deixada pela pobreza, até mesmo durante a gestação, no crescimento das crianças.
"Este projeto me fez querer trabalhar maismelhor banca de apostaperto com os pesquisadoresmelhor banca de apostasaúde pública para oferecer uma nova perspectiva sobre a importânciamelhor banca de apostainvestir na saúde infantil", afirma a professora.
Homenagem às criançasmelhor banca de apostaFewston
Os restos mortais das crianças emelhor banca de apostaoutras pessoas escavados no local foram novamente enterradosmelhor banca de apostauma cerimônia, segundo Gowland. Compareceram ao enterro membros da comunidade localmelhor banca de apostaFewston e os cientistas que trabalharam no estudo.
"As crianças foram homenageadasmelhor banca de apostauma sériemelhor banca de apostaobrasmelhor banca de apostaarte e seus nomes foram bordadosmelhor banca de apostaum avental infantil para que não sejam esquecidos", ela conta.
Uma exibição permanente preserva a história das crianças no centro histórico Washburn Heritage Centre,melhor banca de apostaFewston.
"Analisei restosmelhor banca de apostaossosmelhor banca de apostacriançasmelhor banca de apostadiferentes épocas e lugares", relembra a professora. "E achei a história das criançasmelhor banca de apostaFewston particularmente impressionante."
"Todos nós sentimos que queríamos ter a oportunidademelhor banca de apostacontar amelhor banca de apostahistória. Já que estas crianças não tiveram voz durante a vida, quisemos amplificar suas histórias depois da morte."
O estudo que deu origem a esta reportagem intitula-se "The expendables: Bioarchaeological evidence for pauper apprentices in 19th century England and the health consequences of child labour" ("Os descartáveis: evidências bioarqueológicas dos aprendizes pobres na Inglaterra do século 19 e as consequências à saúde do trabalho infantil",melhor banca de apostatradução livre) e foi publicadomelhor banca de apostainglês pela revista Plos One.
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